Ana Clara logo que chegou no colégio foi procurar Danielle, mas não a achou. Foi para sala e ficou esperando ela aparecer. Queria saber porque Dani tinha falado aquilo para ela. O sinal tocou, todos entraram, mas Dani não apareceu. Ana achou estranho. Dani só faltava de aula quando ia no médico em São Paulo, mas ela já estava bem. Ficou preocupada. Será que tinha acontecido algo com Dani? Será que sua doença voltou? Resolver não pensar naquilo. Sem ela se quer perceber seus olhos marejaram. Ela limpou seus olhos e tentou prestar atenção na aula.
Até tentou mas não conseguiu. Estava preocupada com Dani. Logo alguém chama o professor, era Dani que tinha chegado atrasada. O professor deixou Dani entrar. Ana olhou ela entrando e viu que seus olhos estavam tristes ainda. Aquilo partiu seu coração.
No intervalo quando Dani foi sair Ana a chamou, mas Dani nem sequer respondeu. Virou as costas e saiu deixando Ana no vácuo. Mas Ana foi atrás dela. Viu Dani sentada sozinha em um canto do pátio de cabeça baixa. Foi até ela e disse.
Ana: Posso falar com você?
Dani: Fala.
Dani foi fria com Ana. Nem sequer a olhou.
Ana: Pode olhar pra mim?
Dani: Estou te ouvindo, fala o que tem pra falar ou me de licença.
Ana: Ok. Porque disse aquilo na hora da confusão olhando pra mim?
Dani: Não foi nada. Eu estava nervosa e nem percebi que estava te olhando.
Ana: Sério?
Dani: Sim, era só isso?
Dani continuava de cabeça baixa. Ana sabia que merecia ser tratada daquela forma, mas se sentiu muito triste por Dani estar a tratando assim.
Ana: Era sim, Desculpa te incomodar.
Dani: Ok.
Ana saiu. Seu peito doía, sua garganta foi fechando, seus olhos começaram a marejar novamente. Ela não iria conseguir ficar ali. Foi em direção a saída. Ela iria voltar pra casa, não iria chorar ali perto de todos.
Júlia ainda estava abraçada com Luísa, com a cabeça no seu peito quando viu um filme passando pela sua cabeça. Levantou e olhou para Luísa e soltou a pergunta que ficou na sua cabeça durante todos aqueles anos.
Júlia: Lu porque você me abandonou sem nem se despedir de mim? Nem um bilhete você deixou, só sumiu me deixando sozinha.
*Algumas lágrimas corriam em sua face.
Luísa: Você pode me odiar por ser uma idiota. Por ter cometido um engano que até ontem a noite eu não sabia. Mas me odiar por te abandonar você não pode porque eu nunca fiz isso. Eu achei que você tinha desistido de mim.
Júlia: Como assim? Eu não entendi!
Luísa: Vamos nos vestir, se sentar e vou te explicar tudo Ju.
As duas se vestiram. Júlia protestou porque não tinha como vestir sua calcinha. Isso tirou boas risadas de Luísa mesmo com aquela situação meio tensa. Julia também acabou rindo da situação.
As duas se sentaram novamente no sofá. Luísa segurou as mão de Júlia e começou a falar.
Luísa: Por favor Jú só me escuta, quando eu terminar você pode falar o que quiser. Pode tirar suas próprias conclusões, mas uma coisa eu te juro, é toda a verdade.
Júlia: Você nunca mentiu pra mim durante o tempo que tivemos juntas. Então pode falar que não vou te interromper nem duvidar de você Lu.
Luísa: Ok. No dia que a gente se viu pela última vez eu cheguei em casa logo que nós saímos do colégio. Antes de entrar peguei umas revistas e um jornal que estavam depois do portão da minha casa. Quando coloquei em cima da mesa vi por acaso meu nome na capa de uma das revistas. Quando a peguei e vi a foto do nosso beijo eu entrei em desespero. Corri pro meu quarto e comecei a chorar. Mas mesmo assim eu consegui pensar. Eu precisava fazer algo para nos livrar daquela situação.
Como eu sabia que logo todos iam saber do nosso namoro eu só pensei em uma saída. Fugir com você. Eu arrumei uma mochila com algumas roupas. Peguei dinheiro da minha mãe, ela sempre tinha uma boa quantia guardada na gaveta da mesa do escritório. Eu imaginei que talvez seus pais já soubessem, então não arrisquei ir na sua casa durante o dia. Então saí de casa e fiquei escondida na praça perto da sua antiga casa até escurecer.
Quando eu achei seguro eu fui até lá. Pulei o muro e fui até a janela do seu quarto pé por pé. A janela estava entreaberta, mas a cortina não deixa eu ver entre a fresta. Então ouvi a porta do quarto abrir e alguém entrar. Eu pensei em te chamar mas era muito arriscado. Vi pelo vulto que provavelmente era você. Pela altura eo jeito. Então eu vi que a pessoa lá dentro abriu o guarda roupa e abriu a gaveta. Então imaginei que era você procurando algo para vestir. Nessa hora peguei um bilhete que estava no meu bolso e joguei dentro do seu quarto. Esperei mais um pouco e vi que a pessoa se abaixou e pegou o bilhete. Eu ia esperar você vir até a janela, mas vi um carro chegando e imaginei que era seu pai. Corri, pulei o muro e fui pra rodoviária te esperar. Na minha cabeça tinha dado tudo certo. Você ia pegar suas coisas e ia vir pra gente fugir juntas.
Eu te esperei tres dias e tres noites e você não apareceu. Durante esse tempo eu pensei muitas coisas. Comecei a duvidar de que você realmente lutaria para ficar comigo. No fim quando a polícia me achou depois de minha mãe por todos atrás de mim, eu nem tentei fugir. Para mim você tinha escolhido ficar com sua família. Eu entendia sua escolha, mas para mim meu mundo tinha acabado ali.
Quando me levaram para casa eu só queria sumir. Minha mãe me encheu de perguntas. Eu não tive coragem de contar para ela a verdade. Eu só chorava porque na minha cabeça você tinha me deixado. No dia seguinte eu implorei pra minha mãe me tirar de BH. Então ela falou que se eu quisesse e se fosse para eu melhorar ela me mandaria para casa do meu tio nos Estados Unidos por um tempo. E eu aceitei e fui embora na outra semana.
Júlia ia dizer algo mas Luísa a interrompeu.
Luísa: Não fala nada, me escuta.
Luísa: Até ontem a noite eu não sabia que eu tinha cometido um erro enorme. Helen é minha melhor amiga, ela sabe da nossa história. Ontem ela me ligou e me contou o que você contou pra Larissa. Quando ouvi tudo eu descobri que meu bilhete nunca chegou até você. E que você achava que eu tinha te abandonado. Foi aí que resolvi falar com você frente a frente.
Júlia eu cometi um erro enorme. Me desculpe eu era uma adolescente que achava que sabia de tudo. Eu devia ter tomado uma decisão melhor. Eu sem querer acabei com nossa história. Com nosso amor! *Luísa chorava muito e não conseguia mais prosseguir.
Júlia também chorava, mas não era de tristeza. Ela agora sabia que Luísa não a abandonou. E Luísa está ali na sua frente. Pelo choro e pela situação que viveram a poucos minutos atrás, Luísa com certeza ainda sentia algo por ela.
Julia abraçou Luísa e disse.
Júlia: Você cometeu um erro sim, mas nunca vou te culpar por isso. Com certeza foi minha mãe que achou seu bilhete e nunca me falou.
Meu amor não chore, nossa história de amor foi interrompida sim por muitos anos, mas não acabou. Pelo menos no que depender de mim ela recomeça agora mesmo. Eu nunca deixei de amar você, nunca!!!
Luísa: Nem eu meu amor! Me perdoe, eu sinto muito mesmo.
Júlia: Olha pare de chorar. Não tem o que perdoar. Foi um erro, mas você errou tentando fazer a coisa certa. Na verdade esse erro nos separou. Nos fez sofrer, mas também me deu o melhor presente da minha vida que é minha filha. Não tem como voltar atrás, vamos pensar de hoje em diante.
Luísa: Vamos sim. É eu também ganhei o mesmo presente que você. Uma filha linda que amo muito.
Júlia: Você tem uma filha? Nunca imaginei que você teria uma relação com um homem!!!
Luísa: Nunca tive, mas me casei assim como você. Mas com uma mulher é tivemos uma filha. Ela fez inseminação artificial, mas infelizmente ela faleceu durante o parto.
Júlia: Poxa eu sinto muito amor!
Luísa: Eu também. Ela foi quem me salvou. Acho que se ela não tivesse entrado na minha vida eu não teria conseguido sobreviver sem você nos primeiros anos. Doía muito.
Júlia: Eu sei bem do que você está falando. Meu falecido marido fez esse papel na minha vida.
Luísa: Eu vi você grávida. Vi seu marido também, pareceu ser um homem muito carinhoso.
Júlia: Como assim você me viu grávida?
Luísa: Quando minha mulher faleceu eu fiquei muito mal. Slém da dor da perda a saudade de você voltou a me machucar muito. Assim que eu pode viajar com minha filha eu vim aqui na esperança de te encontrar. Descobri seu endereço, não foi difícil já que eu sabia seu nome completo.
Quando achei sua casa nova fiquei um dia do lado de fora esperando você sair. Eu não chamei porque eu não sabia o que tinha acontecido depois que fui embora. Ninguém da minha família quis me dar notícias sobre você.
Então foi quando vi você saindo da casa com seu marido. Vi ele fazendo carinho na sua barriga que já estava bem grande. Sai dali chorando, mas feliz por saber que você estava bem e feliz. Que tinha seguido sua vida.
Júlia: Eu não fazia ideia disso.
Luísa: Eu sei. Bom, mas e agora? O que vamos fazer? Não quero mais te perder Ju. Nunca mais.
Júlia: Você não vai me perder meu amor. Mas precisamos resolver algumas coisas. Tipo minha filha não sabe da nossa história. Não sei como ela vai reagir.
Luísa: Minha filha também não sabe, mas acho que isso para ela não seria um problema.
Júlia: Vamos resolver isso. Hoje mesmo falo com minha filha.
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Continua.