DELÍRIOS NOTURNOS
- Pô, cara! Que aconteceu com o Abacate?
Foi com essa frase que o Guto conseguiu chamar minha atenção depois de eu ter tentado dar a partida pela décima vez:
- Sei lá, cara. Ele só apagou.
Abacate, para quem não sabe, era o carinhoso nome que eu havia dado ao meu fusquinha 63, naturalmente em virtude de sua cor, um verde berilo muito maneiro. Cheguei até a pensar em chamá-lo de berinjela pelo nome da cor, mas berinjela é preta, não achei que ornasse. Presente de meu avô, o saudoso Seu Chico do Monte, apelido recebido por ser o orgulhoso dono da Fazenda Monte Alto que, por sua vez, tinha esse nome por contornar uma montanha no Sul de Minas Gerais, o carrinho era meu grande companheiro de farras e já havia sentido as bundas de vários brotos de minha cidade e até da região. Hoje, entretanto, trazia apenas o Guto , grande amigo de infância, ao meu lado:
- Mó furada, cara! – Guto lamentava como se a culpa fosse minha.
Desci chateado e bati a porta com uma força excessiva que, tamanha fora a porrada, me doeu até na minha própria alma. Instintivamente, comecei a acariciar a lataria do Abacate, como se isso fosse adiantar alguma coisa:
- Foi mal, irmão! Foi mal... – Falei, chateado com meu carrinho.
Fui até sua traseira e abri a tampa do motor. Tudo parecia de acordo e tinha que ser mesmo, afinal ter um carro 63 no ano de 1965 não era pra qualquer um e eu, por causa de meu avô e até mesmo do meu pai, não era qualquer um. Aliás, eu era um dos caras mais maneiros na minha cidade e região:
- Guto, dá a partida aí. – Pedi.
“Vu, vu, vu, vu, vu, vu, vu, vu, vu, vu… Pá!”, fez meu carrinho, mas nada de pegar. Enquanto os “vu, vu, vu” me deixavam animado porque havia vida naquele motorzinho, o “pá!” me incomodou um pouco. No alto dos meus vinte e poucos anos, eu era perito em várias coisas: mecânica não era uma delas. Bem… Na verdade, eu só era bom mesmo em paquerar e colher uns brotinhos. Tive várias namoradas e o banco do Abacate já teve que ser lavado diversas vezes por conta de uma ou duas, talvez três… Tá ok! Foram várias as estripulias. Recém admitido na faculdade de direito de uma cidade próxima à minha, eu era o orgulho do meu pai que, com isso, deixou de me cobrar que trabalhasse com ele no armazém de café da família. “Meu filho vai sê douto!”, falava com orgulho aos amigos. E eu ia mesmo: a panca era boa demais e os brotos brigavam por mim.
Voltei novamente minha atenção ao Abacate e, indo até o Guto, perguntei:
- Tem gasosa aí, não tem?
- Tem, cara! – Disse ele dando dois ou três batidinhas no marcador de combustível, fazendo com que o ponteiro que se encontrava no meio, fugisse rapidamente para a posição do vazio:
- Que furada, cara. – Guto começou a rir, olhando para minha cara: - Cê não viu que esse trem tava enroscado?
Eu o olhei com uma imensa vontade de xingá-lo, mas, pelos nossos anos de amizade, acabei engolindo o sapo em silêncio:
- Claro que não, né, Guto! Como eu ia imaginar isso, seu mané!? – Respondi, diplomaticamente alterado.
Já passava das sete horas da manhã, mas nem uma alma viva parecia querer sair pela rodovia naquele dia. Pegamos um mapa rodoviário no porta-luvas do Abacate, emprestado por meu pai e, pelos cálculos do meu amigo e navegador, já devíamos estar no estado de São Paulo, entre Bragança Paulista e Atibaia:
- Isso eu sei! Quero saber se estamos perto ou longe de uma das cidades? – Insisti.
- Sei lá! – Guto me respondeu, abrindo uma lata de cerveja que devia estar quente pelo horário.
- Pô, Guto. Cê não ajuda em nada, cara.
- Ajudo, sim! Pega uma cerva aí. – Disse já me jogando uma latinha no peito.
Chateado, mas resignado, abri a latinha e a cerveja bufou forte na minha cara. Guto sentou no chão dando risada enquanto eu passava a mão no rosto para tirar o excesso de bebida. “Quente, eu já imaginava. Mas como fui abrir esse trem virado para mim!?”, me critiquei em silêncio. Depois de um tempo, comecei a rir também e fui me sentar ao lado dele. Ficamos papeando e rindo da nossa desgraça, afinal, nossos planos de chegar à praia não iam muito bem e não havia o que fazer.
Algum tempo depois, um caminhão de leite (sim, um caminhão com latões de leite) passou pela gente, parando logo após e voltou dando ré. Fomos correndo até ele, pulando como crianças, para receber nosso salvador:
- E se for um marginal? – Perguntou, Guto.
- Um marginal trabalhando as sete da matina, Guto!? - Perguntei, aborrecido com tamanha burrice.
- Ah é, né! – Disse, sorrindo timidamente.
Pouco depois um senhor com uns sessenta e poucos anos desceu da caçamba, nos encarou por um segundo e perguntou:
- Dia, moçada. Tão precisano de ajuda?
- Ô, moço, o Abacate morreu. – Guto se adiantou.
- Hein!? Quem morreu? O quê!? – O velho se surpreendeu e arregalou os olhos.
- Abacate é o nome do fusquinha. – Expliquei.
- Ah tá... Então tá, então. – Agora o velho coçava o queixo: - Gasolina?
- Acho que é... – Falei, constrangido.
Ele só balançou negativamente a cabeça olhando para nós e voltou para a caçamba de seu caminhão. Ficou mexendo em alguma coisa atrás do banco e logo veio com um galão, uma mangueira e um funil:
- Sorte docêis que eu sempre tenho um pouco de reserva comigo. – Falou enquanto se aproximava da gente.
Emendou então a mangueira no bico do funil e a colocou na boca do tanque do Abacate. Enquanto ele abastecia o Abacate, nos apresentamos e o Seu Antônio a nós, dizendo ser morador próximo dali. Ele praticamente dividiu a metade do galão conosco e fui dar a partida no Abacate. “Vu, vu, vu, vu, vu... Vrum, Vrum… Pá, pá, pá... Vrum, Vrum.”:
- Ele tá vivo! O Abacate tá vivo. – Começou a gritar o Guto se jogando sobre o capô do meu fusquinha.
- Ele não bate muito bem não, né? – Seu Antônio me perguntou.
- É o jeito dele, Seu Antônio, mas ele é pau pra toda obra. – Respondi.
- Parece não. – Dizia enquanto olhava o Guto que agora agradecia a Deus de joelhos e com as mãos esticadas para o céu.
Desci do Abacate para agradecer aquele homem e apertei com vontade sua mão. Os calos e sua pele grossa davam conta dos anos de “lida” no campo, judiado pelo trabalho duro na roça:
- Como posso te agradecer, Seu Antônio? Pelo menos, posso te pagar a gasolina, é claro. – Perguntei, já me auto respondendo.
- Precisa não, fio. Só para no próximo posto e enche o tanque. – Disse, rindo.
- Nem uma cerveja? – Veio Guto agora querendo ser simpático com uma latinha na mão.
- Precisa não, moço. Inda tenho que trabaiá um tantão.
Nos despedimos daquele homem simples, felizes e gratos pela ajuda, tomando novamente o rumo da praia. Naturalmente, segui o conselho daquele senhor e parei no primeiro posto de gasolina para encher o tanque e comprei um galão de reserva para nos acompanhar na viagem:
- Pra que isso? – Guto me perguntou e eu somente apontei para a rodovia de onde havíamos acabado de chegar, colhendo dele um simples: - Ah tá...
Pegamos novamente a rodovia e agora o Abacate rodava bonito, redondo, reluzente. Nossas pranchas de surfe amarradas a um suporte no teto, o deixavam ainda mais descolado, apesar de eu não entender o porquê de levá-las, afinal nenhum dos dois sabia surfar de verdade:
- Isso ainda vai fazer a gente passar um carão. – Falei com o Guto em certo momento durante a viagem.
- Vai nada! Qualquer coisa, cê fala que torceu o tornozelo. Aposto que os brotos vão querer cuidar do mineirinho surfista que não vai poder surfar. – Disse, rindo de sua própria piada.
A ideia não era ruim e eu ainda tentaria usá-la, decidi. Depois de boas e boas horas de viagem, chegamos à conhecida serra de Ubatuba. Se hoje, ela é terrível, cheia de curvas e perigos para os carros modernos, na década de 60 era de matar, principalmente para os carros daquela época. Antes de começarmos a descida, fiz o Sinal da Cruz por orientação de minha mãe e começamos a descer a ladeira. Felizmente, o Abacate cumpriu bem o seu papel e seus freios não esquentaram uma única vez.
Chegamos logo na parte baixa e de lá fomos até a primeira praia que encontramos. Paramos para respirar um pouco de ar puro e, antes que eu dissesse qualquer coisa, Guto saiu correndo deixando camisa, calça, chinelo em direção às águas. Um camburão da polícia passou nesse momento e, por sorte, ele já havia mergulhado, senão teria sido preso por Atentado ao Pudor ao se exibir somente de cueca samba canção para quem quisesse ver. Pouco depois, voltou, colocou sua calça e ainda me perguntou se eu não ia entrar na água:
- Depois né, cara! Vamos montar a barraca primeiro. – Falei, já entrando no Abacate e dando partida.
O Abacate rugiu bonito, forte e estufado. Seu “Vrum, Vrum” dava orgulho no papai aqui. Pegamos a rodovia e depois de rodar mais um pouco chegamos ao nosso destino e, me envergonho em dizer, esqueci o nome da praia. Estacionamos o Abacate, tirei os cabos do alternador, coloquei minha trava antifurto carneiro no volante e pedal da embreagem, e fomos para a praia armar nossas barracas. Quase tive que brigar com o Guto para me ajudar a armá-las, nem bem terminamos ele saiu correndo como um alucinado em direção ao mar novamente.
Fiquei na minha e agora me dei o direito de curtir uma cervejinha esperta. Abri a lata e a miserável bufou em mim sem dó, nem piedade, me dando banho daqueles. Assustado e surpreso, dei um passo para trás e tropecei, caindo sentado na areia:
- Vá tomar na tarraqueta! – Falei alto e joguei longe a latinha.
Um broto passava bem naquela hora ao meu lado e riu da minha situação. Era uma típica mochileira, meio hippie de saia longa e camiseta larga, trazendo ainda duas sacolas nas mãos. Eu a encarei querendo brigar, mas ela com um olhar doce se aproximou de mim e enxugou meu rosto com a frente de sua camiseta. Não pude evitar de olhar para seu ventre, pois a parte de baixo de seus seios chegaram a aparecer, enquanto ela me fazia aquele favor:
- E aí, broto? Sou o Gui. – Falei, já me aproximando de seu rosto para lhe dar os três beijinhos na bochecha, quantidade típica em Minas Gerais.
- E aí, pão? Sou a Nana. – Respondeu, me dando somente dois beijinhos.
- Em Minas, a gente dá trê... – Falei tentando alcançar sua bochecha novamente.
- Aqui é só dois. – Me interrompeu, impedindo a aproximação com seu braço em meu peito e me piscou um olho: - Mas se merecer, dou até mais.
“Caraca! Pintô um clima.”, pensei para mim e sorri para ela. Meu sorriso foi correspondido por outro dela, o mais belo que eu já tinha visto na minha vida:
- Em Minas, a gente fala que dá três para casar… - Insisti.
Ela começou a rir e depois, me encarando, falou:
- Já tá me pedindo em casamento!? Pensei que, em Minas, vocês fossem mais tímidos.
Ri de sua piada e ficamos papeando sobre vários assuntos. A paquera ia bem demais até ser interrompida pelo Guto que chegou se apresentando e ganhou três beijinhos dela nas bochechas. A encarei, inconformado com a sacanagem e ela me sorriu novamente, só que dessa vez veio em minha direção e me deu um selinho na boca:
- Mereceu o terceiro. – Disse, piscando um olho e continuou: - E desse, o seu amigo não vai ganhar.
- Tô sobrano. Já entendi… - Disse o Guto, pegando uma cerva e saindo para passear pela praia.
Rimos de sua cara e eu, pessoalmente, fiquei encanado porque, ao abrir a latinha, a miserável não espirrou na cara dele:
- Pô! Parece que só acontece comigo. - Disse para a Nana, explicando logo após as minhas experiências abrindo as latinhas.
- Deixa eu ver. - Disse ela, pegando uma latinha para abrir e a abrindo sem qualquer problema: - O problema deve ser contigo mesmo.
Injuriado com a situação, peguei outra latinha e abri. Como esperado, a miserável também espirrou em mim. Aliás, espirrou não, vomitou com vontade, me molhando da cabeça aos pés. Nana sentou na areia para gargalhar de minha cara e de como eu olhava inconformado para a latinha na minha mão:
- Ha, ha, ha, para você, Nana! - Ironizei suas gargalhadas, fazendo-a rir mais ainda.
Tirei minha camisa, meus chinelos e fui para o mar, me enxaguar e dar uma refrescada na cabeça. Estava tão bravo que havia me esquecido até mesmo daquela menina de cabelos castanhos, meio encaracolados, e olhos azuis, que ainda se acabava na risada perto de minha barraca. Homem que sou, aproveitei para dar uma estratégica mijadinha no mar. Enquanto estava lá curtindo o encontro das águas, senti uma mãozinha suave me tocando o ombro:
- Nossa! Que água gostosa, quentinha. - Ouvi Nana falar.
Preferi não explicar para ela o possível motivo da água estar quentinha. Nem que eu quisesse falar, conseguiria, pois o broto, num passe de mágica, se colocou à minha frente e se atirou em meus braços, me pegando num gostoso beijaço. Ficamos nos curtindo sei lá quanto tempo naquela água:
- Atiradinha você, hein, broto? - Falei, sorrindo.
- Temos que curtir, Gui. - Ela disse, já tirando sua camiseta e a jogando na areia, para gritar em seguida: - Curtir, pão. Curtir!
Só então pude ter uma noção melhor daquela menina em meus braços. Loirinha, pouco mais baixa que eu, com um corpo lindo de morrer. Seus seios, bem grandes e suculentos, despontavam firmes agora só escondidos por meu peito. Agora, era eu que queria pegá-la num abraço e beijá-la mais e mais, mas a danada começou a correr de mim toda desengonçada no mar. A brincadeira me atiçou e parti atrás dela. Acostumado a andar por sobre o mato alto atrás de bezerros para meu avô, consegui pegá-la num instante e o beijo agora foi muito melhor que os anteriores, pois ela se entregou de corpo e alma. Seu corpo parecia tremer e a excitação era denunciada aos gritos por sua respiração ofegante:
- Só tenho uma barraca, mas se quiser, ela é sua. - Ofereci na intenção de mantê-la perto de mim.
- E você vai dormir aonde? - Me perguntou, sorrindo.
- Uai!...
- Estou brincando, seu bobo. - Ela me interrompeu: - Quero muito dormir com você. Aliás, dormir eu não quero não, mas e o seu amigo?
- Ele que vá plantar batatas. - Falei, voltando a beijá-la.
Depois de muito custo, porque não conseguíamos nos soltar, saímos do mar, ela vestiu sua camiseta e voltamos para a frente de minha barraca. Improvisei uma fogueira e, como eu tinha levado alguns pães, linguiças, salsichas e queijos, e ela vinho, pães e frutas, passamos a assar alguma coisa para comer. Guto, como um perdigueiro, apareceu, sei lá de onde, reclamando de fome. Naturalmente, o convidamos a se sentar e partilhar a comida que também era dele e ficamos papeando os três. Logo, mais uma galera hippie apareceu e perguntou se podiam ficar conosco. Traziam mais bebida, comida e dois violões. Concordamos e logo nossa área parecia uma pequena vila com seis barracas e uma penca de gente.
O som começou a ser ouvido longe, atraindo a atenção de mais e mais pessoas. Logo, aquilo se transformou num luau. Minha fogueira já parecia gente grande e faria inveja até a da Festa Junina de minha cidade. Comemos muito e bebemos muito mais. Aliás, se a bebida já alegrava além da conta, depois de um tempo um cigarrinho estranho apareceu na roda e foi a primeira vez que tive a oportunidade de “dar um tapinha”. Comecei a rir feito um bobo, mas isso não fez diferença, porque todo mundo ria muito de tudo. Algumas meninas começaram a dançar em volta da fogueira e Nana se deixou levar no embalo daquele sábado à noite. Umas mais ousadas tiraram a parte de cima de suas vestes, inclusive ela própria, atiçando a curiosidade e o tesão dos presentes. O Guto babava no meu broto e tive que ser sério com ele:
- Tira o olho, cara. Essa já tem dono.
- Dono!? Essa aí é alma livre, mané. Se tú der bobeira, ela corre a galera…
Nem ouvi o restante de sua frase, pois um beijo me chamou a atenção. Nanda se deixou envolver por uma loirinha muito bonita e que já dançava praticamente nua com ela. Praticamente, porque apenas uma calcinha bem pequena tentava ocultar sua mata nativa dos espectadores. Tentava, porque seus pelos fugiam sem a menor cerimônia pelas laterais daquele paninho, certificando que ela não curtia nada uma poda no jardim.
Após, sei lá quanto tempo naquela safadeza, Nana veio com ela até mim e me apresentou a Lú. Depois desta se jogar no meu colo para me beijar a boca, Nana falou:
- Estou com sono, Gui. - E deu uma piscadinha.
- Também tô com sono, Gui. - Reforçou Lú, puxando a Nana para um espetacular beijo na boca, bem na minha frente, a centímetros de distância.
- Sono, é!? - Perguntei, ainda atordoado com aquela cena.
Elas me encararam e riram de minha cara. Lú se levantou e ambas me pegaram pelas mãos, puxando-me em direção à barraca. O Guto protestou:
- Pô! Nossa barraca, cara. E onde vou dormir?
Nem consegui responder porque a Lú já enfiava sua língua na minha boca novamente. Tateei meu bolso e joguei a chave do Abacate nele, dando a entender que ele realmente não dormiria na barraca naquela noite. Fui arrastado e jogado para dentro da barraca. A Lú simplesmente tirou sua calcinha e já veio esfregando aquela boceta peluda em meu rosto. Não me fiz de rogado e enfiei a língua bem no fundo, tentando desbravar aquela mata. No ato senti um gostinho peculiar, salgadinho, de água do mar mesmo, denunciando que ela havia usado o mesmo banheiro que eu. Logo, aquele sabor salobro foi sendo substituído pelo inconfundível mel que brota da excitação de uma mulher livre de preconceitos.
Eu estava curtindo numa boa quando ela se levantou e então pude ver que Nana também já estava nua. Nana também cultivava uma mata de respeito, mas curtia podar o excesso, deixando somente um bem triangulo de pelos bem desenhado. As duas se pegaram num beijo gostoso e, logo depois, vieram se deitando sobre mim. Logo, começaram a dividir aquele beijo comigo, alternando suas bocas nas minhas e, pela primeira vez, experimentei um beijo triplo. A briga de línguas naquela rinha foi brutal: nos lambíamos uns aos outros, tentando disputar um espaço naquele beijo. Houve um empate triplo, cujo resultado foi mais que justo. Acabei me distraindo num beijo mais caloroso com a Nana e senti minha calça fugindo, seguido de uma boca que abocanhou meu pau sem a menor cerimônia que estava duro fazia tempo.
Nana me beijava e acariciava a cabeça da Lú me chupava e acariciava meu peito e a bunda da Nana que tinham suas cabeças também acariciadas por mim:
- Ai! - Nana deu um gritinho após um estridente tapa que Lú lhe dera na bunda: - Paz e amor aí, Lú.
- Tô sabeno. - Ela retrucou: - Mas tapinha de amor não dói.
Nana riu e desceu para partilhar do pão, digo do pau, com sua recém feita amiga. Passei a admirar o trabalho e coordenação entre as duas. Depois de um tempo começaram a discutir quem sentaria primeiro:
- Eu conheci ele primeiro. Vou primeiro. - Disse Nana.
- Ele chupa uma boceta como se chupasse uma manga docinha. - Retrucou Lú, fazendo Nana me encarar com um sorriso.
- Ah… É!?
Sorri de volta e acho que elas acabaram se entendendo. Nana voltou sua bunda em direção à minha cabeça e passou uma das pernas por ela. Ainda sem se abaixar me encarou como que pedindo permissão e lhe dei uma piscadinha. O recado foi bem recebido e aquelas carnes vieram quentes, úmidas, suculentas para meus lábios. Enquanto isso, eu já sentia meu pau sendo envolvido pela boceta peluda da Lú. Dei o meu melhor, tanto em cima quanto embaixo. Os gemidos de ambas começaram a ecoar e estavam tão sincronizados e belos que até pararam de tocar do lado de fora para nos ouvir. Tive até a impressão de uma voz feminina ter gritado com alguém: “É só a sinfonia do amor, galera!”. Pouco depois, os violões voltaram à toda.
Lú se mostrou uma amazona de jibóia experiente e animada. Pulava com vontade para esfolar sem dó nossas intimidades. Nana gemia alto com as estocadas de língua e dedos que eu distribuída em sua boceta e cu. Num certo momento, lhe deu uma moleza e ela se jogou para a frente, vindo a ser amparada pela colega. Como ela começou a tremer, entendi que estava gozando. Lú a amparou, mas sem deixar de rebolar um único segundo sequer. Aliás, seu tesão era tanto que preencheu a leseira da Nana com um beijo forte na boca e isso a fez despertar novamente:
- Eu quero o pau dele! - Nana decretou.
- Então, você vai ter que me lamber e me fazer gozar. - Impôs Lú com um sorriso malicioso.
- Deita! - Nana mandou, se voltando depois para mim: - Me pega de quatro, Gui.
Lú se deitou onde eu estava e arreganhou a perna e a boceta, como se fosse um convite para Nana se esbaldar. Nana não se fez de rogada e enfiou a boca com vontade nela, colhendo um gemido de surpresa e excitação. Fiquei atrás de Nana e pude admirar aquela linda bundinha, não tão grande, mas linda e redonda, excitante e suculenta. Aliás, Nana escorria, transbordava excitação. Não pensei duas vezes e a penetrei fundo:
- Ai, Gui. Caralho! Devagar, pô. É minha primeira vez. - Gritou alto, fazendo o som parar lá fora e nos travar aqui dentro.
- É tua primeira vez, broto? - Lú perguntou antes de mim, talvez mais chocada que eu próprio.
- É sim. - Nana respondeu, choramingando.
Fiquei sem saber o que fazer. Lú ficou sem saber o que fazer. Coube à Nana nos tirar daquele impasse:
- Devagar, Gui. Só faz devagar. Eu quero e está muito bom. Faz ficar melhor.
Nana voltou a chupar a boceta da Lú que me encarou e balançou afirmativamente a cabeça. Comecei a me movimentar lentamente, aumentando a velocidade aos poucos, conforme os gemidos da Nana aumentavam. De repente, uma preta muito bonita colocou a cabeça dentro de nossa barraca me dando um baita susto e perguntou para a Lú:
- Primeira vez?
- É, Dinalva. O pão está colhendo esse brotinho.
Dinalva, da mesma forma que repentina entrou, saiu. Começou uma gritaria lá fora e o som começou a rolar solto novamente. Voltei a me concentrar e Nana a gemer cada vez mais:
- Nana, eu tô quase. Quer dentro ou fora? - Perguntei.
- Se me fizer gozar de novo, deixo comer meu cu também.
Lú me encarou com um olhar de surpresa e satisfação. Me dei dois tapaços na cara para tentar cortar um pouco da excitação e passei a fodê-la como um animal. Nossos corpos passaram a se bater e o som foi como um estimulante natural para ela, pois pouco depois começou a urrar com a cara ainda enfiado na boceta da amiga:
- Ai, caralho! Ah, ah, ah, ai, ai, ai, ai, aiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii. Ahhhhhhhhhhhhhhhhh!!!! - Gritou estridente para quem quisesse ouvir, se jogando sobre a barriga da amiga, tremendo, gozando e gemendo: - Aiiiiii… Bom pacas, cara.
Meu pau parecia uma tora e eu estava disposto a cobrar sua promessa, mas antes decidi dar uma relaxada em seu anel. Enfiei minha cara no meio de sua bunda e ela se assustou:
- Ai, Gui. Não! É sujo. - Nana reclamou, me dando uns tapinhas na cabeça.
- Relaxa, broto. O amor é lindo. Não há sujeira no amor livre. - Lú a repreendeu, aliás, ensinou.
Nana se resignou e ainda empinou sua bunda para mim, facilitando que minha língua explorasse seu cu, pouco depois, disputando espaço com dois dedos que tentavam abrir passagem naquele buraco. Só então notei um sabor que parecia sangue e, trazido à razão por uma lembrança, perguntei:
- Você é virgem aqui também?
- Não. - Nana respondeu timidamente: - Já dei para uns primos.
- Isso aí, broto! - Comemorou Lú.
Depois de um tempo trabalhando com os dedos e sentindo que seu cu já me abrigaria sem muita resistência, pois o inundei com minha saliva, apontei meu pau e forcei entrada. A cabeça entrou fácil, o resto de um pouco de trabalho, mas depois de muito esforço meu e vários gemidos dela, meu saco alcançou sua bunda. Passei a bombá-la lentamente e Nana me repreendeu:
- Fode, Gui. Fode, cara! Goza logo que tá ardendo.
Passei a bombá-la com vontade e ainda assim meu gozo não vinha. Ela já estava chorando e assim Nana me pediu:
- Me vira. Eu vou te cavalgar, senão você vai me estropiar.
Fiz sua vontade e fiquei lado a lado com a Lú que agora assistia de camarote aquela menina me galopar com vontade. Nana gemia e choramingava, mas não se rendia. Lú passou a me beijar também e depois ainda me confidenciou:
- Goza, cara. E se depois ainda tiver a fim, dou o meu cu para você também.
Ouvir aquilo me levou ao céu no mesmo instante, fazendo com que um jato forte de gozo explodisse dentro do cu da Nana. Quando ela sentiu meus espasmos dentro de si, se jogou para trás, deitando sobre mim e assim ficou curtindo enquanto em inundava seu anel com toda a minha porra. Não sei quanto tempo aquilo durou, mas eu queria que durasse para sempre e decidi que aquela menina seria minha para sempre. Só tinha que convencê-la disso. Depois de um tempo, meu pau amoleceu, escapando de seu cuzinho. Lú me olhou triste, mas conformada:
- Tô de boa, pão. Fica pra próxima.
Depois deu um beijo na Nana e saiu nua da barraca. Nana se aninhou em meu peito, mas não durou muito, porque pouco depois a preta Dinalva entrou na barraca e a puxou para fora, nua em pelo. Um outro cara do grupo fez o mesmo comigo e praticamente nos obrigaram a dar algumas voltas nus, ainda sujos daquela transa, em volta da fogueira, como se fosse algum tipo de ritual de passagem. Terminada essa besteira, voltamos para a barraca. Nana estava roxa de vergonha do ocorrido, mas depois desabou numa gargalhada gostosa que não consegui evitar de acompanhá-la. Depois de nos controlarmos, a peguei num beijo, mas agora queria entregar carinho e respeito pelo presente que ela acabara de me dar:
- Você podia ter me avisado que era virgem. - Falei enquanto me deitava, trazendo-a comigo: - Eu… Sei lá… Poderia ter sido mais carinhoso, talvez ter feito algo mais romântico, mais especial.
- Mas foi especial. Eu adorei. Nunca imaginei que seria assim, isso é fato, mas adorei cada momento. Foi manêro pacas.
- Eu acho que tô meio sem saber o que fazer com você…
- Opa! Foi mal, Gui. Já tô puxando meu carro. - Disse se levantando na intenção de sair.
- Não é isso, não! Vem cá. - Disse e já a puxei para mim novamente: - Fica aqui comigo. Tô de boa. Eu quis dizer que espero que não me veja como um aproveitador. Só isso.
- Ô, mineirinho... É claro que não! - Rebateu e me deu um beijo: - Sem grilo, cara. Aliás, tenho um sim: tô a fim de tomar um banho. Vamô? Pelados.
- Uai! Por que não?
Dito isso, saímos da barraca e havia só uma galerinha ainda bebendo e cantarolando, mas já enrolado pelo grau. Fomos nus até a água e gritaram um “Uhu! É isso, bro!”. Nos lavamos no mar, namoramos mais um pouco e voltamos para nossa barraca. Entre duas outras barracas, vimos a Lú de quatro, sendo enrabada por um negão imenso, com um pau proporcionalmente grande. Nana notou e ficou boquiaberta, mas eu não podia culpá-la, porque até eu me impressionei com o calibre do instrumento. Entramos na minha barraca e ali dormimos até o outro dia, nus e satisfeitos.
No outro dia de manhã, acordei com uma baita ressaca e só aí notei que Nana já não estava ao meu lado. Saí atordoado e nem sinal dela. Lú já havia acordado e veio me receber com um beijo gostoso. Aproveitei para brincar com ela:
- Não pode esperar meu pau subir, né, broto?
- Tô ardida até agora, cara. - Disse e riu: - Mas depois a gente pode curtir mais, se tiver a fim.
- Pode ser, claro. Deixa te perguntar: viu a Nana por aí?
Nem tive chance de aguardar a resposta e fui envolvido por um gostoso abraço. Olhei para baixo e duas delicadas mãozinhas tinha trançado os dedos em volta da minha cintura. Olhei por sobre meu ombro direito e dois olhinhos brilhavam em minha direção:
- Achou que eu fosse fugir, né? - Nana brincou.
- Se fizesse isso, eu iria te buscar nem que fosse do outro lado do mundo. - Respondi, enquanto me virava para lhe abraçar forte e lhe dar o melhor beijo que eu poderia dar.
- Cara, que delícia isso. Eu também quero. - Lú brincou, vindo em nossa direção, mas sendo empurrada delicadamente pela Nana: - Vai sonhando, vai. Esse pão é meu.
Sorrimos os três e Nana jogou as pernas em volta da minha cintura, para que eu a segurasse no colo. Fiz com o maior prazer e ficamos nos curtindo. Depois tomamos um café que se resumia as sobras da noite anterior e saímos para passear pela praia. Durante um momento em que estávamos sentados olhando o mar, resolvi tomar coragem e falei:
- Casa comigo?
Pega de susto, ela soprou dentro de um copo de cerveja que bebia, fazendo todo o líquido voar por seu rosto. Não tive como não gargalhar da situação e ela me acompanhou:
- Tá vendo? Até nisso a gente combina. - Falei entre risadas.
Depois que a ajudei a se limpar, ela me encarou e falou séria:
- Essa brincadeira é chata, Gui. Melhor parar com isso.
- Quem disse que estou brincando? Casa comigo!? - Insisti e me ajoelhei em sua frente: - Nunca tive tanta certeza na minha vida.
Ela começou a tremer e seus olhos marejaram imediatamente. Ficou branca e pensei que fosse ter um troço:
- Nana, tá tudo bem?
Ela tentava falar alguma coisa, mas o som não saía. Ficou assim alguns segundos e uma senhora de um casal idoso que presenciava tudo próximo, se aproximou e me deu uma garrafinha de água, sorrindo curiosa para o estado emocional da minha amada. Depois de tomar um pouco e respirar fundo, Nana a olhou, sorriu e me encarou ainda com lágrimas nos olhos mas um sorriso na face:
- Eu quero. Sim. Não sei o que falar. Eu caso, Gui. Claro que eu caso. - Respondeu com lágrimas descendo por sua face.
Ouvi aplausos e parabenizações do casal próximo e outras pessoas que pararam para assistir a cena. Nos abraçamos e para mim o momento não tinha como ficar melhor. Nas costas da Nana, vi um grupo de policiais parados nos encarando e, para minha surpresa, sorriam para a cena. Um deles, inclusive, deixou uma lágrima descer e se aproximou da gente:
- Venham. - Nos falou.
- Senhor!? - Perguntei, cabreiro por saber que, em virtude do Regime Militar que se instalara no ano anterior, a relação com os policiais estavam estranhas e, não raras vezes, ficávamos sabendo de casos de espancamentos e torturas.
- Jantar. Vou lhes pagar um jantar. Meu presente para o seu momento. - Insistiu.
Olhamos surpresos para ele e ele colocou as mãos em nossos ombros, nos parabenizando, abençoando e insistindo para que aceitássemos. Acabamos acompanhando ele até um restaurante próximo e ele realmente deixou um jantar pago para a gente, se despedindo e dizendo que aproveitássemos. Jantamos, bebemos, nos divertimos e depois voltamos para minha barraca. Guto dormia, desmaiado de tanto beber. Como bom amigo que sou, puxei seu saco de dormir e o instalei ao lado do branquelo maconheiro que se deitou do lado dele e dormiu junto. Voltei para a barraca e Nana já me esperava nua:
- Vem, meu marido. Sou toda sua.
- Sim, senhora. - Respondi, me despindo o mais rápido que pude.
Diferente da noite anterior, nesta eu a amei de verdade, com calma, zelo, carinho, respeito e pela primeira vez gozei dentro de sua boceta que não apenas me recebeu, mas praticamente chupou minha gala para dentro de si. Não fizemos oral ou anal, mas apenas amor, tradicional, conservador, até chato, mas eu queria dar isso e ela o recebeu de coração aberto.
Na manhã seguinte, acordamos os dois juntos e descobri que sua mão não mais soltava a minha. Saímos juntos da barraca e Guto dormia abraçado ao branquelo. Rimos, mas decidimos não cortar o “clima” dos dois. Saímos andando e tomamos um café da manhã numa padaria próxima. Depois ficamos passeando pela cidade, conhecendo seus pontos turísticos, bares, botecos, bares, até um inferninho encontramos, mas não quis deixá-la entrar:
- Cê é muito careta? O que é que tem de mais? - Resmungou comigo.
Quando expliquei o que provavelmente tinha lá dentro e o que eles pensaria de um broto como ela lá, ela se resignou e agradeceu por não tê-la deixado entrar. Paramos em frente a uma tatuadora de rena e ela quis se enfeitar. Deixei que fizesse e fui procurar uma cerveja num bar próximo. Foi o primeiro erro dos maiores que cometi na minha vida.
Comprada a cerveja, enquanto estava voltando, vinha ao me encontro uma mulata e tanto. Alta em cima de sapatos plataforma, usando calças bocas de sino e uma camisa de botões estampada e aberta até o limite baixo de seus seios. Aliás, lindos seios médios, empinados, ofensivos, sustentados por uma fina cintura e um quadril avantajado. Tinha ainda uma boca carnuda coberta por um batom de um vermelho forte, intenso, e, em seu rosto, uma maquiagem bem marcante, cercado por grandes brincos de argola. Por fim, um cabelo black power somado a sua atitude confiante a transformava numa das imagens mais impressionantes que eu já vira em toda a minha vida. Fiquei embasbacado e a encarei sem medo:
- Qual é, cara!? Vai encarar? - Ela me repreendeu em alto e bom som pela forma como a olhava: - Nunca viu uma preta, seu racista de bosta.