🙉O Silêncio do Amor🙉 Capítulo: 9
🙉O Silêncio do Amor🙉 Capítulo: 9
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A música mais perfeita da história foi composta por um homem surdo: Beethoven (9.ª Sinfonia). Isso prova que ninguém pode deter uma pessoa, a não ser ela mesma!
(Edson Trokideias Falcão)
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- Tudo começou a 43 anos atrás, me lembro bem, como se fosse hoje.
- Em 1968, um ano turbulento da ditadura, mas para mim e meu irmão, era o ano em que descobrimos a felicidade juntos...
- Eu já não me lembro bem como tudo começou ou quando começou, acredito que foi em alguma noite, pois sempre dormiamos juntos no nosso quarto. Ele saia da cama dele e vinha pra minha e dormia de conchinha comigo. Por mas que aquilo fosse errado, mas era bom e tão gostoso, dormir agarrando ele; com o meu pau encostado na bundinha quente dele.
O fato é que um dia ele também confessou-se apaixonado por mim.
Nos beijamos, e ele fez sexo oral em mim pela primeira vez. E como aquilo foi tão bom; nós não paramos mas de fazer. Sempre que podíamos estávamos nos beijando e se acariciando. Eu tinha na época 14 anos e ele 12.
Mas foi só depois que ele fez 13 e eu já com 15 anos é que consegui penetrar ele. Essa foto que você viu foi tirada logo depois do aniversário de 13 anos dele. E já estávamos muito apaixonados um pelo o outro. Nosso amor era tudo o que tínhamos na nossa miserável vida.
Daniel espantado perguntou: - Você teve um caso com seu próprio irmão?
Santiago: - Sim! - E antes que você me condene por isso, eu quero dizer que não escolhi passar por isso. Mas ele quis e eu também. E por mais que possa parecer errado, para nós dois era a fuga da nossa triste realidade. Era o nosso amor que dava forças pra prosseguir e imaginar que poderíamos crescer e ter um futuro melhor.
Além disso se era pecado nosso amor então Deus já cobrou de nós. Ele perdeu a vida e eu perdi ele pra sempre.
Daniel: - Eu não estou te condenando, só estou surpreso! - E o que era de tão ruim assim na vida de vocês dois?
Santiago: - Meu pai!
- Ele bebia muito, batia na minha mãe e na gente a troco de nada bêbado.
Minha mãe um dia pela manhã, fugiu com um vizinho e largou ele com agente. E isso só piorou. Foi ai que ele passou a beber mais, perdia os empregos que conseguia. Passou até pegar as coisas de casa pra trocar ou vender em busca de qualquer trocado pra ele comprar cerveja, ou cachaça. Por vezes eu e meu irmão fugiamos de casa e dormiamos na rua ou quando tínhamos sorte conseguiamos nos abrigar na casa de algum vizinho que nos dava um teto e um pouco de comida com pena.
Não tínhamos nada, a não ser um ao outro...
E os poucos momentos de felicidades que tínhamos, era quando estávamos nos amando. Ter ele nos meus braços, acariciar o rosto dele, poder beijar ele, e ouvir ele gemendo baixinho enquanto eu metia nele, são coisas e momentos que nunca vou me esquecer. E nunca esqueci... Até hoje consigo lembrar e ainda ouvir sua voz dizendo que me ama. Ele foi o único grande amor na minha vida. O resto foi apenas diversão ou conveniências da vida como as mães dos meus filhos.
Até agora...
Porque quando te conheci, era para ser só mais uma distração, só mais uma noite vazia em minha vida preenchida em alguns momentos por um outro jovem desconhecido.
Mas você me surpreendeu, me fez ter sentimentos guardados por décadas novamente. Sentimentos que eu achava que nem existiam mais dentro do meu peito. Hoje não posso dizer que amo você da mesma forma que amei meu irmão, mas posso te falar que amo você com a mesma intensidade que amei ele e só ele nessa vida.
Depois da morte dele eu jurei nunca mais amar ninguém nesse mundo e cumpri isso. Até o dia em que você apareceu na minha vida.
Daniel respondeu: - Isso tudo que você está dizendo é bom, fico feliz de saber que fiz você voltar a ter sentimentos novamente, eu deveria ficar muito feliz e lisonjeado, mas... Não estou!
- Sua história é tão bonita mas ao mesmo tempo tão triste que nesse momento só tenho vontade de chorar, estou segurando as lágrimas aqui, mas ta difícil...
Finalmente Santiago virou se para Daniel e deixou de olhar lá para fora enquanto contava a história, e então Daniel viu que o homem chorava muito. Seus rosto estava banhado em lágrimas, e Daniel não se segurou mais e chorou.
Os dois se abraçaram, Daniel levantou do sofá e foi abraçar Santiago e depois foi conduzindo ele até o sofá, e sentados um ao lado do outro e um pouco mas calmo Daniel disse:
- Melhor pararmos por aqui!
Santiago: - Em absoluto! - Eu consegui forças pra chegar até aqui, agora vou até o final. Eu preciso desabafar tudo que esta dentro do meu peito por décadas. Se não eu morro com isso preso dentro de mim, já não aguento mais, só peço que me ouça, só me ouça...
Daniel: - Claro, estou aqui do seu lado pode desabafar! - Mas bebe um pouco de água com açúcar primeiro. Eu vou lhe preparar, se acalme e eu prometo que vou te ouvir.
Feito isso, Santiago bebeu à água com um pouco de açúcar e foi respirando e se acalmando, e então prosseguiu e ele começou a contar a história do dia da tragédia da morte do seu irmão, que foi assim:
ÚLTIMO DIA DE VIDA DE MAURÍCIO:
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Era uma tarde quente do começo do mês de Março de 1969.
Em uma semana Maurício faria 14 anos, não fosse aquele ser o seu último dia de vida. Ele almoçou bem, seu irmão saiu pela manhã e voltou na hora do almoço com um frango de padaria, mais uma quentinha com arroz e feijão, e de quebra ainda trouxe um refrigerante Crush pra ele beber. Ele sabia que Maurício adorava o sabor de laranja do refrigerante e o Crush era o preferido do seu irmão Maurício.
Maurício acreditava que o irmão arrumava dinheiro fazendo biscates, ajudando nas feiras ou armazéns, em trocada de algum dinheiro.
Mas o que o menino não sabia mesmo, era que seu irmão saia as escondidas com um afeminado do bairro, conhecido como Jorge Tereza. O rapaz aproveitava do corpo novinho e gostoso de Marcos e em troca dava alguns cruzeiros para Marcos comprar alguma coisa pra ele e o irmão comer.
Naquele começo de tarde, Maurício e Marcos comeram de se fartar. Estavam felizes e alegres. Escutavam músicas num rádio antigo e valvulado num canto da casa. Uma das poucas coisas que sobrou e que seu pai Josué não vendeu ou trocou por pinga pra beber.
Um pouco mas tarde, na sala de casa os dois ainda felizes ouviram no rádio a voz da cantora Elizabeth cantando o seu sucesso daquele ano: Sou Louca Por Você...
Marcos no começo da música levantou se do chão e estendendo sua mão convidou seu irmão Maurício para dançar com ele.
Maurício se levantou e os dois se abraçaram e colaram os rostinhos apaixonados dançando enquanto a voz de Elizabeth saia do rádio cantando a música:
Estou completamente apaixonada por você
E coisa mais bonita não podia acontecer
A luz em meu olhar já pode perceber
Não há mais condição de esconder
Sou louca...sou louca por você
Sou louca...sou louca por você
Eu antes era triste e tinha até pena de mim
Pensava que o mundo inteiro estava contra mim
Senti a solidão nem tinha a ilusão
Que o amor chegasse tanto assim
Sou louca...sou louca por você
Sou louca...sou louca por você
Estou enamorada e mim sinto tão feliz
Cuidado para não sofrer depois alguém me diz
Mais eu não ligo nada estou apaixonada
E sinto aquele amor que sempre quis
Sou louca...sou louca por você
Sou louca...sou louca por você.
Os dois dançavam juntos, corpos coladinhos e o pauzinho dos dois juntos cresciam num calor de desejo.
A música acabou e Maurício colou um beijo apaixonado na boca do seu irmão. E depois do beijo veio o desejo.
Em poucos minutos os dois estavam pelados. O corpo juvenil e moreninho dos dois ardia de desejo e tesão. E então eles se amaram loucamente e mais de uma vez.
Foram pro quarto e lá Maurício deitado por sobre sua cama aguentava o peso do seu irmão, que socava forte seu pau adolescente dentro do rabinho de Maurício.
Enquanto isso o pai deles que tinha saído para fazer um biscate, já estava torrando o dinheiro num bar.
Na mesa do bar Josué enchia a cara de cachaça mas uma vez com os amigos de copo. Zé pinga apareceu com um três oitão na mão oferecendo aos cachaceiros e Josué vendo a arma e já alterado pela bebida resolveu dar um dinheiro qualquer na arma. Ela era roubada mesmo; e pro Zé, qualquer dinheiro que desse pra ele encher os cornos de cachaça estava bom.
Mas tarde com o rabo cheio de cachaça, Josué chega em casa com a arma na cintura. Vai entrando procurando pelos garotos, pra já bater neles como sempre. Mas ao entrar mais a dentro de casa ele vê com seus olhos turvos de bebida os dois pelados no quarto deles fudendo gostoso. Ele tira o revólver da cintura e aponta pros dois dizendo com voz de ódio e de bêbado misturado:
- Seus safados pederastas, eu saio pra trabalhar e vocês aqui nessa sem vergonhice, eu vou acabar com isso agora...
Marcos saiu de cima do irmão as pressas, o pau ainda durinho apontando pro alto e puxou o lençol na tentativa de cobrir os dois enquanto isso com o susto Maurício já chorava desesperado e implorava pela vida deles dizendo:
- Não pai, por favor! - Não, por favor! - Não pai, não me mata, por favor!
Mas nada adiantou o homem enfurecido apontou a arma e começou atirar descarregando o tambor da arma. O som do estampido e Maurício foi caindo morto. Marcos que pulou da cama na hora, não recebeu nenhum tiro dos três tiros disparados; um que acertou Maurício, outro a cabeceira da cama e o terceiro a parede.
Marcos agarrou seu irmão ensanguentado e chorou abraçado com ele, ouvindo seu irmão chamando por ele pela última vez enquanto gemia e ia fechando os olhos para sempre.
Josué percebendo a merda que fez largou à arma no chão e fugiu. Foi preso meses depois naquele mesmo ano.
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Daniel ouvia tudo de Santiago que contava a história da morte do irmão pra ele chorando muito.
Depois ele tentou se acalmar um pouco, respirou e bebeu mais água. Um tempinho depois dele está já deitado no sofá com a cabeça apoiada nas pernas de Daniel, ele retomou a história com calma e continuou dizendo:
- Após a morte do meu irmão, eu jurei a mim mesmo, que nunca mais me apaixonaria por mais ninguém nessa vida.
- Depois que ele morreu fui morar com Jorge Teresa que me deu abrigo por dois anos enquanto eu era seu homem, até que conheci, Margarida, uma travesti que fazia vida e me levou pra esse submundo. Nesse tempos eu e outros rapazes que se prostituíam em casa clandestinas eramos conhecidos como Os brotos da rua ou simplesmente como Miches.
E foi nesse tempo, logo no comecinho dos anos 70 que conheci um famoso cineasta aqui do Brasil, ele escrevia e produzia muito dos seus filmes, ele passou a ser meu cliente, e a primeira oportunidade que veio na minha vida, eu abracei ela. Sai da vida de prostituição e fui trabalhar com ele. Fiz de tudo um pouco, desde carregar e empurras aquelas pesadas máquinas de filmar da época até cuidar da produção dos filmes.
No final da década de 70 eu já tinha uma condição razoável e até um altomóvel.
E foi ai que conheci a mãe da minha primeira filha. Não tinha amor a ela, nem mesmo gostava de mulheres, mas foi um relacionamento de interesse. Ela era uma mulher até bonita e serviria para desfilar ao meu lado perante a sociedade e o melhor de tudo é que era rica e isso me ajudaria a levantar numa posição social maior e melhor. E na verdade foi o que aconteceu.
Eu me tornei uma pessoa fria e sem amor. Só pensava em dinheiro e em poder, em ficar cada vez mas e mais rico. E quando cheguei na década de 90 já tinha uma filha pequena e um casamento fracassado, porém tinha tanto dinheiro que comprei maquinários vindo dos EUA, e me lancei numa produtora de videos. O que deu muito certo com a febre das fitas de video cassete. Eu praticamente quádrupliquei a nossa fortuna.
No fim, estava nadando em dinheiro mas já tinha um casamento fracassado e em ruínas, e nos separamos.
Algum tempo depois conheci a mãe do meu filho e me logo depois me tornei produtor de vídeos, eu já tinha aquele espaço onde você trabalha, mas só existia o primeiro andar do prédio, onde produziamos as fitas VHS. E foi ai que ampliei tudo e sai do mercado de produção de filmes em VHS e transformei aquilo tudo em uma produtora e fui aumentando o espaço até chegar ao que você conhece hoje nos dias atuais.
Daniel: - Caramba, que história a sua...
Santiago: - Agora você conhece toda a história da minha vida, pelo menos as partes principais. O mais engraçado é que ao longo de todos esses anos nem mesmo a minha família sabe sobre tudo que lhe contei.
Daniel: - Mas como assim eles não sabem?
Santiago: - Quando conheci minha primeira esposa eu disse que não tinha família, inventei uma história que meus pais junto com meu irmão mas novo morreram num acidente de carro, que tinha ficado órfão. E foi o que contei depois a minha filha quando ela foi crescendo, e contei a mesma história para minha atual esposa e pro meu filho. E assim essa mentira se tornou uma verdade e a história oficial da minha vida. Para eles e até para amigos. Agora todos pensam que o velho Santiago aqui perdeu a família dele num trágico acidente.
Afinal convenhamos que não seria legal minhas esposas e meus filhos saberem que eu tinha caso e era apaixonado pelo meu próprio irmão.
Daniel concordou ascentindo com um aceno de cabeça. E não falou mais nada por uns minutos e depois então ele disse:
- Chega de revelações por hoje, vamos descansar, está me dando sono e você também teve uma noite muito agitada, precisa descansar um pouco agora e esquecer tudo isso...
Santiago disse: - Você tem razão!
Depois que Santiago disse isso, levantou se do sofá e foi caminhar em direção ao quarto, mas, mal deu dois passos, ele caiu no chão com uma forte dor de cabeça.
Tão forte que fez ele cair ao chão gemendo de dor. Daniel se assustou e perguntou o que estava acontecendo. Santiago falou com a voz embargada e sofrida pra ele pegar o remédio que estava na gaveta onde ele tinha encontrado a foto. Daniel foi ao quarto e voltou voando de tão rápido. Colocou o remédio na boca de Santiago e deu água pra ele beber.
Santiago gemia baixinho, até ir se acalmando e a dor ir passando devido ao remédio forte.
Assim que ele deu uma melhorada, Daniel queria saber o que estava acontecendo, mas Santiago se saiu pela tangente dizendo que não foi nada. Que foi só uma vertigem devido ao seu estresse emocional, e que ele só precisava dormir e descansar.
E foi o que os dois fizeram, deitaram e dormiram. Daniel apagou no sono sem saber que aquilo já era uma demonstração de que a doença de seu amor estava avançado mais.
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E no próximo capítulo:
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Já passava da meia noite, Maicon deitado por sobre a toalha de banho contemplava as ondas da praia, enquanto Yago estava sentado quicando na sua piroca, chupando o pau de Renato e batendo uma punheta para Artur seu professor, que já estava quase gozando em sua cara.