Mariete, a madame do 401

Mariete, a madame do 401

Conto nº 52 – De Marcela Araujo Alencar

- Lá vem ela, Tenório! Puta merda...como é gostosa!

- Pare com isso, Miguel... tu só vive azarando a mulher!

- Não dá, cara! Tô taradão nela. Ainda vou foder aquelas carnes.

- Aquela madame grã-fina não é pro teu bico, Aquilo é papa só para os bacanas.

- Que nada, negro...ela é mulher séria, casada e com dois filhos. Mas eu não resisto aqueles requebros dela nos shorts curtinhos que usa, exibindo as coxas maravilhosas.

- Fique quieto que ela ta chegando, cara!

- Tô sabendo.... olhe só a cantada que vou dar!

*****

Mariete está quase explodindo de raiva. Sempre que sai de casa e segue pela calçada para pegar o metrô, aquele mulato safado, na porta do barzinho de quinta categoria, lhe dirige uma piadinha de péssimo gosto, como se ela fosse uma das suas vadias. Qualquer dia deste, ela iria estourar com ele,

- Onde tu vai, gostosinha? Entre aqui no meu bar que eu quero lhe mostrar uma coisa que tu vai adorar.

Espumando de raiva Mariete acelerou os passos e fingindo não ouvir, seguiu reto, então tomou uma decisão. Na próxima vez que falasse uma das suas imundícies iria confronta-lo.

Ela sempre foi uma mulher decidida e não seria um vagabundo qualquer que iria deixá-la furiosa sem pagar por isso. Mariete uma mulher de trinta e dois anos, com dois filhos de sete e cinco, casada com Leôncio, trinta e cinco anos mais velho que ela, mas que tem boas condições financeira e para ela, isso vale muito,

Três dias dipois, necessitando ir ao centro, fez como sempre, foi caminhando para a estação do metrô e sabendo que iria passar em frente ao bar do safado, se preparou para isso, hoje ele iria ouvir umas boas dela, caso fizesse alguma piadinha.

- Entre aqui, loira gostosa...venha ver o que eu tenho entre as pernas, aposto que tu vai gostar

Mariete, ao contrário das outras vezes, parou e olhou para o mulato e deu alguns passos, provocantes em direção ao homem e próxima da única porta do bar;

– Negro safado, eu também quero lhe mostrar o que eu tenho aqui na minha bolsa!

Mariete, sacou da bolsa, uma minúscula pistola calibre 22 e avançou para Miguel, que de olhos arregalados recuou para o interior do bar, sempre olhando para arma na mão da loira, que parecia estar com muita raiva.

-Tá maluca mulher? Porque apontar uma pistola pra mim, se eu tenho uma bem maior aqui entre as pernas.

Mariete perdeu o rebolado e espumando furiosa, avançou e encostou a pistolinha no peito do negro atrevido. Nem sabe como tudo aconteceu. Num instante ele estava segurando a mão com a arma e um estampido retumbou em seus ouvidos, O disparo fez um furinho no teto e logo depois, um forte soco na altura de sua orelha, a pôs a nocaute.

Miguel, arrastou a mulher caída na entrada bar para trás do balcão de madeira e correu para baixar a cortina da porta, olhando para todos os lados, procurando ver se alguém ouviu o estampido da pistolinha.... tudo limpo na área; levou no colo Mariete para o pequeno recanto nos fundos, onde ele costuma dormir, pois ali também é a sua casa.

A colocou deitada sobre o sujo estrado que usa como cama. Recolheu do chão a pistola 22 e foi examinar a bolsa de Mariete e ficou contente pois embolsou os dois mil e duzentos que encontrou. Não satisfeito, fez a limpa nela e tudo foi parar com ele.... celular, anel, colar , brincos e até a bolsa dela e os sapatos.

- Estou me apoderando de tudo isso, loira gostosa, como paga por tentar me matar com esta merdinha de arma. Agora vou me esbaldar neste teu delicioso corpinho.

Miguel louco de tesão, despiu Mariete com todo cuidado, pois pensava em usar as roupas de marcas que ela usa pra impressionar a neguinha que ele estava de olho, que trabalha na quitanda não longe dali.

Disposto a passar algum tempo fudendo a loira gostosa e não querendo que ela acordasse e estragasse o seu divertimento, decidiu dopar a mulherzinha e ela viajando, não iria o atrapalhar enquanto a comia.

*****

Mariete não conseguia ficar sóbria, pois logo outra picada em seu braço e tudo voltava a ficar confuso em sua mente. Percebia que estava nua e que sempre tinha um homem a fazer sexo com ela. As vezes gostava outras não. Não tinha noção de onde estava e porque estava sempre naquele estado de semi-inconsciência. Podia ouvir muitas vozes em volta dela, eram homens que falavam e riam, parecendo estarem zombando dela.

*****

- isto vai dar merda, Miguel! Acho melhor você dar fim a esta coisa toda! Algum destes caras mas cedo ou mais tarde vai bater com a língua nos dentes e ai como vai ser?

- Tenha calma Tenório, não vê que estamos faturando uma grana preta, alugando a buceta e o cu da loira. Foi a vadia que veio aqui e me ameaçou com uma arma, agora estou apenas a usando e fazendo ela trabalhar para mim.

*****

Mariete desapareceu a exatos trinta e cinco dias e apesar de todo os esforços das autoridade, nenhuma pista de seu paradeiro foi obtida. Leôncio desesperado com o ocorrido com a mulher e vendo seus filhos chorarem com saudades da mãe, decidiu oferecer uma gorda recompensa para quem desse alguma pista que possibilitasse encontrar o paradeiro de sua mulher.

*****

O negrinho Capilé, o oitavo a ter acesso, nesta noite, ao quartinho para ter seus trinta minuto fodendo a loira vadia do Miguel; não estava arrependido por ter pago 100 pratas. O cu da branquela era uma coisa de louco e ele soube usar muito bem o seu tempo com ela. Mais quando se preparava para sair, virou a mulher, que estava de costas, e ficou olhando o rosto dela.

- Minha nossa! Eu conheço esta mulher! Já fui entregar mercadoria na casa dela! Puta-que pariu....é a madame do 401 na esquina desta ruaela está sumida de casa e todo mundo está a sua procura.

Capilé saiu do bar do Miguel sentindo pena da madame...ela sempre foi muito legal com ele e lhe dava boas gorjetas; não merecia que o safado do Miguel a agarrasse e a usasse como uma puta, como está fazendo.

Capilé soube da recompensa oferecida para quem soubesse o paradeiro da mulher e não titubeou....ele e seus pais precisavam muito deste dinheiro, usou o disque-denúncia e detalhou com os mínimos detalhes onde estava Mariete.

Naquela mesma noite, uma grande força tarefa cercou o famigerado barzinho do Miguel, que estava com a cortina arriada. Com a devida autorização legal, os policiais invadiram o local e se surpreenderam pois lá dentro se deparam com nove homens que bebiam, esperando a vez de irem ao quartinho onde estava dopada a mulher.

Miguel e Tenório, assim como todos os outros receberam voz de prisão e ainda outros dois, que alheios a tudo faziam dupla penetração em Mariete, la no quartinho cativeiro.

*****

Levada para um hospital e depois para uma clínica particular, Mariete teve de ficar internada por longo tempo, principalmente para limpar seu corpo das drogas injetadas nele por tão longo período e ainda por grave doença adquirida dos homens que usaram seu corpo. Apesar de ser uma mulher madura, o trauma sofrido a abalou profundamente e teve de buscar ajuda para espantar de sua mente algumas teias de aranha que teimam em assombrá-la.

FIM