Até chegar a sua vez

Era junho de 2016, fui convidada a representar a universidade que estudei em um simpósio na cidade de Pelotas, e apresentar minha pesquisa do TCC. Foi uma oportunidade única, eram dois dias de simpósio, sexta e sábado, partimos em 6 alunos da graduação ao doutorado.

Recentemente havia me reconciliado com um namorado de longa data, e estavámos morando juntos a poucos meses, o convidei para me acompanhar no evento , já que era em final de semana, ele se recusou a ir, inventou vários impedimentos e desculpas esfarrapadas, que por fim fui sozinha.

Ao chegar em Pelotas, decidi pegar um quarto só para mim, gosto de ter minha privacidade e de dormir sozinha. Passei o dia remoendo, tudo o que havia ouvido em casa, e ficava cada vez mais chateada e o sentimento de vingança começava a brotar.

Após o primeiro dia de palestras e mesas redondas, meu grupo resolveu beber umas cervejas em um barzinho. Um a um foram retornando ao hotel, ficando somente Murilo e eu no bar. A essa altura, já bastante alcoolizada e com raiva de tudo que havia acontecido, num momento sem pensar nas consequências, passei a mão pela coxa de Murilo, a deixando perto de seu pau. Olhei fixamente em seus olhos e dei um sorriso safado, ele entendeu tudo.

O conheci em um ciclo de palestras em setembro de 2012, ele era um dos ministrantes de um mini curso, e eu atuava na organização do evento, recebendo os palestrantes e os guiando pela universidade, era meu segundo semestre como estudante de história.

Após alguns cafés em grupo e o auxiliando, veio um convite para jantar, de pronto recusei, estava noiva e casaria em 2014. Não era o tipo de mulher que pulava a cerca, e não tolerava esse tipo de comportamento.

Os anos foram passando, relacionamentos terminaram e iniciaram e nos reencontramos em 2015. E surgiu uma amizade, estudávamos um mesmo tema, e éramos orientados pelos mesmos professores. As vezes ele tentava investidas e eu sempre pulava fora. Até esse fatídico dia.

O sorriso safado, foi desfeito ali mesmo por um beijo, mãos passaram a percorrer os corpos, o álcool falou mais alto, e o tesão também, apesar de não sentir atração física por ele, perdi de vez o discernimento e deixei levar. Após uns minutos decidimos voltar para hotel para descansar, pois no outro dia tudo começaria cedo.

Percorremos os poucos metros em silêncio, eu raciocinando sobre a besteira que havia feito, nunca havia traído meu marido.

Ao chegar no meu quarto, ele próprio se convidou a entrar, queria conversar e saber se eu estava bem, e me pedia desculpas por não ter se afastado, sabia do meu estado civil e conhecia meu marido.

A essa altura bêbada do jeito que estava, e furiosa com os últimos acontecimentos, parti pra cima dele, e passamos a noite juntos. Para ninguém do nosso grupo desconfiar, logo ele retornou para seu quarto.

Nas semanas seguintes o evitava pelos corredores da universidade, e tentava esquecer e parar de me culpar pelo que havia feito. Mas a adrenalina que havia sentido, tinha sido muito intensa.

Porém, como tínhamos que estudar juntos, acabamos nos envolvendo. A adrenalina me fazia bem, estava mais feliz, alegre, não estava mais tendo os altos e baixos da depressão.

Mas após um mês, veio a bomba, uma declaração e um pedido para que eu largasse do meu marido. Achei que era brincadeira e dei corda. Fazíamos planos do que faríamos, onde viveríamos, mas para ele era real.

Após ser pressionada inúmeras vezes para abandonar minha vida de esposa, terminei o caso. E a perseguição começou, durante meses ele não saia do meu pé, ameaçava contar tudo, e eu o ignorava, até que cansou.

Fiquei meses na minha, quieta , mas sentia falta da adrenalina que tinha ao fazer algo proibido. Assim, passei a ter um caso com um amigo da graduação, que terminou junto com sua formatura. E então chega a sua vez...