Sara na ante-sala do diabo
Sara na ante-sala do diabo
Conto nº 33 – De Marcela Araujo Alencar
Sara deixou os dois filhos na escola e apressada voltou para casa, pois tinha muitas coisas para preparar antes do marido chegar de sua viagem de serviço. Ela tinha em mente preparar um belo jantar para ele. Levaria os filhos para a casa de sua mãe e assim ela e Olavo teriam toda uma noite para se amarem, sem serem interrompidos pelos choros dos seus lindos filhotes.
Em casa arrumou toda a bagunça deixada pelos meninos e saiu para fazer compras no supermercado perto de casa, levando o carrinho de compras a reboque.
Seria uma caminhada curta, de apenas três quadras. Com o pensamento voltado para a noite de sexo com Olavo, distraída, foi surpreendida por um homem barrando o seu caminho. Era um negro vestindo roupas amassadas e com fedor de bebida barata
- A madame pode me dar uns trocados.... por favor.
Receosa, ela disse que não tinha nenhum trocado na bolsa e procurou se afastar dele. Neste instante sentiu a ponta de um punhal encostar em sua barriga e o negro falar pausadamente, quase com o rosto emostado no dela:
- Madame, isso é um assalto. Se fizer algum gesto para chamar a atenção, eu enfio o punhal na tua barriga. Compreendeu o que falei ou quer morrer?
Sara, suando frio de tanto medo, balbuciou um sim trêmulo.
– Siiimmm.... pode levar minha bolsa... eu vou ficar quieta, senhor!
- Muito bem....a madame entendeu o que eu quero.... mas aqui não, tem muita gente circulando.... vamos pra aquele beco ali....eu e meu amigo aqui, queremos levar tudo que tens de valor, madame.
Só então sara viu o outro homem junto a eles. Um mulato feio como o diabo, que se aproximou ainda mais e portando igualmente um punhal e que falou, encostando o punhal em suas costas.
- Seja boazinha e caminhe bem calminha ao nosso lado, sem despertar a atenção de ninguém!
Sara cercada pelos dois marginais, nem pensava em outra coisa a não ser entregar os seu pertences e se livrar deles. Era isso o que lhe fora recomendado pelo marido. “Nestes caso, não reaja, entregue o dinheiro e poupe de ser ferida”.
O tal beco para onde a conduziram era o resultado de um prédio em ruínas e tremendo de medo se viu sendo levada para os fundos das destroços e lá, entre três paredes, eles disseram para ela colocar no carrinho tudo que levava.
Mas que depressa, Sara abriu sua bolsa e colocou sua carteira de dinheiro no carrinho. Eles viram o seu cartão bancário e o exigiram também.
- Madame, queremos o celular, o anel e os brincos também,
Sara entregou tudo o que eles pediram e ficou surpresa quando exigiram até os seus sapatos. Ela espera que assim eles fossem embora e a deixassem. Mas não foi assim que as coisas aconteceram.
O negro já pronto para levar o carrinho de compras de Sara, foi questionado pelo mulato:
– Bento, antes de irmos vamos prender a vadia de modo que ela não saia gritando tão logo a gente vá embora.
Num piscar de olhos, Sara se viu amarrada pelos pulsos a uma viga pendente do teto, ficando quase que pendurada. Apavorada, ela implorou que não a deixassem presa assim, pois sabia que não conseguiria se soltar sozinha.
Os dos assaltantes ficaram olhando para ela por algum tempo e logo o negro falou:
- Tive outra ideia, cumpadri.
Ele olhou dentro do carrinho de compra e retirou da bolsa de Sara um pacotinho de absorventes íntimos e colocou dois deles na boca da aterrorizada mulher, a amordaçando. Com um barbante em volta de sua nuca para impediu que Sara os cuspisse fora.
- Sabe o que nós vamus fazer, cara? Vamus foder esta gostosa e ela não pode nos impedir....o que achas?
Sara, tem as pernas livres e tenta os chutar, em menos de um minuto viu seu vestido ser enrolado acima de sua cabeça nos seus braços suspensos. Logo a calcinha e o sutiã foram sacados de seu corpo.
Nua e exposta a sanha dos dois bandidos, se contorcendo tentando evitá-los, sentiu a ponta de um punhal encostar em seu rosto e o mulato gritar enfurecido.
- Pare de empurrar a gente vadia, fique quietinha senão vou furar o teu olho,
Sara, em pânico, sentiu o punhal quase encostado em seu olho direito e pela cara do negro cheio de tesão e raiva, sabia que ele faria o que disse e então acovardada, cessou de lutar.
Foi a coisa mais repugnante e sórdida que aconteceu com ela daí em diante.
Os dois bandidos, ajoelhados entre suas pernas, a lambiam como dois esfomeados, um com a boca a chupando, enterrada em sua vagina sugava todos os seus fluidos, enquanto o outro cravava os dedos em seu ânus, entremeados com lambidas e beijos. Isso durou muitos minutos e logo depois fizeram dupla penetração, dolorida e nojenta, com eles parecendo bichos com urros e gemidos enquanto a estupravam, mordendo e chupando seio e ombros.
O sofrimento de Sara durou algumas horas, com eles se revezando de posição, com poucos intervalos para se “recuperarem”.
Só cessaram o horrendo estupro de Sara, quando surpreendidos por enorme alarido que se aproximava de onde estavam. Assustados, logo puderam identificar as vozes de muitos homens, cada vez mais perto do lugar onde estavam estuprando Sara.
Com enorme medo de serem surpreendidos e linchados pelos que se aproximavam, a dupla se vestiu as pressas e tratou de escapulir abandonando o carinho de compras de Sara, que ficou pendurada pelos pulsos, sem forças para reerguer o corpo, suspenso pelos pulsos.
Os minutos se passaram e ela presa e muda no seu cantinho quase escuro, viu uma quantidade enorme de homens seguirem caminho sem a notar. Pelo uniforme que vestiam ela pode identificar que eram jogadores de alguns times de futebol, que por algum motivo estavam cortando cainho para embarcarem nos ônibus na avenida em frente ao beco onde ela estava presa. Sara soube disso pelo que pode escutar ao passarem perto. dela
Para sua desgraça, nenhum deles a percebeu amarrada e amordaçada e Sara viu as horas correrem e a escuridão da noite a envolver. Ela pensou em seus filhinhos a esperando na escola, sem que a mãe os fossem buscar. Imaginou a aflição do marido por não a encontrar em casa e nem ter aparecido na escola dos garotos.
Pela noite adentro, pode escutar a música suave de seu celular em chamadas insistentes, sem que pudesse atender e pedir socorro.
Quase com o dia amanhecendo, Sara semi-inconsciente com os braços e ombros dormentes por suportar o peso do corpo. Gemia sentindo as formigas subirem pelos seus pés descalços, pernas e coxas e penetrando em suas partes intimas, em busca da imundície dos estupradores, que escorria dela.
Ao anoitecer, com mais de trinta e seis horas de seu cativeiro, Sara com a cabeça tombada sobre os ombros, inconsciente, ardia em febre alta, agora com o corpo coberto por formigas e outros insetos que povoam o infecto lugar.
Assim mais uma noite chegou e novo dia surgiu. Depois de sessenta e duas horas presa, ela não pode escutar o som de vozes de aproximando– Temos certeza, senhores.... o sinal do celular da sra. Sara está vindo daí de dentro. Triangulamos por muito tempo os sinais emitidos e garantimos, o aparelho está ai dentro e o chip do celular está ativo.
Os dois funcionários da empresa de telecomunicações, que acompanham a equipe que estava em campo, na tentativa de encontrar a senhora desaparecida tão misteriosamente, tinham como única pista o pequeno aparelho que estava jogado dentro do carrinho de compras se Sara.
Eram policiais, bombeiros e alguns voluntários e principalmente Olavo, marido da mulher desaparecida, parentes e amigos; todos inconformados com o sumiço da querida Sara.
Foi um choque tremendo de todos quando viram à luz das lanternas o corpo pendurado de Sara.
Puderam ver, comovidos, o corpo de bombeiros, a transportar em maca, quase sem vida, ao hospital mais próximo, ao lado do desesperado OlavoAcometida por infecção generalizada por diversos agentes que atacaram o seu organismo, Sara estava praticamente desenganada pela equipe médica. Entretanto depois de dois meses em tratamento intensivo, foi considerada salva e pode ir para o quarto.
Sara pode então abraçar seus filhos e o marido e receber parentes e amigos. Quando algumas semanas depois, recebeu alta e Olavo a levou para casa, foi surpreendida por uma verdadeira multidão que a recepcionava à porta de sua casa.
Dos dois bandidos, que a atacaram, nunca foram encontrados, apesar do retrato falado que Sara fez deles.
FIM