No Enterdecer - Capítulo 10 (Grande Dia!)

Um conto erótico de Kimi
Categoria: Homossexual
Data: 01/10/2019 23:02:36
Última revisão: 02/10/2019 01:31:42

Oieee, gente tô aqui pra preparar vocês pra essa nova fase porque as coisas vão mudar totalmente de figura! O lugar é novo, pessoas novas, tramas novas massssssss não significa que Eduardo morreu nessa história, viu? Tenham calma que tudo vai se encaminhar no final das contas! Ou será que não....

Kimi

_________________________________________

Eu confesso que ir para casa lembrando de tudo que eu tinha vivido e não poder nem sequer me movimentar, falar ou expressar minha dor dentro daquele carro era coisa mais agonizante que eu podia sentir no momento. Eu ficava cada vez mais agoniado só por saber que eu ficaria lembrando e pensando em tudo aquilo por várias e várias horas no mesmo lugar. E o pior é que em toda parte do trajeto eu tinha a maior vontade de voltar mas eu sabia que eu não poderia. Meu tio infelizmente não era a melhor pessoa do mundo para desabafar, mas era uma boa pessoa, sempre ficava na dele sem incomodar demais porém aquele silêncio era a pior coisa que eu queria no momento. Meu maior desejo era gritar de raiva, por ter que ir embora, por ter que me despedir. Aí, como é ruim dizer tchau. É a pior parte da vida: dar adeus. Ninguém gosta mas todo mundo tem que passar por isso.

Só de pensar no Eduardo sozinho, chorando pelos cantos daquela fazenda, eu já tinha o meu coração doendo novamente, nem sabia como consertar isso, não sabia nem sequer lidar com isso. Tudo o que eu queria era poder voltar atrás e aproveitar todos os instantes novamente, cada segundo, cada milésimo de segundo, eu não queria perder nada! E a partir daquele momento eu prometi para mim mesmo que todos os momentos que eu viveria dali para frente seriam os melhores e os únicos momentos em que os jamais perderia a chance de aproveitar.

Meu pequeno pedaço de céu poderia estar sentindo que estava abandonado, até mesmo pelo fato de sua família está longe, distante, maseu não o deixaria pensar que era um lobo solitário nunca mais. eu pude ver de perto que a dor da rejeição podia causar numa pessoa mas eu também não pude contemplar o quão agradável é quando você retribui um amor incondicional alguém que jamais soube o que era o amor de verdade. Eu sei que deixei Eduardo para trás, mas muito mais do que isso, eu sei que consegui, pelo menos, dar aquilo que ele nunca achou que ele poderia ganhar e isso é o amor.

Digo isso com muito orgulho e tranquilidade no meu coração porque pelas experiências da vida sabemos que muitas coisas passam e muitas coisas mudam mas se tem uma que sempre permanece ia sempre guardado na memória isso é o amor. E eu sempre vou amar o Eduardo.

****

[20h]

Meu tio Juca finalmente me acordou pra dar a melhor notícia: casa a vista! Ufa. Eu amo viajar mas não fui feito pra ficar preso num veículo por mais de duas horas não, simplesmente não dá. Meu corpo doía e meus pés estavam completamente mortos. Juca buzinou e meus pais saíram correndo feito uns doido pra me abraçar. Quero dizer, minha mãe porque meu pai é perdi feito uma mula. Meus irmãos, nojentos como sempre bem saíram pra me abraçar. Meu pai pegou minhas malas e levou pra dentro de casa.

Fui me arrastando, morto de cansaço, até esqueci de agradecer pela viagem de tão morto que eu estava. Paulo, meu irmão, estava jogando videogame na sala num volume que não me agradou muito de primeiro momento. Como eu sabia que sairia uma briga daquela situação, ignorei e subi para o meu quarto. Meu pai é um amor de pessoa, quando entrei no quarto ele estava arrumando minhas coisas.

— Não precisa — eu disse

— É rápido — falou do jeito calmo dele — Vai descansar que cê ganha mais!

Quem sou eu pra recusar o ócio, eu hein! Capotei na cama e esperei o sono vir até mim e parece que atendeu minhas súplicas porque apaguei rapidinho. Meus sonhos nunca eram normais, sempre apareciam monstros e situações completamente esquisitas neles mas dessa vez acho que meu cérebro estava tão cansado de toda aquela viagem que acabou nos poupando de suas produções bizarras e me deixou dormir em paz.

[02h32]

Acordei na madrugada meio tonto, meio estranho, meio com saudade do Eduardo. Comecei a sentir as primeiras sensações de como é estar deprimido e com saudade de alguém que amo. Mas não havia muito o que eu pudesse fazer. Nessas horas eu conversava com meu pai, que na realidade é psiquiatra, o que ajudava muito na minha vida confusa e estranha. Aí como eu queria acordá-lo e dizer tudo o que eu estava sentindo. Porém deixei as coisas como estavam. Olhei pro teto, olhei para as paredes, olhei até pro chão pra ver se o tédio virava sono e se o sono me fazia dormir. Mas nada aconteceu, tudo normal. Olha o que você Eduardo!

Pensei em chamá-lo no whatsapp mas pensei que provavelmente não estava acordado nesse horário, até porque ele acorda cedo e tem um sono de ouro, não acorda por nada. Mas no meio daquela confusão toda que estava se apossando de mim, tinha uma pessoa, na realidade, que eu sabia quem não perdia tempo quando o assunto é madrugar. Peguei meu celular que estava na mesinha ao lado da minha cama e comecei a digitar.

[Eu]

Hey

Demoraram alguns minutos até eu ser respondido mas finalmente um sinal de vida aparece na minha tela.

[Carlos]

Pera aí

Uau, que baita sinal de vida! Como eu amo o posto de prioridade que eu tenho na vida do meu melhor amigo, vítima do famoso "pera aí"....

[Carlos]

Opa

Desculpa, tava online na partida

Eae mano, de boa?

[Eu]

Mais ou menos

[Carlos]

Pq?

Aconteceu alguma coisa?

[Eu]

Eu voltei

Tô só meio entediado

[Carlos]

Cê voltou?

Quando?

Tá falando sério? Oshh

Não me avisou pq?

Eu teria ido aí te encher o saco

[Eu]

Kkkkk

Eu voltei tão morto que nem toquei no celular

[Carlos]

Ah mas cê devia ter me falado

Não falo contigo desde mês passado

Tu sumiu

Mas caramba, que saudade mano!

[Eu]

É, eu sei :P

Aconteceram algumas "coisas" nesse meio tempo

Nem pensei em te falar

Mas tô de volta

[Carlos]

Hmm

Curioso? Não, Carlo não era nem um pouco... E eu morrendo de vontade de contar minha história mas tentei deixar pra lá, sem influenciar nada.

[Eu]

Eu só queria falar com alguém

Tô num loop infinito de tédio

[Eduardo]

Sei como é

É por isso que eu digo que a madrugada foi feita somente para gamers

[Eu]

Ta falando que eu sou um fraco por não ser gamer?

[Eduardo]

Olha, já que você mesmo disse

Nem preciso me esforçar

[Eu]

Kkkkkkkk fdp

[Carlos]

Kkkkkkk

Mano

Tá afim de vir aqui?

Tô sozinho tbm

Dois tédio junto dá pra viajar na maionese legal

[Eu]

Para de ser mentiroso

Tu tá jogando com o pessoal aí

[Carlos]

Mas aí cê faz companhia pra mim

Pfvr

[Eu]

Sei não :/

[Carlos]

Vai Lipe, pfvr

Ó, eu te levo pra faculdade amanhã

De boa

[Eu]

Okay, não dorme!

Espera eu chegar

[Carlos]

Blz

[Eu]

✌🏼

Não pasmem, eu ia pra casa do Carlos direto na madrugada, por motivos de trabalho de faculdade, tédio, raves... Meus pais até descartaram a possibilidade de eu fugir de casa no meio da noite. Peguei minha mochila com roupa e material, tudo no silêncio e na tranquilidade de alguém que já é profissional em sair de casa de noite. Porém, como sou todo certinho, deixei um bilhete na porta do meu quarto. Saí de casa, peguei minha pequena-velha bike e saí sozinho naquela noite fria e nebulosa de São Paulo.

Não vou dizer que Carlos é milionário mas não vou deixar de dizer que a casa dele é incrivelmente foda. Só o bairro já é lindo e todo diferente de qualquer outra parte da região que eu morava. Sério, até eu, que sou simples, queria morar ali, e, se realmente morasse, nunca mais diria que minha vida é dura. Mentira, diria sim porque sou bocó mesmo. Cheguei no portão enorme da casa dele, apertei a campainha e ele demorou milhares de anos pra abrir e fiquei com medo daquele silêncio horrível da rua, ainda por cima, o bairro não era conhecido por ser seguro. Uau que beleza! Eu realmente sou muito azarado Peguei o celular do bolso, na luminosidade mais baixa que a minha moral com assaltantes da região e mandei mensagem pra ele.

[Eu]

Carlos!

Tô aqui, vem logo!

Ele não visualizou nem respondeu. Derrota declarada! Comecei a chorar que nem um idiota no meio da rua, cheguei até pegar a bicicleta pra ir embora mas então ouvi os passos de dentro de casa enxuguei os olhos rapidamente pra não passar esse vexame na frente do Carlos. Quando abriu o portão ele sorriu e eu também, mas de nervoso...

— Eae! — ele disse dando a mão pra eu apertar e depois me abraçou — Demorei?

— Não, eu nem chorei aqui agora pouco pô...

— Você chorou mesmo? — ele perguntou super preocupado com a minha pessoa.

— Não, tô brincando — eu disse todo bobão achando que ele tinha acreditado, mas já que não acreditou, eu que não vou vou passar essa vergonha.

— Ok, então tá — ele disse aliviado — Tudo bem?

— Tirando o frio que eu passei pedalando pra cá e o medo de ser roubado, tô bem sim — respondi entrando com a bicicleta no quintal.

— Já que você tá aqui já, vem comigo mano, eu quero muito te mostrar uma parada — disse todo empolgado e foi entrando pra dentro de casa, dava pra ver que ele tava morrendo de frio também.

O Gramadinho do quintal dele me lembrou os campos da fazenda. Tão bem aparadinhos que quase suspeitei que tivesse um operário de fazendo ali (risos). Infelizmente não tinha... A casa estava vazia, provavelmente porque os pais do Carlos estavam viajando e ele mais uma vez estava abandonado. Mas nem ligava, adorava dar festa nessas horas pra socializar e não conseguiria se os pais dele estivessem ali. E posso dizer com tranquilidade que eram as melhores festas que a cidade poderia ter, com certeza. Tudo de mais inusitado acontecia nas raves que ele fazia, se eu parasse pra contar, daria todos os capítulos desse contos multiplicados por 3. É, são muitas paradas pra se contar...

O quarto do Carlos é o que todo formando de Ciências da Computação queria: cheio de aparatos nerds e "Hi-Tech". E o pior é que ele sabia mexer com tudo, absolutamente tudo relacionado a máquinas. Me lembro de crescer jogando Atari nesse quarto enorme... E agora era praticamente um quarto-robô.

— Então mano, tá tudo bem? — perguntou sentando na cadeira que ele se gabava por ser super confortável — Cê voltou e nem me falou, mó vacilão tu véi

— Olha, eu fiz muitas coisas na fazenda mas vou usar o argumento de que nem mexi no celular direito — respondi

— E eu aqui na mó saudade da sua pessoa — disse com um ar de deboche

— Nossa como tu é falso!

— É sério mano — deu risada — Quase morri sem você aqui.

— Vai se foder

Ele riu

— Bom, pra você não mandar nem um 'oi" pro seu homem aqui é porque fez muita coisa — disse

— Se toca! — eu ri e deitei na cama dele— Então, o que você queria mostrar?

— Então mano, eu fiz um site

— Um site? — perguntei confuso — Tipo, um site qualquer

— Não — disse sério — Ele filtra preços de jogos pra você encontrá-los mais baratos nas mais diferentes lojas

— Uau, que demais! — debochei da cara dele e eu sabia que ia ficar puto, Carlos odiava quando alguém não se empolgava com algo que ele estava empenhado.

— Porra, desmereceu mermo hein Lipe — disse puto

— Tô zuando, calma, Cadu! — eu disse cascando o bico — Isso é muito útil man, de verdade

Fez cara de bravo e eu tentei melhorar a situação.

— A comunidade gamer vai simplesmente achar isso muito foda — demonstrei interesse pra se rolava

— Sim velho — voltou a ficar empolgado — Tô só atualizando algumas coisas pra lançar de verdade, acho que vou usar pra aula do Robertão

Aquelas palavras ecoaram na minha mente e eu fiquei assustado, com o coração batendo forte, sem parar e eu só consegui exclamar:

— Meu Deus! — gritei

— Você não fez nada né? — ele me conhecia tão bem...

— Não! Caramba! Tenho quanto tempo pra apresentar meu site?

— 14 dias...13, esqueci que estamos na madrugada

— Eu nem tenho uma idéia pra fazer o site, e agora?

— Vem, chora aqui comigo — ele abriu os braços e eu abracei-o — Sabe que tá ferrado né?

— Ah, como eu sei meu amigo — soltei dele e voltei a deitar na cama dele — Cara, o que eu vou fazer? Sério, me ajuda!

— Ok — respondeu — Pode ser amanhã, hoje eu tenho algumas partidas pra jogar ainda

— Ah claro, eu não tava querendo dizer agora, só estou meio desesperado — eu disse mais calmo — Cê vai me ajudar mesmo então né?

— Claro, pode deixar, tamo junto

— Cê é demais — respondi e deitei de novo — O sono tá começa a aparecer, onde eu vou dormir?

— Pode dormir aí mesmo, eu vou jogar — disse

— E você vai dormir aonde?

— Ué depois eu te empurro pro lado e deito aí, suave

— Ok, mas cê não vai ficar gritando que nem um pouco e quanto joga não né?

— Talvez...

— Ok, eu acho que sobrevivo a mais essa loucura

Ele sorriu, voltou a jogar e eu dormi tranquilo.

[7h54]

Um som de alguém gritando e me chacoalhando de um lado pra outro era minha primeira experiência da manhã, grande dia...

— Felipe, acorda pelo amor de Deus! — gritou desesperado e eu todo assustado pulei da cama.

— Hey Hey — eu disse assustado— Pra que isso, Carlos?!

— Vamo, eu tô te chamando e tu não acorda! — ele respondeu e percebi que estava arrumado, quer dizer, estava razoável porque roupa normal ele não usa. — Vai se arrumar logo!

— Tabom, nossa que estressado

Infelizmente ele era pontual e organizado, me lembra até uma pessoa muito familiar... Ele desceu e me deixou em paz pra me arrumar e eu consegui deixá-lo mais bravo ainda por demorar pra me arrumar. Depois de arrumar minhas coisas e colocar uma roupa decente eu fui até ele que estava no carro buzinando feito um doido.

— A princesa tá arrumada já? — o nível e a cara de "putisse" que ele estava naquele momento era simplesmente impagável.

— Bora! — respondi todo debochado, resquícios de Eduardo estavam em mim.

A Universidade Federal de São Paulo era nossa alma-mater e o inferno-patre também porque eu não aguentava mais acordar cedo pra estudar. Mas cá estamos nós não é mesmo. Por sorte eu tinha a Natália e o estressado Carlos Eduardo Reis pra fazerem meus dias mais suportáveis. A gente é tão conectado que saímos do fundamental, fomos pro médio e estamos fazendo a mesma carteira na Universidade, só por amizade mesmo, mentira, a gente foi porque o Carlos é muito estressadinha e não quis fazer o que a Natália tinha sugerido: moda. O auge!

Carlos estava tão possesso comigo naquele dia que nem passou na casa da Natália pra chamá-la e eu não abri a boca pra falar nada senão ele ia me comer vivo. No meio do caminho o celular vibrou e meus olhos brilharam de felicidade quando eu vi quem tinha me mandado mensagem: Eduardo!

[Eduardo]

Oie

Tô precisando de uma dose de amor aqui

[Eu]

Ownnn

Oiiiii

Cê tá bem?

[Eduardo]

Bem mal

[Eu]

Palhaço

[Eduardo]

Tô bem

A Letícia tá aqui tentando me fazer rir

Mas ela não se chama Felipe Figueiredo

Eu sorri feito um bebezão e Carlos percebeu

— Tá tudo bem? — ele perguntou

— Tá... é... não é nada... — respondi nervoso

— Hmm

[Eu]

Meu amor

Segura as pontas

[Eduardo]

"Segura as pontas?"

É meu avô que tá aí falando do outro lado?

[Eu]

Vai te lascar Eduardo!

[Eduardo]

É sério

Tô morrendo de saudades já

[Eu]

Eu também, acredite

Tô indo pra faculdade me mordendo de saudade

[Eduardo]

E eu tô indo parir uma vaca

Grande vida!

[Eu]

Melhor do que ficar sentado 4 horas numa cadeira

Depois de ontem não sei é a melhor coisa a se fazer....

[Eduardo]

Afff como eu queria você aqui agora

[Eu]

Também

Edu, eu vou sair por enquanto

Juro que te chamo depois

[Eduardo]

Ok

Te amo ♥️

[Eu]

♥️

Carlos estacionou o carro e fomos juntos pro pátio, e nada de Natália aparecer. Pensei em mandar mensagem mas ela nunca respondia nada de manhã cedo, por um motivo que desconheço, então nem me esforcei. E fiz muito bem porque ela já estava sentada no banco da praça dentro a universidade. Ela levantou e veio naquele jeito espoleta dela.

— Olha só, os sumidos da minha vidinha chegaram! — disse toda feliz e abraçou Carlos e depois me apertou feito um ursinho de pelúcia — Vieram juntos?

— Sim, ele dormiu lá em casa ontem...quer dizer, hoje...sei lá, tô puto demais pra pensar

— É — confirmei com um sorriso tímido — E também fui acordado no susto...

— Porque você não acordou quando chamei, Felipe! — estressado de novo

— Tabom Carlos, tabom! — respondi bravo também

— Hey, nada de briga hoje — disse Natália tentando acalmar os ânimos — Como cês tão? — perguntou

— Bem — eu respondi — Tirando que o Carlos é chato....

— Vou te socar!

— Hey! Ok, eu entendi, vocês tão bravos mas dá pra relaxar?! — ela disse novamente tentando acalmar a gente. — E Carlos!

— Eu — respondeu

— Tudo certo pra festa no sábado? — ela perguntou

— Ah...sim, meus pais só voltam na segunda — ele respondeu

— Festa? que festa? — eu disse todo confuso — Vocês vão fazer uma festa e nem me convidaram?

— Relaxa Lipe, a gente fez o grupo semana passada — ela respondeu — A gente sabia que você ia voltar ontem e só íamos contar quando você chegasse

— Mas podiam ter me colocado no grupo! — respondi

— É, poderíamos, mas esquecemos uai, era tanta gente! — ela disse

— Afff — revirei os olhos — Vamo logo antes que eu me estresse mais!

Eu não estava pronto pra ter um dia de aula tão rapidamente após meu retorno, o plano era descansar por um dia mas ficar em casa só pensando no passado seria pior com certeza. E com meus irmãos me perturbando, piorou! Já estou até imaginando: limpar o quarto, cuidar deles, preparar a comida, levar pra escola e arrumar o quarto dos bonitões... Nem pensar! Sem contar que quem lava a louça sou eu, então, simplesmente amei ter vindo pra faculdade, sem neuroses.

Mas a volta às aulas são tão deprimentes que quero desfazer todos os elementos do parágrafo anterior (risos). Aulas chatas, professores tediantes e pessoas chatas. Tudo chato. Mas fases são assim né? Tudo fica chato depois muda. Espero que mude logo!

[13h33]

Sobrevivi por horas e mais horas naquele imensurável mar de tédio por causa das aulas chatas que tive no dia em questão porém finalmente a aula tinha acabado e eu estava morrendo de fome, e dentro de mim ainda tinha esperanças que Carlos tivesse dó de mim e concordasse em ir comer em algum lugar.

— Tô com fome — eu disse

— Também mano — ele fez uma careta — Rola um podrão?

— Mais que bem-vindo!

— Mac? — perguntou

— BK! — falei com um baira sorrisão no rosto

— Fechou! — falamos juntos

Sem eu menos perceber alguém gritou atrás de mim:

— Fechou o quê, senhores? Posso saber? — perguntou Natália

— Vamos no BK

— Caramba, era pra lá que eu ia agora!

— Mas tu é sonsa né? — disse Carlos — A gente já estava indo te chamar

— Você ia me chamar Carlos? Seu abusado, tu não sabe nem mentir!

— Olha quer saber: eu não admito brigas me atrasando enquanto estou com fome, vamos ou não? — eu disse empurrando os dois pra fora do estabelecimento universitário.

Não vou mentir, ter um amigo que tem carro é uma baita vantagem, principalmente quando você é super próximo, é como se o carro fosse seu (risos). Claro que não é assim na vida real, mas pra mim é porque Carlos é muito parceiro (mas não deixem ele saber disso porque senão vai ficar me enchendo o saco).

Chegando no restaurante eu percebi que havia esquecido meu caderno na universidade e fiz o maior show dizendo que precisava voltar, mas até parece que eu ia conseguir isso.

— Você nem escrevia nada naquele caderno! — resmungou Carlos

— Verdade Felipe, tu só dorme nas aulas — debochada como sempre

— Que mentira — eu falei indignado

— Bom, se você acha que desenhar enquanto o professor fala é anotação, então você anotava — disse Natália

— Ou senão quandi você jogava jogo da velha com o pessoal... — brincou Carlos e eu simplesmente não gostei

— Vocês são muito vacilões cara! — eu disse quase chorando, como sempre, muito sentimental.

— Ah não Lipe, tu não vai chorar não né? É brincadeira — disse Carlos preocupado e eu fiz cara emburrada — Tabom, a gente volta rapidinho, vamo

— Não! — eu disse limpando os olhos — Vocês tem razão, não tem nada escrito

— Tá vendo?! Eu disse — Natália disse toda empolgada, como se tivesse ganhado uma aposta. Vaca!

— Você é uma debochada isso sim! — eu disse — Sua palhaça— Vamo comer logo que eu vou desmaiar daqui a pouco

Sentamos e o tempo foi passando em meio às nossas conversas, tudo muito lindo e delicioso (estou falando da cheddar na minha boca) até Natália abrir o bocão enorme dela de novo:

— E o Eduardo? — perguntou ela

Juro que se medissem minha pressão naquela hora, eu seria diagnósticado com...deixa eu ver...morte! Quase botei tudo pra fora de tão nervoso que eu fiquei. Eles me olharam confusos e preocupadíssimos, Carlos até se levantou achando que eu tinha engasgado.

— Tô bem, tô bem! Calma, eu só levei um susto! — respondi

— Certeza? — ele perguntou

— Sim, eu juro

— Ok — disse e sentou-se novamente — Quem é Eduardo? O Penha? Da sala? Eu nem sabia que vocês se conheciam! — continuou achando que sabia do que era o assunto.

— Não, é outra pessoa — eu disse

— Você não contou ainda pra ele? — perguntou Natália. Adorava a minha amiga, mas infelizmente ela não respeitava o momento de ninguém, como se tudo fosse fácil e normal de de falar ou fazer. Pra ela poderia ser porque realmente é muito desbocada e despreocupada com as coisas. Mas pra mim não era fácil falar nada do que aconteceu pro meu melhor amigo. Nunca tinha me apaixonado por nenhum homem em toda minha vida e ele cresceu me vendo com um olhar hétero.

— Não me contou o que? — perguntou

— Carlos, eu...eu

— Fala Lipe, tô ficando preocupado, tá morrendo? — brincou

— ...Eu...sou gay — falei na lata, morrendo de medo mas quando soltei essas palavras me senti tão aliviado mas também muito receoso do que iria acontecer.

Ele riu.

— Vocês são muito engraçados! — disse dando risada — Cês conseguiram me trazer até aqui só pra fazer isso? Cês são muito vacilões mesmo, caraca!

— Carlos — disse Natália com um olhar de “para de ser trouxa” e tocou nas mãos dele. O que eu não queria que acontecesse acabou acontecendo. O semblante dele mudou bruscamente.

— Wow...hey...isso...isso é sério mesmo? Tipo, sério? — perguntou

Eu só tive forças pra reagir com um simples balançar da cabeça.

— Hey, Por que não me contou? — continuou confuso — Quer dizer.... quando...quando isso começou? Tipo...wow... nossa, desculpa, eu tô muito confuso.

— Ok, eu entendo — respondi

— Você tem que me explicar isso, como assim você é gay, do nada, isso é muito confuso!

— Eu também não sei explicar — respondi — Nunca tinha sentido atração por ninguém, você sabe disso

— Ou não! Porque você acabou de me contar que gosta de homem! — disse irritado

— Eu juro! — respondi — Nunca me apaixonei por ninguém até ir pra fazenda

— Tá dizendo que a fazenda te fez gay? — perguntou ironizando a questão. Eu abaixei a cabeça e só ficava cada vez mais triste. — Hey, Lipe, desculpa, olha, desculpa, não queria está falando desse jeito mas é que você simplesmente tá me jogando uma coisa muito nova pra entender assim do nada.

Eu olhei pra ele novamente.

— Você vai deixar eu explicar o que exatamente aconteceu? — perguntei

— Ok, sem problemas

— Não vai ficar bravo?

— Claro que não Felipe, você é meu melhor amigo, independente de quem você transa ou não — ele disse sério e queria deixar isso bem claro — Só quero entender o que aconteceu, só isso.

— Então, vamos lá — respondi e comecei a contar toda a história pra eles, afinal, nem a Natália sabia toda a história. Nosso dia no restaurante foi mais longo do que o imaginado e e não exagero ao dizer que quase fomos expulsos do restaurante de tanto tempo que passamos juntos ali. Os gerentes do Burger King deviam estar achando que estávamos planejando um ataque na rede (risos).

Grande dia....grande dia....

__________________________________

E aí? Me contem suas teorias pra o que vai acontecer nos próximos capítulos....

Kimi


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Comentários

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Só fica melhor! Ps: ele não pode trair o namorado.

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Muito bom mano! O conto está tomando um rumo interessante, vamos ver no que vai dar hahah prevejo fortes emoções! Continue logo pfv ahaha

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Posso até me equivocar, mas eu acho que o Carlos gosta do Lipe ashahsh isso vai render ainda hashtags mas se isso acontecer, quero ver o que vai acontecer com Eduardo! Continua man, estou ansioso pelo próximo capítulo.

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NADA DE MUITO ESPECIAL. APENAS VC EXPLICANDO AOS SEUS COLEGAS SUA SITUAÇÃO E A MERDA QUE FEZ. POBRE EDUARDO, ESPERO QUE ELE ENCONTRE ALGUÉM POR LÁ QUE FAÇA FELIZ.

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amigos são nossa forca5

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