“Eu estou me segurando em sua corda, deixou-me a 10 metros do chão
E estou escutando o que você diz, mas eu simplesmente não consigo emitir nenhum som
Você me diz que precisa de mim, então você vem e me derruba
Mas espere...
Você me diz que sente muito, não imaginava que eu fosse embora
E diria
*
*
Que é tarde demais para pedir desculpas
é tarde demais
Eu disse que é tarde para pedir desculpas
é tarde demais
*
*
Eu me arriscaria de novo, cairia, levaria um tiro por você
E preciso de você como um coração precisa bater, mas isso não é novidade
Eu amei você como um flama acesa, que agora está se tornando fraca
E você diz
Sinto muito, feito um anjo, que os céus me fizeram acreditar que você era
Mas eu temo que
*
*
Seja tarde demais para pedir desculpas
Seja tarde demais
Eu disse que é tarde demais para pedir desculpas
é tarde demais”
____________________________________________
/>
*
*
1 Mês Depois
Nicole sentia saudades dele, uma saudade tal intensa que doía. Não tinha uma noite que não chorava ao relembram tantos momentos bons e engraçados:
________________________________________________
“-Ok. Esta de TPM.
-Você é um idiota a TPM vem antes e não durante.
Eduardo começou a rir.
-Do que esta rindo?
-Nic pergunte a qualquer homem, e ele dirá que a TPM vem antes, durante e depois. Acredite amor.
-E vocês por caso são peritos? - ela perguntou ironicamente.
-Querida, nós homens somos especialistas. Por isso somos bons em conflitos, aprendemos a conciliar e a fugir quando necessário.
Nicole pensou em jogar o vaso que estava na mesa na cabeça dele. Eduardo sorriu ao ver a expressão dela.
-Sabe por que se chama TPM?
-Eduardo não se atreva a fazer piadas. Ou juro que sofrerá as consequências - ameaçou ela.
-Porque a expressão vaca louca já estava sendo usada.
-Você vai ver agora.
Saiu correndo atrás dele pela casa, enquanto o Eduardo corria e sorria.”
_________________________________________
Como doía relembrar de tudo. De todas as vezes que ele dizia de forma única o quanto ela era especial:
_______________________________________________
“-O que você esta fazendo - Nicole o puxou de volta.
-Indo embora. Não quero continuar a deixando brava.
-Deixará se sair desse quarto.
-Então diz?
-O que?
-Nic?
-Amor...
-Quero mais? Continue. - pediu Eduardo a ver a hesitação dela.
-Isso é chato. Porque preciso ficar dizendo?
-Porque é bom ouvir.
-É bom escutar e não ouvir.
-Então eu digo. Não sou nada sem você. Te amo desde do momento em que a vi. Com o vestido rosa em pé em frente a escola, babando por mim - disse Eduardo a provocando e colocando um dedo em seus lábios quando viu que ela revidaria - Você estava com o cabelo preso em uma fivela e estava sorrindo enquanto observava sua amiga falando. Me olhava com tanta atenção que me sentia a pessoa mais especial do mundo. Você foi a minha escolha de ontem, é a minha escolha de hoje e para sempre.”
___________________________________________
Desde a última vez que ele foi na sua casa nunca mais se viram. Ele viajou para São Paulo e não mais voltou. Sentia falta dele, mas ao mesmo tempo não conseguia confiar. Não sabia o que fazer.
-Vamos Nicole se arrume agora. - gritou Paula enquanto puxava a coberta.
-Como assim? Vou dormir. Não quero sair. - disse Nicole.
-Há semanas você não sai. Vamos para casa de praia que as meninas alugaram. Levante-se agora. - disse Paula, enquanto colocava tudo dentro da mochila.
-Não quero ir.
-Mas vai. E vamos logo que estou apressada.
-Paula... sério não quero ir...
-Te amo irmã e me dói ver como você está... - disse Paula enquanto se sentava na cama e fazia cafuné na irmã que deitou a cabeça no seu colo. - Sei que não quer conversar e não vou insistir, mas você precisa sair um pouco. Por favor, vamos.
Ao chegar na casa de praia Nicole logo foi a um dos quartos dormir. Acordou horas depois e encontrou a casa no completo silêncio. Estranhou, pois tinha certeza que as meninas já estariam em casa e não mais na praia.
-Oi. Tem alguém ai? - falou Nicole enquanto descia as escadas.
Sem respostas começou a andar pela casa a procura de uma alma viva. Nesse momento Eduardo apareceu.
-Que esta fazendo aq...? Você armou tudo. - Nicole respirou fundo tentando se recupera. Não imaginava vê-lo. Não naquele momento.
Na hora veio a lembrança da Tati o beijando e se irritou. Pegou um copo e jogou nele. Quando errou o alvo começou a gritar:
-Seu filho da mãe, mentiroso! - e atirou outro copo - Seu sem vergonha!
-É melhor encontrar outra forma para me atacar. Sua pontaria é péssima - disse ele zombateiramente.
-É só isso que tem a dizer? - berrou. - Sorte sua que não sou homem ou lhe daria uma surra.
-Bom saber que você não é porque nesse caso não estaria aqui agora...
-Vou denunciá-lo a polícia! - o ameaçou.
-Por quê?
-E ainda pergunta?! Você me sequestrou! - gritou Nicole.
-Você foi obrigada a vim aqui?
-Eu não...
-Então invente desculpas melhores, amor...
-Não me chame de amor nunca mais.
-Você me ama eu sei. Assim como a amo.
-Vi seu amor no mesmo dia que beijou aquela periguete.
-Eu não a beijei, ela me agarrou e...
-Isso agora justifica?! Porque se justificar vou me deixar beijar por cada homem que aparecer na minha frente...
-Você não se atreveria.
-Porque não? Você se atreveu.
Eduardo respirou profundamente antes de falar.
-Não tenho palavras para expressar o meu arrependimento. Amo você Nic. Só você por toda a vida. Só você. Me perdoe, por favor.
-Eu vou embora!
-Isso é típico seu. Quando as coisas se complicam você foge, mas dessa vez será diferente.
-Eu vou embora agora mesmo! - Nicole gritou enquanto se virava para sair.
-Cuidado com o vidro...!
-Ai, ai. Sua culpa viu.
Eduardo a pegou nos braços e a colocou sobre a mesa enquanto Nicole chorava.
-Fique quieta.
-Quero ir embora! - soluçou, enquanto Eduardo retirava o caco de vidro do seu pé, sem dá atenção ao que ela dizia. - Ouviu o que eu disse? Eu quero ir embora!
-Mas não vai!
-Não me toque.
Eduardo já impaciente a jogou sobre os ombros.
-Me solte! O que pensa que está fazendo? - berrou Nicole enquanto se debatia sobre os seus ombros, mas seus esforços foram em vão, já que ele a ignorou e continuou subindo as escadas.
-Cuidando de você. Vai descansar um pouco. - falou Eduardo enquanto entrava no quarto.
-Me ponha no chão agora! E não vou descansar. - ela continuou o esmurrando.
-Fique quieta!
-Odeio você! - soluçou incapaz de conter as lágrimas - Eu odeio você. Odeio te desejar. Odeio pensar em você todo tempo. Odeio o que me faz sentir. Odeio como fico quando estou perto de você.
-Está feliz por dizer que me odeia? - perguntou, respirando fundo e tentando manter a calma.
-Eu vou embora.
-Você não vai a lugar nenhum!
-Não pode me impedir! - afirmou com confiança redobrada.
-Você ficará Nic - murmurou Eduardo, mergulhando os dedos em seus cabelos. - Ficará.
Tentou se afastar dele, o empurrando com uma das mãos. Ele agarrou seu punho. Ela, frustrada, tentou empurrá-lo novamente e batê-lo. As lágrimas começaram a descer novamente enquanto o encarava totalmente imobilizada na cama.
Em silêncio Eduardo a observava.
-Existe uma diferença entre amor e desejo, Edu. Você recebeu tudo de mim: meu amor, meu sorriso, meu abraço, meu tudo, e você jogou fora. Não pode tê-lo de volta.
-Tente descansar um pouco - Eduardo disse com voz cansada.
Ele roçou a boca levemente sobre sua testa e respirou fundo enquanto a olhava profundamente, então um sorriso surgiu em seus lábios.
-Eu me apaixonei por você desde o primeiro momento que a vi. Levei anos para reconquistá-la. Esperaria mais mil se fosse necessário.
Nicole sentiu um nó na garganta.
-Não me diga que é tarde, que o nosso amor morreu. Eu nunca amei ninguém, como te amo. Eu juro que não a beijei e nem correspondi. Você precisa confiar em mim. Voltei a cidade por sua causa. Tudo o que faço é pensando em você. Não reparou nisso? Transferi a empresa para cá. Minha vida, meu lar para ficar com você. Nos dê uma chance. Por favor nos dê uma chance.
Eduardo abaixou a cabeça e beijou-a apaixonadamente.
-Sempre desejei amor, o seu amor e só o seu e consigo ver em seus olhos que quer o mesmo. Não desvie os olhos Nic, por favor... - ela voltou o seu olhar para ele, enquanto ele ficou a observando longamente antes de continuar - Consigo ver em seus olhos que sente o mesmo... Tudo o que quero e quis tenho em você. E pretendo passar o resto dos meus dias fazendo de tudo para que os seus desejos se tornem realidade... Eu quero você, Nic. Todos os dias, todas as noites, a cada segundo. Quero acordar com você e vê-la finalmente sorrir depois de tomar a segunda xícara de café. Quero chegar em casa e durante o jantar escutá-la falando do seu dia-a-dia. - ele parou e respirou profundamente. - Quero ter certeza que estará ao meu lado para sempre. Odeio o fato de não mais tê-la ao meu lado. Meu travesseiro ainda está com seu perfume, e todas as noite, eu fico chateado de saber que um dia o cheiro vai desaparecer e tudo ficará só na lembrança. Não quero que esse dia chegue. Nunca. Você me faz rir quando quero maldizer o mundo, me faz ver beleza onde só existe feiura. Vejo vida quando tudo ao redor é morte. - suas mãos se fecharam sobre as de Nicole quando a beijava com mais ardor. - Você é a outra metade da minha alma... Nos dê uma chance...
-Acho melhor terminamos de vez... - falou Nicole enquanto se levantava da cama e se aproximava da janela. Sabia que não conseguiria terminar estando tão próxima dele.
-Nic, não faça isso...
-Eu não quero mais ficar com você... - falou Nicole enquanto sentia um caroço, subindo em sua garganta.
Ficaram um bom tempo em silêncio, Eduardo sentando na cama, Nicole olhando a praia pela janela.
Ele se levantou da cama e se aproximou da janela, fincando os dois lado a lado.
-Isso é algum tipo de piada? Porque é melhor que seja Nic.
-Não é piada - disse em um sussurro - Eu não posso...
-Nic...
-Eu acho que é o melhor para nós. Sou grata por tudo que aconteceu entre...
-Pare de falar Nic! Pare! - ele as puxou para seus braços. - Você precisa de mais tempo para pensar...
-Eu. Não. Quero. Mais. Você. Que parte não entendeu Eduardo? Quantas vezes preciso repetir? - Nicole foi até a porta e a abriu, mas Eduardo a agarrou pelos ombros e a virou.
-Eu vou te dá o tempo que precisar para reconsiderar.
-Não preciso de tempo.
-O que faz você pensar que eu vou simplesmente deixar você sair da minha vida de novo? Você acha que vai sair por aquela porta e eu não vou segui-la?
-Eduardo, por favor... Você sabe que não dará certo.
-Não. Eu não sei. Eu...
-Deixe-me terminar... - Eduardo apertou as mãos de Nicole, entrelaçando os dedos nos dela, o que a fez quase ceder. - Eu sei que nunca senti algo assim tão forte por alguém. Talvez por você ser meu primeiro amor e por ter te amado por tantos anos. Mas percebi que... É difícil explicar...
-Me diga.
A voz de Nicole falhou ao tentar falar.
-Eu... eu sabia que a partir do momento que comecei a namorar com você, que isso ia acabar mal para mim.
-Não tem que acabar.
-Eu não quero mais contin...
Eduardo a interrompeu a beijando até ambos perderem o fôlego. Sem apartar a boca da dela, murmurou:
-Eu te amo, Nic... Preciso de você...
Nicole se afastou dele tampando os ouvidos. Ele entretanto se reaproximou de novo a segurando.
-Eu sei que você é teimosa, sei o quanto é difícil você expressar o que sente, você nunca diz ou raramente diz. Sei o qual desconfiada você é. Entretanto se você acha que com essa desculpa justifica o término entre nós...
-Eu pensei que você tinha dito que faria tudo o que eu desejasse.
-Eu disse. - Ele segurou seu rosto entre as mãos e a beijou novamente. - Tudo o que você quiser para...
-Então me deixe ir.
-Não - ele respirou fundo enquanto apertava a mandíbula.
-Mas é o que eu quero... - Nicole murmurou.
-Nic... se você tivesse pelo menos uma idéia do que esta me pedindo, do que sinto por você. Se entendesse o que você significa para mim jamais pediria para sair da sua vida. Não peça, não faça isso.
Eles ficaram por longos minutos se olhando.
-É isso que quero. Isso me faria feliz. Me deixe ir - Nicole falou tentando conter as lágrimas que vinham enquanto via a expressão de dor no rosto de Eduardo.
-É isso o que você realmente quer? Tem certeza?
-Sim.
Eduardo respirou fundo e soltou o ar vagorasamente. Pela primeira vez Nicole viu uma expressão nele que nunca tinha visto antes, tentava se manter calmo mas sabia o qual impotente se sentia por saber que nada mudaria a decisão dela.
Ele foi até a porta e abriu sem em nenhum momento desviar o olhar de Nicole.
-Tchau.
-Eu sinto muito... Eu...
-Tchau.
Nicole engoliu em seco enquanto saia pela porta. Pediu a Deus para que ele não se aproximasse pois sabia que ela cederia, mas ele não o fez.
Finalmente estava livre.