PELA PRIMEIRA VEZ - CAPÍTULO 02: UM NOVO PAI

Este é o segundo capítulo desta série, vi alguns comentários positivos na primeira parte e estou continuando. Ao leitor que chegou agora, sugiro ler o começo da estória.

PELA PRIMEIRA VEZ - CAPÍTULO 02: UM NOVO PAI

Uma semana já se passou desde que chegamos a casa do tio Danilo. Meu pai já foi viajar, mas incrivelmente a solidão que costumava sentir quando ele ia embora não me acompanhou tanto dessa vez. O tio Danilo é muito atencioso, ainda estou o conhecendo, mas já gostei dele. Me sentia muito bem perto dele. Já tinha idade suficiente pra saber que certas coisas que eu sentia não era só adimiração por ele.

Meu tio sempre costumava andar com roupas bem leves pela casa. Ele quase sempre trabalhava em casa, era designer e fazia trabalhos pra empresas, portanto, costumava entregar tudo em casa mesmo. Eu pude acompanhar seu trabalho durante a minha semana, andando pela casa procurando pelo Grugru, o cachorro do meu tio, com um nome ridiculamente tosco, vi meu tio trabalhando no seu escritório, ele estava só de samba canção.

- Oi, o senhor viu o Grugru? - Disse eu vindo por trás dele, vi que ele estava fazendo um projeto de logomarca ou algo do tipo. - O que o senhor tá fazendo?

- É uma logomarca. Eu trabalho com isso. E não, eu não vi o Grugru.

- Que legal! - Disse eu, incrivelmente animado com o trabalho dele - O senhor desenha bem.

- Sabe aquela decoração tosca do elevador? Fui eu que projetei. - Disse ele, abrindo uma gaveta e retirando o projeto do elevador e dos corredores.

- Que mal gosto, hein? Que decoração horrível! - Disse eu quase rindo. Minha intimidade já era tanta que podia sim criticar o trabalho dele.

- Eu sei. Só faço o que o cliente pede. - Disse ele se levantando - Mas você não tem o direito de criticar meu trabalho, seu danadinho!

Meu tio veio em minha direção, me segurando e eu tentando me soltar, ele me fazia cafuné e prendia meu braços, rimos muito. Ele entao me virou de costas e me prençou contra o sofá de costas. Pude sentir seu corpo se chocar contra o meu e me prender.

- Agora você tá preso, sou mais forte que você, moleque. Fala bem do meu trabalho ou não vou soltar você. - Disse tio Danilo enquanto ria.

- Seu trabalho ficou horrível - Disse eu rindo e tentando me soltar.

- Ah, é? Então não vou soltar! - Disse ele prençando ainda mais deu corpo contra mim, podia sentir os pelos da coxa e do peitoral encostando em mim.

- Não vou falar nada! - Disse eu.

Consegui ser forte e pude me soltar. Rimos muito da brincadeira. Pela primeira vez eu podia sentir a presença do papai constantemente na forma do meu tio Danilo.

Meu primo Gabriel Lucas era bem amigável, mas era bem reservado. Ainda não tinha me enturmado muito com ele. Além de reservado, ele era menor que eu e brincar de lutinha já não era tão prioridade prum pré-adolescente.

O Gabriel passava a manhã e parte da tarde na escola, então pouco o via. Ainda estava sem ir pra escola, pois precisava arrumar certos documentos para matrícula. Isso estava prestes a terminar: eu iria pra aula dois dias depois. Ia estudar na mesma escola que o Gabriel.

Meu tio Danilo não levava a gente de carro, pois sempre tinha um trabalho pra fazer, então Gabriel e eu sempre fomos a pé. No caminho, pude começar a conhecer o menino e perceber que ele não tinha mentalidade tão infantil quanto pensava.

- E aí, Biel? Você gosta de ir pra escola? - Disse eu, passando a mão por seus ombros, tentando puxar assunto com aquele menino tímido.

- Nem tanto. Gostava mais da minha outra escola. Desde que minha mãe foi embora tudo mudou, até a escola. - Disse num olhar triste que me fez perder até o sorriso.

- Algum problema, Biel? - Disse eu vendo que estava acontecendo alguma coisa.

- Nada. Nada mesmo. E eu não gosto de falar nisso. - Disse isso enquanto entrávamos no colégio e ele rapidamente subia as escadas, indo pra sua sala e eu pra minha. Ele estava no 7° ano e eu no 9°. É claro que eu chei estranha a reação dele, mas posso entender. Ter que viver a separação dos pais e uma mudança brusca de vida deixa qualquer um triste. Ainda tento superar tudo que aconteceu comigo.

No intervalo do colégio, já estava bem enturmado com a galera da minha turma, pude avistar o Gabriel sentado sozinho em um canto, meio triste ou choroso, não pude percerber com clareza. Pensei em ir lanchar com ele e fazer companhia, mas acho que certos problemas as pessoas devem resolver sozinhas. Em um momento como esse é normal ter um tempo pra refletir e pôr as ideias em ordem. Acho que esse é o momento dele.

As aulas acabaram cedo por causa da mãe da professora de história que teve um infarto e tava no hospital, então fui embora mais cedo que o Gabriel. Ele tinha todas as aulas e ia sair bem mais tarde. Fui pra casa, pensando em aproveitar o tempo livro jogando com o novo jogo de tabuleiro que meu pai mandara tio Danilo comprar pra mim. Sou apaixonado por jogos de tabuleiro.

Agora subir os elevadores do prédio é muito mais engraçado sabendo que foi tio Danilo que projetou aquela aberração da natureza. Cheguei em casa e a encontrei bem silenciosa. Normalmente tio Danilo costumava estar assistindo TV na sala ou ouvindo música no escritório enquanto fazia algum desenho. Fui o procurar pela casa, fui ao escritório, à cozinha, à sala. Ele não estava em nenhum. Durante meu tempo morando com o papai, desenvolvi o péssimo hábito de nunca bater nas portas antes de entrar. Entrei no quarto do tio Danilo sem bater, pensando em não encontrá-lo também, mas ele estava lá. Acho que ele tinha acabado de sair do banho, estava se enrolando em um toalha azul. Quando abri a porta rápido, ele se assustou e deixou a toalha cair. Pela primeira vez pude contempla-lo exatamente como veio ao mundo e posso afirmar: era a visão do paraíso.

CONTINUA...

E parece que as coisas começam a esquentar Hehehe Será que Rafa está suprindo um amor pelo próprio tio? O que será que vai acontecer depois que Rafael viu Danilo sem roupa? Muitas novidades no capítulo 03! :D