Thithi et moi, amis à jamais! Capitulo 173

- O Nelson vai também? – Thi perguntou fazendo referência ao show da Celine que iriamos

- Vai, mas quase que ele não consegue comprar o ingresso.

- Ele vai conosco?

- Vai, sim!

- Mais alguém vai?

- Não, só ele!

- Atah!

- Que horas nós vamos?

- Às 18h30.

- Será que a babá vais se atrasar?

- Tomara que não...

Eu fiquei largado no sofá de casa até a hora de nos arrumarmos. A babá chegou enquanto nós estávamos nos arrumando. Eu a orientei do que a Sophie gostava, dos cuidados que ela teria que ter com minha filha, horário para dormir e etc. Era uma judiação deixar a Sophie com uma baba, mas eu precisava me divertir um pouquinho também, pelo menos era o que o Thi falava. Foi um sacrifício fazer a Sophie ficar com a moça, ela chorou e eu quase desisto de ir ao show. Mas, a moça demonstrou ser bem carinhosa e ter experiência no que fazia, ela conseguiu acalmar a Sophie e fazer com que ela nos deixasse sair com o coração menos sofrido.

Nós saímos de casa e fomos andando até a casa do Nelson que já nos aguardava.

- Oi, pessoal! – Ele nos cumprimentou

- Oi, Nelson! – Thi e eu falamos juntos

- Oi, meninos! – Miky disse

- Oi! Ué, o que fazes aqui? – Eu perguntei

- Tu realmentes acha que eu iria perder esse show? Jamais, meu bem! – Ela se atracou no braço do Nelson - Vamos?

- Com certeza! Tô louco para chegar no Olympia.

Olympia é uma das maiores e mais antigas casas de shows de Paris. Só os melhores, dos melhores, dos melhores se apresentam lá. E é lólólólólólólólólólólólólólólógico que a Celine fazia parte dos melhores. Nós pegamos o metro e rapidinho chegamos. Ao contrário de algumas festas brasileiras, no Olympia era tudo muito organizado, não tinha muvuca e muito menos confusões. Nós chegamos, entregamos nossos ingressos, passamos pelo detector de metal, fomos para o espaço do show e nos sentamos em nossos lugares. Eu estava elétrico, louco para ver a Celine de pertinho.

- Ai, meu Deus, eu não acredito que vou ver a Celine! – Eu disse todo eufórico

- Eu não sabia que tu eras tão fã dela.

- O quê? Eu sou louco por ela, Nelson! Ela tem as músicas mais lindas desse mundo, tanto as em francês quanto as em inglês. Ela é a maior cantora francófona de todos os tempos. Ela é a diva das divas, meu bem.

- Uau! Nossa!! Fã mesmo!

Nós aguardamos um pouquinho e o show começou exatamente na hora programada.

Ela começou simplesmente com a música mais linda, mais emocionante e que mexia demais comigo. (/>

J´ai compris tous les mots, j´ai bien compris, merci

Raisonnable et nouveau, c´est ainsi par ici

Que les choses ont changé, que les fleurs ont fané

Que le temps d´avant, c´était le temps d´avant

Que si tout zappe et lasse, les amours aussi passent

Il faut que tu saches

J´irai chercher ton cœur si tu l´emportes ailleurs

Même si dans tes danses d´autres dansent tes heures

J´irai chercher ton âme dans les froids dans les flammes

Je te jetterai des sorts pour que tu m´aimes encore

Pour que tu m'aimes encore

Fallait pas commencer

M´attirer me toucher

Fallait pas tant donner

Moi je sais pas jouer

On me dit qu´aujourd´hui

On me dit que les autres font ainsi

Je ne suis pas les autres

Avant que l´on s´attache

Avant que l´on se gâche

Je veux que tu saches

J´irai chercher ton cœur si tu l´emportes ailleurs

Même si dans tes danses d´autres dansent tes heures

J´irai chercher ton âme dans les froids dans les flammes

Je te jetterai des sorts pour que tu m´aimes encore

Je trouverai des langages pour chanter tes louanges

Je ferai nos bagages pour d´infinies vendanges

Les formules magiques des marabouts d´Afrique

J´les dirai sans remords pour que tu m´aimes encore

Je m´inventerai reine pour que tu me retiennes

Je me ferai nouvelle pour que le feu reprenne

Je deviendrai ces autres qui te donnent du plaisir

Vos jeux seront les nôtres, si tel est ton désir

Plus brillante plus belle pour une autre étincelle

Je me changerai en or pour que tu m´aimes encore.

Pour que tu m'aimes encore

Pour que tu m'aimes encore

Pour que tu m'aimes encore

Pour que tu m'aimes encore

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Quando ela terminou de cantar, eu gritei desesperadamente e enlouquecidamente. Os meninos ficaram me observando e eu estava me lixando para eles. Meu foco era a Celine que estava linda no palco.

- Boa noite a todos! É um prazer imenso estar aqui essa noite. – Ela disse e eu gritei mais

A próxima música começou a tocar, e lágrimas já queriam brotar em meus olhos nos primeiros acordes. (/ je m'endors contre ton corps

Alors je n'ai plus de doute

L'amour existe encore

Toutes mes années de déroute

Toutes, je les donnerais toutes

Pour m'ancrer a ton port

La solitude que je redoute

Qui me guette au bout de ma route

Je la mettrai dehors

Pour t'aimer une fois pour toutes

Pour t'aimer coute que coute

Malgré ce mal qui court

Et met l'amour a mort

Quand je m'endors contre ton corps

Alors je n'ai plus de doute

L'amour existe encore

L'amour existe encore

On n’était pas du même bord

Mais au bout du compte on s'en fout

D'avoir raison ou d'avoir tort

Les monde est mené par des fous

Mon amour il n'en tient qu'à nous

De nous aimer plus fort

Au-delà de la violence

Au-delà de la démence

Malgré les bombes qui tombent

Aux quatre coins du monde

Quand je m'endors contre ton corps

Alors je n'ai plus de doute

L'amour existe encore

L'amour existe encore

L'amour existe encore

Pour t'aimer une fois pour toutes

Pour t'aimer coute que coute

Malgré ce mal qui court

Et met l'amour a mort

Quand je m'endors contre ton corps

Alors je n'ai plus de doute

L'amour existe encore

En savoir plus sur

Ao ouvir a música, minhas lágrimas escorreram sem controle. Eu lembrei nitidamente do dia em que estávamos em casa, no sofá da nossa sala e o Bruno me tinha entre seus braços e cantou aquela música em meu ouvido. Eu podia sentir os braços dele me envolvendo naquele momento, ele era louco por ela também, ele estaria tão louco quanto eu naquele show. Ninguém entendia o motivo de tantas lágrimas, só eu sabia o motivo delas. Só eu conhecia a minha história com ele. Eu chorei do inicio ao fim da música.

- Tá tudo bem, amor? – Thi perguntou todo preocupado

- Tudo, sim! – Eu disse em prantos

Ela cantou outras musicas como Sous le vent, Je sais pas, Tout l’or des hommes. Nas músicas dançantes eu levantei e dancei, o Nelson ficava me olhando e a Miky me acompanhava meio sem jeito. Eu já tinha passado da fase da vergonha, eu fazia o que eu queria e “foda-se” o que as pessoas pensavam sobre mim. A próxima música veio e partiu meu coração em dois (/>

Dans mes absences, parfois, sans doute

J'aurais pu m'éloigner

Comme si j'avais perdu ma route

Comme si j'avais changé

Alors j'ai quelques mots tendresse

Juste pour le dire

Je ne vous oublie pas, non, jamais

Vous êtes au creux de moi

Dans ma vie, dans tout ce que je fais

Mes premiers amours

Mes premiers rêves sont venus avec vous

C'est notre histoire à nous

Je ne vous oublie pas, non, jamais

Vous savez tant de moi

De ma vie, de tout ce que j'en fais

Alors mes bonheurs, mes déchirures se partagent avec vous

C'est notre histoire à nous

Je ne vous oublie pas

Parce que le temps peut mettre en cage

Nos rêves et nos envies

Je fais mes choix et mes voyages

Parfois j'en paye le prix

La vie me sourie ou me blesse

Quelle que soit ma vie

Je ne vous oublie pas, non, jamais

Vous êtes au creux de moi

Dans ma vie dans tout ce que je fais

Mes premiers amours

Mes premiers rêves sont venus avec vous

C'est notre histoire à nous

Je ne vous oublie pas

Même à l'autre bout de la terre

Je continue mon histoire avec vous

Non, Jamais

Vous êtes au creux de moi

De ma vie de tout ce que je fais

Mes premiers amours

Mes premiers rêves sont venus avec vous

C'est notre histoire à nous

Je ne vous oublie pas

Non jamais

Vous savez tant de moi

De ma vie de tout ce que j'en fais

Alors mes bonheurs, mes déchirures se partagent avec vous

C'est notre histoire à nous

Je ne vous oublie pas

Je ne vous oublie pas

Essa era a minha música para o Bruno e agora ela fazia mais sentido do que nunca. É claro que eu me acabei em choro e o Thi mais uma vez ficou super preocupado.

- Tu estás bem? Tu estás muito emotivo, hoje.

- Ta tudo bem! Eu só amo essas músicas.

Celine cantou algumas músicas em inglês que eu amava tanto quanto eu gostava das músicas em francês. Foi na música It’s all come back to me now que o Thi aprontou.

- Amor? – Ele me chamou baixinho

- Oi? – Eu disse olhando para Celine

- Olha pra mim... – Eu virei para ele – Eu quero te pedir uma coisa...

- O quê?

- Eu já te pedi, na verdade, mas eu não queria que ficasse daquele jeito. – Ele puxou algo do bolso do casaco – Quer casar comigo?

Eu olhei para o que ele tinha nas mãos e lembrei do colar que ele tinha me dado assim que começamos a namorar. Nós não podíamos usar alianças, então, ele me deu o colar. Ele estava com o meu e o dele. Eu fiquei muito emocionado com o pedido dele.

- Sim! Sim! Sim! – Eu o agarrei e o beijei

- Eu te amo! – Ele disse no meu ouvido

Durante o show, após o pedido do Thi, eu cantei, gritei, chorei, sorri, me diverti. Eu puxei o Thi para dançar, nós dançamos juntinhos e foda-se para quem nos observava. No final, nós saímos mortos, mas felizes. Eu sentia como se minha vida estivesse se organizando novamente.

- Cara, que show!

- Meu Deus, eu não sabia como tu eras em um show. – Nelson disse rindo – Se a gente não se diverte com o cantor, a gente se diverte contigo.

- Eu sou a alegria em pessoa.

- Eu diria que tu tens um transtorno bipolar, mas alegria em pessoa serve também. Nunca vi alguém ir de lágrimas ao sorriso louco tão rapidamente

- Concordo com o Nelson – Miky disse – Em uma música eu te via chorar feito um bebê e em outra eu te via dançar feito um louco.

- E é por isso que eu o amo. – Thi disse me abraçando

Aquela noite foi memorável, após o show nós fomos jantar e nos divertimos ainda mais. Eu amava estar com o Nelson e com a Miky, a partir dali eu sabia que nossa amizade seria para sempre. Eles eram loucos, engraçados, amigos de verdade, ajudavam quando eu precisava, amavam minha filha, gostavam do meu companheiro. Eles eram meus amigos.

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- Ah, gente, eu não acredito que estamos nos despedindo... – Miky disse super triste

Nós estávamos na casa do Nelson, era nosso jantar de despedidas. Miky ficaria por Paris, Nelson voltaria para o Brasil, feliz por voltar para a família e triste por ter que nos deixar. Gilles, Annette e Alexis voltariam para suas cidades natais. Eu, eu ainda não sabia para onde eu iria.

- Aaaaaaah, não me deixa Antoine! – Nelson me abraçava e brincava comigo

- Tecnicamente, quem está me deixando és tu.

- Eu vim pra cá e disse que não faria amizades, mas como eu não faria amizade com vocês? – Miky me abraçou e abraçou o Nelson ao mesmo tempo

- A gente ainda vai se ver, né Antoine? – Annette disse

- Claro que sim! Eu vou te visitar e tu vens me visitar também.

- Tu já sabes para onde vais?

- Não! Nós estamos escolhendo um apartamento ainda, nós temos que analisar várias coisas: apartamento, mercado de trabalho para mim, mercado de trabalho para o Thi, escola para Sophie, se a cidade é tranquila, etc, etc... Estamos querendo ir para Amiens, fica meio que perto de Paris.

- É, com filho pequeno a gente tem que ter todas essas preocupações mesmo. E Amiens é excelente!

- Ai, eu não via a hora de voltar pra casa, ver meu marido... – Gilles disse

- É, a gente também não via a horas de ires... – Ah, eu soltei o verbo, já estava de saco cheio daquele cara

- O que queres dizer com isso, Antoine? Que não me querias aqui?

- Não foi isso que eu disse, mas se entendeste assim...

Cara chato, ele reclamava de tudo, de todos, não gostava da minha filha, não falava direito com a gente, eu nem sabia o que ele fazia entre a gente. Cara chato demais!

- Meninos, não vamos brigar agora! Hoje é o último dia que iremos nos ver. – Annette disse

Eu olhei de canto de olho para o Gilles e fui para o lado do Thi que estava com a Sophie no colo.

- Por que foste grosseiro daquele jeito?

- Ah, ele é muito chato! Eu tive que aturá-lo durante todos esses meses por causa dos meninos, mas c’est fini!

- Mas isso não justifica a tua grosseria...

- Ele não gosta da Sophie.

- Isso justifica! – Ele riu

- Vem cá, Antoine! – Nelson me chamou

- Oi? – Eu fui até ele

- Me promete uma coisa?

- Depende... – Eu sorri

- Promete que tu não vais me esquecer...

- Aiiiiiiiiiiii que bonitinho! – Miky disse – Não esquece de mim também!

- Nem de mim! – Alexis e Annette falaram ao mesmo tempo

- De mim pode esquecer! – Gilles disse

- Com todo prazer, querido!

- Vocês dois estão impossíveis, viu? – Nelson se meteu antes que brigássemos feio ali – Mas, Antoine, eu tô falando sério...

- Todos nós estamos! – Alexis disse

- Gente, como que vou esquecer de vocês? Nós nos transformamos em uma família durante esses meses. - E era verdade, todos tinham saudade de casa, e se não fosse um ao outro, todos teriam pirado – Daqui um tempo, nós podemos fazer intercâmbios. Cada um visita o restau do outro, que tal?

- Adorei a ideia! Ai de ti se não fores em Curitiba me visitar.

- Mês que vem eu vou ao Brasil organizar minha mudança, juro que passo lá contigo.

- Acho bom! Minha esposa está louca para te conhecer, eu falo bastante de ti para ela.

- E eu estou louco para conhece-la, ela deve ser maravilhosa, pois é lindo como falas dela e dos teus filhos.

- Ai, daqui uns dias eu vou ver meus filhotes. Não vejo a hora. Mas eu vou morrer de saudade da Sophie também.

Eu achava isso lindo no Nelson, ele é o tipo de cara que nunca cresce. É uma eterna criança que ama ter crianças envolta dele.

- Tu pensas em morar aqui mesmo? – Alexis me perguntou

- Sim! Apesar de minha família e meus amigos brasileiros não quererem, eu quero morar aqui. Já passei bastante tempo no Brasil, tá na hora de voltar pra cá.

- Eu não sei se eu conseguiria... Eu sou Francês, mas não aguento mais Paris, estou louco para voltar para a minha cidade.

- Ah, mas no meu caso tem muita coisa em jogo, Alexis. No Brasil tudo me lembra meu ex marido – eu sentia um nó no estomago quando falava assim do Bruno – Aqui eu irei construir uma nova vida, entendes? Quem sabe daqui um tempo eu não volte para o Brasil.

- Nem para os teus amigos e familiares não deixarem tu voltares pra cá! – Nelson disse

- Olha, se meu irmão escuta tu falares assim, ele morre de ciúmes.

- Eu não sabia que tu tinhas irmão. – Alexis disse

- Eu tenho três. Um da minha idade e dois mais novos.

- Vocês são gêmeos?

- Não! – eu cai na gargalhada

- Então como vocês são da mesma idade?

- Ele não é filho dos meus pais, nós estudamos juntos, somos amigos, melhores amigos, mas dizemos que somos irmãos.

- Ah, entendi!

Nós passamos a noite conversando, discutindo sobre o futuro, falando sobre nossos projetos. Nós saímos do curso cheios de ideias. Eu sentiria bastante saudade dos meus amigos de fogão, como dizíamos.

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No dia 13 de dezembro, dias antes do meu aniversário, Thi e eu nos casamos. Foi tudo muito simples e rápido. Só estavam presentes Nelson, Miky, que eram nossas testemunhas, e nossa filha linda.

- Que vocês sejam muitos felizes juntos! – Nelson disse nos abraçando

- Obrigado, Nelson! – Eu disse

- Nós seremos! Já somos! – Thi disse ao abraçar meu amigo

- E que vocês possam cuidar dessa mocinha com mais amor ainda. – Miky disse passando a Sophie para o Nelson e me abraçando

- Obrigado, Miky! – Eu disse

- Muito obrigado, Miky! – Thi a abraçou também

Após a assinatura, nós fomos a um restaurante e comemoramos nosso casamento. Não teve nada mágico, além de estarmos em Paris, não teve festa, foi tudo simples... como nossa vida estava sendo. Eu vim para a França sem nenhuma perspectiva, além das profissionais, e agora eu estava voltando casado. Como é que a vida dá voltas tão rápido. Em minha vida, tudo acontece muito rápido, às vezes até eu me assusto com a velocidade que as coisas chegam.

Eu com certeza não estava preparado para ouvir tudo o que todos iriam falar para mim no Brasil. Eles tentariam me convencer de todos os jeitos possíveis, mas eu estava decidido, eu voltaria e moraria na França. Eu estava pensando seriamente em vender minha casa no Brasil e comprar a minha em Amiens. Quando eu falei isso com Maman, ela quase me estapeia pela tela do computador. Nunca tinha visto minha Maman tão furiosa comigo, Papa que sempre foi o mais gentil e flexível dos dois, estava ainda pior. Ninguém aceitava minha decisão.

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- Preparado pra encarar todo mundo? – Thi me perguntou enquanto esperávamos nosso avião decolar, nós já estávamos em janeiro.

Thi, Sophie e eu tínhamos passados nossas festas de final de ano juntinhos. Não há nenhum dinheiro no mundo que compre a oportunidade de ver a Cidade Luz iluminada no natal.

- Nem um pouquinho. Acredito que irei apanhar no aeroporto.

- Tu? Quem vai apanhar serei eu, todo mundo acha que isso é ideia minha.

- Eu te protejo!

- Ah, meu cavaleiro, me protege!

Eu cai na gargalhada. Nosso avião decolou e após alguns minutos de voo Thi dormiu. Sophie já entrou no avião dormindo, pois era de madrugada. Nós tínhamos deixado tudo pronto. Tínhamos alugado o apartamento em Amiens mesmo, a cidade era do jeito que queríamos. O proprietário precisaria de dois meses para fazer uma pequena reforma, seria o tempo que precisaríamos para resolver tudo no Brasil. Não nos preocupávamos mais com o visto do Thi, pois ele, como meu marido, agora tinha visto permanente.

Depois de várias horas de viagem, nós enfim tínhamos chegado à Macapá. Quando eu desci do avião eu senti como se minha cara pegasse fogo. Eu estava completamente desacostumado com o calor de Macapá. Nós estávamos em janeiro, um mês de “inverno” (lê-se chuva, pois em Macapá não há inverto, só existe sol ou chuva).

- Aaaaaaaaaaaaaaaaaaah!! – Sophie gritou quando viu o Pi – Titio, titio! – Ela pulava no meu colo, quase caiu. Eu tive que coloca-la no chão.

Sophie saiu em disparada para o colo do Pi, ela correu tão rápido que quase caiu. Ela correu para uma direção e o Dudu correu para a outra. Ele veio correndo muito rápido, me abraçou e me girou no ar.

- Ai que saudade, mano! – Ele disse

Todos no aeroporto estavam nos olhando.

- Eu também estava morrendo de saudades! – Eu me deixei ser levado por ele

- Oiiiiiiii, amigoooooo!!! – Jujuba deu uns tapas no Dudu – Larga, brutamontes!

- Vai-te pra puta que pariu, macumbeira com os muxoxo arriado! – Ele não me largou

Dudu me apertava o tanto quanto podia.

- Dudu, desse jeito tu me matas! – Eu disse quase sem respirar

- Não mata meu filho, Dudu! – Papa disse se aproximando de mim – Arreda pra lá, menino! – Ele soltou o Dudu de mim – Oi, filhote!

- Oi, Papa! – Eu o abracei forte – Eu estava com muita, muita, muita saudade do senhor! – Eu disse chorando.

- Ah, filhote, eu sentia tua falta todos os dias. – Ele chorava também

- Mon fils! – Maman me abraçou junto com o Papa

- Oi, Maman! – Eu a beijei na bochecha, eu não sabia o quanto eu estava com saudades daqueles dois

- Nunca mais fica tanto tempo longe da gente! – Papa disse

Antes da Jujuba me abraçar, Dudu me agarrou novamente. Ele só desgrudou a peso de muita porrada. Jujuba batia sem dó.

- Larga! Larga! Larga! – Ela batia, chutava...

- Me deixa, macumbeira!

Como eu estava com saudade daquelas brigas cômicas.

- Ai, amigo! – Ela enfim me abraçou – Que saudade! Quero saber de tudo, TUDO MESMO! Vamos passar dias pra colocar todas as fofocas em dia.

- Vamos mesmo!

- Oi, meu amor! – Tia Joana veio me abraçar

- Oi, tia!

- Faz um favorzinho para a titia, meu bem. Desativa o francês, por favor.

Eu estava falando tudo em francês e nem percebi.

- Ops, desculpa!

- Ah, é mesmo! Desativa o francês pelo amor de Deus!

- Deixa de besteira, Jujuba, tu moras com um francês e não quer falar francês? – Thi a abraçou

- Ah, seu viado, tu mereces levar uns bons tapas. – Ela o abraçou forte também – Deu tudo certo! – Ela disse para ele

- Deu, sim! Estamos juntos novamente.

- Eu tenho vez aí no abraço também? – Pi passou a Sophie para a Maman e me abraçou

- Ai, primo! Que saudade de ti! – Eu chorava feito um bobão

- Eu também, primo! Como foi tudo lá na universidade?

- Tudo maravilhosamente bem. Tô cheio de ideias para o restau.

- Que maravilha!

- Eu quero um abraço também! – Jean disse

- Ah! – Eu pulei nele – Não acredito que vieste ao aeroporto só me receber.

- Claro que eu viria!

Após ter matado um pouquinho, mas bem pouquinho, da saudade. Nós fomos todos para a casa da Maman. Era hora do almoço e eu estava com muita vontade de comer comida de mãe. Nós chegamos e eu fui recebido com um abraço mais que carinhoso de Dona Cacilda.

- Aiiiiii, que saudade que eu estava da senhora! – Eu apertei a senhorinha sem acreditar que ela estava ali

- Não mais do que eu estava do senhor.

- Como a senhora está?

- Bem! Sua mãe me contratou, agora eu trabalho aqui com ela.

- Sério? Ai que bom! Eu fiquei com muita vergonha em ter que dispensar seus serviços, mas foi uma época difícil aquela.

- Imagina, eu entendo, seu Antoine. Não vamos falar disso agora. Deixa eu ir lá na cozinha buscar o restante da comida.

- É só ela que recebe abraço? Esqueceu quem ajudou a te criar, moleque?

- Jojo minha gostosa!! – Eu pulei nele e a apertei, beijei, belisquei a secretária da Maman

- Pensava que tinha me trocado pela Cacilda.

- Jamais!

- Hum!

- Manoooooooooooooooooooooo!! – Gui veio correndo desesperadamente e se jogou em cima de mim, nós quase caímos.

- Oi, Gui!

- Eu estava com muita saudade de ti!

- Eu também! Eu trouxe uma coisa pra ti, depois do almoço eu te dou, tá?

- Tá!

- Sai pirralho! – Anne empurrou o Gui – Oi, mano! – Ela me abraçou – Só vou ficar feliz se tu tiveres trazido a maquiagem que eu pedi.

- Eu trouxe, sua velha! Ranzinza como nunca, hein?

- Eu também estava com saudade de ti!

- Parabéns por ter passado, viu? – Eu a abracei novamente – Eu sei que mesmo tendo 80 anos, tu vais ser uma excelente profissional

Ela tinha passado para Medicina na UFRJ.

- Obrigado! Te prepara que Maman e Papa estão atacados, eles não aceitam ficar com dois filhos morando longe deles.

- Ai, meu Pai...

Nós almoçamos em paz, ninguém falou nada sobre minha mudança. Estávamos como sempre, todos alegres e falando tudo ao mesmo tempo. Thi e eu comentávamos como tinha sido Paris, eu contei como havia sido o curso e dos amigos que eu havia feito. Foi só após o almoço, que Maman, Papa e Tia Joana chamaram Thi e eu para conversar no escritório. Eles fizeram eu deixar a Sophie com o Pi e me levaram junto com o Thi para o escritório. Ficamos a portas fechadas.

- Ok! Agora, me expliquem que decisão maluca é essa?

- A senhora está se referindo a quê exatamente?

- Tem medo de levar uns tapas não, moleque? – Maman perguntou, ela não estava mais muito alegre, não

- Meu filho, estamos falando bem sério aqui. Nós queremos entender o motivo dessa mudança repentina.

- Repentina? Quem disse que é repentina?

- E não é? Desde quando tu queres ir morar na França? Tu sempre quiseste morar aqui no Brasil, tu não gostavas nem quando íamos para Guyane que é aqui do lado...

- Papa, eu não tenho mais quinze anos. Eu sei que vocês só querem meu bem, que só estavam aqui de portas fechadas por que me amam. Mas, eu sou maior de idade. Eu sei tomar minhas decisões e mil desculpas, mas esse assunto não diz respeito a ninguém além de nós – eu disse apontando para mim e para o Thi – e a Sophie. Assim como vocês estão pensando em mim, eu estou pensando na minha filha. Eu quero que ela tenha a melhor educação, eu quero que ela viaje, que ela conheça o mundo, conheça culturas, crenças, artes... Aqui, ela não teria essa oportunidade. A educação daqui é caótica, acredite, eu sei.

- Tu estudaste aqui e olha onde estás.

- Sim! Mas meus primeiros anos de escola foram na França.

- Não há necessidade disso, meu bem. – Maman disse

- Maman, vocês nunca ficaram muito tempo em um lugar. VOCÊS me criaram assim. Nós vivíamos trocando de cidade, de escola, de país. Não há nada de estranho eu me mudar para a França, afinal eu nasci lá.

- E tu estás disposto a deixar teus amigos aqui? – Tia Joana perguntou – Estás disposto a deixar o Thi aqui?

- Mas quem disse que eu ficaria aqui? – Thi perguntou

- O quê? Tu vais também?

- Mãe, nós estamos casados. – Ele mostrou a aliança para ela – Casados, tipo casados mesmo, com direito a todos os direitos legais que um casamento possa ter.

- Tu estás brincando, né Thiago? Tu vais me deixar aqui sozinha?

- Mãe, me poupe, né? – Ele disse rindo – A senhora não está sozinha. A senhora deixou nossa casa para ir morar com seu namorado.

- Meu namorado não é meu filho.

- E meu marido não é minha mãe.

- Vocês não vão! – Papa disse

- Eu já lhe disse, essa decisão não diz respeito a vocês, Papa.

- Eu não quero saber – ele bateu forte na mesa, o que fez um barulho gigantesco – VOCÊS NÃO VÃO!

- Papa, nós vamos. Nós já temos casa lá, já deixamos tudo pronto.

- Meu filho, tu tens noção do que é morar longe da família?

- Papa, não esqueça que eu estou há alguns meses morando longe de vocês.

- Pois é, e essas foram as piores festas de final de ano que nós tivemos. Vocês tem noção do que é passar o final de ano longe de vocês? Não dá!

- Papa, eu sei de tudo isso. Eu sei que não é fácil e nem será. Mas, entenda: nós precisamos fazer isso.

- Nós só não conseguimos entender o motivo disso. Aqui vocês têm casa, têm carro, têm emprego, têm família, têm amigos...

- Eu sei, tia! Mas, eu preciso fazer isso.

- Ah, tu precisas? E tu Thiago? Tu precisas? – Papa perguntou

- Eu estou com ele, tio! Não vou abandonar o Antoine novamente, ele quer morar na França, nós iremos.

- Viraste chaveirinho dele agora?

- Tio, eu sei que o senhor não está feliz com nossa mudança, eu entendo. Agora, não irei aceitar que o senhor me ofenda dessa maneira. Eu não sou chaveiro, eu só estou apoiando meu parceiro em uma decisão. Já disse a ele, faremos um teste, se der certo como estava dando, nós continuamos lá, se não der... nós voltamos.

- Vocês estão cometendo um erro, meus filhos.

- Maman, desculpe-me, mas aqui ninguém pode nos julgar. Entendam de uma vez por todas, vocês são nossos pais, mas isso não lhes dá o direito de controlar nossas vidas. Eu levarei minha família comigo para Amiens. História encerrada!

- O Quê? Tu vais morar em Amiens? Tu não vais morar em Toulouse ou Paris?

- Não! São cidades muito grandes, moraremos em Amiens.

- Tu não conheces ninguém lá! Não tem família lá.

- Eu sei, Maman! Quando chegarmos lá, nós conheceremos pessoas. Isso não me impede de me mudar para lá.

- Eu sabia que essa ideia de tu ires pra lá fazer um curso besta não ia prestar.

- Papa, o senhor está passando dos limites.

- NÃO, ANTOINE! TU ESTÁS PASSANDO DOS LIMITES. CHEGA! TU NÃO ÉS MAIS NENHUM MOLEQUE PARA FICAR TENDO IDEIAS IDIOTAS. TU NÃO PERCEBES O QUÃO RIDICULA ESSA IDEIA DE MORAR NA FRANÇA É? ACORDA! TU JÁ ÉS ADULTO!

- Escute bem o que eu vou lhe falar, Papa. – Eu fui firme com ele – O senhor passou dos limites. Eu sou adulto, sim. E é por isso que estou me mudando com minha família. Eu estou pensando no melhor para a minha família. Não estou pensando em mim. Não venha falar que fui fazer um curso besta, não venha ofender o Thi, não venha me ofender só por que o senhor não quer que eu vá. Aceite! Nós iremos! – Eu me levantei de onde estava, eu estava bem chateado com todos três – Thi, estou indo para casa, tu vens comigo?

- Vou! – Ele levantou e me acompanhou – Vocês passaram dos limites, os três. – Ele disse olhando para meus pais e para a mãe.

Nós fomos para a sala.

- Dudu, tu podes nos deixar em casa?

- Claro!

- Como foi a conversa, primo? – Pi perguntou

- Não quero falar sobre isso!

- Eita que a coisa foi feia... – Anne disse

- Vamos! – Falei pegando a Sophie

- Vamos! – Dudu disse


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Comentários

Antoine, tmb gosto da Celine, mas tem horas q qdo passo muito tempo escutando ela cantar dá uma gastura da voz dela kkkkkk Coisa de doido mesmo. kkkk Sabe quem eu amo cantando francês? Lara Fabian. Aliás, Lara canta bem em qualquer língua. rsrs E essa volta ao Brasil foi bem tensa né? Vou nem mentir, tmb queria q vcs ficassem por aqui. Não sei, amo a França mas tenho ciúmes. haha Bj

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Espero que vcs tenham tomado a decisão certa. Como mãe, eu me coloco no lugar dos pais e sei como é difícil deixar os filhos voarem com suas próprias asas, mas vcs tem que voar néh... Bjs pra vc e pro Thi e um maior pra Sophie.

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Huum, entendo o que os três pensaram. Por mais que fiquemos adultos, nossos pais nos querem debaixo de suas asas. Espero que tudo tenha dado certo para ti e família e que os três entendam isso. Faço votos de muiktas felicidades para ti, para Sophie e Thi, bem como aos demais. Um abraço carinhoso,

Plutão

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