AMOR DE PESO - 01X14 - É O FIM DO AMOR?
Pai e Mãe,
Por incrível que pareça estou feliz. Quero que todos a minha volta estejam também, mas será que vou conseguir? E será que essa felicidade toda vai ser estragada?!
Vando: (batendo na costa de Brutus) – Qual é moleque?!
Brutus: (jogando Vando violentamente contra a parede) - Você tá louco?!!
Vando: (assustado) – Qual é Brutus. Tá me estranhando?
Brutus: - Como você pode tentar fazer o Yuri se virar contra nós?
Vando: - Eu? Eu não fiz nada.
Brutus: - Você sabe… tudo o que fizemos foi por legitima defesa.
Vando: - Você tá me machucando. (tentando sair, mas sem sucesso)
Fred: - Ei. Rapazes. (separando os dois) – Não quero confusão no meu estabelecimento.
Vando: - (passando a mão no pescoço)
Brutus: - Seu covarde.
Fred: - Brutus.
Brutus: (se afastando) – Tudo bem. Não vou perder meu tempo com esse lixo.
Vando: (indo atrás de Brutus) – Ei, amigão. Então, você sabe que o teu amigo é gay, né?
Brutus: - Cara. Você realmente perdeu a noção do perigo, né?
Vando: - Não. Respeito você, mas será que o Yuri respeita?
Brutus: - Como assim?
Vando: - Você não acha que ele te olha de um jeito diferente?
Brutus: - Que jeito diferente?!
Vando: (pegando em Brutos) – Qual é? Você sabe.
Brutus: (se afastando) – Não. Não sei.
Vando: - Acho que ele tá apaixonado por você.
Brutus: - Você tá viajando.
Vando: - Estou? Amanhã presta atenção. Como ele vai te tratar de maneira diferente.
Brutus: - Você só fala besteira.
Vando: - Já pensou? Teus amigos vão pensar que você é gay.
Brutus: - Eu não sou gay, porra.
Vando: - Eu sei, mas se você anda com um gay, isso quer dizer…. logo você é um deles.
Brutus: - Não, não. Eu não sou gay. (saindo)
Vando: - Tão idiota. O mais manipulável de todos. (rindo)
Lá em casa, a gente tentava disfarçar o climão. Afinal, aquela era a noite da tia Olivia e do Carlos. Infelizmente os meus irmãos estavam impossíveis. Alguém precisava dar um jeito naquelas duas pestes.
Richard: - Carlos?
Carlos: - Oi?
Olivia: (preocupada) – Olha o que você vai perguntar.
Carlos: - Tudo bem… deixa ele.
Richard: - Você é estagiário da titia, né?
Carlos: - Isso. Sou sim. Trabalhamos juntos.
Richard: - Você não é velho demais para ser estagiário?!
Olivia: - Richard.
Carlos: - Tudo bem. Então, eu sou o estagiário da sua tia, estou cursando o sétimo período de direito e me orgulho muito.
Peguei a sobremesa que comprei e servi para todos. Realmente estava uma delicia, graças a Deus, a boa comida nos fez esquecer tudo. E decidimos brincar de banco imobiliário, o preferido da titia.
Olivia: - Alguém tá me devendo dinheiro. (pegando fichas de Carlos)
Carlos: - Realmente você me pegou. (entregando algumas cédulas para Olivia)
Diogo: - Agora é minha vez. (pegando os dados e jogando) – Seis casas. (movendo as peças)
Yuri: - Opa. (rindo) – Esse prédio e meu baby, pague o aluguel.
Diogo: - Fazer o que, né?
Que noite divertida. A minha família realmente sabia fazer um bom jantar, e quando digo família quero dizer eu. Todo mundo se divertiu e comeu bastante. Acho que vou até fazer um jantar pra turma como forma de pedir desculpas. Infelizmente, a alegria de um ser humano dura pouco. Ao chegar na escola encontrei várias pessoas comentando de mim. A Letícia já chegou dando a má notícia.
Letícia: - Não surta, mas tá tudo mundo comentando que vocês estavam se beijando atrás do colégio.
Diogo e Yuri: - Como assim? (se olhando)
Tia Ray: - Ei. Vocês dois. A diretora quer falar com vocês.
Yuri: - Merda.
Ramona: - E agora?
Brutus: - Sujou.
Zedu: (olhando para Yuri)
A minha irmã e Cláudia estava preparadas para a audição do espetáculo “Cinderela'. A Giovanna se preparou toda para fazer um dos papéis mais importantes de sua vida, até então.
Professor: - Giovanna.
Giovanna: (indo até a frente do professor e ficando de joelho) – Oh! Onde está meu príncipe?! Será que ele não vem me procurar? Estou a espera de um verdadeiro amor. Por onde anda o meu amor?! (chorando) – Onde está o príncipe da minha vida?
Professor: (aplaudindo) – Muito bem Giovanna. A atuação está ótima. Agora a música.
Giovanna: (limpando as lágrimas falsas) – Vamos lá. (minha irmã canta uma versão muito ruim de No dia que eu sai de casa)
Professor: - Bem. Isso… isso… foi… muito obrigado.
Giovanna: (saindo e encontrando Cláudia do lado de fora)
Cláudia: - E então?
Giovanna: - Arrasei, né?
Eu e Diogo fomos com a Tia Ray. A diretora disse que as acusações não eram graves, e que ela também não era homofóbica, mas era terminantemente proibido os alunos se beijarem, sejam eles heretos ou gays. Até que a bronca não foi tão grande, mas as conversas paralelas estavam demais. Uma aluna disse que nos viu transando no banheiro, outro falou que eu tentei beijá-lo, envolveram até o nome de um professor.
Yuri: (lendo um livro)
Aluno: - Ei, gordinho.
Yuri: - Oi? (olhando para frente)
Aluno: - Chupa meu pau. (pegando no pênis por cima da calça)
Yuri: (voltando a atenção para o livro) – Idiota.
Diogo: (sentando ao lado de Yuri) – Trouxe suco e dois salgados.
Yuri: (levantando) – Estou sem fome. Conversamos depois.
Diogo: - Ei. (levantando e indo atrás de Yuri) – O que houve?
Yuri: - O que houve? Tá todo mundo chamando a gente de gay.
Diogo: - E não somos?
Yuri: - Sim. Mas ser lembrado disso a cada dois minutos.
(Um grupo de alunos passa e começa a comentar)
Aluno: - Eles devem estar tendo uma DR.
Diogo: - Vai se fuder, mané. (indo pra cima do aluno)
Yuri: (segurando Diogo) – Para. A gente já levou uma chamada da diretora. Quer que a gente seja expulso.
Diogo: - Desculpa, mas sou bem resolvido.
No treino de futebol, Zedu e Brutus também sentiram a força do preconceito, apesar de infelizmente nunca ter acontecido nada entre nós.
João: - Ei. Vocês que andam com aquele gay é?
Zedu: - Que gay?
João: - O Yuri, o gordo baitola.
Zedu: - Ei. Respeita o cara. Não permito que falem assim dele.
Brutus: - Para de bobagem, João.
João: - Eita. Vocês vão defender o gay?
Brutus: - Não estamos defendendo é que…
João: - Estou estranhando vocês.
Zedu: - Vai se fuder. (saindo do vestiário)
João: - Cuidado hein. (pegando no ombro de Brutos)
Brutos: - Com o quê?
João: - Ser amigos de viados.
Brutus: - O Yuri não é meu amigo, cara. Ele apenas anda com um pessoal que eu conheço.
João: - Acho bom. (saindo)
Brutus: (olhando no espelho do vestiário e respirando fundo)
Letícia e Arthur marcaram um encontro. Eles foram em um shopping chamado “Amazonas”, um dos mais antigos de Manaus. A minha amiga queria tomar café, então resolveu chamar o crush.
Letícia: - Então? Você faz o que?
Arthur: - Bem. Ajudo meu pai na produtora e estudo. Faço cinema na Universidade Estadual.
Letícia: - Sério? Que legal.
Arthur: - Comecei agora. Estou no início ainda. Até que é divertido.
Letícia: - Ainda não decidi o que quero fazer. Ainda tenho dois anos para escolher.
Arthur: - Você tá no primeiro ano, né?
Letícia: - Sim. Ainda falta um tempinho.
Arthur: - Você trabalha como modelo faz tempo?
Letícia: - Dois anos. Comecei com 14.
Arthur: - Você é muito linda. (pegando no rosto de Letícia)
Letícia: - Obrigada.
Arthur: - Quer pegar um cinema?
Letícia;: - Claro. Adoraria.
A minha amiga estava feliz por ter encontrado alguém bacana. O mesmo não valia para Zedu, ele aguentou um tempo até perguntar para Alicia como as pessoas da escola ficaram sabendo de mim e do Diogo.
Alicia: - Credo. Você fala como se eu tivesse cometido um crime.
Zedu: - Os meninos estão sofrendo com isso. As pessoas estão comentando.
Alicia: - Eu comentei com a Kátia e ela espalhou. Não tive culpa.
Zedu: - Te pedi segredo. Você fez merda.
Alicia: - Você se preocupa muito com esse tal de Yuri.
Zedu: - Sim. Me preocupa, ele é meu melhor amigo.
Alicia: - Você conheceu esse menino esse ano. Eu te conheço há, pelo menos, três. Não pode defender ele.
Zedu: - Isso não tem nada haver.
Alicia: - Claro que tem.
Zedu: - Para de se fazer de vitima. A culpa é sua.
Alicia: - Ótimo. O gordo é bicha e a culpa é minha.
Zedu: - Cala a boca. Não fala assim dele.
Alicia: - Não estou te reconhecendo Zedu. Você tá um babaca hoje. (saindo de perto)
Zedu: (respirando ofegante) – Droga!!! (batendo na parede)
A minha tia e Carlos começavam a se dar cada dia melhor. Eles tinham muitos gostos parecidos, mas sempre o problema o trabalho surgia na conversa dos dois. O Carlos até ficava triste e tava doido para se formar na faculdade.
Carlos: - Ei. Você tá linda hoje.
Olivia: - Obrigada. (sorrindo e colocando o óculos) – Você revisou o processo 345?
Carlos: - Tá aqui. (entregando para Olivia)
Olivia: - Olha. Muito bem. Pega um café para mim, por favor.
Carlos: - Claro amor.
Olivia: (arrumando o óculos) – Carlos. Estamos em horário de trabalho.
Carlos: - Claro. (saindo e encontrando Orlando na porta)
Orlando: - Olá? Tudo bem? A Olivia se encontra?
Carlos: - Claro, mas ela está em uma ligação.
Orlando: - Que pena, mas vou esperar. Você pode pegar um café para mim.
Carlos: - Claro.
Olivia: - (saindo da sala) – Carlo…. (percebendo a presenta de Orlando) – Orlando? Que surpresa. (abraçado e beijando Orlando no rosto)
Carlos: (vermelho de raiva) – Vou… pe...pegar… pegar o café.
Orlando: - O meu é com adoçante. (entrando com Olivia para a sala dela)
Carlos quase colocou veneno de rato. A Alicia me procurou na escola. Eu fiquei surpreso, porque ela nunca havia feito isso. Ela disse que sentia muito pelo boato ter se espalhado e disse que ajudaria em qualquer coisa.
Alicia: - Zedu tem um carinho muito grande por você.
Yuri: - Ele é muito meu amigo.
Alicia: - E você sabe que ele tá sofrendo muito com isso, né? Ele pediu para eu falar com você.
Yuri: - Entendi.
Alicia: - Acho melhor você se afastar dele.
Yuri: - Como?
Alicia: - Você tem seu namorado, né? E sabe como é ruim quando as pessoas falam dele. Alguns alunos babacas, homofóbicos ficam falando que o Zedu já te pegou. Acho ri-di-cu-lo, mas o Zedu ficou chateado. Entende?
Yuri: - E ele pediu para você falar isso?
Alicia; - Essa parte não, mas tenho uma conexão profunda com ele. Coisa de pessoas apaixonadas.
Yuri: - Entendi. Não se preocupa.
Alicia: - E espero que isso fique entre nós. Afinal, somos amigos, né?
Aquela realmente não era a minha semana. Tinha prometido que ajudaria uma colega de classe e fiquei até mais tarde na escola. Quando sai, encontrei o Brutus, ele também precisou ficar além do horário.
Yuri: - Ei. Vai pra casa agora?
Brutus: (assustado) – Grandão? (olhando para os lados) – Sim… não…
Yuri: - Brutus? Tá tudo bem?
(João e alguns meninos vem em direção a Brutus e Yuri)
João: - Tá acontecendo alguma coisa?
Brutus: - Não.
João: - Pensei que você não conhecia o balofo gay.
Yuri: (perplexo)
Brutus: - E não conheço. Ele apenas pediu uma informação. Vamos? Vamos se não vamos nos atrasar para o jogo. (saindo)
Yuri: (boquiaberto)
Que porra aconteceu? O Brutus não fez isso. Nunca me senti tão humilhado em toda a minha vida. Quer dizer, já fui humilhado outras vezes, mas aquilo foi foda. Cheguei em casa chorando, tranquei a porta do quarto e fiz algo que há muito tempo não fazia, comi doces e mais doces. Depois do treino, Brutus e os amigos foram ate o Freds.
João: - Sabe de uma coisa… cansei dessas bichas dando em cima da gente. Precisamos revidar.
Nuno: - Como?
João: - Devemos pregar uma peça no Diogo e Yuri. Já que eles se acham o casal da escola. O que você acha Brutus?
Brutus: - Não sei.
Nuno: - Qual é? Vai amarelar?
João: - Eu acho que o Brutus ama o gay gordo. (rindo alto)
Brutus: - Tá me estranhando? Eu lá gosto de macho… ainda mais gordo.
João: - É? (com cara de pilantra) – E diz o que tú mais odeia no Yuri….
Brutus: - Ele é gordo, o corpo dele é todo esquisito… e tem aquele pele branca… que porra, a gente tá no Amazonas, pega um sol. Nem sei se ele consegue ver o pau dele.
Letícia: - Brutus!!!
Brutus: (virando assustado)
Ramona, Yuri, Diogo e Letícia: (parados atrás de Brutus)
Yuri: (sai correndo do Fred's)
Diogo: (sai correndo atrás de Yuri)
Letícia: - Vai se fuder. (saindo do Fred's)
Ramona: - (balançando a cabeça negativamente)
Brutus: (perplexo)
João e Nuno: (rindo muito)
João: - Falou bem, Brutus. Agora vamos aprontar com esse gordo. (com cara de malvado)
Em casa a minha irmã estava louca para descobrir como a Cláudia havia se saído na audição, ela não pode ficar por causa do horário da condução escolar. Ela ligou para amiga e pediu todos os detalhes.
Giovanna: - E como foi?!
Cláudia: - Acho que fui bem. E fiz tudo o que você pediu. O professor deve ter gostado.
Giovanna: - Amiga. Vamos arrasar. Espero que uma de nós consiga o papel.
Cláudia: - Eu também.
Giovanna: - E qual a música que você cantou?
Cláudia: - O Fim do Amor.
Giovanna: - Não conheço. Canta pra mim.
Cláudia: (colocando o celular no viva voz):
O que é o fim do amor?
Se enganar em um sorriso que há de sorrir
Como quem que agora diz está pronto a partir
Mas os pés não retira do chão
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Zedu olha fotos que tem com Yuri. Ele está em um prédio alto e sente o vento beijar seu rosto.
Zedu: - Desculpa por ser covarde. (chorando)
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Cláudia:
O que é o fim do amor?
É está na tua cama e dormir na cozinha
É ouvir que me ama e me sentir vazia
Do amor que não soa mais
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Orlando e Olivia riem juntos e Carlos fica possesso com a cena. Ele vai até a cozinha do escritório e bate a mão contra a parede. Ele começa a chorar e se sente ridículo por estar sofrendo por amor. Depois do expediente, ele tem uma conversa séria com a minha tia.
Carlos: - Eu te amo.
Olivia: - O que?
Carlos: Eu te amo. Estou apaixonado por você. E, foda-se, tudo. Eu quero ficar com você e se for preciso eu saio da empresa.
Olivia: - Carlos... eu... eu....
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Cláudia:
O que é o fim do amor?
É talvez não aceitar que o fim já chegou
É sequer entender que o fim já chegou
É na sala ficar e o fim já chegou
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Brutus: - Oi, meninas. (cumprimentando Letícia e Ramona)
Letícia: - Boa. (passando direto)
Ramona: (passa direto)
Cláudia:
O que é o fim do amor?
É um de um amor
E o fim de um amor é o fim do amor
E o fim do amor é o fim
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Yuri: (chorando e olhando fotos com os amigos)
Diogo: (deitando ao lado de Yuri e o abraçando)