MENINA PERVERSA – 19 – CINEMA
Abri a janela em uma tentativa de dispersar o patente odor de sexo que tomou conta do carro, o que levou Xandi a me provocar, afinal eu não conseguia me decidir se estava com calor ou com frio.
Ana Paula, como eu suspeitei, sentou-se ao meu lado. Ela obviamente tentaria alguma coisa enquanto o noivo estivesse distraído com o filme. Minha surpresa foi, na verdade, o fato de Elaine e Xandi terem se sentado do outro lado, fazendo com que eu ficasse entre os dois casais.
Digo surpresa pois tinha certeza de que Priscila faria questão daquele lugar. Ou, pelo menos, Carol. No entanto, as meninas pareciam não fazer questão de me policiar.
Ter Laine tão perto de mim, ainda mais depois do que tanto Pri quanto Renatinha davam a entender me deixou ao mesmo tempo nervoso e excitado.
Mal as luzes se apagaram, Ana Paula já agarrou meu bordão. Ainda tentei disfarçar jogando a blusa em cima do meu colo, mas aquele não era uma camuflagem muito boa.
Elaine, sei lá porque, resolveu conversar comigo; e não com o marido que estava bem ao seu lado; isso e a punheta que Ana Paula me aplicava estava levando-me à loucura.
Em um dado momento, senti a boca de minha filha mais velha se fechar sobre meu caralho rijo, enquanto sua língua trabalhava rapidamente sobre a cabeça da rola inchada.
Os olhos de Laine se arregalaram.
Entrei em pânico no mesmo instante. Não havia a menor chance de explicação, nenhuma boa desculpa que pudesse dissolver aquilo.
Enfiei minha língua na boca de Laine na mesma hora.
Não sei explicar o que me deu na cabeça.
Talvez eu tenha mandado tudo à merda, agora que minha filha mais velha resolvera cair de boca para mim na frente dos pais do noivo; talvez fosse o amor platônico que eu sempre tivera por Elaine. Sei lá, talvez tenha sido um ato de pura insanidade.
Sei que ela retribuiu o beijo.
A qualquer momento imaginei que eu iria tomar uma senhora porrada. Ou de meu melhor amigo ou de seu filho.
Eu não me importava com aquilo, não conseguia me importar.
De alguma maneira, eu havia de conseguir mais do que um singelo beijo de Elaine. De algum modo eu haveria de consumar minha paixão. No entanto, ali, eu sabia ser somente um breve momento, a faísca que traria o incêndio que destruiria nossos casamentos.
Nada disso aconteceu.
Nossas línguas dançavam selvagemente em nossas bocas, uma paixão que jamais senti por outra mulher qualquer no mundo. O desejo há muito acalentado, há muito recalcado, explodia entre nós.
Houve um momento em que não consegui conter o gozo e explodi em porra dentro da boca de Ana Paula.
Em outro momento, consegui a curiosidade refreou o desejo e consegui desatracar da boca de Elaine.
Nos falamos entre sussurros, a partir daí.
Ela me disse que iria me visitar mais tarde para ter uma conversa séria comigo. Houve vergonha, é claro, mas também triunfo.
Eu sabia bem o que estava acontecendo. Cenas muito parecidas com aquela se descortinavam em minha memória. Eu iria seduzir mais uma mulher casada. O fato de ser minha musa não diminuía em nada a familiaridade da cena.
Em algum momento consegui me desvencilhar do seu olhar. E, ao voltar à realidade, entendi como não fomos pegos em flagrante. As outras meninas estavam distraindo os cornos.
Fico feliz por ter sentido uma ponta de remorso. Não pelo noivo de Ana Paula, que ainda recebeu um beijo na boca que devia ter o gosto da minha porra; mas por Xandi, meu mais antigo e precioso amigo. Não que isso fosse o suficiente para me impedir de lhe comer a esposa, mas fiquei um tanto aliviado por ainda ter algum sentimento humano, já que todo o resto parecia ser demoníaco.