CAPITULO 10: JULIA
Meu pai estacionou em frente a clínica de reabilitação, olhou pra mamãe e depois me olhou.
- Esta pronta?
- Não sei.
- Vai ficar tudo bem. Eu prometo!
- Eu sei.
O silêncio tomou conta do carro. Era uma situação bem delicada, pois todas as vezes que entrei naquele lugar, eu fugi.
- Pai... -- Chamei-o quebrando o insuportavel silencio.
- Oi.
- Quero que faça algo por mim.
- O que?
- Preciso que avise a Alexia sobre a minha internação.
- Quem é Alexia?
- É o amor da minha vida!
Meu pai me olhou surpreso. Ja não bastava ter uma filha viciada, agora ela era sapatão também. Pensei que ele iria me matar. Mas em vez disso, ele pegou uma caneta e um pedaço de papel e me pediu pra anotar o endereço.
- Pai...
- Oi
- Ta chateado comigo? Por eu ser... Gostar de uma mulher?
- Não. Eu não tenho o direito de ficar chateado com uma coisa que te faz bem. Aliás, você ja tem vinte e dois anos, é uma adulta e deve saber muito bem o que quer.
- Obrigada, pai. Eu te amo!
- Tambem te amo, filha.
- Eu amo você também, mãe!
- Tambem te amo, filha.
Decemos do carro e entramos na clínica. Um médico ja estava a minha espera. Olhei para os meus pais e depois para a porta. Minha vontade era sair correndo dali, mas eu ja não tinha o direito de mágoa-los mais. Seriam três longos meses.
As primeiras noites pra mim foram as piores. O médico ja havia me alertado, pois segundo ele a crise de abstinência é pior nas primeiras semanas.
Os dias foram se passando e nem sinal da Alexia. Sera que ela não queria saber de mim? Sera que meu pai foi atrás dela? As perguntas martelavam em minha cabeça.
Ja se passavam quase quatro semanas que eu estava naquele local. Os médicos sempre conversavam muito comigo. Aliás, a psiquiatra sempre me elogiava muito. Sempre que podia ia até o meu quarto alegando querer saber se eu estava bem. Eu percebia o olhar dela pra mim, mas me fazia de desentendida. Ela era uma mulher muito bonita e atraente, porém meu coração ja tinha dona.
Um certo dia meu pai chegou na clinica todo animado.
- Você não vai acreditar! É uma grande surpresa!
- An?!
- Espere bem aqui que eu ja volto.
Ele saiu quase correndo. Que surpresa seria essa? Fiquei intrigada. Meio minuto depois meu pai retornou com a... Alexia. Corri na direção da minha amada, tipo aquelas cenas de filme, sabe?! A abracei bem forte e a beijei. Estava ali o antidoto para o meu tédio.
- Calma Ju. -- Falou ela rindo sem graça. Ela estava vermelha como um camarão. Meu pai observava a cena toda bem de perto.
- Pai, muito obrigada.
- Disponha. Vou deixa-las a vontade enquanto converso com o médico.
Assim que meu pai saiu voltei a beijar aquela boca maravilhosa.
- Por que demorou tanto? -- Perguntei a queima roupa.
- Eu nem sabia que você estava internada. Só tive ciência a poucos dias.
- Sério?
- Sério. Parece que seu pai me procurou, mas a Fernanda deu um jeito dele não conseguir falar comigo.
- Como assim?
- Ela falou para seu pai que eu não queria saber de você.
- Vaca! Sera que ela gosta de você?
- Ou de você?
- Esta louca Alexia?! Aquela la me odeia.
- O amor e o ódio andam lado a lado, sabia?
- O que você está querendo dizer com isso?
- Nada, absolutamente nada. Vamos falar de coisa boa? Olha aqui o que eu te trouxe.
- O que é?
- Abra.
- Você adora da presentes, néh?!
- Pra você sim.
Abri a sacola e dentro tinha um livro.
- Não sabia o que te trazer. Então te trouxe o meu livro favorito.
- Hum... Não conte a ninguém do autor Harlan Coben... Parece interessante.
- Interessante? Esse livro é o máximo, vai te prender até a última página. Aliás, todos os livros do Harlan Coben são demais.
- Nossa, você gosta mesmo desse livro, hein?!
- Amo! Agora, mudando de assunto... Tenho uma novidade para te contar.
- Tem?
- Aham. Estou morando sozinha. Agora tenho minha própria casa.
- Mentira...
- Verdade!
Nessa hora a Lara minha psiquiatra chegou.
- Olá Julinha. Como esta hoje?
- Oi doutora. Estou muito bem.
- Que bom. Nossa, não sabia que você gostava dos livros do Harlan Coben... Ele é demais, né? Eu tenho alguns livros dele... Se você quiser eu te empresto depois.
-Na verdade até agora pouco eu nem sabia que esse cara existia. Mas de qualquer forma eu agradeço.
- Sério? Como assim?
- Eu acabei de ganhar esse livro. Aliás, essa aqui é a Alexia. Ela que me deu o livro.
- Prazer Alexia. Pode me chamar de Lara. Vocês são amigas?
- Namoradas! -- Falou a Alexia. Fiquei tão chocada que minha voz não saía. A doutora me encarou e esboçou um leve sorriso antes de pedir licença e se retirar.
- Namoradas?? -- Perguntei assim que consegui me recuperar.
- Me desculpe Julia. Eu não pude evitar. A forma que ela estava te olhando me deixou incomodada.
- Ficou com ciumes?
- NÃO! Quer dizer... Talvez.
O silêncio se instalou entre nós. Quem quebrou o silêncio foi a Alexia.
- Eu gosto de você Julia. Gosto muito. Não era o que eu queria, mas aconteceu...
- E?
- E eu quero ficar com você! Não sei se você sente o mesmo que eu, mas se você topar a gente pode tentar fazer dar certo. Eu preciso de você Julia.
- Você precisa de mim? Eu que preciso de você! Até ontem eu era só mais uma viciada, uma pessoa que ninguém dava nada. Mas você me enxergou e apesar de tudo que aconteceu na sua vida você me ajudou, me estendeu a mão. Alexia, eu adoro você. E é óbvio que eu topo tentar.
- Jura?!
- Claro!
Dessa vez foi a Ale que me beijou. Um beijo diferente, arrebatador.
- Então agora estamos namorando? -- perguntei sorrindo.
- Não sei... O que você acha? -- Perguntou ela entrando na brincadeira.
Ficamos um bom tempo conversando e trocando carinhos até que meu pai chegou.
- Desculpe atrapalhar vocês, mas ja esta na hora de irmos embora Alexia.
- Ja? -- Perguntou ela chateada.
- Infelizmente sim.
Eu a abracei bem forte. Não queria que ela fosse embora.
- Eu volto! O quanto antes!
- Jura?
- Juro!
Vê-la ir embora partiu meu coração em mil pedacinhos. Fiquei ali os olhando até que eles sumiram da minha vista.
- Julia...
- Oi?
- Você e aquela garota realmente são namoradas? -- Perguntou-me a doutora.
- Sim. Porque?
- Por nada. Mas...
- Mas?
- Ela não é muito nova pra você, não? Quer dizer, acho que nesse momento você precisa de uma pessoa mais madura ao seu lado.
O que essa mulher estava querendo? Que papo doido era aquele? Pessoa mais madura?
- A unica pessoa que eu preciso no momento é a Alexia. E eu não conheço nenhuma pessoa mais madura que ela. -- Falei me levantando. -- E não se preocupe doutora, ela só é três anos mais nova que eu. Quando se gosta de alguém a idade não importa, pois são apenas números.
Fui para o meu quarto um pouco pensativa. A Lara estava começando a me incomodar.
Meninas vocês não podem perder o capitulo 11 que vai ser postado na segunda. Ta demais! Imperdível!