Um Sopro de Primavera - Parte VIII

Um conto erótico de Luke
Categoria: Homossexual
Contém 1289 palavras
Data: 20/02/2015 13:49:30
Última revisão: 20/02/2015 13:50:09

Parte VIII - Ele precisa de um nome

- Lucas, caralho, presta atenção em mim, to tentando falar contigo há um tempão! - Danilo gritou de repente, me fazendo pular de susto.

- Porra, quer me matar do coração? - Perguntei. - Porque se quiser, é só fazer isso de novo!

- Queria o quê? Você fica aí, voando, enquanto eu tento falar com você, foi o único jeito que arranjei - ele deu de ombros.

- Tá, tá, foi mal, fala.

Realmente, eu tinha consciência de que estava muito distraído naquele dia. E também sabia a razão. Estava preocupado demais com a porta. A qualquer momento ele poderia entrar, e eu estava ansioso por acabar com os resquícios de dúvida na minha cabeça. Resignado, voltei minha atenção para o Danilo, enquanto ele falava sobre algum assunto qualquer do qual não me lembro.

Andressa logo chegou e ele percebeu que ela daria muito mais atenção a ele do que eu, e os dois começaram a conversar animadamente enquanto eu mantinha minha vigília. Várias pessoas entraram, das quais algumas eu conheci na festa e algumas não, e lembrava o nome da minoria. E nada dele.

- Sua mãe não brigou muito com você, né Dan? - Andressa perguntou, o que capturou minha atenção.

- Bem, eu não me lembro dela me levando para casa, mas acho que o Lucas a acalmou, porque ela não tocou no assunto no outro dia.

- Eu expliquei pra ela que você tinha bebido bastante, e tinha o lance de ser sua primeira vez ainda. Ela entendeu numa boa. Eu te disse, você tem muita sorte.

- Bem, era mais que sua obrigação - ele disse, me olhando de cara feia. - Afinal, foi você quem me entupiu de bebida!

- Foi você quem bebeu - disse, fazendo cara de inocente. - Não te obriguei a nada.

- Uma dia retribuo o favor - ele disse, dando um sorriso ameaçador.

- Acho que essa é a hora em que eu me ajoelho e imploro por seu perdão... ahh é, não vai acontecer - e lhe dei um sorriso cínico.

Ele tentou me dar um soco e eu pulei para longe, rindo. Voltei para meu lugar enquanto ele e Andressa voltaram a conversar, e fiquei usando meu celular, quando ouço uma movimentação perto da porta. Um grupo de três garotos e três garotas entrou, e, no meio, ele. Minha curiosidade me impediu de desviar o olhar, enquanto o analisava.

Ele era mais alto que eu; meio palmo mais ou menos. Tinha o corpo mais desenvolvido que o meu, ombros mais largos e os músculos mais definidos. Seu cabelo era de um tom marrom escuro, quase preto, liso, um pouco mais curto do que o meu, e muito mais arrumado (que surpresa!). Sua pele era clara, e as feições do rosto eram levemente angulosas. E por fim, os olhos, naquele tom de azul escuro, tão chamativos quanto da primeira vez que os vi. Ele era bem bonito. Não no estilo impecável. Não, a beleza dele era mais simples, mais confortável e menos intimidadora. Fiquei encantado.

Eles passaram rindo bastante e se sentaram no fundo, no canto esquerdo, enquanto nós três estávamos no direito. Fiquei observando-o enquanto ele conversava animadamente com uma das garotas. No momento, não prestei atenção em nenhum dos outros. Minha curiosidade estava totalmente centrada nele.

Logo o professor chegou e a aula começou. Estava fazendo um esforço incomum para conciliar minha atenção na matéria (que tinha começado, graças aos céus) e meus olhares de relance para ele. Parecia que ele estava bastante focado na aula. O que, como esperado, mudou depois de uma hora de aula, quando a atenção não só dele, mas da maioria, começou a desvanecer. Nesse ponto, parece que a atenção só se volta para a aula quando se capta alguma informação importante, e no tempo restante você ignora as inúmeras discussões sobre as variadas facetas do assunto tratado.

Conversas em voz baixa, cochilos e outros desvios ocorriam por todos os lados. Ele, nesse momento, estava prestando atenção em alguma coisa que o garoto atrás dele estava dizendo, e eu, o observando. Alguma coisa nele tomava toda a minha atenção, e tudo que ele fazia parecia ter algum significado. De onde eu estava, ele não perceberia que eu estava observando-o, exceto se ele olhasse diretamente para mim, o que não estava acontecendo. Depois de mais alguns minutos, decidi parar de olhar tanto e, tirando meu livro da mochila, me pus a ler.

Logo a aula acabou e, morrendo de fome, desci até a lanchonete do prédio junto com Andressa, Danilo, e Luiza, que estava numa conversa animada com a Andressa. Danilo parecia meio deslocado na situação, então logo tratei de puxar papo com ele. Quando chegamos, pedi um suco e um misto quente, e logo tratei de comer. Além da fome, o intervalo entre os horários era curto, então logo tínhamos que ir para a próxima aula.

Quando estávamos saindo, ele e alguns de seus amigos estavam chegando. Estava observando-o quando, de repente, ele se virou, e trocamos um olhar rápido. Num impulso, desviei o olhar e, de relance, o vi erguer o braço. Quando finalmente me toquei de que tinha deixado-o no vácuo, dei uma olhada para trás e vi quando ele abaixava o braço, meio sem graça, olhando para a frente. Senti uma mistura extremamente esquisita de remorso e divertimento. Por um lado me senti mal, por ter deixado ele sem graça, mas que tinha sido engraçado isso tinha! E além do mais, não era realmente culpa minha. Resignado, continuei a andar e retomei minha conversa com o Danilo.

Já na sala, a professora parecia não ter aparecido ainda, então logo seguimos para o fundo da sala, também no canto direito. Isso tinha virado uma espécie de hábito. Dessa vez, deixei que Danilo se entrosasse com as meninas enquanto encostava minha cabeça no parede, colocava os pés na cadeira da frente e, relaxado, continuava a ler meu livro. Estava tão entretido que não percebi de imediato que tinha alguém parado ao lado da cadeira da frente. Retirei rapidamente os pés, acreditando que a pessoa queria apenas se sentar, e levantei o olhar para pedir desculpas, quando me deparei com os mesmos olhos azuis de antes. Acho que fiquei o encarando por uns três segundos, antes de conseguir desviar o olhar. Pelo menos meu tempo de reação estava mais aguçado, sem o efeito do álcool. Me recompondo, olhei de novo para ele e disse:

- Desculpa, não percebi que você estava aí - e sorri.

- Não, não, relaxa, eu não quero me sentar, pode continuar esticadão aí - ele disse, rindo. - Eu só queria te pedir desculpas de novo pelo lance lá na festa, dessa vez com você sóbrio.

- Ei, eu podia até estar bêbado, mas me lembro de tudo. E relaxa, já disse que também tive culpa.

- Ok - ele riu,- mas achei melhor me certificar. A propósito, qual o seu nome? Me esqueci de perguntar na hora.

- Acho que você estava mais preocupado se eu iria desmaiar ou não - disse rindo. - É Lucas. Na verdade Lucas Eduardo, mas ninguém usa o segundo.

Mentira, eu é que não gosto que usem. Nem sei por que contei aquilo a ele. Foi um impulso.

- Sim - ele estendeu a mão. - O meu é Brandon. Prazer.

Me estiquei e apertei a mão dele. Um barulho na porta chamou nossa atenção, e quando olhei para lá a professora estava entrando.

- Bem, vou me sentar - ele disse, e olhou para mim de novo. - Qualquer hora a gente conversa mais.

- Ok.

Ele voltou para o lugar dele e logo a aula começou. Agora o antes "garoto dos olhos bonitos" tinha um nome. Brandon. Bem, ele definitivamente era simpático. Tive a sensação de que poderia ter uma amizade legal com ele. Animado com isso, voltei minha atenção para a aula com vigor renovado.


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