Fiz tudo errado e perdi vc...Seja feliz! ( Parte 3 )

Laris: Obrigada??

Eu não sabia onde enfiar minha cara estava muito sem graça e realmente não sei o que tinha na cabeça para ter “agradecido”. Mas a verdade é que eu a amava, mas ainda como amiga, amor de mulher eu ainda não sentia por ela. Ela quando se declarou pra mim já me amava e eu nem olhava pra ela dessa forma. Era tudo muito novo pra mim, eu precisava me acostumar que minha amiga também era lésbica, e era muito difícil, pois ela já havia sido casada, tinha uma filha e ainda me amava, era tudo muito surreal.

A partir daquela noite muitas outras vieram e minha vida estava perfeita, eu trabalhava numa grande empresa e era responsável por controle e emissão de notas fiscais, ia pra faculdade de manhã e as noites eu passava ao lado dela. Ela assim que separou do marido, para não entrar em conflito com a mãe que era contra a separação, resolveu alugar uma casa e morava uma rua acima da minha. Ela trabalhava num bar de um grande hotel de SP, ganhava bem e eu admirava sua independência e coragem de se separar com uma filha pra criar sem o apoio dos pais. Os meses foram passando e o nosso “caso” já tinha evoluído para namoro, mas detalhe: ninguém sabia. É isso mesmo, não havíamos contado para ninguém, nem para nossa amigas. Todas as vezes que estávamos junto com a galera, agíamos como se não houvesse nada entre nós. As vezes escapava alguma demonstração de carinho, mas ninguém desconfiava, pois nos conhecíamos desde criança e era normal. As coisas estavam indo bem até que um dia ela voltando do serviço de carona com uma amiga, foram assaltadas, os ladrões levaram o carro e fizeram elas correrem sem olhar para traz. Nessa corrida devido ao sapato alto, Laris acaba caindo e quebrando pé. E a partir dai tudo começou a mudar.

Eu: Meu amor, você não pode ficar assim. Eu sei que o susto foi grande mas eu vou te ajudar.

Laris: Reh, você não entende! Meu trabalho não é registrado, ou seja, não vou ter a assistência da caixa e com pé quebrado não vou poder trabalhar, como vou pagar o aluguel, tem a escola da minha filha.

Eu: Escuta, eu vou te ajudar ok?

Meu coração doía só de ver ela daquele jeito. Eu disse que iria ajudar, mas devido a faculdade meus recursos também não eram grande coisa. Naquele mês consegui pagar seu aluguel e a escola ficou por conta do ex marido que tem a guarda compartilhada. O mês passou e ela tirou o gesso, porém outro problema havia aparecido, ela simplesmente não queria voltar para o hotel.

Eu: Laris, você precisa voltar, pelo menos por enquanto até encontrar outro emprego.

Laris: Eu não quero voltar, estou cansada daquele lugar. Tenho que me matar pra poder ganhar bem e eu aguento mais isso.

Eu: tudo bem, você quem sabe.

Eu entendia o medo dela de voltar, as vezes o trauma nos impede de seguir. Mas com ela as coisas ficaram estranhas, de repente ela se tornou uma pessoa insegura, pegava no meu pé pra tudo.

Eu: mor, domingo vou ao jogo com a Fabi ta bom?

Laris: vocês já compraram ingresso?

Eu: sim.

Laris: pq não me contou antes, você nem perguntou se eu queria ir!

Eu: eu não contei porque compramos pelo Fiel Torcedor e como você não é sócia não tinha como comprar outro ingresso.

Laris: tem certeza que é isso? Não é pq você quer ir no jogo sozinha com a fabi?

Eu: hã?? Tah maluca?? Eu sempre fui ao jogo com a Fabi e nenhuma de vocês demonstrou interesse em ir. E outra, nós nunca vamos sozinhas, sempre vamos com a Aline e o Ale do Taboão.

Laris: ahhh...quer saber, faz o que você quiser!!

Eu fiquei do mesmo jeito que estava, nem sequer me mexi devido ao susto. Não estava entendendo nada, eu sempre fui aos jogos mesmo antes de namorar com ela e a Fabi também era uma das nossas melhores amigas, não entendia essa implicância. Quando o domingo chegou é obvio que eu nem passei na frente do estádio. Passei o dia com ela e nem toquei mais no assunto. Pouco tempo depois ela conseguiu arrumar outro emprego, esse bem mais perto de casa, porém ela trabalhava quase todos os dias 12 horas fazendo extra para que o salario chegasse próximo ao que ela ganhava no hotel. Quando ela chegava, estava morta de cansaço, eu trabalhava e estudava longe e não tinha nem a metade do cansaço dela. Eu comecei a me irritar com esse emprego novo e principalmente com as amigas novas. Todas as vezes que saia cedo inventava de ir no happy hour com as amigas. E eu não estava gostando disso.

Eu: oi amor to saindo da Paulista agora, vc tah onde?

Laris: oi amor, estou aqui num barzinho com as meninas do serviço e já estou indo pra casa.

Eu: nós não combinamos de jantar de juntas?

Laris: ai amor esqueci e acabei comendo aqui com o pessoal, quando você chegar a gente pede uma pizza.

Quando eu cheguei em sua casa ela estava no banho, pedi uma pizza e enquanto eu comia olhei para o lado e ela estava já dormindo. Resolvi deixar assim, mas no fundo eu estava muito chateada.

Até hoje não sei o que sentia pela Laris naquela época, as vezes achava que eu a amava e outras vezes eu achava que estava confundindo a amizade. Não sei em que momento a amizade virou um amor fulminante, na verdade sei sim, eu sempre a amei, desde o primeiro dia o problema é quando eu fui perceber esse sentimento todo.

Na segunda fui trabalhar e assim que cheguei percebi uma movimentação diferente dos funcionários. Chegando em meu setor, Léo, o doido que trabalhava comigo já veio logo dizendo.

Léo: Caaaaraaa...você viu a gata tah treinando pra chefe aqui?

Eu: Não...

Léo: como não viu meooo?? Uma loira toda tatuada bem estilosa desfilando ai...

Eu: Cara não vi mesmo e também não estou interessada.

Estava morta de sono devido a faculdade e realmente não estava interessada nessa garota. Sinceramente não sou do tipo que olha pra todas as mulheres só pelo fato de serem mulheres. Além do mais ela devia ser hetero e eu não ia ser mais uma a ficar babando por ela.

Fui ao banheiro e quando volto ao meu setor já ouço o Léo conversando com alguém.

Léo: Na moral...você é muito gata...Tem namorado? – quando ouvi isso pensei, como ele é cara de pau?? Será que alguém cai nessas cantadas baratas?? Entrei na sala e logo vejo a tão falada loira que estava treinando para ser chefe. Não dei muita atenção a ela ate ouvir sua resposta ao Léo.

Loira: Muleque, da fruta que você gosta eu como até o caroço!!

Quando ouvi isso na hora olhei pra ela e dei de encontro com seus olhos castanhos me encarando. Foi como se eu estivesse vendo ela pela primeira vez...

Continua...

Obrigado pelos comentários, tive que parar aqui pq estava ficando grande demais...