Histórias da minha vida - Parte 132

Tem coisas que desejamos não recordar ou apagar das nossas memórias, coisas ruins ou que de alguma forma não nos trouxeram nada de bom, se não o aprendizado.

.

.

Na sexta-feira eu tive o dia de folga por conta de ter ido doar sangue, e aconselho a todos vocês que lêem meus relatos que procurem e doem sangue, ha milhares de vidas que precisam desse gesto de amor da nossa parte.

Como eu tive essa folga eu resolvi pegar o Iguinho e a Laurinha e levá- los ao parque para um passeio gostoso.

O William estava trabalhando e minha mãe esta ajudando o pessoal do bairro a organizar uma festa para arrecadar brinquedos para as crianças carentes aqui da vizinhança e por isso não pode ir conosco.

A Laurinha já me chama de paizinho e o Igor à imita rs.

Ela é de uma atenção com o irmão que vocês não tem noção.

O Igor estava observando os patos no lago, enquanto eu enchia o copinho dele com suco e a Laurinha comia um lanche e ria de alguma coisa boba que as meninas do lar tinham feito.

O fato é que enquanto nós conversavamos olhando aquela bela vista fomos interrompidos por uma voz rouca, aquela voz que apesar dos anos que se passaram eu ainda a conhecia muito bem.

Subiu um calafrio e um gelo na boca do estômago que demorei um tempinho para me virar.

Fabiano?

Putz não acredito que é você mesmo?

Não lembra mais de mim?

Eu engoli o pedaço do lanche de uma só vez, aquilo deceu cortando minha garganta, pareceu um pedaço de tijolo.

Me virei e vi aquele mesmo rosto me olhando e sorriso.

Era ele! Era o meu primeiro amor.

O cara que me seduziu, me levou aos céus, me ensinou e me mostrou o amor e depois sumiu da minha vida, sem se despedir ou me dar uma explicação.

Tremi na base e gaguejei para responder.

Mar..... Marcos?

Marcos é você mesmo? (Não era o papai noel).

Binho quanto tempo? Como você esta? E quem são essas duas crianças?

Me levantei e levei minha mão num gesto de saudação.

Ele me puxou para junto do corpo dele e me deu um longo abraço apertado.

Eu me afastei já apresentado minhas duas preciosidades.

Esse é o Igor e essa é a Laura e os dois são meus filhos.

Ele me olhou surpreso e perguntou.

Ual! Você se casou com uma mulher então?

Sou casado sim Marcos, mas com um homem que me faz muito feliz, ele se chama William.

O Igor foi um deslize maravilhoso que eu dei e a Laurinha estou no processo de adoção e se Deus quiser daqui uns dias ela estará por definitivo comigo.

E você? Casou? Tem filhos?

Ele sorrindo me respondeu que não era casado e não tinha filhos, e que voltará, pois, sentia muita falta de mim.

Eu ri ironicamente.

Ele me largou do nada, fiquei doente, entrei em depressão, com apenas dezessete anos eu fiquei internado tomando um milhão de medicamentos, não comia e não dormia tentando entender e pensando no porque de ele ter ido embora.

Gente isso foi a treze anos atrás, como ele sentiu saudades?

Marcos foi um prazer em rever você, mas o sol esta forte por isso eu vou levar as crianças embora.

Recolhi as coisas e as crianças e fomos andando até o carro.

Ele nos acompanhou perguntando se eu sentia falta dele e tals.

Não respondi nada, coloquei as crianças no carro e fechei a porta.

Olhei na cara de puta dele e falei algumas coisas que estavam entaladas na minha garganta.

Cara eu te amava, você sumiu sem dizer nada, sem se explicar.

Eu entrei em desespero e adoeci, quase morri por sua causa e você aparece depois de treze anos dizendo que sentiu saudades.

Você é louco ou ficou louco?

Calma carinha eu posso explicar!

Não Marcos não pode, agora é muito tarde para eu ouvir qualquer desculpa que venha da sua parte.

Agora deixa eu ir que meu filho esta com sono.

Entrei no carro e fui pra casa, levei a Laurinha até o lar enquanto o Igor dormia na cadeirinha.

Em casa eu contei sobre o acontecido para minha mãe.

Ela ficou virada no cão, disse que eu não deveria nem ter olhado na cara dele.

Que se ele aparecesse em casa ela mesma o botaria para correr.

Ela ainda me fez prometer que não falaria mais com ele, isso é obvio, claro que vou falar com ele.

Ela perguntou também se eu já tinha falado sobre aquilo com o William!

Mãe assim que ele chegar será a primeira coisa que irei falar a ele.

A noite antes de dormir eu falei com o William, ele ficou irritado e me proibiu de falar novamente com o Marcos.

Na real eu nem quero cruzar com ele, mas a gente tem uma coisa chamada intuição ou sexto sentido (cavaleiros do zodíaco).

Eu sinto que esse cara vai aparecer novamente.

Eu preciso colocar um ponto final nisso, preciso saber o porque ele sumiu e depois de treze anos ele resolve aparecer, e ainda por cima dizendo que sentiu saudades?

Minha vontade era afundar a cara dele pra dentro, senti raiva dele e ainda sinto.

Sei que se ele entrar na frente do magrelo aí sim as coisas saem do eixo.

O William sabe de toda a história e sempre me disse que se um dia o encontrasse o bateria até se cansar.

Querendo ou não esse assunto não me sai da cabeça.

Ontem o Raul e o Iago vieram em casa pra assistir o jogo (treino do Brasil), que jogo horroroso, nem assistimos nada, fomos até a piscina para beber e jogar conversa fora, o Rick esta viajando com o Jorge.

Eu falei do Marcos para os dois!

O Raul também ficou bravo e respondeu quase que a mesma coisa que o William, já o Iago achou melhor eu só me afastar e não continuar a mecher nesse assunto, pois ia começar a feder.

Bebemos e conversamos um monte, fiquei meio intrigado com uma coisa.

Os dois estão muito amiguinhos.

Isso não quer dizer nada, o Iago esta de rolo com um cara da empresa e o Raul, bom o mais perto de uma experiência homossexual que ele teve foi a punhetinha que eu toquei pra ele quando tínhamos treze anos rs, mesmo assim eu estranhei.

O William chegou e se juntou a nós o Igor e o Marley brincando na área, eu entrei na piscina e logo os meninos estavam juntos.

O William me observava da beira da piscina e sorria.

O que foi amor? Perguntei.

Nada não baixinho é que te olhando assim eu tento me imaginar sem você.

Humm e? Perguntei novamente.

E não existo, sem você eu não existo meu baixinho.

Nisso o Igor corre e pede o colo dele.

Sem ele eu também não existo, vendo o William e o Igor alí sentados eu me sinto completo.

Passamos a tarde brincando, conversando e bebendo.

Continua..