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Foi com um murmúrio de lamento que Nicole ouviu o conjunto parar de tocar para descansar. Foi quase doloroso sair daquele mundo só deles.
Depois de pagar a conta, Eduardo a conduziu para o carro e a levou para casa. Ao parar o carro, ela voltou o olhar para ele e disse:
-Não precisa se inc... - o olhar que recebeu dele a fez interromper de imediato.
Dentro de casa, quando se olharam, o desejo entre eles ficou ainda mais latente. E a sensualidade que pairava no ar era quase enlouquecedora.
-Tudo que você precisa fazer é me dizer para ficar - murmurou Eduardo, enquanto a fitava com intensidade.
Seria tão fácil. Bastaria um sim e deixá-lo assumir o controle da situação. Por um momento, ponderou em aceitar a proposta. Negá-lo seria como negar a si mesma o desejo que sentia. Entretanto, havia muito ainda a dizer e, naquele momento, seria difícil conversar com clareza.
-Eu sei. - disse Nicole com uma voz triste.
Eduardo levantou a mão e acariciou seu rosto, até chegar a seus lábios.
-Vá para a cama, Nic. Amanhã será outro dia.
Soltando-a, se virou e saiu pela porta. Nicole ficou parada na sala enquanto ouvia o motor do carro se distanciando.
Naquele momento sentiu-se totalmente sozinha. Tinha certeza que ele a seduziria até ceder. Vendo que ele não fez o esperado ficou decepcionada. O que era totalmente incoerente. Se ele insistisse, ficaria brava e com certeza brigaria com ele. E mesmo assim, em vez de sentir-se aliviada com a partida dele, tinha a sensação de que foi abandonada. O que era ridículo.
Depois de um tempo trancou a porta e foi para o quarto tentando assim esquecer de tudo.
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No dia seguinte Nicole estava completamente atarefada. Eduardo estava em reunião desde cedo o que evitou o encontro entre eles, naquele momento ela se sentiu aliviada e ao mesmo tempo ansiosa com o reencontro.
Estava no final do expediente e terminando de arquivar as últimas pastas que tinha em mãos, quando ouviu então uma batida na porta, achando que fosse a moça da limpeza, não olhou para cima quando disse:
-Pode entrar, já estou terminando e...
Ela levantou a cabeça e se calou ao ver que era Eduardo que estava a porta. Nenhum dos dois disse nada. Esse silêncio estava ficando constante a cada encontro que os dois tinham.
Nicole deu um suspiro fundo e trêmulo.
-Eduardo, o que você está fazendo aqui? Pensei que não viria hoje ao escritório. A reunião...
Ele entrou na sala e fechou a porta.
-Acabou mais cedo. Precisamos conversar. - falou Eduardo enquanto atravessava a sala até chegar a sua mesa.
Nicole balançou a cabeça.
-Não acho que é o momento certo.
-E quando será? Não sente a tensão no ar todas as vezes que estamos juntos? Eu não sei mais o que fazer...
-É só desejo é fác...
-Acha que se fosse só desejo mesmo me esforçaria tanto?
-Então, não se esforce.
Eduardo fechou os olhos, não querendo acreditar no que escutara. Ele encostou-se na mesa, sentindo-se, de repente, exausto.
-Então, o que devemos fazer? Esquecer tudo e seguir em frente? É isso que deseja mesmo?
Nicole balançou a cabeça.
-Não sei.
Ele estendeu-lhe a mão.
-Venha aqui, Nicole - disse, com uma voz que demonstrava uma vã tentativa em manter o controle, mas que lentamente o perdia.
Ela largou as pastas na mesa de canto e cruzou a sala, para ficar frente a frente com ele. As mãos dele automaticamente deslizaram para a cintura dela.
-Quero abraçar você um pouco - disse ele, puxando-a.
Nicole, automaticamente, apoiou a cabeça sobre o peito dele.
Eduardo sabia que ainda havia questões não resolvidas entre eles, mas ela estava em seus braços, nada importava além de ficarem juntos desse jeito.
-Eduardo? - sussurrou Nicole logo depois.
-Hum?
-Vamos ficar aqui assim a noite toda?
Os lábios dele abriram-se em um sorriso. Só Nicole faria uma pergunta desse tipo em uma hora dessas. Em vez de respondê-la, ele curvou-se e a beijou.
Ela gemeu e o som intensificou o desejo profundo que havia dentro dele.
-Desejei você desde o primeiro dia que nos vimos - sussurrou ele, dando uma mordida em sua orelha. Ele sentiu na hora Nicole se arrepiar toda e sorriu com o fato de ter sido ele quem provocara aquela reação.
-Desejou?
-Sim, e me perturbou um pouco porque nunca desejei tanto uma mulher e não queria sentir tudo aquilo que sentia por você.
Desde o primeiro beijo que deram, Eduardo lutava contra o desejo louco que sentia por ela. E depois do reencontro ela estava constantemente em seus pensamentos. Fantasiar a respeito de Nicole tornara-se seu passatempo predileto.
-Abra os olhos e olhe para mim, Nicole. Eu errei, eu sei disso. E não há palavras que eu diga que me fará me sentir melhor. Entretanto te peço perdão e uma chance. Não veja o passado - sussurrou ele. - Pense no hoje, na paixão que temos agora. Pense em mim... no homem que a quer e que lutará por você.
Nicole na hora engoliu em seco. Não esperava que ele disse tudo isso.
-Diga sim, Nic.
Nicole mordeu o lábio. Ela sabia que se dissesse sim, agora, seria um caminho sem volta.
-Diga.
Eduardo abaixou mais ainda a cabeça até os olhos de ambos se encontrarem. Ele ficou parado, esperando até que ela reconhecesse que o que estavam compartilhando era algo além de desejo físico entre homem e mulher. Em uma voz ainda mais grave, ele sussurrou:
-Diga sim.
Nicole apertou a mão em seus braços, afundando as unhas, incapaz de resistir por mais tempo.
-Diga você primeiro - opôs ela.
Ele olhou-a fixamente, sorriu e passou os dedos no rosto dela.
-Sim, quero você, estou apaixonado por você - disse ele com intensidade.
-Eu também estou apaixonada e quero você.
Ele afundou o rosto na curva do pescoço dela, mantendo-a próximo de si. Só depois de um tempo deleitou-se na boca de Nicole.
-Não quero deixar você esta noite - murmurou Eduardo suavemente no ouvido de Nicole.
Ela abriu os olhos e viu aqueles olhos azuis que tanto a encantavam.
-Então não deixe.
-Isto é um convite? - perguntou ele, enquanto saboreava com a língua em volta dos lábios dela.
Os sentidos de Nicole imediatamente reagiram.
- Sim. É um convite...