Histórias da minha vida - Parte 111

Eu pedi ao Ricardo que chamasse uma amiga da minha mãe que era advogada, não consegui engolir as coisas que a mãe do Iago me disse.

Daniela é seu nome, ela me informou que não teríamos como ajudar o Iago já que ele era maior de idade e consentiu com os desejos do pai e do irmão, por mais que tenha sido a base de violência ela me disse que teríamos poucos recursos para ajudá-lo, e somente se ele concordasse com a ajuda.

Mas como ajudar um cara que não quer ser ajudado?

Ricardo foi até a Marina e tentou descobrir alguma coisa com ela, mas foi em vão ela sabia de tudo e preferiu ficar calada.

A mãe do Iago pediu que eu parasse de tentar encontrá-lo, pois seria pior para o filho e não adiantaria de nada, mesmo todo debilitado eu tentei e não consegui fazer nada por ele.

Fiquei morrendo de pena, mas por mais que a gente ame a nossa família, esse amor tem que ser recíproco, amo minha mãe e sei que jamais ela faria algo ruim, por qualquer que fosse o motivo, e por isso ela sempre fomos aberto um com o outro.

“Lembro-me como se fosse ontem quando criei coragem e disse a ela que estava apaixonado por outro cara, ela me olhou rindo e respondeu: eu sempre soube meu filho e isso te faz ainda mais especial para mim, só não aceito que você fique de cama justamente por isso, você tem apenas dezessete anos e terá várias alegrias e decepções na vida, e todas te ensinarão a ser mais forte e mais capaz.

O nosso primeiro amor a gente nunca esquece, mas desde os meus dezessete anos que nunca mais o vi, ele me mostrou outras formas de sentir o amor, e depois sumiu da minha vida sem se despedir, naquela época eu me fechei para tudo, parei de comer, parei de falar e quando me vi já estava desidratado e com depressão internado numa clinica.

Foi barra, mas estou aqui né e isso o que mais importa.”

Como eu não conseguia sair para procurar o Iago pedi que o Ricardo fizesse aquilo por mim, o pessoal também tentou de todas as formas possíveis encontrá-lo, mas tudo em vão.

Decidi parar de tentar.

Pedi também que minha mãe avisasse a todos os meus amigos que eu preferia que eles não me vissem daquela forma todo costurado, magro e feio ( feio era normal rs), o único que ia me visitar era o Raul.

No sábado meu filhão veio me ver, me lembro que a Estela entrou no quarto como se estivesse procurando algo que fazia tempo que não via.

Ela parou na porta e ficou me olhando, vi as lágrimas escorrerem por seu rosto, acho que depois que ela perdeu o irmão, acabou me adotando como tal.

Seu desgraçado por que não me contou que estava doente?

Eu abri meus braços e ela veio ao meu encontro com o nosso filho nos braços, ele olhava para o rosto dela e dizia: num choá mamãe.

Aquilo fez eu me derreter todo e quem não segurou as lagrimas foi eu, chorei abraçando aqueles dois amores da minha vida.

Promete que não vai mais me assustar assim Fabiano?

Sabe o que é você ver um irmão deitado numa cama?

Eu vi duas vezes e não quero nunca mais ter essa visão.

A gente tem um filho para criar e eu não vou fazer isso sozinha, por tanto de um jeito de se recuperar logo esta me ouvindo?

Estela eu achei que fossem apenas umas cólicas de rins, não imaginei a dimensão do problema, mas pode ficar tranqüila que eu não vou deixar esse carinha aqui sem um pai viu e você não vai ficar longe de mim ainda minha linda.

Dei um beijo no meu filho, meu corte ainda doía bastante, e ela me deu um selinho como de costume.

Eu ainda comia sopa e o Igor se lambuzava junto rs.

Eu andava feito uma mulher que tinha acabado de fazer cesárea rs, todo torto e devagar, não podia rir, que parecia que a minha barriga ia abrir rs.

Reclamamos de tantas coisas corriqueiras do dia a dia, que a minha maior vontade era poder correr no quintal de casa e comer um delicioso churrasco com o pessoal.

Nossa eu até sonhava com os churrascos que fazíamos com a galera, mas em trinta ou quarenta e cinco dias eu já ia poder fazer essas coisas.

Ela me contou das coisas que fez e inventou para disfarçar as perguntas que o Igor fazia para ela, afinal ele ficou por dois meses sem me ver, e criança pergunta mesmo rs.

Olha aqui filho o papai esta aqui, você não queria o papai?

Ele já dizia papai certinho e o Ricardo o ensinou a fazer o sinal de jóia com o dedinho, às vezes ele errava e fazia com o indicador rs, minha sorte também foi que o Ricardo não deixou a peteca cair, enquanto o Igor ficava em casa o Rick fez o possível e o impossível para prender a atenção do meu garoto.

O Igor rindo tentando subir no meu colo enquanto eu conversava com a Estela, ele não parava mais quieto, até o Marley entrar no quarto, pronto estava feita a bagunça, aqueles dois destruíam a casa toda rs.

Minha mãe entrou no quarto para me entregar alguns comprimidos para tomar, tinham que ser nos horários corretos, horríveis.

Nisso a Estela saiu atrás dos dois fanfarrões.

Então meu filho qual a resposta que você vai dar ao William?

Hoje ele vem aqui para te ver, e vai querer saber.

Não sei mãe, eu quero ficar com ele, mas tem as coisas que aconteceram com o Iago, e eu estou desse jeito, não quero que ele fique comigo por pena.

Fabiano você sabe tão bem quanto eu o quanto esse rapaz te quer né?

Mãe na hora certa as coisas acontecem isso a senhora mesma me ensinou lembra?

Aí filho só não vá estragar tudo dessa vez.

Mãe para de ficar me pressionando rs.

Eu tentava esconder, mas era nítido no meu rosto o quanto eu ainda amava aquele cara, agora não era mais um garoto, já era um homem formado e ainda corria atrás de mim, mesmo depois de todos os foras que eu dei nele.

Aquela tarde ele não apareceu, e a noite também nem sinal dele, acabei ficando triste com o bolo.

Mais tarde já dormindo eu ouço a porta do meu quarto abrir, é minha mãe só pode.

Um tempinho esperando para ver o que ela ia fazer, eu sinto um peso na cama e alguém se deita ao meu lado e me abraça.

Assustei e me virei para ver:

Ta acordado ainda baixinho?

O que você está fazendo aqui uma hora dessas William?

Já é madrugada.

Não agüentei e vim aqui dormir com você, era assim que eu fazia no hospital, esperava as enfermeiras irem e me deitava ao seu lado todas as noites e na manhã antes que elas entrassem eu me sentava na poltrona rs.

Eu ri e encostei-me ao peito dele.

William sabe que por todo esse tempo, eu tentei ficar com raiva de todas as coisas que você me fez, mas não achei argumento algum mesmo tendo vários.

Obrigado por ficar comigo todo esse tempo.

Humm, e o que mais?

Magrelo para de graça que eu ainda estou doente heim rs.

Binho eu amo seu jeitinho marrento, bravo e nervosinho, é isso que me prende a você e eu nunca tive tanta certeza de uma coisa como eu tenho hoje.

Vem aqui e me deixa te esquentar e sentir o seu corpo, esse corpo que por muito tempo eu pensei que não fosse mais poder tocar.

William eu te amo, nunca deixei que esse sentimento morresse você foi à pessoa que mais me ensinou nessa vida, com todas as idas e vindas, ainda te amo e quero sim passar o tempo todo ao seu lado.

Ele me deu um beijo e me apertou nos braços, dormimos juntos aquela noite.

Dormi sentindo o cheirinho dele, ele não tinha mudado e para mim continuava aquele mesmo moleque irritante que dormia de conchinha comigo todas as noites.

Continua...