O Certinho e o Desleixado (Capítulo 31)
Meu pai olhou fixamente pros olhos do Duda mas voltou a comer tranquilamente, como se nada tivesse acontecido. A Marta observou tudo calada, mas uma lagrima caiu em seu rosto. O silêncio ali naquele local era matante.
- Vocês não vão falar nada? - perguntei.
- Eu já sabia. - meu pai respondeu.
- Como? Pensei que eu era discreto - falei, abaixando a cabeça.
- Você se chama de discreto? Ser discreto é uma coisa, afeminado é outra. Afeminado realmente você nao é, mas discreto? Faca mil favores, ne filho! A primeira vez que eu soube foi quando você fez a promessa pro Eduardo se recuperar. Nem a mãe dele fez promessa, por que você fez? Depois a viagem repentina pros Estados Unidos. No dia da sua viagem o Duda estava sem chão, me entregou seu presente chorando. Quando você voltou, no natal, o jeito que vocês se abraçaram foi intenso. Depois disso nao me restavam mais dúvidas! - meu pai falou, rindo da minha cara, ao contrário da Marta, que tinha uma expressão indecifrável no rosto.
- Quando você iria me falar isso, Eduardo? - ela perguntou friamente.
- Eu contaria antes mesmo do natal, mas o Enzo nao sabia o que realmente sentia por mim, mas agora eu tenho certeza. Otavio, mãe, eu o amo! Eu nao queria ser gay, ninguém quer ser. Sofrer preconceito, ser mal tratado... Eu nao escolhi! Mas se eu tiver do lado dele, eu estou pronto pra enfrentar qualquer coisa! - O Duda respondeu.
- Filho, meu sonho era ver seus filhos e os do Enzo correndo pela sala, eu conversando com as mulheres de vocês, mas infelizmente isso não vai acontecer, não é? Pois bem, nao tenho mais nada a dizer. Eu não aprovo a escolha de vocês, mas aceito, até porque se eu nao deixar vocês vão fazer escondido e vai ser pior. Daqui algum tempo vocês já serão maiores de idade e não poderei ter você debaixo da minha saia a vida toda, então faça o que for melhor pra você! Mas me prometa uma coisa... - ela pediu.
- O que, mãe? - ele perguntou emocionado.
- Que você me dará um neto, sendo com o Enzo ou com qualquer outra pessoa! - ela disse, abraçando-o, emocionados.
- Eu prometo, mãe! - ele disse.
Meu pai, troglodita como ele só, continuava jantando calmamente.
- E você filho, não vai dizer nada? - meu pai perguntou, se referindo ao meu irmão.
- Não, o que eu tinha pra dizer eu já disse pra ele ano passado! - meu irmão falou, fazendo todos ficarem impressionados.
Fui em direção ao Duda e o abracei. Queria beija-lo mas seria um tanto oportuno.
- Tem algumas regras que eu quero dar! - meu pai disse. - A primeira é nada de agarramento na minha presença! Respeito o espaço de vocês e eu espero que vocês respeitem o meu! A segunda regra é que.... Nao tem segunda regra, vão ser felizes!
Demos um abraço coletivo em família e finalmente abracei a Marta como minha sogra.
- Também temos uma declaração a fazer - Disse a namorada do meu irmão. - Eu estou gravida! - ela disse, fazendo todos vibrarmos de alegria.
Algum tempo depois a Mariana e o Joca aparecem em casa e ficamos nos quatro conversando na sacada de casa, olhando a movimentação na rua e conversando sobre coisas aleatórias... Faculdade, novatos, escola, filmes, séries e tudo mais...
Continua.
Novamente me desculpem pela demora, viajei pra SP como disse, meu segundo sobrinho nasceu, é lindo <3. Só voltei agora pra casa, fiquei atoladíssimo de trabalhos pra fazer, mas como dizem, há males que vem pro bem, então nessa viagem ganhei um tablet BEM melhor que o que eu tinha anteriormente e agora acho que vou postar mais vezes na semana. Infelizmente esse conto já está acabando e eu já vou começar a rascunhar alguma coisa pra não deixar vocês na mão. Já tenho ideia do que será e será outro conto teen (contos teen são minha paixão, desculpa sociedade) onde eu vou relatar a vida de 8 adolescentes totalmente diferentes, mas com uma coisa em comum: a vontade de viver a vida. Enfim, vamos aos comentários.
Revenger, Amém!
Ribeiro1996, Como o conto já tá terminando, eu vou te contar. O conto é real, mas eu acrescento algumas coisas pra não ficar chato. Eu namorei (e namoro) com o Duda, me relacionei com o Joca, fui morar nos EUA... tudo isso é real. O que eu acrescento são frases e pensamentos que não aconteceram mesmo, entende? Mas a essência do conto é toda verdadeira.
Nicole Almeida Aí está! rs