Do ABC para o AMOR! – PARTE 2

Um conto erótico de Guhhh!
Categoria: Homossexual
Contém 1559 palavras
Data: 04/01/2014 22:02:00
Última revisão: 04/01/2014 22:05:09

Do ABC para o AMOR! – PARTE 2

Eu fiquei paralisado na porta até o olhar dele vir de encontro ao meu. A minha vergonha foi tanta que tive vontade de sair correndo. Mas a Clarice confiou em mim, respirei fundo, girei a maçaneta, abri a porta e adentrei a sala. Procurei as palavras certas para me dirigir a ele.

- Olá, me chamo Fernando e sou voluntario aqui na ONG, a Clarice me mandou vir falar com você. Qual o seu nome?

- Marcelo. – Respondeu seco. – Mas você é apenas um garoto, como vai me atender?

- Se isso é um problema posso chamar algum instrutor mais experiente. – Falei.

- Não. – Disse. – Desculpa a grosseria é que eu não... – Ele parou de falar e olhou fixamente para o chão.

Nisso a Leticia passou pela frente da sala e ficou nos observando querendo entender o que estava acontecendo. Mandei ela procurar o que fazer e voltei a atenção ao garoto.

- Qual sua idade Marcelo? – PergunteiEle disse 16, o que me deixou surpreso por não aparentar ser tão novo assim, mas devido a sua pele mal cuidada e inúmeras manchas provavelmente ocasionadas pelo sol, justificava a aparência.

- Então Marcelo, você nos procurou com certeza pra um objetivo. Qual especificamente? – Perguntei.

- Eu preciso aprender ler e escrever.

- E você esta no lugar certo pra isso. Vai ser um prazer tê-lo em nossas oficinas. Mas como você é de menor precisamos da autorização dos seus pais para ensina-lo.

Eu disse e ele ficou quieto, estático, sequer piscava. Eu fiquei pensando o que eu disse de errado. Ele não se mexia, não fazia nada. Não esboçava reação alguma.

- Marcelo? Ta tudo bem? – Perguntei.

- Não. É... Sim. – Ele estava meio atrapalhado.

- Quer dizer alguma coisa?

Ele me encarou, não gostei da forma com que me olhou. Se levantou da cadeira e disse:

- Eu não devia ter vindo. Tchau. – Falou saindo da sala.

Eu levantei e fui atrás dele.

- Ei! Espera Marcelo! – Falei me aproximando.

- Não. Me deixa. – Ele disse e saiu porta a fora.

A Leticia viu e veio a meu encontro.

- O que aconteceu? – Perguntou. – Você deu em cima dele e ele não gostou?

- Aff Leticia. Você acha que eu sou o que? Uma puta pra dar em cima de qualquer homem que eu ver pela frente? Da um tempo. – A deixei falando sozinha e fui pra cozinha que ficava nos fundos da ONG. Mas não adiantou, ela veio atrás.

- Desculpa Fe, é que você está tão serio hoje, tenta descontrair.

- Meus dois amigos hoje tiraram o dia pra me zuar e ainda por cima eu tenho que aguentar um garoto maluco que não sabe o que quer.

- O que rolou em?

- O garoto disse que queria aprender a ler e ... – Contei toda a historia pra Leticia.

- Credo que garoto maluco. – Falou ela.

- Pode crer. – Respondi.

E assim se passaram duas semanas, entre revisões e provas o primeiro semestre havia acabado. Passei tranquilamente e de recompensa uma boa e merecida férias. A ONG também entraria num período sem aulas para descanso merecido aos voluntários. No sábado, primeiro dia de férias eu sonhando que iria acordar tarde mas fui acordado por batidas na porta do meu quarto.

- Fernando levanta.

- Que é mãe?

- Preciso que me ajude com as compras agora cedo. Eu vou ter que viajar pro Rio depois do almoço, você sabe disso e seu pai vai ficar de plantão no hospital hoje.

* Minha mãe Jussara é uma nutricionista que leva a serio seu trabalho. Sabe conciliar muito bem o trabalho e os afazeres domésticos, eu nunca contei a ela sobre minha sexualidade, porem inúmeras vezes ela me deu indiretas para contar a ela, ou seja, no fundo ela sabia, geralmente as mães sentem isso. E ela nunca falou nada, sempre com aquele papo: “Filho sabe que sempre irei te apoiar nas suas decisões” e bla bla bla. Já meu pai Antônio, totalmente o oposto de minha mãe, mal da conta de seu trabalho. Ele é cardiologista em um hospital, e nunca me deu muita atenção, ate também porque nunca demonstrei ser o filho do sonho dos sonhos dele. Bola eu não suportava desde criança, carrinhos não me encantavam. Eu era esquisito. *

- Ta bem mãe to levantando.

Levantei e fiz minha higiene, tomei um café e me vesti. E fui com minha mãe ao supermercado, ela iria para o Rio de Janeiro participar de um Congresso no fim de semana, e meu pai ficaria de plantão até amanhã. Sozinho em casa, não sei se seria bom ou ruim. Ajudei minha mãe nas compras e voltamos para casa. Ajudei a guardar tudo no lugar certo e preparei o almoço. Minha mãe comeu e se despediu de mim, passando sempre aquelas mesmas recomendações:

- Cuidado, tranque bem as portas e as janelas, nada de aprontar senhor Fernando.

- Ah claro mamãe. Vou fazer a zona aqui em casa. Vou chamar até os ratos do porão pra participar da Party.

Ela saiu e eu fiquei sozinho. Lavei a louça do almoço e decidi dormir o resto que minha mãe não permitiu. Consegui dormir um pouco, mas fui acordado com a musica Diamonds da Rihanna tocando, significado: Leticia ligando.

- O que você quer?

- Que voz de sono é essa Fe? Tava dormindo?

- Não Leticia, eu estava treinando pra morrer.

- Credo, que mal humor viu. – Ela disse. – Está em casa?

- Também não, to no Polo Norte, acredita que passou um Furacão aqui e trouxe minha casa pra cá?

- A companhia dos ursos polares deve ser maravilhosa.

- Sim, eles são fofinhos.

- Ok, para de graça, vem aqui em casa já.

- Ah não Leticia, você não vai me tirar do aconchego da minha cama, vem você aqui.

- Venha logo Fernando. Tchau – Disse desligando na minha cara.

- Ow educação. – Falei.

O pouco que dormi foi o suficiente para suar com o calor que estava fazendo, tomei um banho, troquei de roupa e fui para a casa da Leticia. Nossa casa é separada por uma praça, a minha fica de um lado e a da Leticia do outro lado. Eu avistei aquele mesmo garoto da ONG sentado em um banco. Eu não sei se deveria falar com ele, mas nem precisei pensar muito, já que o mesmo ao me avistar se aproximou.

- Fernando, não é?

- Sim. – Respondi.

- Desculpa aquele dia lá cara. – Falou meio envergonhado.

- Que isso. – Disse.

- Eu quero muito aprender a ler e escrever. – Respondeu. – Mas tenho vergonha, lá só tem gente velha aprendendo.

- Qual o seu nome mesmo? – Perguntei, mesmo sabendo que a resposta é Marcelo. Como iria esquecer o nome dele

- Mauricio. – Disse ele.

- Mauricio? – Perguntei assustado. – Não era Marcelo?

- Então por que perguntou meu nome se já sabia? – Disse ele fazendo graça.

- Por educação. – Respondi. – Olha. Te entendo. Se quiser posso te ajudar em outro lugar que se sinta mais a vontade.

- Fora daquele lugar? – Ele falou.

- Aonde você quer? Sua casa?

- Não. Minha casa não. – Falou um pouco nervoso.

- Tudo bem. Onde então?

- Não sei, tem que ser um lugar sozinho, não vou conseguir aprender com tanta gente por perto.

- Se incomoda se for na minha casa? – Perguntei. Não sei o que me deu, desde pequeno ouvi meu pai e minha mãe, “Nunca converse com estranhos, muito menos os convide para ir em casa”.

- Seus pais deixam?

- Eles nem estão em casa. – Disse.

- Podemos começar agora?

Eu pensei um pouco se estava agindo certo, e se ele estivesse agindo de má fé? Nem o conhecia suficiente para levá-lo para minha casa. Mas ele ficou me encarando de um jeito fofo, com seus olhos brilhando pra mim, não teve como recusar.

- Vamos. – Falei. – É aqui perto.

Levei ele pra minha casa. Subimos para meu quarto, puxei uma cadeira para ele e eu sentei numa banqueta ao lado.

- Até que serie você estudou? – Perguntei.

- Nenhuma. Nunca fui na escola. – Falou cabisbaixo.

- Hum. – Eu não sabia o que dizer. Mas fui surpreendido quando ele começou a contar um pouco da historia dele.

- Meu pai morreu no presidio. Teve uma confusão entre os presos, queimaram os colchão. Ele morreu queimado. Nunca o conheci. – Falou.- Minha mãe, vi ela pela ultima vez quando eu tinha 8 ano. Ela era moradora de rua e catadora de lixo. Até meus 8 ano morei em abrigo de papelão e lona em um terreno vazio. Depois disso minha mae me entregou pra meu tio, pra me da estudo. Hahaha – Ele riu sarcasticamente. – E que estudo ele me deu! – Os olhos dele estavam marejados.

- Falar nisso não te faz bem não é?

- Claro que não. Mas fazer o que, não tive a sorte que você teve.

Eu não consegui falar nada. Ele também ficou mudo. Eu fiquei reparando nele, apesar de tudo, ele conseguia ser muito bonito. Depois de uns instantes ele falou.

- Então vai me ajuda? Fernando!

- Vou. – Disse – Só vou pegar um livro ali no armário. – Levantei e fui buscar o livro, voltei e ele se levantou da cadeira, e ficou me encarando. – Alguma coisa Marcelo?

- Sim. – Disse se aproximando. – Isso. – Falou aproximando seus lábios dos meus e me beijando...

CONTINUA

Muito obrigado a todos pelos comentarios, é bom reencontra-los.

Dhcs: Obrigado, espero que goste desse conto.

MaiquinhoHell: Valeu cara :)

Edu19>Edu15: fico feliz por ter lido, espero que tambem goste desse conto.

hyan: valeu

Kelvin! : vai ser uma historia um pouco diferente mesmo, mas sera curta mesmo. Mas espero que goste valeu :)

Lucas M.: obrigado :)

Voncrimson: valeu


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Comentários

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Liindo guh!! to amando seu conto anjo!

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Muito bom Guh, que triste foi a vida do Marcelo e deve ter sido muito pior ainda :( to adorando guh continua

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Ahhhh gosto demais dos seus contos e esse de cara já me interessou!

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Amo seus contos, mas não curto os finais infelizes que você sempre opta. Se a vida real já é sofrida, não custa nada ser feliz nas estórias, né? Abraço, Gu! Já estou amando esse seu novo conto.

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Muito bom de novo! Cara deve ser que Marcelo deve ter sofrido muito né?! Espero que ele ganhe na mega sena e vocês estejam namorando e tal kkkkkk BRinks

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