Foi difícil, mas deu certo 39
- Lucas, olha bem pra mim. Você acha que eu ia te trair?
Eu não respondi nada. 90% de mim tinha certeza de que ele não faria nada, mas ainda havia medo.
- Então, já que você não responde, eu digo. Não rolou nada com o Daniel. Acabei de dizer que amo muito de você.
- Eu também te amo Léo, mas...
- Mas nada. Vamos parar de DR e aproveitar nossa viagem? A única coisa que a gente fez até agora foi brigar.
- Mas brigar em Búzios tem um gostinho especial.
Rimos juntos e nos beijamos. Eu estava aliviado.
Saímos do hotel pra dar uma volta. Fomos de mãos dadas mesmo e por incrível que pareça não atraímos tantos olhares como acontece em BH. Nos sentimos até em outro mundo, um muito melhor.
Fomos pra praia e ficamos lá por um tempo conversando, pensando na vida. Falamos sobre bastante coisa. Depois de anos de relacionamento, ainda tinham algumas coisas pra gente descobrir um do outro. O Léo já tava ansioso pra sua formatura que ainda ia demorar um ano. Se eu tivesse continuado meu curso, me formaria também, mas como parei e mudei pra psicologia, demoraria mais tempo. Pelo menos eu estava feliz com tudo.
E o Léo todo animado:
- Aí eu vou querer o álbum de fotos grandão, com umas 1000 fotos.
- Pra quê isso tudo amor?
- Uai, pra eu ver depois e lembrar da turma.
- Tô pensando na emoção do seu pai dançando valsa contigo.
- Verdade, ele vai chorar. Mas pense quando você for dançar comigo.
- Como assim?
- Você vai dançar comigo também. Primeiro meu pai, depois você.
- Sério Léo? Vou morrer de vergonha.
- De mim.
- Não né. De dançar e tal. Todo mundo olhando, fotos...
- Você que sabe, mas eu queria muito. Só não vou brigar por isso porque estamos em Búzios.
- Menos mau.
Nos abraçamos na areia e como tinha pouca gente na praia, isso não foi problema. Os assuntos iam surgindo e a gente foi conversando. Até que parou uma mulher do nosso lado enquanto a gente tava abraçado.
- Moço, desculpa atrapalhar, mas posso falar com vocês?
Ela me cutucou e começou a falar. Devia ter uns 45 anos, um corpo bonito e eu já tinha visto ela, que estava há uns metros de distância com uma turma.
- Pode falar.
Eu sou meio pessimista com essas coisas. Já imaginava que ela ia nos criticar por estarmos tão colados.
- Eu queria parabenizar vocês. É preciso ter coragem pra se mostrarem assim.
O Léo já abriu um sorriso maior que o mundo e rendeu assunto.
- Ah, obrigado. A gente se ama muito.
- Dá pra perceber. Vocês são de onde?
O Léo foi passando nossa ficha pra moça e ela também foi contando a vida dela, até que chegou numa parte interessante.
- Meu filho também é gay. Meninos, vamos ali conhecer minha família?
Não tinha como recusar, apesar da preguiça que a gente tava de levantar. Fomos até eles, que nos cumprimentaram muito bem.
- Esse aqui é o Eric, meu filho.
Era um garoto. Tinha 18 anos, muito bonito. Bem branco, cabelo espetado com luzes discretas, não era fortão, mas era sarado e tava com uma sunga branca que deixava ele com um bundão (rsrsrs).
- Prazer, Lucas.
- Prazer, Léo.
Ficamos conversando com eles por um tempo e o engraçado é que não ficamos falando sobre gays e afins. O assunto fluía fácil e isso era muito bacana. Contamos em qual hotel estávamos e a mulher (Vânia) contou que morava perto. Fiquei pensando que a casa dela era uma mansão, já que esse era o tipo de casa daquela região. Trocamos telefone e voltamos pro hotel. Foi só a gente virar as costas que o Léo comentou:
- Família legal né?!
- É sim. Acho que gostaram da gente.
- De você, com certeza.
- Como assim?
- Você não percebeu as olhadas que aquele menino te dava?
- Que menino? O Eric?
- Não finge de bobo, Lucas. Só tinha ele de menino lá.
- Não reparei, juro.
- Sei.
Chegamos no hotel e o Léo foi tomar banho. Eu até iria junto, mas ele nem convidou e meu cel tocou na mesma hora. Era uma mensagem.
Quando abri, levei certo susto:
“Tô precisando de alguém assim... Vou pensar bastante em você agora. Adorei te conhecer. Beijo, Eric”
Eita, o Léo tinha razão.
E o menino é gato... Será que ia ficar me enchendo?
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Gente, peço 1001 perdões por sumir. Foi mais forte do que eu, algo que eu não tive controle. Problemas familiares (nada a ver com o Léo, felizmente). Aproveitei o feriado pra postar. Apesar de tudo, gosto muito de estar por aqui e fico muito feliz com os comentários. Espero conseguir conciliar sempre, ainda que demore. E espero que continuem por aqui, mesmo com minha demora. Valeu mesmo e volto rápido dessa vez. Abração a todos!