Entre eu e ela - Capítulo 11

Virei e olhei para a porta, nossos olhares se cruzaram, ela me fuzilou, era Rafaela. Que assombração essa menina! Ela se aproximou de nós.

Rafaela: Posso conversar com você por um instante? – olhou para a Júlia.

Júlia: outra hora conversamos, tô ocupada agora Rafaela.

Rafaela: é rápido, prometo!

Puxei a Júlia e disse em seu ouvido.

Eu: fala logo com essa piriguete, mas eu vou tá olhando daqui. Dispensa logo ela.

Ela me olhou.

Júlia: tá bem, mas é rápido, viu?

Rafaela: ok, vamos.

Fiquei reparando elas de dentro da padaria, qualquer coisa eu ia lá e sambava na cara daquele projeto de mulher. Elas demoraram uns 5 minutos...

Eu: e aí, deu jeito nela?

Júlia: mais ou menos.

Eu: como assim “mais ou menos”?

Júlia: ela disse que gosta de mim e que quer ficar comigo, mas vai respeitar minha decisão de ficar com você. Não queria que ela ficasse mal, ela é gente fina.

Eu: poxa, que pena né? – ironizei.

Nesse momento a Rafaela entrou na padaria e foi pegar pão com o Seu João. Ela me olhou e riu, como quem diz “você não perde por esperar!”. Aquilo me emputeceu.

Júlia: sei que você não vai com a cara dela, mas...

Eu: olha Júlia, tá com pena leva pra tua casa. – interrompi.

Júlia: não fala besteira amor, só não gosto de ver alguém sofrer por mim.

Eu: eu tô bem, quem tem pena é galinha. – cruzei as pernas e ri.

Júlia: você é uma piada, sabia?

Eu: sim, sou mesmo tudo de bom né? – ri.

Ficamos nesse papinho descontraído, nem vi lambisgóia da Rafaela sair. QUE VÁ PARA O RAIO QUE A PARTA! Saímos, nos despedimos e fomos pra casa.

Mãe: demorou hein guria?

Eu: desculpa mãe, fui na padaria ainda.

Mãe: tá bom, tem três visitinhas pra você lá em cima.

Subi correndo, já sabia quem eram as peças.

Yara: some maaaais dona Sofia! – gritou.

Dani: porra, só soube que tu não tava morta porque tua mãe não tava chorando. – rimos.

Bia: vocês são duas exageradas velhas! – riu.

Eu: ai gente, já tava com saudade de vocês! – abracei-as.

Nesse momento eu lembrei da Júlia... meu Deus, Yara e Dani ainda não sabem, preciso contar! Porra, antes eu mandar publicar no jornal né!? É tanta gente pra contar essa novidade.

Eu: meninas, tenho uma coisa pra contar pra vocês.

Bia: o quê? – disse sínica que só ela.

Dani: OMG, o que houve?

Yara apenas me olhava.

Eu: eu acho que estou apaixonada!

Dani: PUTA QUE PARIU AMIGA, QUE ROUBADA! – gritou!

Foi impossível conter os risos, só a Dani mesmo...

Yara: ai amiga, puta merda, quem é esse bacuri?

Eu: é uma guria! – enfiei a cara no travesseiro.

Dani: pilantra! Tu tá rapando até mulher agora?

Yara: conta essa porra direito Sofia!

Eu: ai gente, é simples... sabe a Júlia?

Yara e Dani: cacete!

Eu: pois é, é ela! Foi paixão a primeira vista, nós estamos namorando. Foi ontem que rolou tudo, depois da boate...

Dani: por isso que tu sumiu vadia! – rimos.

Eu: foi amiga! Que bom que vocês estão levando numa boa, pensei que iam se revoltar. – fiz cara de besta.

Dani: nunca né amiga!? Com você rapando as gatas, sobram os gatos pra gente. – riu.

Eu: ai, vocês não existem! Amo vocês suas pôias! – abraço coletivo.

Estava tudo tão bem... minha mãe e meu irmão me aceitam, minhas amigas também... nada mais importava! As meninas e eu ficamos batendo papo a noite inteira, elas acabaram dormindo comigo e de manhã foi uma correria para irmos pro colégio. Ainda bem que elas moram perto da minha casa. Fomos para o colégio sorridentes, estávamos só felicidade. Mandei mensagem pra minha loirinha e ela disse que já estava no colégio. Rimos horrores pelo caminho. Quando cheguei, vi a Júlia na cantina e do lado dela a requenguela da Rafaela. Ódio mortal, senti vontade de ir até lá e disparar um golpe do Goku na cara daquela ruiva falsificada, maaaas...

Eu: oi amor! – falei abraçando-a por trás.

Júlia: licença Rafa, depois conversamos. – saiu me puxando pelo braço.

Eu: tá machucando amor, vai ficar roxo! – eu não tava entendendo a reação da Júlia.

Chegamos em um canto afastado do colégio.

Júlia: o que deu em você pra me chamar de amor na frente das pessoas? – ela parecia furiosa.

Eu: primeiro solta o meu braço! – falei com raiva.

Júlia: desculpa! Agora pode se explicar?

Eu: me explicar? Como assim? Sou sua namorada, não sou? Que mal tem eu te chamar de amor?

Júlia: ninguém aqui sabe que estamos juntas, Sofia! Vê se entende!

Eu: tá na hora de falar amor. – peguei em seu rosto.

Júlia: não vou falar pra ninguém, Sofia. – disse tirando minhas mãos do seu rosto.

Eu: não? Por que não Júlia?

Júlia: não quero te assumir ainda Sofia, é cedo!

Eu: pensei que você gostasse de mim, mas pelo visto não sou o suficiente pra você! – disse saindo.

Júlia: amor espera! Não é nada disso! – segurou meu braço.

Eu: o problema é a sua mãe Júlia?

Júlia: não, ela sabe que gosto de garotas.

Eu: então você não tem motivos!

Júlia ficou calada, de cabeça baixa.

Eu: olha Júlia, quando você quiser ter um relacionamento comigo, me avisa! Por enquanto vamos ficar afastadas. Não vou me comportar como uma criminosa, não vou me esconder, não matei e não roubei ninguém! Pensa bem no que você quer. – sai, fui direto pra sala.

Como pode essa garota ter vergonha de nós duas? Sentei no meu lugar, perto das meninas. Demorou cerca de 5 minutos e ela entrou, se sentou do lado da Rafaela. A aula passou arrastada, eu não olhava diretamente pra ela, mas notava que ela me olhava quase todo tempo. Na hora da saída levantei rápido, queria ir logo pra casa, sem ter que falar com ela. Queria evitá-la! Mas puta merda, ela mora na frente da minha casa. As meninas foram comigo, contei tudo pra elas no caminho...

Bia: não acredito amiga! Você contou pra sua família, suas amigas... ela não bate bem da cabeça, só pode!

Dani: ai, foi sacanagem isso!

Yara: tem que dar um gelo nela amiga, ela tem que sacar que você quer um lance sério com ela...

Eu: ai gente, tô mal, não esperava isso dela.

Elas almoçaram comigo, ficaram me ensebando um bom tempo e depois foram embora. Eu tava deitada, quase chorando quando meu celular tocou. Era Júlia! Quer saber!? Não vou atender, ela que se vire pra vir atrás. O celular tocou mais umas 10 vezes, eu ignorei. Mensagens chegavam e eu não respondia, não queria saber! Passei a tarde lendo, ouvindo música e descansando. A noite mamãe pediu pizza, comemos e jogamos baralho. Fui dormir, tinha aula cedo. Passou terça, quarta, quinta e eu não falava com a Júlia, dei um jeito dela saber que a mamãe já sabia da gente, assim ela não iria na minha casa. Evitava-a no colégio e em todo lugar, não respondia as mensagens e nem atendia as ligações. Na sexta-feira eu já tava enjoada de ficar em casa, combinei de sair com as meninas para um barzinho à noite. O sistema foi o mesmo da ultima vez, me arrumei e a Bia passou em casa pra me pegar. A Dani e a Yara não puderam ir dessa vez, fomos só Bia e eu. Chegamos.

Bia: amiga, tá lotaaado! – disse abismada.

Eu: verdade amiga, mas vamos beber que hoje a noite é nossa!

Fomos ao balcão pedir duas caipirinhas. Depois mais duas, mais duas... Ouvi uma voz gritar meu nome. Deus, tô ficando porre! – pensei.

Bia: iiiiih amiga, olha quem vem aí... – apontou.

Eu: ah não Júlia, o que você quer dessa vez? Vai dizer que não posso ficar no mesmo ambiente que você também? Tá com vergonha de estar no mesmo lugar que eu? – ironizei.

Júlia: tá doida garota? Nem falei com você!

Eu: que ótimo! – ri – vamos Bia.

Júlia: amor, espera, desculpa! – me segurou.

Eu: não pega em mim Júlia, alguém pode estar vendo. – fui tão irônica que se eu fosse a Júlia teria me batido.

Júlia: para com isso, eu tô com saudade de você amor, para de me ignorar! – se aproximou.

Bia: vou ali meninas. – saiu.

Eu: olha Júlia, não quero me esconder. Nunca vamos dar certo, você tem vergonha de ser quem você é! Poxa, eu contei pra minha mãe, meu irmão e minhas amigas, todos sabem que gosto de você... e você não quer nada com nada. Me esquece!

Júlia me beijou! Que saudade daquele beijo! Me entreguei, não quis saber das coisas que ela falou naquele momento...

Continua!

Beijo amadinhas s2