Meu. (3)

Um conto erótico de Thomas Valim
Categoria: Homossexual
Contém 1660 palavras
Data: 11/02/2013 21:28:36
Última revisão: 11/02/2013 21:35:08
Assuntos: Homossexual, Gay

Os quatro adultos se entreolharam. Até hoje suspeito que aquele abraço foi o que fez nossos pais perceberem que não havia nada a fazer.

Sam foi feito para Yves. Yves foi feito para Sam. E pontoAlgumas vezes antes de dormir, vasculho alguns guardados meus e vejo o álbum de fotos do nosso primeiro aniversário. Não há nenhuma foto onde eu esteja só. Sempre Sam estava lá do meu lado, me dando um beijo na bochecha, ou até mesmo puxando meu cabelo loiro. Sempre. E o jeito que a gente olha um pro outro nunca mudou. Os olhos azuis profundos dele, fitando os meus olhos azuis rasos, com um sorriso tímido em nossas bocas. E adormeço com uma foto colada no peito. Quando Sam ia dormir no meu apartamento, nós ficávamos deitados na minha cama, vendo e revendo milhares de fotografias nossas. Imitando poses, gestos. E rindo até cansar. Quando ele tinha sono, virava pra mim e dizia:

- Yvinho, que tal dormir de rede hoje?

Ele ainda me chamava de Yvinho, mesmo aos doze ou treze anos. E amava dormir de rede, como todo cearense. Sempre dormíamos na mesma rede, e segundo mamãe, desde bebês. Armava a rede, deitava e chamava:

- Vem seu folgado, deita aqui.

Eu o pegava pelos pulsos e o ajudava a subir. Abria os braços de modo que ele apoiasse a cabeça num deles. E fazia um cafuné naqueles cabelinhos de anjo. Meu irmãozinho ''mais novo'' - como era bom cuidar dele.

- Boa noite Yvinho.

- Boa noite Sam.

- Durma com os anjos.

- Eu já tenho você, esqueceu?

- Você não me deixa esquecer, ora!

E mais uma vez nos olhávamos. Eu não queria dormir. Por mim eu passaria a noite inteira ali dizendo o quanto Sam importava pra mim. Mas mal eu virava pro lado e lá estava ele, adormecido. Um príncipe, lindo. Eu fechava os olhos e sentia a respiração quente dele no meu pescoço. E dormia envolvido por todo aquele clima fraternal.

Como eu amava Sam.

Foi numa dessas noites assim, onde fizemos uma nova descoberta juntos.

Eu e Sam tínhamos treze anos. Já não éramos mais crianças, e estávamos no despertar do nosso instinto sexual. Eu e ele não tínhamos segredos em relação a nada, mas também não tratávamos o assunto de forma tão corriqueira. Geralmente comentávamos sobre as revistas do tio Jonas que pegávamos escondido, e dávamos uma rápida olhada atrás da quadra da escola. A maioria dos nossos colegas faziam comentários escrachados sobre o assunto, e declaravam livremente suas práticas sexuais, principalmente a masturbação.

Nunca eu nem Sam tínhamos conversado sobre isso. Eu sei que ele não fazia porque se ele o fizesse, sem dúvidas me contaria. E eu faria o mesmo em relação a ele.

Já era madrugada. Percebi que Sam respirava cada vez mais ofegante. Por um momento pensei que ele estivesse tendo algum problema respiratório. Quando cessou eu o acordei.

- Sam?

Ele abriu os olhos atordoado.

- Está tudo bem?

- Está... Mas, acho que fiz xixi na cueca Yves. Tá tudo molhado aqui.

Ri. Já imaginava o que poderia ter sido.

- Desculpa, eu realmente nunca tive esse problema Yvinho... O que está rolando comigo? Nunca aconteceu isso antes.

- Acho que na verdade aconteceu outra coisa irmãozinho...

- Você quer dizer que aconteceu aquilo?

- Vamo dar uma olhada nisso aí?

Rindo, fomos até o banheiro. Nunca tivemos problema de ficarmos nus, um na frente do outro, era natural. Morrendo de vergonha ele tirou a cueca. E lá estava: A primeira polução do Samuel. Eu fiquei tão orgulhoso dele! Foi incrível estar presente num momento tão íntimo. Mas como eu já disse, entre nós não existia privacidade. Éramos um só.

- Olha aí, você já é um homem Sam! Eu tô muito feliz por ti, sério!

Ele, que tinha corado, me pediu quase implorando:

- Não conta pra ninguém tá?

- Tudo bem. Mas isso é natural, acontece com todo menino da nossa idade.

Voltamos pro quarto. Acendi o abajur, e ficamos deitados na cama. Não conseguimos mais dormir aquela noite. E conversamos muito.

- Já aconteceu com você?

- Você sabe que se tivesse acontecido você seria o primeiro a saber.

- Você confia mesmo em mim, não é Yves?

Olhei pra ele desacreditando no que ele acabara de me perguntar.

- Como você tem coragem de me perguntar isso? Você é a pessoa que eu mais amo no mundo, como não iria confiar em você?

- Às vezes quero estar certo disso. Não quero te perder nunca.

Segurei firme o rosto dele e falei:

- Eu vou te dar essa certeza nem que eu precise gritar isso pro mundo inteiro, durante toda a minha vida. E se duvidar eu ainda mando escrever na minha lápide pra você ler depois que eu me for.

- Prefiro ir antes do que te ver ir embora. Por favor, não fala mais isso. Você não imagina o quanto dói quando eu te vejo abrir a porta dessa casa sem mim, enquanto eu me dirijo pro apartamento do lado. Se eu te perder um dia cara, eu... eu... Não sei do que sou capaz.

Cada palavra me arrancava um sorriso emocionado. Ele me conhecia, ele sabia mexer com o meus pontos mais fracos, e as vezes acho que ele fazia isso de propósito. Eu amava muito aquele moleque.

- Sam, eu confio muito em você. Quando chegar minha vez, eu vou te falar, não tenha dúvidas.

- Mas eu não vou estar com você que nem você esteve comigo sabe... Não vou ver teu pinto todo sujo com aquela gosma e ficar rindo, mesmo morrendo de orgulho de ti, como você tá de mim... Não vou te emprestar uma cueca, e ajudar a limpar a outra pra sua mãe não perceber. Eu sei, isso pode parecer besteira, mas é que eu queria estar lá sabe... Cuidar de ti da mesma forma que você fez comigo. E eu acho que tenho essa obrigação, me entende? De estar contigo nos momentos mais importantes da sua, aliás, da nossa vida.

- Mas como saber qual será o dia Sam? Isso é impossível.

- Não sei... A menos que nós adiantássemos isso.

Fiquei pasmo com a ideia. Sam e eu, apesar de sermos extremamente íntimos, nunca havíamos feito nada parecido. Nem mesmo a sós. Nunca havíamos tocado no assunto ''masturbação''. Por outro lado, se nós fazíamos tudo juntos, porque não fazer isso pela primeira vez com Sam?

- Você quis dizer, fazer aquilo? Mas... Sam, você não está exagerando? Você quer fazer isso pelo simples motivo de estar comigo na primeira vez em que eu me tornar um homem?

- Não só por isso Yves. Todos os outros meninos já fazem isso há um tempão. Você não tem curiosidade?

- Bem... Eles dizem que é bom. Tenho vontade sim, pra ser sincero.

- A gente já tem treze anos, já passou da hora Yves. E bem, eu quero fazer isso com você, sempre quis, afinal somos irmãos, não somos?

A voz dele no final da pergunta foi doce, inocente. Sam tinha brilho nos olhos. Sorri.

- Somos sim Sam - e dei lhe um beijo no rosto.

E então, ele me perguntou, com uma cara curiosa, quase sem malícia:

- Ele está duro Yvinho?

- Sim, ele está Sam.

Um instante de silêncio.

- E o seu?

- Também - pensou um pouco e completou - Quase não aguento ele aqui dentro da cueca - e riu envergonhado.

O silêncio deixava o clima ainda mais excitante, um clima de descobertas, de exposição.

- Você quer agora? - ele perguntou.

Não me deixou responder. Sam deslizou sua mão até lá, e percebi que ela estava trêmula. Ele baixou minha cueca até a altura das coxas, e depois me fez carinho nos testículos. Eu estava de olhos fechados. A sensação era incrível. Então, ele começou com movimentos rápidos e ritmados. Ele estava deitado atrás de mim, estávamos de conchinha.

- Está bom Yves?

Não conseguia responder. O calor da mão de Sam me fazia respirar cada vez mais rápido. Com a outra mão, ele acariciava meus cabelos. Nunca havia sentido tanto amor por Sam como naquele momento.

- Me diz, está bom? - ele perguntou, denunciando certa insegurança na voz.

- Só não pare, por favor. - disse eu, com a voz rouca e trêmula.

Aos poucos, ele foi aumentando a velocidade lá embaixo.

- Sam, isso é tão bom. Por favor, não pare... - Falava quase chorando.

O que eu senti em seguida não se limitou a um simples orgasmo. Foi o meu primeiro orgasmo, e foi provocado por Sam. Ele acabara de ultrapassar uma barreira: Ele já não mexia apenas comigo. Ele mexia com meu corpo, com minhas vontades mais íntimas, comuns a qualquer pessoa. Eu o amava, e naquele momento era a única certeza que eu tinha. Um amor sem rótulos. Não éramos namorados, não éramos simples amigos, e era um amor mais que fraterno. Sam não me completava, ele já fazia parte de mim.

Ele se virou exausto, e ficamos lado a lado, sem olhar um pro outro, fitando o teto.

- Samuel?

- Sim?

- Foi a coisa mais incrível que eu já senti em toda a minha vida. Obrigado.

Ele se virou e olhou pra mim.

- Sério?

- Não duvide. Eu fui aos céus, só conseguia ver você.

- Você gostou de verdade?

- Claro que sim... Veja só, é a minha primeira vez e você já conseguiu. Fez com que eu virasse um homem, não mais um menino. Olhe aí na sua mão.

- Yves?

- Sim?

- Nunca amei tanto você como agora.

Olhei pra Sam. E repetimos o nosso típico olhar, junto ao nosso típico sorriso. Ele nunca esteve tão bonito.

- Eu amo você. - falamos os dois ao mesmo tempo.

Rimos. Não conseguíamos olhar pra mais nada além do rosto do outro. Aquele era o momento mais feliz da minha vida. Ficamos assim, olhando um pro outro por muito tempo. Até que ele me deu um beijo na testa e saiu pra lavar as mãos. Fechei os olhos e lembrei-me de quando éramos crianças, de tudo o que a gente viveu até ali. “Sam”, a primeira palavra pronunciada por mim se tornara a mais importante.

Pra minha vida inteira.


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Comentários

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Você diz que criou outra conta... qual? Já escreveu outra série? Seu texto é excelente o que nos deixa com vontade de "quero mais". Por favor, se já voltou a escrever, nos diga com qual nome...

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Olá pessoal. Aqui, quem lhes escreve sou eu, "Thomas Valim". Perdi o acesso a minha conta aqui na CDC e ao meu e-mail. Na realidade, esqueci minha senha, já que há mais de dois meses parei de escrever "Meu". Não pretendia continuar escrevendo a série. Mas decidi voltar aqui por curiosidade, e olhar os comentários. Fico super lisonjeado que tenham gostado dos contos. Quase desistia de continuar, mas decidi criar uma nova conta e publicar o resto da história. Espero que continuem lendo.

Grato, Thomas.

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Estou há dois meses esperando a parte 4. Seu conto é muito lindo.

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Cara q lindo isso. Mto bom msm. É uma das histórias mais lindas q já lí, e continua logo pvf.

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que conto lindo,adorei.10

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Às vezes fala de Sam com certa nostalgia, como se estivesse morto ou distante. Espero estar errado. Agradeço a leitura, abraço.

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