Entregando-me ao entregador de gás. Parte 6
Primeiro quero desejar a todos um Feliz ano novo, que esse ano que se inicia, seja maravilhoso para cada um de vocês.
Depois de transarmos a noite quase toda, e em quase todos os cômodos da casa Rafael finalmente me deu descanso. Dormimos abraçados em minha cama, mesmo depois do estrago em que Rafael me deixou, acordei cedo e fiquei um tempinho o admirando, contemplando sua beleza, mas depois desse breve momento e percebendo que eu estava ali com uma cara de bobo o observando, volto a si e vou ao banheiro fazer minha higiene matinal. Estava entusiasmadíssimo com tudo que estava acontecendo, me sentia feliz como nunca, era algo novo, no qual jamais havia sentido por alguém. Depois disso fui para cozinha preparar nosso café da manhã, fiz de tudo, um café da manhã digno de Rei, ajeitei a mesa e deixei tudo pronto, Rafa acordou-se e foi em direção a cozinha, deu-me uma abraço e disse:
Rafael: - Nossa isso tudo é só pra gente?
Eu: - Sim.
Rafael: - Ta vendo, quando eu digo que desse jeito eu vou engordar eu não estou mentindo não.
Sentamos a mesa e começamos a comer, Ele parecia não comer a tempos, devorava tudo com muito anseio, eu não comi muito, beliscava uma coisinha aqui e outra a ali. Terminamos nosso café da manhã e Rafael disse: - Amor, agora vou ter que dar uma saidinha.
Eu: - Mas, para onde você vai? Você não me disse que iria sair hoje cedo?
Rafael: - Tenho que resolver algumas coisas, porque você acha que pedi a meu chefe para folgar hoje hein?
Eu: - É verdade.
Rafael: - Pois é, mas infelizmente tenho quer ir, mas não se preocupa que farei de tudo para voltar logo.
Eu: - Ta ok.
Ele terminou de se vestir me deu um beijo e saiu, dei uma olhada na casa e percebi que Rafa e eu tínhamos deixado-a uma bagunça, e como Ana a moça que trabalha em minha casa e responsável por deixar tudo em ordem não viria nesse dia, pois tinha a dispensado, não queria ninguém atrapalhando meu momento com Rafael, resolvi eu mesmo ajeitar tudo. Comecei a limpeza, estava tudo indo muito bem quando de repente sinto alguém se aproximando de mim, olho para trás e vejo meu primo André. Assusto-me com a sua presença, pois muito raramente ele aparecia em minha casa, e nós não nos falávamos muito, André sempre foi muito estranho, calado, na dele, introvertido, as vezes que ele ia a minha casa trocávamos poucas palavras, mas percebia que ele não tirava os olhos de mim, sempre com um olhar estranho e quando o percebia olhando ele mudava a direção de seu olhar, pra falar a verdade nunca gostei dele, tinha medo até.
Após a surpresa de vê-lo ali disse: - André? O que você faz aqui?
André: - Surpreso em me ver, priminho?
Respondi meio atordoado: - Sim, muito, você mal aparece aqui em casa.
André: - Pois é, resolvi fazer uma visitinha ao meu primo, não posso?
Eu: - Pode sim, mas você escolheu o pior momento para isso, to dando uma geral na casa, pois está uma bagunça.
André em um tom irônico: - Percebi, e pelo que estou vendo, tu aproveitaste muito bem a noite passada né?
Eu: - Sim, mas agora fala o que você veio fazer aqui? Ficar só olhando para minha cara que não foi.
André: - Nossa precisa ser grosso assim comigo?
Eu: - Desculpa André não foi minha intenção, mas é que estou muito ocupado mesmo e preciso deixar tudo ajeitado antes do... Silenciei-me.
André: - Antes do?
Eu: - Deixa pra lá, não é nada.
André: - Você ia dizer antes daquele entregadorzinho de gás chegar né? Falou isso com um tom de desdém.
Respondo nervoso com toda aquela situação: - Do que você tá falando cara?
André com um sorriso sínico no rosto: - Por Favor, né Alberto, não se faça de desentendido, que você entendeu muito bem o que eu quis dizer. Para com esse teatro que eu sei muito bem que você tem um “lance” com aquele cara.
Eu: - Tá e se eu realmente tiver um “lance” com ele, qual o problema? Não devo satisfações da minha vida a você. Agora por favor, se não for pedir demais, vai embora e me deixa quieto.
André: - Vou sim, mas antes de ir tenho que terminar de fazer o que eu vim fazer aqui, pode parecer meio louco isso que eu vou falar, mas é preciso, cara eu gosto de você, não como primo, mas eu to apaixonado por ti, guardei isso esse tempo todo comigo, nunca tive coragem de lhe dizer, pois tinha medo de sua reação, do que você ia pensar, não sabia se você era gay ou não, até porque você sempre com essa sua pose de machão nunca me dava brecha para dizer o que eu sentia, e quando eu vi que você estava de namorinho com aquele cara, me desesperei.
Respondo muito surpreso com tudo aquilo que acabara de ouvir do André: - Olha André tudo isso que você me disse é muito lindo, mas você vai ter que me desculpar, mas eu não sinto o mesmo por você, eu amo o Rafael como nunca amei ninguém antes, e não existe só eu nesse mundo, tenho certeza que você irá encontrar alguém que te complete, assim como o Rafa me completa.
Enquanto eu falava isso à feição de André mudou completamente, ele parecia até outra pessoa, não era mais o mesmo André de minutos atrás. Até que se aproxima de mim e diz em tom de raiva: - Não fala isso, eu quero você e ninguém mais, aquele inútil não é pra você, você vai ser meu, só meu entendeu?
Eu respondo morrendo de medo dele: - André, por favor, eu te suplico, vai embora, eu não quero brigar com você, me deixa.
Ele responde ainda mais transtornado e gritando: - PORRA, eu já disse eu te quero, e vai ter que ser agora, você não passou a noite dando para aquele cara? O que custa me dar um beijo que seja agora hein?
Tento me esquivar, mas sem chances, ele me pega pelo braço e aperta muito forte, me joga no sofá e fica por cima de mim, André era um pouco mais forte que eu e então não tinha muito a fazer, logo em seguida digo: - Me solta, você ta machucando meu braço.
André: - Não solto.
Logo em seguida ele me beija, tento a todo custo me desvencilhar daquela situação, mas André não me deixava, me apertava forte chegando a me machucar, era um beijo afobado, sem sentimento pelo menos da minha parte. Quando ele finalmente me solta, tento respirar, o empurro e saio de baixo e começo a vociferar: - Você ta louco? Sai daqui cara pelo amor de Deus. Antes que eu ou você façamos alguma besteira.
André: - Já disse, você vai ser meu de qualquer maneira, Eu te amo.
Ele estava completamente transtornado, tentei abrir a porta para fugir dali, antes que ele tentasse fazer alguma outra coisa, mas foi esforço em vão, ele me puxou e começou a gritar: - Pra onde você pensa vai? Você vai ficar aqui, vai se entregar a mim, assim como você fez com o tal de Rafael.
Ao o ouvir falar isso, desesperei-me mais ainda, a loucura tomava conta dele, nessa hora André tomou ares de psicopata, não o reconhecia mais, comecei a gritar por socorro aflitamente, porém ele me puxou me fazendo cair no chão e bater a cabeça.
Até que Ele grita: - Você vai ficar aqui entendeu?
Não aguentei e comecei a chorar, até que Elaine abre a porta e fala: - Escutei uns gritos, o que está acontecendo aqui? O que você fez com ele André?
Eu respondo chorando: - Me ajuda Elaine, pelo Amor de Deus.
André vira-se para Elaine e fala com a cara mais sínica do mundo: - Nada, ele escorregou e caiu no chão só isso.
Eu: - É mentira dele, ele tava tentando me agarrar a força.
Elaine: - O quê? Rapaz sai daqui, deixa o Alberto em paz, vai embora.
André: - Acho melhor você não se meter Elaine, vai embora e me deixa aqui com ele.
Elaine: Não vou, enquanto você não sai daqui.
Falo ainda caído no chão: - É melhor André, vai logo, por favor, você ainda não entendeu que não quero nada com você.
Ele fala me ameaçando: - Tá bom, eu vou, mas escuta o que eu vou te falar agora, você vai ser meu sim, e se continuar resistindo eu não vou te deixar em paz com aquele cara, vou infernizar a vida de vocês dois, e tenho certeza que minha tia não vai gostar nada de saber que o filinho querido dela é gay. Após dizer isso foi embora, as palavras dele deixou-me sem chão, comecei a chorar compulsivamente, Elaine me levantou e me abraçou, foi até a cozinha e pegou um copo de água com açúcar:
Elaine: - Toma bebe isso. E tenta se acalmar um pouco.
Eu: - Obrigado, nossa eu não sei o que teria acontecido comigo se você não tivesse chegado a tempo de me salvar daquele louco.
Elaine: - Eu estava chegando quando escutei uns gritos. Mas o que ele fez com você?
Eu: - Ele se declarou pra mim disse que estava apaixonado, que me queria a todo custo, que o Rafa não era homem suficiente pra mim, tentou me agarrar à força, chegou até me machucar.
Elaine: - Meu Deus, nunca imaginei que o André com aquele jeitão caladão dele, fosse capaz de fazer algo desse tipo.
Digo chorando: - Pois é, mas fez. Foi horrível, ele me puxou com tanta força que me fez cair no chão, cheguei até bater cabeça.
Elaine abraçando-me: - Agora chega para de falar daquele cara, esquece.
Ficamos um tempo abraçados, e eu ainda chorando, até que Rafael chegou, quando abriu a porta e me viu ali chorando nos braços de Elaine disse: - O que aconteceu meu amor, porque você tá chorando?
Elaine levantando-se: - Bom acho melhor vocês dois ficarem sozinhos, cuida dele bem dele viu Rafael.
Rafael: - Pode deixar.
Eu: - Elaine obrigado tá, muito obrigado mesmo!
Ela deu um beijo na minha testa e saiu, logo em seguida Rafael aproxima-se de mim sentando-se no sofá e me abraçando.
Rafael: - Então meu amor, o que foi que aconteceu?
Eu: - Sabe o André?
Rafael: - Aquele seu primo todo esquisitinho?
Eu: - Ele mesmo.
Rafael: - O que foi que ele fez?
Eu: - Ele veio aqui, tentou me agarrar à força...
Rafael interrompendo-me: - Ele fez o quê? Ele só pode ta ficando maluco, eu tenho que falar esse cara isso não vai ficar assim.
Eu: - Não Rafa, você não vai falar com ele, esquece ele, depois de tudo o que ele fez hoje, acredito que ele é capaz de muita coisa.
Rafael: - E ele fez mais alguma coisa contigo?
Eu: - Esquece isso já disse.
Rafael: - Bora pode falar o que foi mais que ele fez? Ele te machucou?
Eu: - Ele agarrou meu braço com muita força, me puxou e eu caí no chão, bati a cabeça, mas esta tudo bem, mas o pior não foi isso.
Rafael: - E o que foi então?
Eu: - Ele me ameaçou, disse que se eu não fosse dele, não ia ser de mais ninguém, e que iria fazer da nossa vida um inferno, e ainda disse que ia contar tudo para minha mãe.
Rafael: - Desgraçado, eu vou falar com ele, o que ele fez contigo não vai ficar assim.
Eu: - Não, você não vai falar com ele, aquele cara pode ser muito mais violento do que a gente pensa, agora eu quero que você fique aqui comigo, do meu lado, eu to precisando de ti.
Rafael: - Ta certo, pode ter certeza que eu não vou deixar ele encostar um dedo em você.
Ficamos em silêncio abraçados por algum tempo, depois de tudo que tinha acabado de acontecer o único lugar onde eu me sentia protegido era nos braços de Rafa, com ele ao meu lado me sentia seguro, feliz, completo. De repente Rafael quebra o silêncio em que estávamos: - Nossa amor, já tinha até esquecido, tenho uma coisa para te dar.
Eu: - O que é?
Ele me entrega uma pequena caixa e diz: - Abre, e olha se você gosta.
Quando abri vi duas alianças, cheguei a me emocionar nessa hora não sabia nem o que falar.