Adestrando Betão (02)
Manhã de sábado, não tardou muito para que Ricardo soubesse se a conversa entre sua prima e seu cunhado terminou bem, pois logo pela manhã Carlos apareceu na casa e beijou a noiva apaixonadamente. O movimento na casa naquele sábado era incomum, pelo menos para Ricardo que estava ali so a um dia, varias pessoas estranhas a ele se aglomeravam aos fundos da casa, aonde havia uma área coberta, com uma grande mesa de madeira aonde as refeições eram feitas em dias mais quentes. Mas naquele dia passava a ser mesa de reunião.
Ricardo: -Vó o que esta acontecendo aqui hoje?
Dona Mariana: -Nada meu filho, é só teu tio e a política dele.
Uma reunião da oposição estava se iniciando ali. Pelo que Ricardo entendeu, embora a cidade estivesse bem economicamente graças ao turismo, a renda real estava concentrada em um grupo pequeno de políticos da posição e seus aliados, e a maior parte dessa renda estava sobre controle do prefeito. A anos esse grupo dominava a política na cidade, na verdade o prefeito já dava as ordens por lá antes mesmo de ser prefeito, uma vez que os comércios mais lucrativos da cidade eram seus. Isso somado a sua herança de família, solida, permitia financiar a quem melhor atendia a seus interesses. A oposição, que em sua totalidade era de pessoas de classe social mais baixa tentava encontrar uma maneira de mudar o peso dessa balança. Mas o problema é que ninguém na cidade, tinha coragem de enfrentar o Prefeito Raul. Enquanto na propaganda política pousava de bom moço, amigo do povo, defensor dos pobres, por trás, na pratica, a sua maneira de caçar aqueles que o ameaçava era brutal e cruel. Alguns chegaram a sumir e nunca mais darem notícias. A reunião intentava escolher um adversário para as eleições daquele ano, e os presentes fortemente queriam que Carlos fosse este homem.
Carlos era conhecido e respeitado na cidade. De origem humilde, pais lavradores assim como a família de Ricardo, este conseguiu mudar rapidamente sua situação. Isso porque os pais não acreditavam nas suas idéias, lavradores simples, ignorantes, achavam que eram loucas e que o plantio devia ser feito como sempre foi. Depois de muita insistência conseguiu que seu pai desse parte das terras para ele como antecipação da herança. A questão era que as idéias não tinham nada loucas e se mostraram altamente eficientes. Mesmo sem um estudo superior, ele aumento exponencialmente a produção, a qualidade dos produtos, o tamanho das suas terras e logicamente sua renda. E era hoje, com apenas 32 anos era um agricultor bem sucedido, e em breve estaria brigando com os maiores agricultores da região.
Essa era a questão, diferente dos outros fazendeiros, que ainda por cima eram aliados do Prefeito, Carlos era humilde, bom com todos, colocava a mão na massa e trabalhava lado a lado com seus funcionários. O seu poder era pequeno comparado com o clube dos amigos da situação, mas embora novo para e na carreira política era o único realmente que poderia tentar encara-lo com alguma chance real. Mas Carlos não gostava da idéia, contudo não conseguia escapar dessa responsabilidade que todos empurravam para ele.
Alceu: -A idéia é ótima! Quando o povo ver as denuncias contra o sacana desse prefeito vão tudo votar no Carlos!
Carlos: -Calma, eu não sei, isso é jogar sujo, não gosto de ter de descer no nível deles.
Alceu: -Não é jogar sujo! É expor a verdade pra que todo mundo possa ver quem ele realmente é! Esse povo aceita a esmola dele e acha que ele é bom, quando verem tudo isso vão saber que de bom ele não tem nada.
E a discussão continuou acalorada, porem a situação política da cidade pouco interessava a Ricardo. Não passaria muito tempo na cidade e nem queria saber do que estavam falando. Na verdade é a única coisa que o preocupava era que não poderia se dar ao luxo de ficar quase dois meses sem trabalhar. Qualquer bico que o fizesse ter algum retorno financeiro lhe era interessante. Afinal estava prestes a começar uma nova vida, na qual dependeria apenas dos seus próprios recursos. Era necessário aumentar a quantia em dinheiro guardada. Voltou para dentro para conversar com sua avó.
Ricardo: -Pois então vó, eu preciso trabalhar.
Dona Mariana: -Mas tu vem vem pra tirar uns dias e vai de procurar emprego?
Ricardo: -Mas vó, eu vou começar vida nova, só vim aqui visitar a senhora, mas não posso ficar sem trabalhar. Eu tenho algum dinheiro para o inicio, mas não sei quanto tempo vai demorar para conseguir emprego em Salvador, lá é cidade grande, tudo é mais difícil, tudo é mais caro.
Dona Mariana: -Eu sei meu neto, a razão esta com você, só queria que descansasse antes da tua vida nova que vai começar.
Ricardo rindo: -Pobre descansa carregando pedra.
Dona Mariana: -Mas não ha de ser difícil, você é trabalhador, honesto, cuidadoso, vamos achar um emprego pra você aqui e não vai ser difícil em Salvador também não.
Foi nesse momento que Dadinho, senhor que estava pelos seus 70 anos e arrastava uma asa enorme para Dona Mariana entrou na cozinha.
Dadinho: -Bons dias!
Dona Mariana: -Bom dia vei Dadinho!
Ele estava assistindo a reunião, mas também não tinha nenhum interesse nela. Dadinho era uma espécie de chefe dos lavadores de carros da cidade. Tinha um grupo formado por garotos que eram enviados com tudo necessário a pousadas, empresas ou casas de moradores da cidade afim de lavar seus carros. Embora a cidade fosse calçada, seus arredores ainda eram de terra batida, inclusive a pista principal fora as trilhas de rallys da cidade sempre garantiam serviço dos jovens aventureiros que sempre estavam pela cidade. Ele monopolizava o serviço e para ele a clientela era certa, independente de quem fosse o prefeito. Ele apenas participava da reunião para ter a chance de paquerar Dona Mariana.
Dadinho: -Mais então, eu sem querer ouvir a conversa de vocês, eu tenho o emprego pro seu menino.
Dona Mariana: -Que sem querer o que Dadinho, de hoje que te vejo cercando minha porta da cozinha!
Dadinho deu uma risada sem graça e abaixou a cabeça envergonhado.
Dona Mariana: -E só tem muleque trabalhando com você, você ia querer o meu que já tá moço?
Dadinho: -Mas Dona Mariana, ele é perfeito pro que preciso. Ja tô no quarto garoto lá na casa dos Mattos e nium agrada a eles! A senhora não disse que ele é um moço esforçado, trabalhador e cuidadoso? Então? Quem sabe não é ele que vai me resolver esse problema?
Dona Mariana: -Na casa dos Mattos é?
Dadinho: -Mais é, ele vai ganhar R$50,00 por dia e como é teu neto, em teu respeito ele só precisa me dar R$15,00.
Os olhos de Ricardo brilharam com a informação. Seriam R$35,00 por dia de trabalho, R$175,00 por semana. Ele não encontraria emprego melhor que esse.
Ricardo demonstrando muito interesse: -E o que eu tenho que fazer lá?
Dadinho: -Cuidar dos carro. Lavar, limpar, estacionar, mas se não souber estacionar tem problema não porque eles tem motorista tu pede pra ele se precisar.
Ricardo: -Não tem problema, eu sei dirigir, não sou habilitado, mas aprendi com uns amigos.
Dona Mariana demonstrando preocupação: -Mas é uma boa idéia isso? Com essa historia de Carlos, eu não sei.
Ricardo: -Que historia de Carlos?
Dadinho: -Ela tá falando dessa conversa dele sair candidato a prefeito.
Ricardo: -Mas quem é esse Mattos que estamos falando.
Dona Mariana em tom serio: -É casa da família do seu Prefeito, Raul Mattos.
É, talvez o trabalho na casa do Mattos não fosse uma boa idéia. Ricardo já pensava em desistir.
Dadinho: -Mas que nada! Ele vai ser meu funcionário. Seu Prefeito confina ni mim, nem tem com o que se preocupar. E olha, essa reunião aqui é secreta, só quem sabe dela somos nois. Ele nem tem razão pra ter nada contra você. É sua prima que tá noiva dele.
Ricardo: -Ainda assim, é muito perigoso, para saber dessa reunião vai ser rápido, cidade pequena, noticia se espalha ligeiro.
Dona Mariana: -Ah isso não! Essa reunião todo mês é na casa de um, essa é a segunda vez na minha, não sai daqui não, o pessoal tem medo dos cangaceiros do seu Mattos, ninguém fala nada!
Dadinho: -Mas é, se preocupe não, eu garanto que ninguém ha de mexer com você.
Ricardo: -Vó o que a senhora acha?
Dona Mariana: -Meu filho eu confio em você, mas faça seu trabalho, ganhe seu dinheiro e fique longe do povo de lá. Tem funcionário deles que tão aqui hoje na reunião. Isso mostra que é seguro. So tome cuidado.
A conversa com seu Dadinho se desenvolveu e Ricardo acabou aceitando o emprego. Dadinho ganharia menos do que com os outros moleques que ele empregava na casa dos Mattos, mas ele acabava de ganhar pontos com Dona Mariana e acreditava que se livraria das reclamações dos Mattos sobre o cuidado com os carros dados pelos outros funcionários por pelo menos dois meses. Com tudo acertado, ele começaria a trabalhar na segunda-feiraA chegada nos Mattos naquela segunda impactou Ricardo. Ele nunca imaginou ver ao vivo algo tão grandioso e tão luxuoso. Tratava-se na verdade de uma chácara. Portões enormes e imponentes. A casa era uma mansão. Desenho moderno e de muito bom gosto. Um imenso gramado circundava a casa que era cercada de jardins. Acompanhado de Dadinho, ele seguiu pelo calçamento ate chegar a garagem localizada a extrema direita da propriedade, que seria ali onde ele trabalharia. Lá ele lhe mostrou onde ficaria seus equipamentos, explicou como se comportar, esclareceu as regras da casa e enfim, tudo que ele precisava saber para o trabalho.
Ricardo: -O senhor nunca me viu lavar um carro. Vai me confiar o seu melhor cliente?
Dadinho: -Mas será o benedito que você num faz o trabalho que um minino de 12 anos faz?
Ricardo torceu a boca meio sem graça: -É não tem grande segredo
Dadinho: -Faça com esmero, com cuidado e vai fazer a diferença. Oia são oito carros e uma moto. Vai ter dia quem nem trabalho ha de ter, mas quando tiver faz direito viu?
O certo é que Ricardo trabalharia da melhor maneira possível fosse quem fosse o cliente. Todo serviço que ele fazia era bem feito. Foi assim que em poucos meses saiu do balcão do Fast Food que trabalhava e passou para a supervisão. Não faria diferente ali.
Dadinho se foi e ele começou a trabalhar, apenas haviam seis carros na garagem, dois deveriam estar na rua. Quando concluía a lavagem do primeiro automóvel, ele observa uma picape grande tipo 4X4 de um verde escuro, sujo de lama ate o teto adentrar a garagem. Ele imediatamente soube quem era. Ao estacionar e a porta abrir, ele confirmou, sim era ele. Betão havia chegado em casa.
Betão faz o estilo esportista. Pratica alem do jiu-jitsu e da musculação, rapel, escalada, era adepto de trilhas e ralllys. Não era fan de futebol, mas gostava muito de assistir as lutas de MMA.
Ele chegava sem camisa, de boné, uma bermuda de tactel e um tênis. Ricardo pode observar o corpo grande e musculoso de Betão. Aquela pele branca, estilo gringo, cobriam um peitoral enorme e um conjunto de gomos que formavam seu abdômen. Os braços eram largos e definidos, trapézios que saltavam em direção a suas orelhas deformadas. Era sem duvida um colosso. Um belo homem.
Ricardo ficou tão admirado pela beleza daquele homem quem nem percebeu que ele se aproximava, quando se deu conta Betão já falava com ele.
Betão: -De onde te conheço?
Ricardo meio desconcertado: -Do bar, sexta-feira passada.
Betão olhou para ele confuso: -Do bar?
Ricardo: -Sim, eu estava na mesa com minha prima Ana e meu cunhado Carlos e você nos trouxe uma cerveja.
Betão: - Ah tá, lembrei, você é o frango da Bahia né.
Ricardo secamente: -Não, eu sou daqui de Formosa, só morei um tempo na Bahia.
Betão: -Cadê o Luizinho?
Ricardo -Estou substituindo ele agora.
Betão: -Melhor, aquele moleque era muito lerdo. Espero que você não siga pela mesma cartilha. Franguinho, cuida ae do meu carro mas só depois de da um trato na moto que vou sair já com ela e se liga, ai dentro tá que é só lama. Deixa no esquema. A noite tenho compromisso e vou usar a picape.
E saiu deixando Ricardo mais uma vez irritado. A atitude borsal de Betão teve esse efeito sobre ele. Odiava pessoas que tinham essa postura de se achar superior, para piorar a forma malandra de falar, cheia de gírias e na segunda vez que se encontram já o humilhava novamente, tudo isso o deixava possesso. Mas agora ele era o seu patrão, tinha que engolir sapo calado. Mas mesmo com toda essa raiva, ao virar a cabeça e observar Betão se afastando, a única coisa que sentiu foi admiração: -Caramba! Que costas bonitas do caralho!.
As horas passavam, Betão não foi buscar a moto, o motorista o fez. Na verdade esse tinha aparentemente apenas esse papel na casa, levar e trazer os veículos da garagem. Aparentemente apenas Betão tinha o habito de levar e pegar os veículos diretamente na garagem segundo o que descobriu conversando com o motorista. Mas não se interessou mais na vida dos Mattos, cuidou de deixar tudo pronto e as cinco da tarde já estava indo para casa. Não viu mais Betão naquele dia e nem no dia seguinte. O que para ele era melhor. Mas na quarta-feira já próximo as quatro da tarde ele chegou na chácara e parou na garagem, mais uma vez o carro era pura lama, ele também vinha acompanhado de dois amigos. Pela aparência ele viu que deviam ser amigos das lutas. Notou as mesmas orelhas deformadas, tatuagens de jiu-jitsu, e aquela postura bem característica dessa turma, fora os corpos trabalhados, não tanto quanto o de Betão, mas ainda assim sarados. Parecia que voltavam de algum tipo de treino. Traziam kimonos enrolados, sem camisa e os outros dois usam a parte da calça do kimono, enquanto Betão trajava-se como sempre, bermuda de tactel e um boné branco. Saíram falando besteiras e dando risadas altas, ate que Betão virou-se para Ricardo para entregar a chave. Ao vê-lo comentou com os amigos:
Betão: -Ae galera, olha o frango que eu tava falando ali.
E caíram na risada. Ricardo não entendeu, mas não deu bola, continuou o que estava fazendo, guardando materiais.
Betão: -Chega aqui franguinho, deixa eu falar com você.
Irritado, mas respeitador, ele foi ate próximo a eles: -Pois não?
Betão: -E o seu cunhado Carlinhos (falando o nome com voz fina) hein?
Ricardo: -O que tem ele?
Betão com ar irônico: -Aaaaaah! não fala que você não sabe da sova que dei nele no meio da praça?
Ricardo apenas negou com a cabeça. Não quis dar o gosto a ele de se vangloriar que a noticia na tinha corrido para ele.
Betão ainda irônico: -Claro que não, não quer se humilhar mais, se é que isso é possível.
Betão rindo com os amigos: -Ele achou que ia me bater. Acredita?
Ricardo mantinha uma feição seria, e apenas ouvia o Betão se vangloriar.
Betão: -A sorte dele foi ter muita gente, senão eu tinha era aleijado aquele frango idiota, so ia servir para abate.
Foi quando um dos amigos comentou: -E donde veio essa vontade suicida do frango hein?
Betão ainda rindo: -A cara, isso foi por causa da vadia da noiva dele que eu lasquei na pica.
Ricardo respirou fundo, mas se conteve e não falou nada, apenas ouviu calado.
O amigo novamente: -Quem é essa vagaba? Você come tantas que fica difícil de lembrar de uma só.
Betão: -É isso cara, é a Ana, prima do frango baiano aqui. Boa cara, mulher boa, gostosa, tesuda. Mas eu entendo a loucura que bateu no cara. Eu estraguei a mulher né?
O segundo amigo rindo muito: -Cara você só sabe pegar pra escrotizar ne?
Betão rindo solto: Pô cara, nem, é que essas putas daqui são mole, lá na capital elas tão mais no ritmo pra serem socadas, mas na boa, essa mulher foi socada na responsa. Tenho que admitir que escrotizei mesmo. Foi muita rola cara. A fila da puta tomou tanto na buceta, que quando frango corno pegou pra meter a rola dele não conseguia sentir nada, ficava so o pau no vacou. E ele nem pode dizer que pelo menos sobrou o cu. Ate o cu da vadia eu rasguei. Tô falando pra vocês que soquei muita rola nela. Foi rola pra no minimo duas vadias que ela agüentou e agüentou na raça. Gritou muito, mas agüentou.
E as risadas vieram com o comentário dele. Mas para Ricardo isso tinha sido a gota d'água.
Ricardo em tom de bronca: -Olha só vocês estão falando de minha prima. Mas respeito tá bom? Vocês não iam gostar se fosse eu falando de uma parente de vocês. Não tem respeito pelos outros não?
As risadas cessaram. Betão estava de costas para ele. Ricardo so viu aquele braço branco, enorme, tatuado e cheio de veias puxando o boné pela viseira virando o para trás, em seguida ele se virou para Ricardo, foi quando os dois amigos começaram a rir. A cara de Betão era de poucos amigos. Ele chegou bem perto de Ricardo enquanto o olhava fixamente. Ricardo não sabia o que fazer, mas não queria demonstra medo, então devolvia o olhar. Foi quando com um movimento rápido a mão direita de Betão agarrou o pescoço de Ricardo, o impacto da mão grande e grossa envolvendo seu pescoço lembrava um soco, e em seguida o levantou retirando os pés de Ricardo do chão. Em um ato reflexo, ele agarrou com as duas mãos o braço de Betão que o mantinha suspenso no ar pelo pescoço.
Os amigos de Betão somente riam.
Betão falando lentamente de forma seria e firme mas com tom de voz grave e baixo: -Franguinho só pia quando o pit bull autoriza. Entendeu?
Ricardo lutava para respirar enquanto se debatia no ar tentando se soltar daquela mão que o mantia acima do chão quando sentiu ela apertar ainda mais.
Betão agora em um grito seco: -ENTENDEU FRANGO?
Ricardo não conseguia mais respirar e em uma tentativa desesperada de se libertar daquela mão em seu pescoço assentiu que sim com a cabeça. Assim Betão o arremessou para trás soltando-o, o que o fez cair sentado no chão.
As risadas dos amigos dele agora estavam no auge, eles se divertiam com a brutalidade desnecessária do amigo.
Ricardo no chão tossia e buscava desesperadamente recuperando ar. Betão ainda serio tirou o tênis que usava com os pés mesmo e arremessou um pé de cada vez nele que ainda estava no chão.
Betão em tom serio e apontando o dedo para a cara de Ricardo: -Limpinho! Como novo! Os dois pés amanha de manha. Se não for pela manha vai ser de tarde, mas se for de tarde (abriu um sorriso cínico) vai ser depois da tua lição na hora do almoço e ainda vai ter que ser seguido de um pedido de desculpas de joelho na frente da galera que vai estar aqui. Sacou fran-gui-nho?
E saiu rindo com os amigos enquanto ele estava no chão.
Humilhado e com o pescoço doendo, Ricardo ficou ali no chão da garagem, observando aqueles animais se afastarem rindo enquanto pensava: -Sempre tem um amanhã!
E ele estava certo. O amanhã guardava uma surpresa, mas não para Betão e sim para ele. Ele estava prestes a descobrir que desafiar Betão nunca terminava bem.