A pia tinha quebrado novamente. Segundo o meu pai, era o sifão e ele parecia ser incapaz de dar o diagnóstico normalmente. Minha mãe brigara com ele a semana inteira, reclamando do problema e ele, agora, repassava para mim suas insatisfações. Ele não concebia que um homem de dezesseis anos fosse incapaz de fazer estes pequenos reparos domésticos, enquanto ele, que em suas palavras, era fodido a semana inteira, tinha que consertar na sua já escassa folga. Enquanto ele gritava, ficava eu me perguntando se não era ele incapaz também, uma vez que não conheço outras pias que quebrem oito vezes no período de três meses. A prudência, no entanto, me fez guardar esta opinião junto com as demais, conforme aprendi ao longo de nossa convivência.
Eu nunca desafiava o meu pai. Nosso acordo nunca expressado pressupunha que ele jamais demonstraria qualquer felicidade perante a mim, assim como minha mãe fazia com relação a ele, embora no caso dela, eu pense que era mais justo, posto que eu faria o mesmo se tivesse coragem. Não pelos mesmos motivos, de todo, mas é até possível relacionar. Do meu lado, incomodava, por exemplo, a situação que narrei há pouco. Pelo lado dela, imagino o quão frustrante deva ser trabalhar fora, fazer todos os trabalhos domésticos e o dinheiro ser controlado por uma outra pessoa que não se digna, sequer, a contratar um encanador. Ora, não eramos pobres. Mesmo com a minha mesada da época, seria possível pagar por tal serviço.
Eu não era um bom aluno, nem me esforçava para sê-lo. Qualquer idiota era capaz de aprender o que queriam me ensinar e eu sou mais um que aprendia. A questão é que não anotava nada no caderno. Por que, se respondia a apostila e fazia a prova? Ninguém nunca soube me responder, enquanto estive naquela escola. Presumível ser um método pedagógico, mas a julgar pelos meus resultados e os de meus coleguinhas à época, talvez deva ser reavaliado. Mais tarde, descobri que a vida de burocratas funciona assim mesmo e estavam, provavelmente, me preparando para ela. As coisas não precisam de lógica, precisam apenas ser seguidas. Creio que o cérebro humano funcione como um burocrata, também. É confuso e faz imposições inexplicáveis, além de ter barreiras intransponíveis.
É irônico pensar que justamente neste dia, eu me dei conta de que minha mesada poderia pagar sem grandes apertos. Não nasci para a burocracia e, embora seja contraditório, creio que homens de verdade devam ter atitude. Eu não conseguia ter uma atitude contra meu pai, mas tive contra a minha vida. Em uma tarde de segunda-feira, após nossa tradicional briga dominical, liguei para uma empresa especialista em encanamentos. Com o advento da internet, não é difícil conseguir esse tipo de contato e assim veio um rapaz em casa. Veio com um uniforme cinza, daqueles feitos para que a pessoa não seja mais vista como uma. Ela é apenas uma ferramenta que está em sua casa por seu valor utilitário e, como toda ferramenta, estar à vista só pode significar desleixo, problema, ou trabalho, o que não causa alegria a ninguém.
Ele avaliou o problema e afirmou que estava errado o encaixe e logo quebraria novamente, pela pressão exercida naquele ponto. Falou isso sorrindo, para mim, com o orgulho de quem realizou bem e rapidamente o trabalho e, em breve, poderia gastar seu pouco ordenado com alguma felicidade artifical, qual álcool, ou sexo pago. Meu olhar escapou para um pingente em seu tórax cabeludo, exposto pela camisa um pouco desabotoada. Aquilo não era uniforme. Era sua forma de resistir à opressão, ele não tivesse consciência disso e eu ainda não tenha certeza, hoje. Ainda assim, adquiri uma simpatia imediata pelo rapaz. Pedi seu telefone pessoal, para que ele não tivesse que dividir seus ganhos com a empresa, caso eu precisasse novamente.
Ele se foi, mas seu pingente ficou em minha mente. Precisava também eu de uma forma de resistir. Eu não usava, contudo, uniforme. Hoje, ainda, não uso e, ainda assim, me sentia oprimido. Passou-se um mês, até que me decidi chamá-lo novamente. Não havia nada quebrado, mas pedi uma avaliação do chuveiro de meu closet, alegando que estava com pouca pressão. Naturalmente não havia nada, mas ficamos conversando e eu gostava disso. Não queria que ele fosse embora. Ele não era bonito, nem particularmente inteligente, mas me fazia feliz, durante o tempo em que eu o contratava.
Não sei se percebeu isso, mas das outras vezes que eu o chamei, posteriormente, nem fez muito esforço para tentar achar algum problema. Em princípio, isso criou um problema, pois os possíveis problemas em meu encanamento sempre mediaram nossas conversas, servindo de assunto, mas agora eu teria que inventar o que dizer, para servir de desculpa. Suponho que querendo me agradar, ele começou a falar de mulher. Me elogiava, supondo que eu fazia muito sucesso entre elas, mas a verdade é que nunca fui uma unanimidade entre elas. Meu porte físico não permitia e minhas questões existenciais as enfadava. Ele, ao contrário, me contava detalhadamente o que fazia com elas e eu não conseguia imaginá-las senão como objetos à merce de seu usuário, pouco diferende do que poderia ser ele, para mim. Me dei conta disso numa dessas conversas.
Eu pagava, ele ia embora e eu ficava pensando em seu pingente. E em como ele tratava as mulheres. E aquilo me perturbava. A própria descrição que fazia delas, mexia muito com minha imaginação. Certo dia, encontrei no banheiro de minha mãe um vestido que ela usava. Me lembrou muito a descrição que ele fazia das moças, pois se em minha mãe, ia quase até o joelho, em mim, não chegava à metade da coxa, constatei neste dia. O caimento da cintura era bom, mesmo assim e não marcava a calcinha. Descobri, no mesmo dia, que dependendo da calcinha, nenhuma roupa minha marcaria. Seriam elas, com suas formas pequenas e texturas sutis, minha resposta ao pingente.
Uma resposta que me encheu de culpa, após minha primeira masturbação usando ela. Me imaginei sendo possuido igual as fêmeas que se deitavam com o meu encanador. Mas a vontade voltava e crescia, junto com o nojo de mim mesmo. Foi numa dessas tardes que passamos juntos, que eu pedi para que ele aguardasse em minha cama e, quando voltei do banheiro, exibia um vestidinho preto, tubinho, comprado há poucos dias. Seu tecido marcava bem minha cintura e suas mangas longas cobriam meus braços finos, de modo que a atenção se voltava para minhas pernas, quase totalmente expostas, sobre um salto agulha no qual andei treinando nos últimos tempos. A maquiagem era forte, muito mais para uma meretriz do que para uma garota da minha idade.
Fui em sua direção, com medo, vendo sua cara de espanto. Ele não conseguiu colocar isso em palavras, mas claramente não sabia que eu era veado e o fato de eu também não saber, talvez fosse nossa primeira afinidade. Tentei beijar sua boca, mas ele se afastou. Olhei em seus olhos, esperando que fosse embora. Ele não foi. Me aproximei novamente e abaixei sua calça cinza, de elástico, e me deparei com um pênis ainda flácido, sob a cueca. Abaixei ela também e encostei o vermelho do batom nele. Começava a reagir. Eu não sabia muito bem o que fazer, mas sabia que não deveria usar os dentes. Com a minha mão, guiei para entre os lábios e beijei.
Começou a reagir e eu a agir, chupando ferozmente. Sentia o frio de sua aliança em minha face, enquanto sua mão orientava o boquete. Tentava olhar em seus olhos, mas seu braço atrapalhava e pouco eu via além de sua camisa. Fui abrindo ela, sem parar de chupar e agora, sentia seus pelos do tórax que tanto mexeram com minha imaginação. Deixava uma mão pousada sobre seu pingente, embora minha visão fosse a de seu umbigo.
Embora meus cabelos não fossem tão compridos, era possível me pegar por eles fácilmente e fazendo isso, me interrompeu o oral, e me virou de costas. Encostou em mim pelas costas e sentia o seus pêlos roçarem em meus ombros expostos pelo vestido. Em minhas coxas, duas mãos guiando para que se separassem. A calcinha, abaixada até o joelho, ao passo que o vestido era levantado até quase a cintura. Ouvi, segundos antes de ser penetrado pela primeira vez, o som do cuspe que me lubrificaria. Seus dedos começavam a me explorar, sem muita calma, nem muito pudor, e eu senti a dor pela primeira vez. Mantive o silêncio, como estavamos fazendo, mas não pude deixar de me curvar para frente, perdendo o equilíbrio.
Segurei a cômoda com as duas mãos e olhei para baixo. Era estranho ver meu pênis tão rijo e viril, em contraste com o tecido sutil do vestido pouco acima dele e a sandalinha cujo salto fazia minha bunda ficar tão empinada. E de tão empinada, meu cuzinho ficou exposto, à mercê do encanador, que satisfeito com o atrito que seus dedos enfrentavam agora, resolveu unir pela primeira vez nossas salivas, estando a minha em seu pênis. Soltei um gemido alto. O primeiro. Senti, sinceramente que não suportaria. Meus joelhos queriam ceder e a única palavra de conforto foi a ordem para fazer força para cagar.
A cabeça passou e o restante a seguiu até que senti minhas nádegas encontrarem suas coxas. Respirei aliviado, no breve segundo que antecedeu as estocadas violentas e, que no entanto, só me deixavam mais excitado, por mais que eu achasse que morreria naquele momento. A verdade é que aos poucos eu começava a gostar de ser comido e meus gemidos foram se intensificando. Não demorei a pedir por mais e ele a me segurar pela cintura como quem doma um animal, correspondia aos pedidos. Senti seu pau pulsar antes de receber esperma em meu intestino pela primeira vez.
Olhei para trás e sorri, ainda rebolando contra seu corpo, mas ele quis parar. Se deitou um pouco em minha cama e eu, recompondo a calcinha e o vestido, me deitei abraçando o encanador, que me olhou e, sem dizer uma palavra; sem sequer sorrir, fez um cafuné em minha nuca, quando beijei seu pingente. Eu fechei os olhos e apertei ainda mais forte seu corpo contra o meu. Passamos assim alguns minutos, até que ele se levantou, dizendo que ia embora. Eu aceitei e, ainda como sua fêmea, acompanhei até a porta, onde fui dar-lhe um beijo de despedida. Mais uma vez ele recusou. Eu sorri, paguei e ele se foi.