Meu Amigo me Amava - Capítulo 74

Meu Amigo me Amava – Capítulo 74

Chegando de viagem já começo tendo mais uma das delicadas e tensas conversas com o Pedro, já dando para perceber que não seria nada fácil meu retorno ao Rio de Janeiro. Ao chegar em casa sou surpreendido pelo forte abraço do meu mano Rick, e olha que só ficamos três dias sem se ver, pois fui na sexta e voltei domingo.

Rick - O Breno chegou mãe... o Breno chegou.

O abraço, a surpresa foi tão grande que acabo caindo no chão por cima do Rick. Na verdade ultimamente o Rick estava ficando mais carinhoso mais atencioso com todos, tanto com minha mãe como comigo, pois na maioria das vezes sempre brigávamos, por coisas banais até, mas sempre era motivos para pequenas brigas. Minha mãe que estava na cozinha a fazer o jantar larga o pano de prato e me dá um abraço, o Rick logo abre a porta e sai.

Zilda - Oi meu filho, tudo bem com você?

Minha mãe também me dá um abraço apertado, do jeito dela, mas com carinho também.

Zilda - Como foi tudo lá em Cabo Frio, você não sabe o quanto fiquei preocupada meu filho.

Breno - Tudo bem mãe, conversei com o Jhonny, tentei explicar as coisas para ele, tomara que agora dê tudo certo.

Zilda - Fiquei muito orgulhosa de você meu filho, se preocupando com seu amigo, você não sabe o quanto a minha amiga Nuancy ficou feliz com aquele telefonema, a Estela então. Meu filho você é muito especial, vocês dois na verdade, meus dois filhos queridos.

Breno - Que isso mãe, nada haver.

Fico de inicio até espantado com a reação da minha mãe, ela na maioria das vezes era racional, fria, nunca demonstrava muito do seu carinho com a gente, nem comigo nem com o Rick. Não era como a mãe do Jhonny toda melosa, carinhosa, ela gosta da gente é claro, mas da maneira dela, fria, não que não tivesse carinho, afeto pro nós, pelo contrario, mas ser daquela mãe que abraçasse quando tirávamos boas notas, ou éramos aprovados, isso era raro.

Zilda - O Rick todos os dias perguntava por você, se não tinha chegado, mandava varias mensagens, tanto no computador como pelo celualar.

Breno - Eu vi mãe, e olha que sou um mano chato, pela saco, um prego como ele diz, imagine se não fosse.

Zilda - Ele gosta muito de você meu filho, na verdade nesses anos todos essa foi a primeira vez que vocês se separaram assim por tanto tempo.

Breno - Que tanto tempo mãe, foram só três dias.

Zilda - Pra ele foi muito meu filho, e pra mim também. O Rick se apegou muito ao Jhonny, ele ficou triste, nem queria mais fazer a festinha dele na pizzaria.

Breno - Como assim mãe, ele estava tão empolgado.

Zilda - Ele antes de você decidir ir viajar, ir falar com o Jhonny me contou isso, que sem o Jhonny não teria graça, pois todos os amiguinhos dele conhece o Jhonny de tanto ele falar, do amigo que ensina jogos, que brinca com ele.

Breno - Eu pedi para o Jhonny vir, ele não me deu certeza mas estou confiante que ele venha, será uma decepção muito grande se não vier.

Zilda - Nem me fale nisso meu filho. O Rick e seus amiguinhos estão organizando tudo. Vai ter DJ, decoração, tudo, estou até com pena da bagunça que eles vão fazer na Pizzaria do Vanderlei.

Breno - Mas as pizzas todos vão pagar né?

Zilda - Sim, a pizzaria vai funcionar normalmente, apenas uma parte, aquela dos fundos irá ser para o aniversário, foi o trato que o Rick e seus amigos fizeram, o Vanderlei aceitou, estou feliz pelo animo do Rick, nunca o vi tão dedicado a algo.

Breno - Nossa o muleke vai fazer 16 anos, às vezes tão criança, as vezes tão maduro. Acredita que senti um pouco de falta dele me enchendo o saco.

Zilda - Acredito, claro que acredito, e ele todos os dias perguntando quando você voltaria, eu iria com a Nuancy e o Henrique de carro te buscar na rodoviária as dez meu filho, você disse que viria no das dez, estava terminando de fazer a janta, iria tomar um banho e ir.

Breno - Vim no mais cedo, tinha vaga.

Zilda - Ou você disse o horário errado pois odeia despedidas e recepções?

Breno - Que isso mãe.

Zilda - Meu filho toda mãe conhece sua cria. E eu te conheço muito bem.

Breno - Bom mãe vou tomar um banho, trocar de roupas, nem acredito que amanha começa tudo de novo.

Zilda - Meu filho fui lavar sua calça e encontrei um papel no seu bolso, uma receita médica, o Rick disse que tinha um e-mail escrito atrás, ele deixou colado no computador.

Breno - Receita médica como assim mãe?

Zilda - Sim, um receituário, um tal de Carlos Roberto não sei o que.

Na hora fico frio, veio a tona que bendito papel era esse, era do rapaz que conheci no hospital, no dia em que dei entrada, que tomei soro, o tal que dizia que estava passando mal de tantas coisas venenosas que tinha tomado, dou um sorriso ao me lembrar, pois na verdade tinha até me esquecido, respiro aliviado por nem minha mãe e tão pouco o Rick terem maldado nada, ainda bem que ele também deixou apenas um endereço de e-mail atrás. Agora porém sabia o nome dele, nome de gente séria, Carlos Roberto, nem combina com o rapaz que conheci, estava pior do que eu, todo acabo, tomando soro com glicose para limpar o sangue, o rapaz que tinha gastado 300 reais numa noite.

Breno - É um amigo meu, me pediu pra comprar o remédio pra ele, eu comprei e esqueci de devolver a receita.

Zilda - Você e sua cabeça meu filho, vai se ele precisa da receita.

Breno - Depois que tomar banho eu envio um e-mail pra ele.

Zilda - Filho fiz macarrão com carne moída que você adora no forno.

Breno - Nossa mãe, me deu até fome agora.

Zilda - Meu filho hoje fiquei pensando, daqui a uma semana o Rick fará 16 anos, você com 23, me sinto uma abençoada por Deus.

Breno - Por que mãe?

Zilda - Por tudo o que aconteceu com a gente. Seu pai morrendo naquele acidente de carro, me deixando você com apenas 4 anos, o Rick com seis meses na minha barriga. Eu tendo que me virar pra criar vocês sozinhas, as dificuldades que passamos.

Breno - Esquece isso mãe, pra que lembrar disso agora.

Zilda - Não consigo esquecer meu filho, é nossa vida. Eu com dois filhos, sua avó não querendo reconhecer o Rick como filho do seu pai, ficando com os documentos para que vocês não tivessem direito a pensão.

Breno - Mãe esquece eles, sempre nos viramos, temos uma boa casa, nos amamos e isso que importa.

Zilda - Por isso me sinto uma abençoada por Deus meu filho. Criei vocês sozinha, com a ajuda de Deus é claro, e tenho dois filhos ótimos. Você desde cedo muito responsável, confesso que sempre cobrei muito de você, por isso hoje de certa forma você é assim.

Quando minha mãe diz isso, fico frio, na verdade tenso mesmo, ser assim como, será que ela sabe, desconfia, nossa pra mim seria o fim, não agüentaria ser julgado pela minha própria mãe, não agüentaria mesmo.

Zilda - Ser assim meu filho, tão racional, até frio as vezes. Por isso essa ligação do Rick tão forte com o Jhonny. O Rick nunca teve muito carinho da gente, nunca fomos muito melosos com ele, até pelas circunstâncias da vida, você sendo criado em creches, escolas integrais, cursos, enquanto eu trabalhava, o Rick ficando com vizinhos. Com o Jhonny ele teve mais afeto, sempre foi paciente com ele, conversava com ele, coisas que não fazíamos por nossas rotinas as vezes tão cansativas. Quando você ficou jogando vídeo game com ele, ou ensinando nos deveres de casa, com a paciência e o tempo que o Jhonny tinha?

Breno - Vídeo game eu nunca soube jogar bem mãe, mas ensinar nos exercícios eu ensinava, eu ensino sempre que dá.

Zilda - Nas vezes que você podia ensinar meu filho era sempre também fazendo os seus trabalhos da faculdade, seus relatórios.

Breno - verdade.

Zilda - O Jhonny deu carinho ao meu filho, e essa relação é muito forte, mas isso não quer dizer Breno que ele não te ame, ele te ama muito, deu pra você senti naquele abraço.

Breno - Fiquei até espantado.

Zilda - Vi sua cara meu filho, vi sua cara.

Breno - Mãe o Jhonny está muito confuso com tudo, foi uma luta convencê-lo ligar para D. Nuancy, para a Estela.

Zilda - Pra mim o Jhonny é um filho, um filho querido e amado.

Breno - E D. Nuancy mãe, a Estela como estão?

Zilda - Ficaram muito felizes, acredita que nesses dias todos ela não conseguia comer nada, só hoje quando o Jhonny ligou foi que ela resolveu colocar alguma coisa na boca.

Breno - Meu Deus mãe, assim que tomar banho eu vou lá falar com eles.

Zilda - Bom meu filho enquanto o macarrão assa eu vou lá dizer a eles que você já chegou.

Breno - E o Rick mãe foi pra onde?

Zild a - Na casa dos amigos, estão em reunião direto, decidindo tudo, as mães estão loucas, tudo é surpresa não querem ajuda de ninguém, querem organizar tudo sozinhos. A professora disse que o Rick chamou todos seus amigos, professores, estou até com medo.

Breno - O Rick com responsabilidades, quem diria.

Zilda - Vamos ver o que vem daí.

Breno - E as roupas já comprou?

Zilda - Meu filho comprei pra ele uma bermuda e uma camisa ele disse que nunca que iria com aquelas roupas. Disse que você quem vai ter que comprar a roupa pra ele, tudo, ele vai com você no shopping.

Breno - Metido esse muleke.

Zilda - Tenho muito orgulho de vocês meu filho, de você então. Nunca me decepcionou, nunca, desde criança, sempre responsável, maduro, você com 13 anos eu não esqueço já era assim. Se preocupava com seu irmão. Dizia que iria trabalhar e ajudar em casa, pagar sua faculdade. Você sempre me orgulhou meu filho, sempre. Bom vou lá.

Minha mãe saindo eu entro no quarto, vejo o MSN do Roberto escrito na receita medica, dou u sorriso lembrando da conversa doida daquele maluco. Logo meu peito começa a dar um aperto, lembro das palavras da minha mãe “tenho muito orgulho de você meu filho, você nunca me decepcionou”. Como contar a minha mãe que curto homens, como decepcionar a pessoa que mais amo dessa maneira, e não adianta me dizer que eu não a decepcionaria que não acredito, claro que ela ficaria triste e isso eu nunca iria conseguir digerir. Penso nas palavras do Jhonny também, da conversa que tive com ele, do Pedro, nossa, como os problemas estavam voltando, parecia que a viagem a Cabo Frio foi apenas um refresco para as terríveis bombas que estourariam no meu colo neste retorno. Vou pro banheiro, entro debaixo do chuveiro, tudo bem a minha cabeça, as palavras da minha mãe, do Jhonny, do Pedro, tudo, o abraço do Rick, não agüento, sozinho ali, começo a chorar baixinho. Respiro fundo, tinha que ter forças, agüentar tudo, tinha que ser forte.

Saio do banheiro enrrolado da toalha, ligo o PC e entro em meu hotmail. Vários e-mails das pessoas que lêem meus contos, leio todos, os comentários, decido adicionar o Carlos Roberto, era esse o nome do cara do hospital, Carlos Roberto Bastos. Adiciono e vou respondendo os e-mails, conversando com alguns, ate que o Rick entra.

Rick - Breno D. Nuancy está te chamando lá na casa dela.

Breno - E você onde estava cara?

Rick - Estava na casa do Paulinho, o irmao dele é DJ, vai tocar na minha festa de grátis. Olha vai ter muita coisa cara, muita mesmo.

Breno - Nunca te vi tão animado pra uma festa de aniversário sabia.

Rick - Claro cara, bolinho, refrigerante, salgadinhos, isso todo ano tinha, e era chato. “Parabéns pra você, nesta data querida....”

Breno - Poxa cara pensei que você gostasse sabia.

Rick - Eu gostava cara, mas agora eu vou fazer 16 anos, nada haver bolo de chocolate, salgadinhos e aquelas coisas toda. Agora é na pizzaria, vai ter DJ, vai ter muitas coisas legais. Olha temos que ir no shopping comprar minha blusa e bermuda, tênis.

Breno - Nossa cara, você vai me levar a falência.

Rick - Já vai começar a reclamar mão de vaca.

Breno - Ta bom vou me endividar no cartão, mas você merece seu prego.

Rick - O Jhonny vem Breno?

Breno - Eu pedi a ele pra vir Rick, mas eu acho que sim.

Rick - Tomara que ele venha. Vocês são tudo pra mim e gostaria mesmo que você a mamãe e o Jhonny estivessem lá.

Breno - Ele vai vir cara, você vai ver.

Rick - Você prometeu lembra, você prometeu que ele viria, pensei que ele tivesse vindo com você.

Breno - Ele vai vir. Ele vai vir.

O Rick me abraça, comprovo que minha mãe realmente tinha razão, o Rick começou a gostar muito do Jhonny, alguns amigos do MSN que acompanham o site disse que achavam que meu mano era gay, hoje vejo que não, ele aprendeu a ter carinho pelo Jhonny, pois esse carinho ele não encontrava assim tão explicito em casa, e foi isso que o conquistou e o fez mudar bastante.

Terminando de ler todos os e-mails e respondido eu decido ir na casa de D Nuancy, ao chegar ela se levanta do sofá e me abraça, fico até sem graça.

Nuancy - Meu filho, obrigada meu filho, obrigada por tudo.

Breno - Que isso tia, calma.

Estela - Breno ainda bem que você existe, pensei que tivesse perdido o Jhonny pra sempre.

Breno - Ele gosta muito de todos vocês, todos mesmo. Ele está confuso, eu conversei com ele, pedi pra vir mas não quis, então pedi pra ele pelo menos ligar.

Nuancy - Ele disse que me ama, nossa meu filho esse foi um dos meus maiores presentes. Eu disse pra Zilda que ela não tem um filho, ela tem um anjo, na verdade dois anjos.

Breno - Que isso D. Nuancy, assim fico até sem graça.

Estela - Ele me chamou de Telinha, conversou comigo. Nossa estava com um peso tão grande na consciência, só você mesmo querido.

A Estela emocionada me abraça, estava chorando mas de felicidade.

Estela - Obrigada por nos ajudar a não perder nosso Jhonny querido.

Ao me abraçar Estela desmaia e não cai no chão por que eu a seguro, assustando a todos que estavam na sala, eu, minha mãe, seu Henrique, D. Nuancy e o Rick.

Breno - Estela, acorda Estela, acorda.

No susto do momento.

Continua...

Galera estou sentindo falta dos comentários, dos e-mails de vcs, sinceramente, se a história não estiver mais agradando eu paro ok. Forte abraço.

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