De como minha amiga se livrou dos meus telefonemas insistentes

Um conto erótico de Ri
Categoria: Heterossexual
Contém 1040 palavras
Data: 16/10/2008 09:33:04

Eu sou um rapaz meio chato e prolixo, disso não tenha dúvida o leitor. Ao telefone sou como as mulheres; falo pelos cotovelos. Tanto que nem deixo réplica para meus interlocutores.

Quem bem sabe o quanto falo é uma amiga minha, cujo nome eu preservo por questão ética. Ela é moça de respeito. Muito inteligente; simpática e bela. Duma pureza d’alma que encanta. Mas por pura que seja ela, é humana, e como tal, tem os seus limites. Pois ela que estuda muito em sua faculdade pelo período matutino, ― fazendo belo uso da sua vasta inteligência, ― à tarde recolhe-se para merecida soneca com a qual revigora as energias.

Ocorre que eu, moço chato que sou, ligo justamente nesses momentos de repouso da moça que desperta em estado de letargia e com voz rouca.

Foi isso que aconteceu num desses telefonemas que eu fiz informando que era dia do meu aniversário, como verá o leitor a seguir:

― Oi M... ― falei eu. ― Tudo bem?

― Oi vine ― disse ela ainda meio adormecida.

― Tava dormindo?

― Eu tava. E aí, com tá você?

― Poxa, se eu soubesse não ligava.

“E eu agradeceria” ― pensou ela.

― Mas sabe que dia é hoje? Meu aniversário ― disse eu pouco animado, pouca importância dava a datas festivas.

― Oh, parabéns! Quantos anos? ― perguntou ela.

― 2.0. Mas eu não sou multi-flex não. Nada contra que é. Quem tem seus escapamentos que faça deles o que quiser, mas eu não engato a marcha ré não. A verdade é que, você eu sou 0 km. Não encontrei ninguém para fazer um “test driver” comigo.

― (risos) Você é ótimo vine. Mas você vai encontrar; não se preocupe ― disse ela.

― É porque ficar trocando o óleo manualmente não está dando mais resultado não. E você sabe que a suspensão é automática.

― Como assim? Não entendi.

― Automática, é ver um porta-malas grande suspende, entendeu?

― Ah...

― Eu já gosto de uma mulher com o porta-malas grande. Americano gosta de faróis grandes. Brasileiro gosta de porta-malas grande espaçoso para pôr a bagagem.

― Ah! Me deixe, viu? Mas anda fazendo o que?

― Efetivamente? Nada.

“Eu imaginava isso” ― pensou ela.

― Mas não está estudando nada? ― perguntou ela novamente.

― Estudar o que? Meu HD está no limite.

E esse papo pouco produtivo e pouco decente. Com ousadias camufladas, se estendeu por cinco, dez, quinze, vinte minutos!

Minha amiga, já no limite da paciência, disse que necessitava ir ao banheiro, pois “a natureza a chamava”. Eu, indiscreto que sou, tive a indelicadeza de perguntar à moça o que faria ela quando lá no banheiro, falando assim:

― Número um ou dois?

― Dois.

― Está certo. Mais tarde (ou seja; em no máximo em uma hora e em momento inoportuno) eu te ligo. Tchau.

― Tchau.

Lógico que a ida ao banheiro era falsa. Queria minha amiga se livrar de mim. Se bem que uma ida ao banheiro, para lavar os ouvidos, após ouvir tanto material pouco prestável sair de minha boca, seria de bom grado. O certo é que ela estava cheia dos meus telefonemas que interrompiam suas sonecas vespertinas. Teve, moça inteligente que era, engenhosa idéia.

Sabia ela qual era minha maior “necessidade” e queria saciá-la, por intermédio de outra pessoa. Para poder desviar minha atenção que na falta que fazer se voltava para ela.

Telefonou para uma amiga dela, que estava em mesma “situação” que a minha, e explicou todo o caso. A dita ouviu tudo atenta e logo em seguida perguntou à minha amiga que deveria fazer. Minha amiga informou onde eu morava e orientou a fulana a se divertir comigo pela madrugada a fora praticando “fervoroso exercício”.

No mesmo dia, lá pelas oito da noite, eu estava em casa, deitado sobre o sofá da sala entretido com um livro. Quando eu ia pegar meu celular para ligar para minha amiga, alguém bateu à porta. Eu fui a esta e abri a mesma. És que me deparei com o “presente” que me enviou a minha amiga. A moça, sem nada dizer, foi adentrando em meu lar e me agarrando pela camisa. Em seguida, me jogou bruscamente sobre o sofá e começou a descascar a pouca roupa que trajava, vindo a mim nua em pêlo e muita carne. Eu, que não era avesso à fruta, já estava salivando e em “crescente empolgação”.

Ansiava em saborear aquela iguaria que há muito tempo desejava. Não sabia como veio ela ao meu lar se por obra de Deus ou de seu ex-servo. E pouco me importava saber no momento. Já “unidos”, eu desfrutava dos mais deliciosos prazeres com “profundo vigor”. Aconteceu do meu celular, que se encontrava sobre o sofá, tocar. Eu, pelo visor do aparelho soube que era a minha amiga. Atendi à chamada falando assim:

― M... dá para você ligar mais tarde? É que eu estou meio ocupado agora.

― Entendo... ― disse minha amiga que ao fundo ouvia os gemidos, suspiros e outros ruídos da “ação” que a moça que estava comigo executava com fervor.

Minha amiga desligou o seu celular com satisfação. Fora seu plano bem sucedido. Podia ter paz agora. E de fato foi o que ocorreu, pois tendo eu uma “companhia” com quem eu me divertia por longas horas em “profunda união” por todos os cômodos do meu lar, não tinha mais tempo, muito menos interesse de telefonar para minha amiga.

Ela ficou muito feliz com essa pausa que há muito tempo desejava. Agora ela podia dormir tranqüilamente sobre sua cama, enquanto eu, sobre a minha, fazia um uso mais “agitado” desse móvel.

Um tempo depois, minha amiga me contou que fora ela quem remeteu a “dita moça” para ocupar meu tempo. Ao saber disso eu agradeci muito a ela, lamentando apenas dela não ter tido essa idéia há mais tempo.

Mas minha amiga cometeu grave falha. Ela disse a mim o que a levou a fazer o que fez. Não deu outra; agora eu ligo muito mais que antes.

Moral: Faça boas ações, mas não conte os motivos.

Em realidade, minha amiga podia ter solucionado seu problema simplesmente trocando o número do seu celular.


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