Obsessão. Parte 18.

Um conto erótico de Lukinha
Categoria: Heterossexual
Contém 3480 palavras
Data: 04/03/2025 16:17:58

Miguel:

O carro deslizou suavemente pelo caminho da entrada de casa e, assim que estacionei, senti o peso do mundo deixando meus ombros. Segurei minha filha nos braços com cuidado, sentindo seu corpinho relaxando, mas ainda tenso o suficiente para me lembrar do que ela havia passado. Carolina desceu ao meu lado, trocando um olhar rápido comigo antes de abrir a porta para que entrássemos.

Assim que cruzamos a soleira, o cheiro familiar de feijoada ainda tomava conta do ar e minha mãe veio imediatamente ao nosso encontro. Seus olhos estavam vermelhos, denunciando a emoção que tentava conter.

— Graças a Deus! — Ela murmurou, envolvendo a neta em um abraço apertado.

Meu pai estava logo atrás, com sua presença firme e segura. Dona Lúcia, sempre atenta, se aproximou com um olhar profissional e, ao mesmo tempo, carregado de ternura.

— Ela está assustada, mas vai ficar bem. — Disse, passando a mão suavemente pelos cabelos da menina. — Deixe-me dar um banho nela e colocá-la para dormir. Isso vai ajudá-la a se acalmar.

Concordei, entregando minha filha a ela. Eu sabia que estaria em boas mãos. Depois de uma despedida suave, minha mãe acompanhou dona Lúcia para ajudar com a pequena e eu, finalmente soltei o ar que nem percebia estar segurando.

O jantar se desenrolou em um clima estranho. Havia felicidade pelo meu retorno, mas a sombra do que acontecera pairava sobre todos. Meu pai e o advogado conversavam sobre banalidades para tentar aliviar o peso da noite. Carolina estava ao meu lado o tempo todo, me tocando levemente de tempos em tempos.

Depois de um tempo, quando a comida já não era mais o centro das atenções, senti todos os olhares sobre mim. Eu sabia o que esperavam. Inspirei fundo e comecei a contar.

— Mina foi presa. — As palavras pairaram no ar por um instante. — Thiago tentou fugir com ela e com minha filha, mas a polícia chegou a tempo.

— Meu Deus … — Minha mãe soltou, levando a mão aos lábios.

— Eles estavam indo para um aeroclube. Thiago tinha um avião pronto. Mas a polícia já estava esperando. — Fiz uma pausa, me preparando para revelar o desfecho. — Eles reagiram. Atiraram contra os policiais. Thiago e os seguranças morreram no confronto.

Um silêncio pesado se instalou na sala. Meu pai estava calado. Minha mãe cruzou os braços, sacudindo a cabeça. O advogado ouvia atentamente. Viviane absorvia tudo.

Dona Lúcia foi a primeira a quebrar o silêncio.

— Miguel, a sua filha vai precisar de terapia. — Sua voz era serena, mas firme. — O que ela passou não pode ser simplesmente ignorado.

Eu sabia que ela tinha razão.

— Eu sei. Vou providenciar isso o mais rápido possível.

Meus pais se despediram pouco depois. O advogado também se retirou. Apenas Carolina e Viviane ficaram sentadas comigo na sala, cada uma segurando uma taça de vinho. O clima era de alívio, mas também de expectativa.

Eu sabia que ainda tinha uma conversa pendente. Viviane estava ali. E eu precisava falar com ela.

Eu a encarei, esperando. Viviane sempre fora uma mulher de poucas palavras, mas havia um peso em seu olhar, algo que eu nunca tinha visto antes. Ela respirou fundo e começou:

— Miguel, eu te devo muitas explicações. Eu preciso que você me escute até o fim antes de me julgar.

Apenas esperei, sem desviar o olhar. Carolina, sentada ao lado, apertou levemente meu braço, como se me lembrasse de ter paciência. Viviane continuou:

— Eu nunca perdoei o que Leandro e Mina fizeram comigo. E com você. Mas, diferente de você, eu nunca consegui apenas seguir em frente. Eu precisava entender, precisava me aproximar deles, descobrir toda a verdade. E, acima de tudo, precisava garantir que eles pagassem pelo que fizeram.

Eu quis interrompê-la, perguntar por que nunca me contou aquilo antes, mas segurei a língua.

— Durante muito tempo … — Viviane continuou. — … fingi estar conformada, fingi que queria manter a paz, quando, na verdade, tudo o que eu fazia era observar e reunir informações. A Mina era mais perigosa do que qualquer um de nós imaginava.

Viviane deu um gole em seu vinho, molhando a garganta, antes de continuar.

— Quando descobri que ela vinha desviando dinheiro ao longo do casamento com você, soube que tinha em mãos a arma que precisava para derrubar os dois.

— Como você descobriu isso? — Perguntei, curioso para saber mais.

— Eu ... — Viviane hesitou por um segundo. — Eu me aproximei dela e do Leandro com esse propósito. E quando finalmente tive acesso à rede privada dela, invadi seus sistemas e comecei a mapear todas as transferências para paraísos fiscais. Foi um trabalho minucioso, mas consegui sequestrar as senhas, os tokens bancários e redirecionar os fundos antes que ela percebesse.

Fiquei atordoado. Eu não entendia muito daquilo, então detalhes não eram importantes. Carolina arregalou os olhos. Eu tentava processar tudo.

— Você desviou o dinheiro que ela tinha desviado antes? — Perguntei, incrédulo.

— Seria o golpe mais devastador para ela. Para quem ela iria reclamar? — Viviane sorria ao contar.

Ela explicou:

— O valor inicial, que ela desviou durante os anos, era cerca de 400 mil reais. Mas Mina tinha um talento especial para multiplicar dinheiro sujo. Ao longo dos anos, ela transformou o montante inicial em mais de 4 milhões.

Meu coração disparou.

— Caramba! E esse dinheiro? Onde ele está? — Eu não conseguia esconder minha surpresa com a informação.

— No momento, está bloqueado pela justiça, mas quando as investigações forem concluídas, ele será devolvido para você. — Viviane informou, com honestidade.

Era muita informação para processar.

— Viviane, como você conseguiu fazer isso? Quero dizer ... invadir redes, sequestrar senhas, manipular contas bancárias ... Você sempre foi boa com tecnologia, mas isso ... isso é nível profissional. — Perguntei, admirado.

Ela abaixou os olhos por um momento e então soltou um suspiro.

— Eu nunca te contei, mas logo depois que me formei, fui recrutada por uma agência privada de investigação. Foi naquele mundo que eu me encontrei, que percebi que era boa naquilo.

Ela fez uma pausa, tomando outro gole de vinho, antes de continuar.

— Tão boa que logo me inscrevi em um concurso da Polícia Federal. — Ela me olhou como se tentasse medir minha reação. — Eu queria te surpreender com a notícia, queria contar para todos, mas fui designada para uma unidade especial. Meu trabalho precisava ser sigiloso. Eu não podia revelar minha identidade real nem mesmo para meus amigos.

Eu estava completamente atônito. Carolina levou a mão à boca, surpresa.

— Então você sempre foi ... — tentei encontrar as palavras.

— Uma agente? Sim. — Viviane confirmou. E soltou um suspiro de decepção logo depois. — Mas isso acabou agora. Quando usei meu cargo para uma vingança pessoal e, depois para te ajudar, cruzei uma linha. Por isso fui obrigada a pedir exoneração. Fiz um acordo para não ser criminalizada.

O peso de suas palavras caiu sobre mim como um muro desabando. Viviane sempre esteve à nossa volta, mas nunca soubemos quem ela realmente era. Tudo o que ela fez, tudo o que arriscou e eu ... eu acreditei que ela era como Mina e Leandro.

— Vivi ... — Comecei, mas ela me cortou.

— Me desculpa, Miguel. Me desculpa por ter feito você pensar que eu era igual a eles. Me desculpa por ter machucado você. — Sua voz fraquejou por um instante, mas ela logo se recompôs. — Mas eu faria tudo de novo. Não me arrependo do que fiz.

Olhei para ela por um longo momento.

— Eu nem sei nem o que dizer ... — Confessei. — Mas ... obrigado. Por tudo.

Um pequeno sorriso surgiu em seu rosto e, naquele instante, percebi que, apesar de tudo, Viviane sempre esteve do meu lado.

Eu me inclinei para frente, apoiando os cotovelos nos joelhos enquanto olhava para Viviane. Meu peito ainda pesava com tudo o que tinha ouvido, mas a gratidão era maior.

— Eu nem sei como te agradecer — Eu disse, me virando para ela. — Tudo o que você fez por mim … não tenho palavras.

Viviane sorriu de um jeito cansado, mas sincero.

— Você não precisa agradecer, Miguel. Fiz o que era certo. E, além de tudo, fiz por um amigo.

Balancei a cabeça, emocionado por sua amizade e respeito.

— Mesmo assim, eu devo tudo a você. E fico pensando … agora que você perdeu seu emprego, o que pretende fazer?

Ela se recostou no sofá, olhando para o teto como se buscasse respostas.

— Não sei. Ainda não pensei nessa parte. Foi tanta coisa acontecendo, tudo se misturando … eu não tive tempo de parar e refletir.

— Então, o que acha de vir trabalhar comigo? — Perguntei, sem rodeios. Ela virou o rosto para mim, surpresa. — Sei que não é sua área, mas podemos criar algo novo, um negócio que você possa administrar. Você é inteligente, dedicada. Podemos dar um jeito nisso juntos.

Os olhos dela se iluminaram, e um sorriso se abriu em seu rosto.

— Você está falando sério? — Viviane parecia desconfiada, como se fosse difícil acreditar que, depois de tudo, alguém pudesse estender a mão para ela daquela maneira.

— Claro que estou. Você é minha salvadora, Vivi. O mínimo que posso fazer é garantir que você não fique desamparada depois de tudo o que fez por mim. — Sorri para ela, com gratidão e sinceridade.

Ela se jogou em meus braços, me apertando com força. Senti seu corpo tremer levemente, como se finalmente estivesse soltando toda a tensão das últimas semanas.

— Eu sabia que você não me deixaria na mão — Ela disse, com a voz embargada. — Saí disso tudo com uma mão na frente e outra atrás. Mas … agora tenho esperança de recomeçar.

Sorrimos um para o outro e terminamos aquela noite em paz. Ofereci um quarto para Viviane ficar enquanto decidia o que fazer e ela aceitou, sem hesitação. A vida começava a se ajeitar aos poucos.

As semanas passaram, trazendo certa normalidade de volta. Minha filha estava se recuperando bem, com o apoio da família e da terapia. Viviane começava a se organizar e eu trabalhava para reconstruir minha vida.

Até que, uma tarde na distribuidora, fui surpreendido por uma visita que não esperava ver tão cedo. O telefone tocou, e minha secretária disse:

— Senhor Miguel, tem uma senhora aqui, sem hora marcada, querendo falar com você. Seu nome é Georgina.

Fiquei assustado, não sabia o que esperar, mas autorizei que ela entrasse.

Segundos depois, Georgina, a mãe da Mina, minha ex-sogra, estava ali, de pé à minha frente, com os olhos carregados de algo que eu não conseguia decifrar.

— Miguel … — Sua voz saiu baixa, quase hesitante.

Fiquei parado por um instante, tentando absorver a cena. Depois de tudo, o que diabos ela queria comigo?

— Dona Georgina — Respondi, mantendo a compostura. — O que faz aqui?

Ela suspirou, apertando a bolsa contra o corpo.

— Precisamos conversar. Sobre minha filha.

Fiquei olhando para Dona Georgina, tentando entender o que ela queria dizer. Minha paciência para qualquer coisa relacionada à Mina era quase inexistente, mas havia algo em seu olhar. Um peso, talvez arrependimento, que me fez esperar.

— Sobre a Mina? — Repeti, incapaz de esconder minha preocupação.

Ela confirmou e abriu a bolsa, retirando alguns papéis bem-organizados e os colocando sobre a mesa à minha frente.

— Eu sei que você não tem motivos para me ouvir, Miguel. Mas espero que, pelo menos, entenda a situação. Mina assinou uma procuração me dando plenos poderes. Com a autorização da justiça, estou aqui para negociar a venda dos bens dela. A metade da casa e da farmácia.

Aquilo era a última coisa que eu esperava ouvir. Peguei os papéis e folheei rapidamente, sem absorver muita coisa. Levantei o olhar.

— Venda? — Minha voz soou contida. — Mina quer se desfazer da parte dela?

Dona Georgina ajeitou a alça da bolsa no ombro, visivelmente desconfortável.

— Não é exatamente uma escolha dela. Os bens estão bloqueados, como você sabe. Mas os custos com advogados são exorbitantes. Eu e meu marido estamos exaustos, Miguel. E, francamente … — Ela hesitou, sua expressão se contorcendo. — Você sabe tão bem quanto eu que minha filha cavou a própria ruína. Não cabe a nós a sustentar.

Respirei fundo, sentindo um misto de surpresa e satisfação. Mina sempre agiu como se fosse intocável, mas ali estava sua própria mãe admitindo que não havia mais saídas fáceis.

— Então vocês querem que eu compre a parte dela? — Perguntei, buscando manter um tom neutro.

— Sim. É o mais justo. Você sempre foi um bom homem, Miguel. Sempre esteve do lado certo das coisas. Eu sei que isso não apaga o que ela fez, mas … — Ela engoliu seco. — Pelo menos, assim, esses bens voltam para quem realmente os construiu.

Minha mente começou a trabalhar rápido. Comprar a parte de Mina me daria controle total sobre a farmácia e a casa, permitindo que eu decidisse o que fazer sem interferências futuras. Mas havia um detalhe importante: eu precisava saber o valor real de tudo antes de tomar qualquer decisão.

— Preciso de um tempo para avaliar isso. — Eu disse, pousando os papéis sobre a mesa.

Dona Georgina concordou, parecendo aliviada por eu não ter recusado de imediato.

— Entendo. Sei que essa situação não é fácil. Mas preciso de uma resposta o quanto antes. Quanto mais o tempo passa, mais os custos aumentam.

— Eu aviso assim que tomar uma decisão. — Finalizei.

Ela ajeitou a postura antes de me encarar mais uma vez.

— Obrigada por me ouvir, Miguel.

Apenas balancei a cabeça, observando-a sair da minha sala. Assim que a porta se fechou, larguei os papéis sobre a mesa e massageei as têmporas. Aquilo era inesperado, mas talvez fosse a peça que faltava para finalmente fechar aquele capítulo da minha vida.

Passei os dias seguintes, junto com meu advogado, avaliando valores, conversando e fazendo uma análise detalhada do mercado. A casa e a farmácia eram bens valiosos, mas eu não pagaria a mais por algo que, no fundo, nunca deveria ter sido dividido com Mina.

Quando marquei o encontro com Dona Georgina, fui direto ao ponto.

— Eu aceito a proposta … — Comecei. — Mas pago um valor abaixo do que foi pedido. Não vou me aproveitar da situação, mas também não vou agir como se não soubesse que essa é minha chance de ter o que sempre foi meu, sem disputas.

Coloquei o contrato na frente dela, com os valores bem detalhados. Ela fechou os olhos por um momento e depois soltou um longo suspiro.

— Entendo. Não temos escolha. Aceitamos sua oferta.

Com um aceno, estendi os documentos já revisados pelo meu advogado. Assinamos, e o negócio foi fechado.

Quando Dona Georgina se levantou para ir embora, me encarou com um olhar carregado de algo que parecia culpa.

— Miguel … Por mais que seja tarde para isso, eu sinto muito. Por tudo que a Mina fez. Eu nunca imaginei que chegaríamos a esse ponto.

Não respondi de imediato. Havia tantas coisas que eu poderia dizer, tantas emoções conflitantes dentro de mim. Mas, no final, tudo o que saiu foi um simples:

— Eu sei.

Ela entendeu que aquilo era o máximo que eu poderia oferecer. Então, antes de sair, ela pediu:

— Por favor, não nos deixe fora da vida da nossa neta. Nós não temos culpa das escolhas da Mina.

Ela nem esperou minha resposta, apenas se virou e saiu. E, finalmente, um peso pareceu sair dos meus ombros.

Naquela mesma tarde, autorizei o gerente da minha conta a fazer a transferência dos valores. Para mim, o assunto “Mina” estava encerrado.

Sobre deixar os avós maternos conviverem com a minha pequena, eu não tinha motivos para recusar. Mas pensaria naquilo com calma, mais para a frente.

Os anos passaram como um sopro, preenchidos por mudanças, desafios e momentos que, quando me permitia parar para pensar, pareciam surreais. Seis anos se foram desde aquele turbilhão de acontecimentos, e hoje minha vida era outra. Melhor. Mais leve. E, principalmente, mais feliz.

Carolina e eu construímos nosso lar juntos. Foi um processo natural. Aos poucos, ela foi ficando mais tempo em minha casa, até que percebemos que a ideia de dormir separados parecia absurda. Quando nos demos conta, já estávamos dividindo gavetas, rotina e sonhos. Minha filha, que antes era apenas uma menininha assustada, agora era uma pré-adolescente esperta, cheia de opinião e com um olhar que me desarmava sempre que pedia algo. E pedia muito.

— Pai, preciso de um celular novo. O meu tá ultrapassado — Ela dizia, cruzando os braços, já ensaiada.

— Você precisa ou quer? Porque são coisas diferentes — Eu retrucava, divertido.

— Pai … — O tom manhoso sempre vinha acompanhado de um olhar pidão.

— Conversa com sua madrasta, se ela concordar, eu penso no caso. — Joguei para Carolina, que ria ao meu lado.

— Ei, não me coloca no meio! — Carolina protestava, mas sempre acabava cedendo ao charme daquela menina.

Viviane também seguiu um caminho incrível. A startup que criamos juntos, especializada em segurança digital, se tornou um sucesso. No começo, era um projeto pequeno, com investimentos modestos e grandes sonhos. Hoje, era referência no mercado.

— Eu avisei que ia dar certo — Viviane disse certa vez, enquanto brindávamos com vinho na varanda de casa.

— Você sempre avisa — Brinquei. — Mas não posso reclamar, sua teimosia nos trouxe até aqui.

— E vai nos levar ainda mais longe. — Ela piscou, confiante, como sempre.

A amizade entre nós três se fortaleceu tanto que se tornou uma segunda família. Jantares frequentes, viagens de fim de semana e até mesmo discussões bobas sobre filmes viraram parte da rotina. Carolina e Viviane se tornaram tão próximas que, às vezes, parecia que eram melhores amigas desde sempre.

Minha filha também tinha em Viviane uma espécie de tia postiça. Ela a ajudava nos trabalhos escolares, a incentivava a aprender sobre tecnologia e até a ensinou a montar um pequeno sistema de segurança para o quarto.

— Agora, se você tentar entrar sem autorização, pai, vai ter um alerta direto no meu celular. — Ela disse, orgulhosa.

— Ótimo, perdi o controle da casa para duas gênias da tecnologia. — Brinquei, olhando de uma para a outra.

— Acostume-se. — Viviane disse, rindo.

Mas, apesar da leveza que a vida tomou, uma sombra do passado estava prestes a ressurgir. Seis anos se passaram desde a prisão de Mina, e eu sabia que, por bom comportamento, sua condicional estava próxima. Eu não tinha certeza do que sentir sobre aquilo. Raiva? Indiferença? Preocupação? Não queria que a notícia afetasse a paz que levamos tanto tempo para construir. Mas, no fundo, sabia que aquele capítulo da minha vida ainda não estava completamente encerrado.

O furacão Mina estava prestes a retornar. E com ele, momentos trágicos se anunciavam.

Mas antes, outra situação me pegou desprevenido.

Cheguei em casa com a intenção de surpreender Carolina. Com minha filha em férias escolares, viajando com meus pais, era a oportunidade perfeita para uma noite só nossa. Entrei pela parte traseira da casa, em silêncio, querendo pegá-la desprevenida, talvez arrancar um sorriso surpreso antes de tomá-la nos braços.

Mas antes mesmo de atravessar o corredor, ouvi vozes vindas do quarto. Ela estava em uma chamada de vídeo. Me aproximei sem fazer barulho, encostei na parede e escutei melhor. Eram três vozes. Carolina, Viviane e Carla.

Carla, após se formar na faculdade, ganhou uma posição de liderança na distribuidora, não por conveniência, por nepotismo, mas sim, por mérito próprio.

— Eu ainda não acredito que vocês entraram nessa. — Carolina disse, rindo.

— Pois, acredite. — Respondeu Carla. — Você sabe como eu sou. E Viviane ... bem, quem diria que ela ia se descobrir assim, não é?

— Eu mesma não imaginava — Viviane entrou na conversa, a voz carregada de diversão. — Mas olha ... depois que eu me permiti, descobri um mundo novo. Mulheres são incríveis, vocês sabem disso melhor do que ninguém.

O que diabos eu estava ouvindo? Franzi a testa e me inclinei um pouco mais para perto.

— A gente sabe, sim — Carla riu. — Especialmente Carolina, né? Ela conhece bem esse lado.

Meu coração deu um salto. O que ela quis dizer com aquilo?

— Não começa, Carla. — Carolina resmungou, mas sua risada indicava que não estava realmente brava. — Isso foi no passado.

— E que passado, hein? — Carla provocou. — A gente se divertia muito juntas.

Senti o estômago revirar. Carolina e Carla ... juntas? Pisquei algumas vezes, tentando processar o que acabara de ouvir.

— É, me diverti — Carolina admitiu, e eu prendi a respiração. — Mas aquilo era outro momento da minha vida. Foi incrível, não vou negar. Sentia falta da variedade, da novidade, mas isso mudou.

— Mudou? Mesmo? — Viviane perguntou, curiosa.

— Sim! — Carolina respondeu, a voz ganhando um tom mais sério. — Eu sou apaixonada pelo Miguel. Ele me satisfaz completamente. Não preciso de mais ninguém. Não trocaria o que tenho com ele por nada no mundo. E não há desejo que justifique magoá-lo.

Fechei os olhos, deixando as palavras dela me inundarem. A surpresa ainda estava ali, mas junto dela veio um calor no peito. Carolina tinha um passado que eu nunca imaginei, mas o que realmente importava era o que ela sentia agora. E ela me escolhia. Completamente.

Dei um passo para trás, respirando fundo. Ainda precisava de um momento para absorver tudo aquilo antes de me revelar. Mas uma coisa era certa: eu nunca tinha amado Carolina tanto quanto naquele instante.

Continua …

Texto: Lukinha

Revisão e consultoria:


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Comentários

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Muito bom!!! Sensacional!!!

Espero apenas que o cara não tenha mais uma decepção. Mas como ter ctz? Ele não conhece realmente nenhuma dessas mulheres!!

Já mina será ainda mais perigosa...imaginem as amizades e conexões que não teve nestes seis anos presa.

Seria surpreendente ela mudar...e mais surpreendente ainda se o Miguel não desconfiar se ela quiser se reaproximar.

Mil estrelas...

Parabéns

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A vida do Miguel está indo de vento em polpa , navegando e aguas claras,mansas sem turbulências, mas e quando a Mina for solta 😱🤔🤔? Será que o furacão 🌪️ 🌪️ Mina vai ainda ater força para atrapalhar a vida de Miguel 🤔🤔? Vamos aguardar ⌛⌛! Viviane agiu da mesma maneira que a Diana , certamente ou seja se infiltrou fingindo amiga da dupla para derrotar a Mina.

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Que capítulo, parabéns amigos!

👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼

O Retorno de Mina!

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Lukinha demais amigo me parece que vem mais bomba por aí kkkkk nota mil parabéns.

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Capitulo muito interessante....promessa de turbulências a frente⭐⭐⭐!!

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Ai, ai, ai ... Será que ...

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