Sendo livre! - Cap. 01 - Universidade e Cidade Grande
Crossdresser, Gay, Bissexual, Trans
Realmente temos que ser cuidadosos com o que pensamos e com o que desejamos, a vida adora cobrar, nem sempre na mesma moeda, mas quase sempre descobrimos que mais perdemos do que ganhamos, mas isso depende do ponto de vista. Ter a liberdade de escolher, de arriscar, traz o ônus de arcar com todas as consequências.
Eu ainda não sei se ganhei ou se perdi, mas sei que essa disputa ainda durará por muito tempo, parece ser confuso lendo, mas para que você me diga se eu estou perdendo ou ganhando teremos que voltar um pouco no tempo.
No contexto da história, vamos nos localizar, moro em São Jorge do Patrocínio, apenas a título de curiosidade, embora lá a frente terá relevância os dados agora aqui apresentados, Em 2000, quando eu nasci, esta era a realidade da cidade, Censo - 2000, População total: 4.561, Urbana: 2.633, Rural: 1.928, Homens: 2.224, Mulheres: 2.337, uma cidade distante aproximadamente 85 km de Umuarama, 250 km de Maringá, 180 km de Cascavel e 698 km da Capital Curitiba, distante de outros grandes centros ou de cidades mais expressivas de outros estados.
Eu Vicente e minha prima Vanessa, temos uns 5 meses de diferença, neste caso eu sou mais velho, já começa aí, uma disputa, que nem tínhamos noção que poderia no futuro ser algo tão significativo para nossas vidas.
Como tínhamos a mesma idade, tínhamos às vezes os mesmos desejos, para coisas como roupas, discos, cds, dvds, o que mudava era que eu escolhia coisas de meninos e minha prima coisas de menina, Geralmente era assim, eu queria uma coisa, as vezes minha mãe dava, e minha prima ficava com vontade de ter, era natural, e sua mãe comprava, mas tinha algo que ambos, minha prima e eu odiávamos era quando acontecia o inverso.
Minha mãe era madrinha de minha prima, e minha tia, mãe dela era a minha madrinha, então quando um não conseguia ganhar algo de nossos pais, vinham as madrinhas e plantavam o ódio e a discórdia nos primos, pois realizavam o desejo do afilhado(a) e as vezes não a dos filhos, coisas que às vezes gerava mágoas que por vezes ficavam adormecidas, sem dúvida, muitas delas resolvidas pelo tempo, ou por uma questão do destino acabamos esquecendo, outras iam para algum lugar oculto na memória afetiva.
No colégio não acontecia tanto isso, éramos muito unidos por sinal, os amigos eram sempre comuns, pois em algumas vezes ficávamos na mesma classe, às vezes não, foi mudando à medida que fomos amadurecendo, já não nos importamos tanto com coisas materiais, mas ainda existia uma ou outra mágoa do passado, mas eu sentia um carinho muito forte por ela, uma admiração, e depois soube que ela por mim.
Isso tudo foi até a época do cursinho, que praticamente eu e minha prima não nos largamos mais, pois ambos queriam estudar fora, ambos queriam morar fora e sabíamos que isso só seria possível, se juntos estudássemos e a possibilidade financeira era morarmos os dois juntos, para dividir custos e a própria confiança de nossas famílias, segurança e tudo mais, pois a escolha nossa era praticamente 660 km de casa , longe o suficiente para praticamente apenas nos vermos em finais de semestres ou em datas comemorativas, recessos e greves., podíamos ter escolhido outras, mas a ideia era realmente vivermos experiências em uma cidade grande, como Curitiba, embora alguns imaginem ela não ser uma cidade tão expressiva.
Deu muito certo, minha prima passou em Medicina Veterinária, na UFPR e eu em Agronomia, vantagem que ficamos estudando no Campus Agrárias da UFPR, em um bairro ao lado da Federal e de custo de vida mais acessível, tínhamos que dividir um apto de 2 quartos suítes, sala, cozinha, lavabo e lavanderia, que tinha ainda no prédio um bicicletário e um salão de festas que foi transformado em academia, evitando assim as inúmeras discussões e brigas por festas, conforme o síndico confidenciou aos nossos pais, salientando que havia uma intolerância a algazarras e festas, o que muito agradou aos velhos, embora a diferença de idade entre eu e meus pais seja de 17 anos, e da minha prima 18, por uma questão dos 5 meses.
Já havíamos passado o tempo de trote, já no segundo semestre, quando as coisas começaram a apertar nos estudos, tivemos que reduzir o tempo de ida pra casa, pois algumas greves prejudicam o calendário, então ficou difícil viajar. Esse fato gerou muito mais cumplicidade entre nós dois, pois estar longe de casa gerava uma carência, algo que um conseguia perceber e entender no outro.