Passei no supermercado e comprei cerveja e alguma coisa para comer, na casa do Roberto tomei um banho e vestir só uma cueca box preta, tomei umas duas latinhas esperando ele chegar, mas acabei adormecendo no sofá, quando acordei já era tarde da noite, vi uma mensagem dele falando que apareceu um trabalho urgente e que ele não voltaria para casa naquela noite, porém disse que eu poderia ficar à vontade, não devia ter beijado o Roberto, só espero que isso não estrague a amizade que estamos começando.
Primeiro João Pedro, depois Luciano, tive uma sucessão de casos ruins, mas ainda tenho Barbie, ela é o amor da minha vida, ela me entende cento e dez por cento, tudo nela é perfeito e o fato dela me entender como ninguém faz com que eu a ame ainda mais, só me pergunto até quando ela vai ser tão compreensiva comigo, Barbie propôs a relação aberta para facilitar as coisas entre a gente e isso funcionou muito bem, porém me pergunto se continuaremos nesse regime de relacionamento depois de casados, acredito que isso deve ser acertado.
Estou me perguntando agora se eu quero continuar aberto ou se fechou depois do casamento, ela não está ficando com ninguém, acho que o certo seria fecharmos de novo, mas não sei, a única certeza que tenho agora é que não quero perde-la, mas me sinto tão confuso, triste de certa forma, sinto como se todas as minhas decisões foram erradas até aqui, João Pedro, Luciano, me pergunto se Barbie está feliz comigo, se sou o bastante para ela, como se ela sentisse que estou pensando nela meu telefone toca e é a foto dela na tela.
— Oi, noivo.
— Oi, noiva.
— Te acordei amor? — Ela pergunta de forma meiga.
— Não, estava aqui pensando em você — ela sorri para a câmera.
— Que lindo, tão romântico esse meu noivo.
— Eu te amo Barbie.
— Eu sei Vidal, assim como sei que você está sofrendo pelo Luciano.
— Não.
— Sou eu amor, vai querer mentir para mim — ela fala me interrompendo.
— Estou, mas isso é diferente do que sinto por você, não pensei que isso muda meu desejo de casar com você.
— Vidal — ela chama meu nome me interrompendo de novo — eu estou bem amor, eu sei que o que temos é único e ninguém tem cacife pra ocupar meu lugar como sua mulher, a questão aqui é outra, você tem que falar com Lu, pôr as cartas na mesa, escutar o que ele tem a dizer.
— A gente vai casar e ele escolheu a família dele — falei com um pesar na voz.
— Não tem nada nessa vida que eu queira mais do que ver meu maridinho bisexual feliz, eu te falei não tenho problema em te dividir amor, enquanto você me der seu coração, enquanto tivermos para mim você ser a mulher mais feliz e realizada do mundo, ainda mais sabendo que meu macho traça machos gostosos, minhas amigas morrem de inveja.
— Você não existe.
— Existo sim bobinho, só que sou gostosa de mais para me sentir insegura e fora que homem nenhuma vai te dar o chá que eu dou — e ela estava certa, o sexo com Barbie era outro nivel.
— Te amo.
— Eu sei, agora serio fala com o Lu e se mesmo assim ele for idiota de te perder azar o dele e sorte do próximo.
— Próximo?
— Deixa eu ser feliz imaginando você com outros homens na cama — ela fala rindo.
— Sério Barbie, você é uma figura.
— Sou prática meu filho, sei o que eu gosto e não vejo problema nisso, eu confio em você Vidal.
— E se eu quiser ser só seu — falei e ela pensou por um momento.
— Já somos um do outro, vamos nos casar Vidal, nada vai mudar nosso amor, serei sua e você será meu até o dia em que decidirmos não ser mais, o que eu quero dizer é que a vida a vida é curta, não se prive do amor que você tem para dar e nem para receber, quero você livre, voando alto e fazendo tudo que lhe der vontade de fazer.
— Eu sei que você sabe, mas nunca vou cansar de dizer o quando eu te amo.
— Eu também te amo Vidal, você é o amor da minha vida, tô morrendo de saudades.
— Também estou.
Roberto apareceu no dia seguinte e me convidou para almoçarmos, ele não tocou no assunto do beijo e nem eu falei nada sobre, ele folgou no sábado então compramos umas carnes e assados para tomar o restante das cervejas com uma carne assada na brasa de tira gosto, ele me contou que Marcos tinha as costas muito quentes no exército e que investiga-lo seria mais difícil, suas fontes haviam se recusado a cooperar de qualquer forma que fosse, Marcos era intocável entre os militares, além de sua patente ele tinha homens poderosos do seu lado.
— Não vamos falar sobre isso beleza, só por hoje vamos esquecer tudo isso — propus.
— Tudo bem, podemos fazer isso — ele fala dando um gole longo na sua cerveja, uma silêncio se aplica e ficamos cada um na sua por um tempo.
— Por que me beijou?
— Estava com vontade.
— Sério João Miguel, por que você me beijou — Roberto olha para mim nos meus olhos e meu coração parece que vai sair pela boca.
Estou ali na garagem dele só eu e ele, a carne no fogo as cervejas no cooler, ele usando uma camiseta verde e uma bermuda branca, eu com uma bermuda tactel florida preta e branca e uma camiseta preta, seu beleza me provocando a cada segundo que passo o encarando, Roberto teve uma vida difícil, casou, teve filho, depois a mulher foi embora e levou seu filho, teve outras mulheres, foi infiel como os outros membros de nossa família, tudo isso num ato desesperado de não ser a vítima que ele foi, para não se machucar ele causou dor, mas fazendo isso ele também sofreu, convivendo com sua sexualidade, com a culpa, culpa essa que eu também carrego em meu peito.
Roberto seguiu um caminho diferente do meu, mas que o levou para o mesmo lugar que eu, agora estamos os dois quebrados um de frente para o outro, a gente se beijou e estamos prestes a nos beijamos de novo, tanto ele quanto eu sabemos que isso não é uma boa ideia, que esse beijo vai nos levar para um caminho perigoso, uma coisa em sua boca me diz que não vai ser só um beijo, não posso fazer isso com ele, não enquanto não resolvo minha vida com as outras bocas que beijei.
— Beijei você porque parecia a coisa certa a se fazer e quero muito te beijar de novo.
— Mas não vai — ele afirma como se tivesse acabado de ler minha mente.
— Se eu te beijar agora Roberto não vou querer parar e tem umas coisas que preciso resolver antes de me aventurar em qualquer coisa agora.
— Tudo bem, nosso tempo passou, talvez se eu tivesse tido coragem de te beijar quando brincávamos no sítio naquelas férias em que viajamos nossas vidas teriam sido bem diferentes.
— Eu teria te beijado naquele quarto.
— E eu teria gostado — ele fala e ficamos nos encarando por um tempo.
— Roberto.
— Tudo bem João Miguel, a vida é como ela tem que ser — Roberto levanta e vai para dentro, lhe dou espaço pois também preciso de espaço, por mais que eu me esforce não consigo pensar em nada além de que eu queria muito arrancar sua roupa e fode-lo como nunca fodi ninguém antes, a culpa me brecou quando eu o quis pela primeira vez, mal nos falávamos e também sentir o que eu senti quando vi de sunga na piscina me pareceu tão errado e nojento na época, que quando um clima esquentou no quarto nem eu e nem ele deve coragem para se mover, no fim a vida é como é e o que poderia ter sido se a gente tivesse ficado naquela noite nunca vai acontecer.
Na segunda busquei Barbie no aeroporto ela estava tão linda, a viagem lhe fez muito bem, mas tinha algo nela que estava diferente, ela tinha um brilho a mais, fomos para casa onde tomamos um banho juntos e em seguida a levei para a festa surpresa que suas amigas haviam organizado e que ela se esforçou para fingir que não tinha percebido a organização das amigas.
— Como você descobriu, o João Miguel te falou? — Questionou uma das amigas.
— Não, ele guardou o segredo, na verdade eu stalkeei vocês e juntei as peças — ela fala toda orgulhosa de si.
Estávamos em um barzinho que ela adora, cercados por pessoas que ela ama, resultado disso é que ela estava só beijos e agradecimentos para o meu lado porque ter organizado aquilo com as amigas dela, quando a troca de presente começou ela ficou toda animada, ganhou roupas, jóias e coisas de perfumaria, nenhuma de suas amigas ricas poupou grana nos presente, mas ai nossa felicidade foi interrompida com a chegado de um dos seus melhores amigos que vinha acompanhado do João Pedro, era o cara da festa onde a gente se conheceu, Barbei os recebeu com um sorriso radiante, seu amigo lhe deu um presente bem caro, um colar de diamantes, nem se eu juntasse muito conseguiria comprar algo assim para ela, mas sabia que para Barbie aquilo era só um colar.
— Amiga, sei que você não gosta do JP, mas ele mudou, estamos sérios, ele tá tentando amiga — escutei quando o amigo justificou a presença do JP alí.
— Olha você é quem sabe o que faz da sua vida amigo, mas não vou te convidar pro casamento se você levar ele — direta como sempre.
O clima ficou meio merda depois disso então meio que a festa foi se encerrando mais cedo e voltamos para casa, ela conferia empolgado agora com mais calma tudo que havia ganhado, enquanto eu dirigia.
— Amor seu presente está lá em casa — falei.
— Meu presente é você João Miguel, ou melhor seu presente você já me deu e é o melhor presente que eu poderia sonhar em ter ganhado.
— Posso saber que presente incrível foi esse que eu te dei? — Falei rindo, mas quase bati o carro quando ela sorriu passando a mão na própria barriga.
— Estamos esperando nosso primeiro herdeiro amor, descobri na viagem e fiquei louca pra te contar, mas queria muito ver sua cara presencialmente.
— Tá falando sério? — Encostei o carro, meu corpo inteiro está tremendo e uma alegria indescritível toma conta de mim.
— Você vai ser pai Vidal.
