Estávamos todos nos divertindo, levantei para pegar mais cerveja para gente e uma caipirinha para o João Pedro, quando estou no balcão pegando minhas cervejas percebo mãos delicadas e muito cheirosas cobrindo meus olhos, reconheci a voz doce de Barbie perguntando “adivinha quem é?”, ela estava mesmo gata, com um vestido curto e mostrando as pernas lindas dela, seu cabelo preso em um pensado que deixava seu rosto bem iluminado, Barbie era o que chamamos de deusa, não tinha me dado conta do quão bonita ela era no dia em que nos conhecemos, até porque estava pensando em João Pedro naquele dia.
— João Miguel, olha só como você ficou mais bonito nesse segundo encontro. — Ela fala brincando comigo.
— Digo o mesmo Barbara. — Ela finge me olhar feio quando a chamo pelo seu nome e não apelido.
— João Miguel, nós somos próximos, já dividimos um carro. — Ela fala e acaba rindo da sua falta de graça.
Converso um pouco com ela e depois volta para a mesa, João Pedro estava estranho, mas imagino que deva ter acontecido algo enquanto estava fora da mesa, depois de um tempo Barbie se aproxima com uns amigos.
— João Miguel Vidal o senhor pode dizer para essa desmiolada que sim eu sou amiga de um detetive de verdade. — Ela fala rindo e vejo meus amigos na mesa rindo também, todos menos João Pedro.
— Normalmente peço que não me explanem, mas sim sou detetive sim. — Falei e todos caíram na risada, menos João Pedro que agora mexia no celular.
— Oi, sou Barbie amiga do João Miguel Vidal. — Ela estava se divertindo em falar meu nome todo.
— Senta aí com a gente. — Falei e aos poucos ambas as galeras foram se anexando.
João Pedro começou a ficar meio distante, mas tentei não dar muita importância para isso ainda, minha nova amiga era uma pessoa muito magnética, com pouco tempo ela estava por dentro dos assuntos da mesa e sempre com uma boa tirada que fazia todos rirem, algumas vezes o próprio João Pedro riu disfarçadamente.
Chegou a um ponto que em um momento que o João Pedro levantou para ir ao banheiro o acompanhei, para saber o que estava rolando, ele entrou no banheiro e quando saiu o puxei de canto para gente conversar, ele parecia menos estranho quando fiz isso, logo me beijou jogando seus braços sobre mim, mas queria saber o que tinha rolado, então entre um intervalo de um beijo e outro falei com ele.
— O que aconteceu, João Pedro?
— Nada, baby.
— João Pedro? — Falei olhando em seus olhos. — Sou detetive, lembra?
— Sua amiguinha é muito folgada né, conheço ela essa garota é insuportável. — Era a primeira vez que vi ele falando mal de alguém.
— Como assim, insuportável?
— Ela é amiga do carinha que eu tô ficando também, que estou morando junto, e tipo ela não me suporta, já ouvi que ela fala mal de mim para ele. — Parei de ouvir quando ele falou com toda a naturalidade do mundo sobre outro cara na minha frente.
— Eu conheci ela naquele dia da festa e dei uma carona para ela. — Falei.
— Ah sim, só uma carona né. — Não gostei do tom que ele usou.
— Não vou nem te responder. — Digo isso cruzando os braços.
— Ah pois tá certo, estou indo embora então, assim você pode ficar com sua amiga. — Ele fala saindo, mas seguro seu braço.
— Espera o que você tem, não fiz nada, já te falei que não tenho nada com ela e mesmo que eu tivesse você não tem seus esquemas também.
— É, mas não fico esfregando eles na sua cara. — João Pedro fala olhando nos meus olhos.
— Não, não faz? Você só pode está brincando comigo né João Pedro.
— Quer saber baby, não vou discutir com você. — Ele se solta e sai andando.
Vou atrás dele, na calçada ele acende um cigarro e pega o telefone, acredito que para pedir um carro de aplicativo, estávamos vindo de uma semana ótima, agora isso, só queria entender o por que dessa briga, chamo por ele e ele me ignora, perco a razão e tomo o celular de sua mão.
— Deixa disso, vamos embora juntos. — Falei.
— Me devolve baby, vou pedir uma carona.
— Não vai, eu te levo. — Falei com um tom mais intimidador e ele cede.
Não me reconheço mais, porém ele me tira do sério, João Pedro nunca tinha me irritado assim, pela primeira vez não era ciúmes o que eu sentia, mas lá dentro estava feliz por ele ter ciúmes de mim, não que ele precisasse, se parasse um pouco para notar, veria que sou seu refém e nem me esforço muito para disfarçar isso.
— Pode me explicar o que aconteceu? — Falo quando estamos no carro.
— Essa Barbara, não gosto dela baby. — Ele fala sem me olhar.
— João Pedro, olha escuta, não sei por que você brigou comigo, o que eu fiz de errado?
— Você flertando com ela na minha cara baby. — Ele fala, porém não vejo dessa forma, não estavamos flertando.
— Não, eu jamais faria isso João Pedro, ainda mais com a gente de boas.
— Ela é mentirosa baby e se eu conheço ela, já deve ter ligado pro amigo dela e provavelmente vou precisar me mudar em breve.
— Espera, que história é essa João Pedro.
— Eu estou namorando, ele me pediu em namoro no dia da festa por isso eu sumi, não consegui dar um perdido nele para ficar com você.
— Espera, mas você não tem um mês que ficou solteiro. — Falei.
— É que ele já era caso antigo também, um dos motivos do Emanuel ter terminado foi por causa dele.
— Quantos namorados você tem por acaso. — Falei mais ríspido do que eu pretendia.
Nossa conversa virou uma discussão que terminou com ele batendo a porta do meu carro e seguiu para dentro do condomínio chic em que estava morando, com a briga descartei qualquer hipótese dele querer dormir comigo em um motel como de costume, fiquei muito puto, ainda passei um tempo parado no mesmo lugar querendo me acalmar, liguei para o Dimas e perguntei se ainda estavam no bar e ele disse que sim, então voltei para lá já que não tinha o que fazer, Barbie já tinha ido quando cheguei, fiquei com eles até o bar fechar as três da manhã, depois fomos para casa do Dimas, tinha bebido um pouco a mais quando voltei então bastou me deitar no sofá da sala que eu paguei no sono.
