Eu estava ali consternado enquanto Jacques foi andando pelo corredor na direção da cozinha. Eu abri a porta bem devagar e vi minha esposa terminando de se vestir. Ela me viu e ficou bem constrangida.
Desirée - Meu amor, você voltou mais cedo. Tudo bem contigo?
Pierre - Vamos ao nosso quarto. Temos que conversar.
Desirée - Me perdoa amor, mas eu não tive opção. Ele foi até o nosso quarto e eu tentei fechar a porta, mas você tinha arrebentado naquele dia e ele entrou querendo me usar. Se eu não aceitasse, além de me bater, ele disse que iria te matar também. Eu não tive opção, mas pelo menos eu honrei a nossa cama dessa vez. Consegui convencer o desgraçado a fazer as coisas que ele queria aqui nesse quarto.
Pierre - Vamos até o nosso quarto…
Ela se abraçou em mim e fomos andando até o meu quarto. Ao longe pude ouvir o meu irmão tentando se dar bem com uma das arrumadeiras. Era uma mulher de quadris largos que realmente chamava muito a atenção por onde passava.
Chegamos em nosso quarto e falei para que se sentasse. Ela me obedeceu e ficou me aguardando. Eu não sabia o que falar. Todo o discurso que eu tinha preparado ao longo do dia, agora não fazia muito sentido depois de ouvir o que eles estavam planejando.
Pierre - Desirée, não há jeito de nós vivermos juntos…
Desirée - Eu te amo, meu amor. Você é tudo pra mim. Não me abandone!
Pierre - Você é uma adúltera! Jamais terei confiança em ti novamente. Jamais esquecerei as cenas que eu vi. Seu olhar e sorriso de prazer com o canalha do meu irmão nunca irão sair da minha cabeça.
Desirée - Com o devido tempo, você irá esquecer. Eu farei você esquecer. Serei somente sua novamente. Ele irá embora e seremos só nós dois novamente.
Pierre - Ele não vai embora. Quem irá embora sou eu…
Desirée - O que? Vai deixar a nossa casa pra ele?
Pierre - Não só a casa, como metade dos meus bens. Esta casa, que antes me trazia tanta alegria, agora só me enche de tristeza. Melhor que ele fique com ela.
Desirée - Você tem razão. Nós iremos embora juntos. Metade do que você tem, dá pra gente refazer a nossa vida em qualquer outro lugar da França. Vamos embora amanhã mesmo.
Pierre - Se esqueceu que você pertence a ele também? Na cabeça dele, metade de você é propriedade dele.
Desirée - Dê a ele a metade do meu dote, ou então dê a ele o valor total do meu dote. Ainda teremos uma boa quantidade de dinheiro pra recomeçar.
Pierre - O problema é que o seu dote agora ficou mais caro. O valor dele é a minha metade dos bens. Se eu comprar o seu dote, você fica livre pra ir embora comigo, mas viveremos sem nenhum tostão. Recomeçaremos do zero.
Desirée - Ele está louco…
Pierre - Eu teria que trabalhar como ajudante de alguém e você de arrumadeira. Provavelmente em alguns anos, talvez uns 10 a 15 anos, conseguirei ter o meu próprio negócio.
Ela ficou extremamente desapontada e baixou a cabeça. Ficou perdida em seus pensamentos.
Pierre - Isso se eu quisesse você de volta, mas essa opção está fora de questão.
Desirée - Não diga isso meu amor. Sempre tem outra opção. Vamos enfrentar isso juntos, mas por favor, não me deixe aqui sozinha com o seu irmão.
Desirée se ajoelhou aos meus pés, e beijou minhas botas, abraçando minhas pernas em seguida. Ela suplicava por perdão e que tudo iria se resolver. Que eu deveria ter fé, que Deus mostraria uma saída.
Pierre - Amanhã irei embora. O que você quiser fazer da sua vida, é problema seu.
Desirée - Não diga isso, meu amor. Confie em Deus! Tenho certeza de que hoje a noite tudo irá se resolver.
Sei. A minha morte irá resolver todos os problemas deles. Eu tinha que me livrar disso, mas não sabia como.
As horas foram passando, e eu estava flertando com a morte. O que eu deveria fazer era fugir agora mesmo. Pegar somente o necessário pra poder sobreviver, mas sair com vida desta casa. Eu poderia também revelar o plano de Desirée, mas não sei o que isso poderia desencadear.
Decidi aceitar a minha morte. Eu já estava derrotado mesmo. Era assim que eu me sentia. Pelo menos o meu sofrimento iria acabar e eu não teria que viver mais com essa vergonha. Fui me sentar à mesa, com Desirée à minha frente e meu irmão estava sentado na cabeceira da mesa, como se fosse já o dono de minha casa.
Jacques - Este jantar parece estar delicioso. É bom você encher essa sua pança, irmãozinho. Vai demorar a ter outra refeição assim.
Pierre - Por isso mandei fazer tudo do bom e do melhor.
Jacques - É isso mesmo! Eu irei comer assim todos os dias. De que adianta ter dinheiro e não poder usar? Esta casa é ótima para dar festas. Aposto que em menos de um ano, eu já terei comido todas as mulheres dessa cidade.
Pierre - Achei que tivesse mudado…
Jacques - Mudei pra melhor! Você sabe que eu não resisto a um rabo de saia…
Nesse momento, uma das arrumadeiras, a que eu tinha citado anteriormente que tinha o quadril largo, passou próximo aonde estávamos. Meu irmão a chamou pra perto dele e ela veio sem maldade, perguntando no que poderia ajudar.
Jacques - Qual o seu nome mesmo?
Joséphine - É Joséphine.
Jacques - Então, Joséphine, meu irmão gosta muito de você. Me disse que você é uma ótima empregada e ainda é belíssima.
Joséphine - Obrigada, Senhor Pierre.
Jacques - Você tem um belíssimo derriere. Parece até com o de uma potranca de primeira.
Joséphine o olhou com espanto. Pelos movimentos de sua mão e pela face envergonhada de Joséphine, dava pra perceber que meu irmão estava apertando ou apalpando-lhe a bunda.
Jacques - Pode ir, Joséphine.
Antes dela ir, ganhou um tapa na bunda que a fez levantar do chão. Ouvi um xingamento contido dela e fiquei com pena.
Jacques - Meu irmão, hoje não irei perturbar a sua esposa. É meu presente de despedida a você. Pode se fartar com ela a noite toda, até o dia raiar, ou pelo menos até quando você aguentar. Essa noite eu vou domar uma potranca. Vou montar nela a noite toda.
Eu dei um sorriso sem graça a ele, e começamos a comer. No meio da refeição, Desirée se levantou e foi até a despensa e trouxe duas garrafas de vinho. Um deles era tinto e o outro rosé. Ela me pediu para abrir e disse que era um vinho muito bom que ela estava guardando para me dar de presente numa ocasião especial, mas já que hoje era um jantar com tudo do bom e do melhor, seria de extremo bom gosto o uso desses vinhos.
Jacques olhava pra ela com cara de desconfiado. Pela primeira vez, vi que meu irmão estava apreensivo. Eu abri primeiro o tinto, e servi três cálices, dando ao meu irmão e à minha esposa. Ela agradeceu, mas disse que prefere o Rosé. Abri então o rosé, e servi um cálice a ela, que parecia um pouco tensa. Já meu irmão estava tenso nitidamente, e eu estava tranquilo pois já tinha aceitado a minha morte.
Jacques - Pierre, você é um tonto. Você sabe muito bem que eu não gosto de vinho tinto. Sirva-me do rosé também.
Desirée - É uma boa escolha.
Pierre - Sempre vi você beber vinho tinto. Aliás, já vi você beber qualquer tipo de bebida.
Jacques - Já disse que agora sou um novo homem. O vinho rosé é melhor pra saúde.
Eu ia beber o meu vinho e acabar logo com isso, mas estava vendo os dois ali com os nervos à flor da pele e decidi brincar um pouco com eles e prolongar ainda mais a tensão.
Pierre - Meu irmão, saiba que lá no fundo, eu me orgulho de você. Um grande soldado que tentou me ensinar como ser um homem de verdade, mas é uma pena que as coisas deram errado pra gente. Por isso, quero dizer que amanhã eu vou embora daqui sem mágoa no coração.
Jacques - Obrigado, irmão.
Peguei o cálice para beber, sob o olhar atento do meu irmão, mas parei antes de beber e coloquei de volta na mesa.
Pierre - Essa comida está tão boa, que eu prefiro comer tudo primeiro, para só depois apreciar o vinho.
Jacques - Como quiser, irmão…
Desirée - Acho isso uma desfeita. Vamos fazer o seguinte. Vamos fazer um brinde.
Eu e meu irmão concordamos. Erguemos nossos cálices e brindamos ao novo recomeço. Nessa hora, por mais que eu estivesse pronto pra morrer, sempre dá um frio na barriga. Um monte de coisas passou pela minha cabeça naqueles últimos segundos até o cálice chegar à minha boca. Bebi de uma talagada só. Meu irmão também bebeu, olhando pra mim. Resolvi olhar nos olhos da minha algoz pela última vez, quando vi que ela virou seu cálice de cabeça pra baixo, molhando a mesa e o chão.
Uma lágrima solitária rolou do seu rosto e vi que ela sussurrou eu te amo. Olhei para o meu irmão, que não estava entendendo nada. Quando ele olhou pra minha esposa e viu que ela tinha entornado o cálice na mesa, ele deve ter raciocinado, mas já era tarde. Sentiu uma pontada na barriga e rapidamente levou uma de suas mãos até ela. Seus olhos esbugalharam e ele partiu pra cima de Desirée com muita fúria, mas seu corpo já não respondia de forma correta aos seus comandos.
Ele cambaleou e se jogou em cima dela que não conseguiu se livrar a tempo. Os dois caíram no chão e eu pulei por cima da mesa pegando a garrafa de vinho tinto e batendo com ela na cabeça dele. Meu irmão era muito forte e mesmo assim ele não parou de agarrá-la. Ele puxava as suas pernas e a chamava de puta assassina.
Eu olhei rapidamente pra mesa e peguei uma faca que imediatamente parou nas costas do meu irmão. Ele deu um grito agonizante e soltou a Desirée. Ela estava assustada e chorando. Saiu de perto dele e veio me abraçar. A faca cravada em suas costas e meu irmão fazendo um último esforço para tirar, mas acabou perdendo a guerra dessa vez e o seu corpo ficou lá inerte e sangrando.
Pierre - JOSÉPHINE! JOSÉPHINE!
Joséphine - O que foi, Senh… MON DIEU!
Pierre - Joséphine, chame todos os empregados. Quero que levem o corpo do meu irmão para o quintal e o enterrem lá. Arrume essa bagunça e bico calado.
Desirée - Pierre, acabou. Poderemos ser felizes pra sempre agora.
Pierre - Pode parar, Desirée… Eu ouvi você tramando com meu irmão a minha morte. Você queria me envenenar…
Desirée - Claro que não, meu amor. Era uma armadilha pra ele. Era a única forma.
Pierre - Vamos pro quarto. Não quero mais ver o corpo dele.
Desirée - Você tem que acreditar em mim!
Nós fomos para o quarto e ainda discutimos muito. Eu acabei perdoando minha esposa e adormecemos, mas de madrugada eu peguei várias roupas dela e coloquei em vários baús. Eu mesmo levei para a porta da casa. Passei pela sala de jantar e estava tudo limpo. Não havia rastro do que tinha acontecido ali. Depois que arrumei tudo, ainda separei um bom dinheiro pra ela que sabendo usar com parcimônia, poderia durar uns 5 anos, talvez até um pouco mais.
Não dormi. Fiquei esperando o amanhecer, até que finalmente ela acordou. Olhei pra ela que aos poucos foi se espreguiçando e foi se levantando. Me deu um beijo na bochecha e foi ao banheiro. Quando voltou e abriu o armário, tomou um susto. A maioria de suas roupas não estava mais lá.
Desirée - Pierre, onde estão as minhas roupas? O que está acontecendo? Nós iremos nos mudar?
Pierre - Está casa está maculada. Não consigo passar mais um dia aqui sem pensar nas barbaridades que ocorreram.
Desirée - Eu concordo, meu amor. Devemos ir para bem longe daqui. Este lugar está amaldiçoado.
Pierre - Eu também acho, mas nós iremos tomar rumos diferentes.
Desirée - O que? Isso, não… Eu te amo, Pierre. Não faça isso comigo…
Pierre - Eu nunca, NUNCA mais conseguirei confiar em você novamente. Eu arrumei as suas roupas. Separei um dinheiro que vai dar pra você viver bem durante muitos anos.
Desirée - Eu não quero dinheiro, eu quero você. Eu não vou embora.
Pierre - Eu irei. Este lugar está impregnado com dissabor, tristeza e morte.
Desirée - Me leve então contigo. Eu farei tudo que você quiser, mas não me abandone.
Pierre - Eu não te quero mais. Será que você não entende isso?
Desirée - Eu te amo, Pierre. Você está sendo injusto comigo. Eu não tive culpa.
Pierre - Você sempre será uma adúltera e uma assassina pra mim…
Saí do quarto e a deixei chorando. Eu não aguentava ficar mais tempo nessa casa. Saí de lá e fui andar pela cidade. Fui visitar algumas pessoas que me deviam e anistiei uma parte das dívidas. Fiquei muito tempo fora, com a esperança de que quando voltasse, Desirée não estivesse mais lá. Ledo engano. Assim que entrei em casa fui atacado por ela que me abraçou e se ajoelhou, implorando que eu mudasse de idéia.
Pierre - Já disse que não te quero mais. Eu não aceito ter sido corno e ainda mais do meu irmão. Eu tenho nojo de você! Nojo! Você é desprezível e provavelmente nunca me amou. Só estava interessada no meu dinheiro. Se você não for embora agora, eu te jogarei no meio da rua.
Desirée - Você teria coragem de fazer isso com a mulher que te ama?
Peguei Desirée pelo braço e fui puxando-a, que aos gritos pedia clemência e implorava por perdão. Me deu vontade de chorar, mas continuar com ela seria impossível…
Coloquei ela pra fora de casa e fui pegando as malas e colocando na rua. Algumas pessoas viram e ficaram olhando. Desirée morria de vergonha e só chorava. Pedi a um dos meus empregados que a ajudasse e que ficasse com ela, até achar um lugar pra ficar.
Desirée - Pierre, você me paga por essa humilhação! Se eu não serei sua, você também não será de mais ninguém. Um dia quando você estiver sozinho, irá se lembrar que poderia ter sido feliz comigo. E nesse dia eu estarei lá para ver, quando você estiver sem ninguém pra te ajudar. Eu te amo, meu amor, mas agora eu também te odeio!
E assim ela se foi… Passado alguns meses, fiquei sabendo que Desirée foi para Paris. Detesto aquela cidade, e provavelmente foi a pior escolha que ela fez, pois lá o seu dinheiro iria acabar em pouquíssimo tempo.
Após uns meses, resolvi procurar Desirée e ver se ela precisava de alguma orientação para que pelo menos ela continuasse bem financeiramente. Lógico que entre nós não poderia haver mais nada. Eu ainda a amava, mas não poderia confiar numa pessoa como ela.
Paris era muito grande e com as poucas informações que eu tinha, não consegui achar Desirée. Eu já estava há algum tempo sem ter uma mulher e Paris tinha os melhores Bordéis da França. Resolvi entrar num deles. Fui no primeiro que vi, e por sorte era um lugar bem bonito e luxuoso. Lógico que o cheiro não era dos melhores, mas decidi continuar ali. Fiquei admirado com a quantidade de mulheres que havia no local e logo fui recepcionado por três delas que me disputavam quase no tapa, provavelmente viram nos meus trajes que eu poderia ter muito dinheiro.
Camille - Meu nome é Camille, seja bem-vindo, Senhor…
Juliette - Eu o vi primeiro, Camille. Vá procurar o seu principezinho que já deve chegar a qualquer momento. A propósito, meu nome é Juliette.
Giselle - Eu sou a mulher mais quente daqui. Se quer uma boa companhia, eu sou perfeita pra isso. Prazer, meu nome é Giselle.
Pierre - Calma, meninas. Eu só estou aqui pra passar um tempo. Minha experiência em bordel não é muito boa.
Juliette - Aaaah, coitadinho. Eu irei mudar isso.
Camille - Nunca te vi por aqui. É novo na cidade?
Pierre - Vim procurar uma pessoa, mas não a encontrei. Acabei parando aqui.
Giselle - Que sorte a nossa e azar o dela…
Pierre - Eu não disse que era uma mulher.
Giselle - Dá pra ver na sua cara que é uma mulher…
Enquanto conversávamos ali, notei que um rapaz ficava me olhando e não parecia feliz com aquilo.
Juliette - Camille, seu principezinho chegou. Por que você não vai lá falar com ele?
Camille - Não quero. Aqui está mais divertido. Ele é muito chato e sua espada é muito curta kkkkk
As três riram e eu sem graça acompanhei o riso. Giselle tirou sua parte de cima e ficou com os seios de fora. Eram grandes e um pouco caídos, com mamilos amarronzados, mas muito bonitos. Camille, acabou indo embora e ficou junto do tal rapaz que brigava com ela reclamando da demora. Juliette pra não perder a briga sentou no meu colo e lambeu o meu rosto como se fosse um animal.
Juliette - Qual o seu nome?
Pierre - Pierre.
Juliette - Então, Pierre… A sua espada também é curta?
Pierre - Não sei dizer. Acho que vocês terão que avaliar… mas sempre vai existir uma bainha para qualquer tamanho de espada.
Elas riram do meu comentário, mas trataram logo de agir. Juliette parecia ser mais ousada, mas Giselle não ficava muito atrás. Ela passou a mão no meu cacete e ficou massageando por cima da roupa e quando ficou duro, tirou pra fora da minha calça e ficou admirada…
Giselle - Juliette, olha isso! Nunca vi um cacete tão limpinho e cheiroso por aqui.
Juliette - Tem razão! Deu até água na boca. Quero ser a primeira a experimentar.
Giselle - Eu serei a primeira. É proibido isso que vou fazer, mas não conte a ninguém. Juliette, me ajuda aqui…
Giselle se abaixou e Juliette ficou meio que tampando a visão de quem pudesse ver. Giselle rapidamente botou o meu cacete na boca e deu umas chupadas bem rápidas. A situação ali altamente perigosa e vexatória me deixou muito excitado e quase que acabei gozando. Minha sorte que ela parou um pouco antes, mas tive azar logo em seguida porque Juliette trocou de lugar com ela e em menos de dois minutos eu gozei em sua boca.
Juliette - Que delícia! Ele é gostosinho…
Giselle - E ele tem cheiro de lavanda. Vamos para o quarto? Já te demos uma amostra grátis.
Juliette - Leve nós duas… Você não irá se decepcionar…
Pierre - Vocês são adoráveis, mas eu queria apenas um bom vinho tinto e uma companhia pra conversar.
Giselle - Conversamos lá no quarto…
Eu estava tão encantado pela beleza das duas, que acabei topando a idéia. Fomos para o quarto e elas passaram ao lado de Camille que ficou olhando pra gente. Giselle fez uma careta e Juliette riu da molecagem de sua amiga. Chegamos ao quarto e era bem jeitosinho, com muitos travesseiros e almofadas. Elas tiraram a roupa rapidamente e fiquei maravilhado com seus corpos… Paguei a elas e ficamos conversando. Contei sobre o que aconteceu e elas me falaram que eu acharia uma outra esposa melhor.
Foi a primeira vez que fiz sexo com duas mulheres e a experiência não foi das melhores. As duas eram muito experientes e era visível que estavam gemendo demais, fazendo caras e bocas. Aquela ousadia que havia antes, se transformou em algo sem vida e diria que até um pouco sem graça. Parecia tudo meio artificial e sem paixão. Tentei aproveitar ao máximo e uma das melhores sensações foi ter uma delas chupando meu cacete, enquanto a outra me beijava na boca.
Peguei Juliette de quatro, enquanto Giselle tentava se enfiar por baixo dela, ou ficava massageando meu saco. Depois elas se revezaram e pedi a Giselle que me desse seu cuzinho, mas ela ficou cheia de dengo me pedindo mais dinheiro. Acabei desistindo e enfiando em sua buceta mesmo. Juliette ficava beijando meu pescoço e falando coisas no meu ouvido, até que não aguentei mais e acabei jorrando dentro de Giselle. Ficamos conversando mais um pouco e começamos a nós vestir e quando estávamos saindo, Juliette disse que uma das garotas que trabalhava aqui era da minha cidade, Carcassonne.
Pierre - Sério?
Juliette - Sim. Ela disse que morou lá durante um tempo.
Pierre - Essa mulher está aqui hoje?
Juliette - Deve estar. Ela é uma das mais requisitadas.
Giselle - Até eu seria… Com aquele pequeno trunfo em mãos…
Eu não podia acreditar que Desirée desceria a esse nível, mas depois de tudo que ela passou, algo nela deve ter mudado. Saí apressado do quarto, e comecei a andar pelo bordel, caçando aquela que fora minha esposa. Procurei por toda parte, mas não a encontrei. Eu não tinha como entrar nos quartos, então fui a uma área externa do bordel, onde haviam fontes de água. Lá se podia tomar banho. Era um local bonito, com algumas estátuas e um chafariz.
Sentei-me num banco, pensando no que eu iria fazer, quando vejo que dentro de uma das fontes, atrás de umas pedras havia uma jovem se banhando. Fiquei admirando sua beleza e ela quando me viu, não se envergonhou. Pelo contrário, deu um sorriso pra mim e mergulhou, se escondendo por trás das pedras. Eu me levantei e fui até a fonte, que ficava a uns metros de distância. Conforme fui me aproximando, tive uma visão melhor daquela garota que era lindíssima. Seu corpo ainda não era tão desenvolvido, mas era bonito, com formas esguias. Algo nela me intrigava. Eu não sabia dizer o que era, mas quando ela saiu da fonte e foi pegar uma toalha, nossos olhos se cruzaram e eu vi aqueles olhos. Eram azuis meio acinzentados e na hora um arrepio congelou-me a alma. Pra piorar, tive a certeza do meu temor, quando ouvi alguém chamando a garota.
Voz - Annette! Você vai virar um peixe daqui a pouco…
Era Annette, filha de Jean e Marie. Na verdade era filha de Jacques e Marie. Minha sobrinha…
Voz - Anda, Annette! Sua mãe está te esperando…
Essa voz também me era familiar e quando olhei, vi que era a doce voz de uma garota que eu cheguei a cortejar antes de Desirée. Elas estavam saindo do pátio e voltando para dentro do bordel, quando eu a chamei…
Pierre - Annelise!
Ela se virou pra ver quem a estava chamando e Annette também. Fui me aproximando das duas e Annelise envergonhada, baixou a cabeça.
Annette - Esse senhor estava me vendo tomar banho? Você o conhece? Quem é ele?
Annelise - Ninguém importante. Vá rápido chamar a sua mãe e diga que venha ao pátio.
Annette saiu correndo…
Pierre - Annelise, o que está fazendo aqui?
Annelise - Eu trabalho aqui, não percebeu?
Pierre - Você está bem? Já se passaram vários anos desde…
Annelise - Que você me trocou por aquela cobra…
Pierre - E você estava trepando com todos os hóspedes da estalagem. Todo viajante que passava por ali deve ter se deitado contigo.
Annelise - Você é um desgraçado, Pierre! Você é um verme!
Pierre - E você é uma puta que preferiu essa vida do que a que eu poderia te dar.
Annelise - Você me trocou por aquela cobra e me fez cair em desgraça.
Pierre - Do que está falando?
Nessa hora vejo Annette e Marie se aproximando com um homem muito forte ao lado delas.
Marie - Veja quem resolveu aparecer aqui… Pierre, o homem que destruiu a minha vida e a da minha filha…
Annette - Este é o Pierre?
Marie - Infelizmente, sim!
Annette - MALDITO! EU VOU TE MATAR, SEU DESGRAÇADO!
Marie - Louis, segure a minha filha.
Annette - ME SOLTE! ME SOLTE! EU VOU ARRANCAR O CORAÇÃO DESSE HOMEM COM AS MINHAS UNHAS…
Era a primeira vez que eu via alguém com tanta raiva de mim. Seu olhar era de tanto ódio que eu me senti o pior dos seres humanos.
Annette - ME SOLTE, LOUIS! EU VOU ESFOLAR A PELE DELE COM AS MINHAS UNHAS. ME SOLTE!
Marie - Louis, leve minha filha daqui. Leve ela pra um quarto e tranque a porta.
Annette - NÃO, MÃE! EU QUERO FICAR AQUI! ME DEIXE FICAR AQUI!
Annelise - Annette, se acalme, porque daqui a pouco todos do bordel vão vir aqui e o dono pode expulsar a gente. Não teremos pra onde ir e a situação ficará pior ainda.
Annette - Me solta, Louis! Eu vou me controlar!
Marie - Pode soltá-la, Louis, mas fique por perto porque não quero sangue derramado aqui.
Pierre - Marie, você pode não acreditar no que eu vou dizer, mas não se passa um dia sem que eu me arrependa do que eu fiz. Não me arrependo por você, que foi uma adúltera, mas por Annette, que não tinha culpa de nada do que aconteceu. E me arrependo por Jean também, que não merecia isso tudo.
Marie - Tem razão! Eu não acredito.
Annelise - Ele é um mentiroso. Não cumpre o que promete.
Pierre - Eu não quero saber de você Annelise. Se eu tivesse me casado contigo, eu seria a vergonha de Carcassonne, igual ao Jean. É provável que eu virasse um moribundo até a morrer, que nem aconteceu a ele.
Marie - Jean está morto?
Annette começou a chorar e sua mãe foi consolá-la.
Annelise - É verdade isso?
Pierre - Ele morreu de desgosto. Parou de trabalhar e definhou até a morte. Eu cuidei dele durante muitos anos, mas ele foi se enfraquecendo, até que um dia eu passei em sua casa e ele estava morto. Bebia o dia inteiro e não se alimentava. Bebeu até morrer.
Marie - É uma pena. Eu amava aquele homem.
Pierre - Mas teve uma filha com outro…
Nessa hora, Marie me deu um tapa na cara…
Marie - Seu filho da puta!
Annette - Mãe, que história é essa? Isso é verdade?
Annelise - Está vendo o que fez? Você só faz merda!
Annette - Você traiu meu pai de verdade? Achei que fosse só um boato que causou toda a desgraça.
Marie - Filha, eu estava esperando uma ocasião melhor pra te contar isso, mas você não é filha do Papa Jean.
Nós nos sentamos ali no pátio e fomos lavar a roupa suja. Tudo que estava entalado foi falado. Nesse dia eu aprendi que um boato pode transformar a vida de uma pessoa num inferno.
Contei a elas que quando eu cortejava Annelise, fiquei sabendo por boatos que ela se deitava com vários homens na estalagem em que ela trabalhava com a mãe. Durante essa conversa, descobrimos que quem espalhou o boato foi Desirée, que já estava de olho em mim e pediu para as suas amigas esse favor. Eu fiquei com tanta raiva de Annelise que nem fui conversar com ela. Simplesmente paramos de sair e todos que me perguntavam o que houve com ela, eu falava que devia estar se deitando com algum outro homem.
Annelise ficou tão magoada e a situação financeira dela e de sua mãe ficou tão precária, que resolveu fazer o que tanto falavam dela. Já que muitos iam na estalagem querendo se deitar com ela, e a mesma não entendia o porque disso. A única que fazia esse tipo de coisa era sua mãe, mas os clientes perguntavam por ela. Annelise decidiu aceitar essa vida por falta de opção e a mãe dela, Elise, disse que tinha um excelente cliente que pagaria uma pequena fortuna pela virgindade dela. Esse cliente foi meu irmão Jacques. Eu disse que por obra do destino, acabei assistindo esse momento. Ela ficou envergonhada e disse que o sonho dela era que eu tivesse sido o seu primeiro, porque me amava muito.
Marie também disse que nunca tinha traído Jean, mas o meu irmão sempre cercando ela, e uma vez quando Jean foi fazer um trabalho muito grande em outra cidade, Jacques invadiu a casa deles, e a forçou a transar. Ficou grávida e Jean acreditou que Annette era filha dele. Ela ainda disse que meu irmão às vezes a procurava, sempre com ameaças de espancar Jean, ou dar um sumiço em Annette. Disse que teve que concordar com as chantagens e depois de um tempo, passou a não se preocupar mais, porque Jacques lhe dava muito prazer e Jean cada vez menos. Quando eu fui cobrar pelos tecidos, ela disse que já estava tão acostumada com as chantagens, que nem pensou duas vezes e por isso fez logo a felação.
Eu confessei que iniciei o boato que desgraçou a vida dela e ela disse que após ter sido expulsa de casa, foi procurar ajuda em vários lugares, até que foi parar na estalagem, onde Annelise e sua mãe trabalhavam. Ela disse que não podia fazer aquelas coisas ali, porque seria muito humilhante para Jean. Ele não merecia ouvir histórias de que seus amigos estavam se deitando com a mulher dele.
As quatro resolveram ir embora de Carcassonne, e vieram pra Paris procurar trabalho, mas o único que acharam foi em Bordéis. Foi Elise que deu a idéia a Marie, para que ela fizesse a mesma coisa que ela tinha feito com Annelise. Marie disse que não queria fazer isso, mas as despesas eram grandes, até que surgiu uma boa oportunidade e Annette teve a sua virgindade vendida. Ela ainda era muito novinha, e por isso o valor cobrado foi bem alto.
Annette - Eu tive que me deitar com três homens velhos asquerosos! Foi o pior dia da minha vida!
Marie - Como se a desgraça já não fosse grande, Elise pegou todo o dinheiro e fugiu. Depois ficamos sabendo que ela havia morrido num assalto. Acabamos parando aqui nesse bordel, onde os clientes são mais ricos e mais generosos.
Eu estava com os olhos marejados devido a tamanha infelicidade que eu causei. Eu me sentia a pior das criaturas e decidi que iria fazer alguma coisa para mudar a vida delas.
Marie - Você tem notícias de Jacques?
Pierre - Ele sumiu no mundo depois que me roubou. Eu me casei com Desirée e depois me mudei de cidade. Nunca mais ouvi falar dele.
Annelise - Aquele lá deve estar morto. Se envolvia em tudo que é briga e se deitava com um monte de mulher casada. Por sorte, tomara que algum marido traído tenha dado cabo dele.
Marie - Bem, agora que tudo está esclarecido, espero não vê-lo mais aqui. Pela sua aparência, vejo que também sofreu nesses anos, e não tenho mágoa de você.
Annette - Então, você é meu tio?
Pierre - Sim, eu sou.
Annette - Desculpa a minha raiva, mas eu cresci com minha mãe falando mal de você.
Marie - Eu falei mesmo.
Annelise - E inventou algumas coisas a mais também.
Marie - Eu tinha muita raiva, mas com o tempo, vi que também tive parcela de culpa nisso.
As três se despediram de mim, mas eu não me contive e disse que tinha uma ideia para compensar o meu erro.
Pierre - Eu tenho uma proposta a fazer.
Marie - Está louco se acha que alguma de nós três irá se deitar contigo.
Pierre - Não é nada disso… Apesar que eu gostaria muito de me deitar contigo Annelise.
Annelise - Você perdeu a sua chance anos atrás.
Pierre - Pois bem, eu posso melhorar a vida de vocês três, mas vocês teriam que se mudar de Paris.
As três se olharam, mas não acreditaram muito em mim.
Pierre - Eu estou voltando pra Carcassonne e tenho uma casa em Montpellier que não consegui me desfazer ainda. É uma propriedade muito bonita, perto do mar mediterrâneo. Tem um quintal com muitas árvores frutíferas, algumas oliveiras, uma plantação de batatas. É uma terra boa e se vocês se dedicarem ao cultivo poderão vender ao mercado e ter algum dinheiro. Vai exigir trabalho de vocês, mas com a minha ajuda e de alguns empregados lá, poderão viver bem pro resto da vida.
Annelise - Quantos quartos?
Marie - Você quer transformar num bordel?
Annelise - Não, mas talvez numa estalagem. Nós três podemos dormir num quarto, e os outros a gente aluga.
Pierre - Diria que dá pra transformar em 6 quartos.
Annelise - Seria perfeito. Marie é uma excelente cozinheira e Annette poderia ser arrumadeira. Eu ficaria cuidando das compras e manutenção de tudo.
Pierre - Eu já tenho 6 empregados lá. Duas arrumadeiras, uma cozinheira e três ajudantes que tomam conta da propriedade e do cultivo no quintal e também fazem todo o trabalho braçal.
Annette - Parece que já tem muita gente pra trabalhar.
Pierre - Aí vocês que sabem. Aceitam a proposta?
Marie - Não sei… Aqui é tudo mais simples.
Pierre - Você quer ver a sua filha trabalhando aqui? Não sonha em vê-la se casando com alguém digno?
Annelise - Acho que devemos aceitar. Além disso, ela é sobrinha dele. Tem direitos a herança.
Marie - Bem lembrado… Nós aceitamos.
Neste mesmo dia fomos embora dali e assim que as instalei em minha antiga casa, deixei tudo por conta delas e me preparei pra voltar a Carcassonne. Minha consciência estava um pouco mais tranquila, mas depois de saber o que houve com elas, acabei me lembrando de Desirée e comecei a achar que fui muito duro com ela. Ela poderia ter culpa, mas a culpa maior era do meu irmão.
Voltei a Carcassonne, e comprei uma casa nos arredores da cidade. Era uma casa ao estilo fazenda, e isso exigiria alguns bons empregados e obras pra deixar do jeito que eu queria. Por exemplo, a água ficava num local distante, e tratei de construir poços artesianos bem grandes em alguns locais da propriedade. Luc achou que uns 5 poços seriam suficientes, mas acabei construindo sete. Afinal sete, é o número da sorte.
O lugar era lindo e afastado. Escolhi isso porque não queria ser importunado pelas pessoas. Muitos da cidade sabiam que eu tinha um pouco de dinheiro e na certa muitos tentariam tirar vantagem de mim. Por isso resolvi ser meio recluso. Além do que, minha nova casa precisava de muita obra nesse início.
Fui até a cidade comprar mantimentos e vi o velho Antoine andando de mãos dadas com Charlotte. A menina usava um vestido muito bonito e quando me viu soltou das mãos do avô ou seria bisavô, não sei, e veio correndo em minha direção…
Antoine - Sua pestinha! Volte já aqui…
Charlotte - Você é muito lento vovô…
Antoine - Pode ser, mas quando eu te pegar, sua bunda vai sentir a minha cinta. Vai ficar dois dias sem poder se sentar…
Pierre - Calma, velhote! Ela só veio falar comigo.
Charlotte - Pierre, estou usando o seu presente. É muito bonito. Já recebi vários elogios.
Antoine - Então é você… Ouvi dizer que tinha voltado. Achei que fosse morar na sua antiga casa, mas depois pensei que ali seria o primeiro lugar que Jacques iria procurá-lo e você naturalmente quer se esconder dele, não é mesmo?
Pierre - Não tenho medo de meu irmão. Não mais. Ele que venha… Darei uma lição naquele infeliz…
Antoine - Interessante! Acho que morar em outra cidade lhe deu os bagos que você não tinha.
Charlotte - Vovô, o que são bagos?
Antoine - Não é nada. Se despeça logo do Pierre, que iremos à feira comprar algumas frutas.
Charlotte - Até logo, Pierre.
Pierre - Até logo, Charlotte.
Estava indo na casa de Luc, para me ajudar com os mantimentos e botarmos a conversa em dia, mas antes disso, acabei passando por um local da cidade, que as pessoas chamavam de burgo, pois agora tinha várias tendas de comércio. Passei por uma que vendia roupas e comprei algumas para Charlotte. Eu havia prometido sete presentes, e as roupa seria um deles. Me lembrei de uma coisa que estava na moda em Paris, e que era uma verdadeira febre entre as meninas. Bonecas de madeira e de pano. Procurei um pouco e vi uma tenda vendendo algumas. Comprei duas por um preço relativamente alto, mas valeu a pena. Passando por outra tenda, vi algumas maquiagens e algumas meninas usavam muito pó na cara e batom carmesim. Aproveitei e comprei os dois itens. Ao lado tinha uma barraca com alguns acessórios e comprei brincos e anéis. Comprei também alguns véus e pelas minhas contas achei que já era o suficiente.
Durante o caminho pra casa de Luc, encontrei Francine, que parecia estar preocupada com alguma coisa.
Pierre - Francine, algum problema?
Francine - Cheguei em casa ainda pouco e aquele velho saiu com a minha filha.
Pierre - Eu os vi ainda pouco. O velhote disse que iam na feira comprar algumas frutas.
Francine - Graças a Deus!
Pierre - Algum problema?
Francine - Todo dia é uma tortura, Pierre. Eu trabalho num atelier fazendo costura e tenho que deixar minha filha com aquele velho desprezível.
Pierre - Você acha que ele vai fazer alguma maldade a ela?
Francine - Tenho muito medo. Ela já está chegando aos nove e eu já vi aquele olhar malicioso dele. Conheço muito bem.
Pierre - Eu ia até a casa de Luc, mas eu te acompanho até a feira.
Fomos andando em passos largos, até que chegamos na feira e avistamos os dois numa das barracas.
Francine - Ah, minha filha! Que bom que a encontrei.
Antoine - Eu estava cuidando da pequena. Comprei esses figos e essa fruta estranha que segundo o vendedor, trouxe lá da Índia. Se chama banana. É bem doce e a pequena adorou.
Charlotte - Docinha mesmo e engraçada também, pois o formato parece o negócio do meu vovó…
Francine olhou com ódio para o velhote e eu fiquei com vontade de dar-lhe uma surra.
Antoine - Essa menina é uma peste! Já falei pra não falar sobre essas coisas por aí…
Francine - O Senhor não tem vergonha?
Antoine - Por quê esse escândalo? Ela falou isso porque me viu urinando no mato.
Francine - Vamos pra casa!
Pierre - Francine, espere um segundo! Charlotte, se lembra que eu fiquei lhe devendo sete presentes?
Francine - Pierre, eu falei que…
Pierre - Calma, Francine! Eu prometi e promessa pra mim é dívida.
Charlotte - O senhor vai me dar mais presentes?
Pierre - Vamos até ali para nos sentar.
Antoine - Temos que ir embora! Já estou ficando com fome.
Pierre - Ali tem um local que vende sopas deliciosas.
Antoine - Pierre, nós não podemos comer ali. Seria muito caro para nós três.
Pierre - Eu estou convidando. É por minha conta.
Antoine - Posso beber um vinho também?
Pierre - Claro que pode, velhote!
Francine - O que está acontecendo, Pierre?
Pierre - Só estou convidando vocês para um almoço.
Charlotte - Posso beber vinho também?
Francine - Só quando for mais velha.
Antoine - Bobagem. Várias crianças da idade dela já bebem.
Francine - Mas eu não permito isso.
Fomos andando em direção ao pequeno estabelecimento e escolhemos uma sopa com batata, aspargos e cenoura. Estava deliciosa e no meio da refeição, dei os presentes para Charlotte.
Charlotte - Mãe! Olha essas roupas! São lindas! Os brincos e os anéis também.
Francine - Pierre, isto tudo deve ter sido muito caro.
Charlotte - O que é isso?
Francine - É um pó branco pra ser usado no rosto e um batom pra destacar os lábios.
Charlotte - Que engraçado!
Francine - Em casa irei te mostrar como se usa.
Charlotte - Meu Deus! Olha isso aqui!
A menina começa a chorar de emoção, e Francine me explica que o sonho dela era ter uma boneca, mas infelizmente eram muito caras. A menina se levantou e sentou-se em meu colo me dando um abraço bem apertado. Ela com os olhos cheios de lágrimas, olhou nos meus olhos e me agradeceu. Me deu outro beijo no nariz, e o velho esbravejou, dizendo que isso não era maneira de se comportar. Francine também brigou com ela dizendo novamente que não era pra fazer isso.
Francine - Obrigado, Pierre, mas você não deveria fazer isso. Nós somos pobres e isso vai iludir a minha filha. Não quero que faça mais isso.
Pierre - Francine, o pai dela era um dos meus melhores amigos. Faço isso por ele também.
Charlotte - O Senhor conheceu o meu pai?
Pierre - Sim, pequena. Era um bom amigo.
O velhote olhava pra mim com desprezo, mas continuou a beber o vinho.
Francine - Quando a Desirée vai chegar? Já tiveram algum filho?
Pierre - Eu e Desirée não estamos mais juntos. Longa história e não quero falar sobre isso.
Antoine - Está sozinho?
Pierre - Estou. E pretendo ficar assim um bom tempo.
Antoine - Hummmm, entendo…
O velhote olhava pra mim agora de outra forma, como se eu fosse a pessoa mais bonita do mundo e ficou me tratando como se eu fosse um rei, tentando me agradar.
Antoine - Francine, já está ficando tarde. Melhor levar a pequena pra casa. Eu quero falar a sós com o Senhor Pierre.
Pierre - Não precisa me chamar de Senhor, velhote!
Francine - O que está aprontando, papai? Pierre, não dê dinheiro a ele.
Antoine - Você é muito atrevida mesmo! Se esqueceu quem é que manda? Será que eu terei que usar a cinta em você, depois de velha?
Pierre - Francine, pode ir. Está tudo bem.
Enquanto as duas iam embora, o velhote começou a falar..
Antoine - Pierre, você está querendo amolecer o coração de Francine enchendo a filha com presentes?
Pierre - Você está doido, velhote? Francine é mulher do meu amigo! Até hoje eu não acredito em sua morte, e que eu saiba, ele pode aparecer a qualquer momento.
Antoine - Talvez…mas o que consta é que ele morreu. Acharam até um corpo…
Pierre - Prefiro acreditar que ainda está vivo.
Antoine - Charlotte já vai fazer nove. O corpinho já está se desenvolvendo. Daqui uns dois ou três anos provavelmente alguns pretendentes irão se candidatar.
Pierre - Onde quer chegar com isso?
Antoine - Estive pensando aqui. A pequena gosta do Senhor. Francine também gosta do Senhor. Pelo pouco que eu vi, notei que o Senhor parece gostar dela.
Pierre - É uma criança adorável…
Antoine - Que logo irá virar moça. E você viu como ela é linda? Quando ela deu um beijo no seu nariz, pensei até que seria na boca. Você sabe quantos beijos ela me deu até hoje?
Pierre - Sei lá…
Antoine - Nenhum! Francine a proibiu. Eu ouvi ela falando com a filha. Na verdade, ela proibiu a pequena de beijar qualquer homem.
Pierre - Não sei onde que chegar, velhote…
Antoine - Sei que ela ainda é muito nova, mas agora que o Senhor está sem esposa, poderia ficar com ela.
Pierre - O Senhor deve estar louco! De certo é a idade…
Antoine - Pense bem. Ela é totalmente pura. Você poderá moldá-la da forma que quiser. Não vai encontrar melhor candidata a esposa.
Pierre - Francine nunca irá permitir isso…
Antoine - Talvez não agora por ela ser muito pequena, mas daqui quatro anos ou cinco talvez, tenho certeza que sim.
Pierre - Já entendi tudo. Você quer que eu fique com ela para receber o dote, não é?
Antoine - Vou ser sincero contigo. Estamos passando necessidades. Ano passado, Francine ficou doente. Quase morreu! Já imaginou eu tendo que cuidar da pequena sozinho?
Pierre - Nem quero nem imaginar… Vou pensar nisso, velhote!
Antoine - Ótimo! Tenho certeza que não se arrependerá…
Abigail - Acorde Pedro! Hora de acordar!
Nikke - Ele não está acordando! Ele não está acordando!
Estevão - Acalme-se, Nikke…
Nikke - Pedro, meu amor! Acorde…
Pierre/Pedro - Charlotte! O que você fez com ela, Desirée?
Nikke - Eu?
Abigail - Ele está voltando, mas ainda está meio confuso…
Pierre/Pedro - Charlotte! Onde está você? Eu te…
Senti um tapa no meu rosto e acordei assustado…