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Foi surpresa para Sylvia quando a Cassandra lhe contou que havia se divorciado e que, na partilha de bens, fora beneficiada com uma quantidade incrível de imóveis que ela, vendendo alguns e aplicando bem o dinheiro, começou a investir na área da agropecuária, se tornando uma das maiores exportadoras de carne do Brasil. Enfim, Cassandra, além de sua beleza, sua postura de uma dama quando na sociedade e sua ação de puta experiente na cama, era tudo que um homem e uma mulher poderiam querer.
Sylvia não vacilou em contar isso a ela que, para surpresa de sua parceira daquela orgia, confidenciou a ela que seu interesse por ela era muito grande, não demorando em que ambas começassem a programar atividades para se divertirem juntas. Até que Cassandra, demonstrando sinceridade em seus sentimentos, confessou que desejava passar muito tempo ao lado de Sylvia e a convidou para uma viagem, onde as duas, sem nenhuma amarra, fariam um tour em volta do mundo, visitando todos os locais exóticos que lhe viessem na mente.
A ideia agradou em muito Sylvia que, também com sinceridade, disse que ia pensar no assunto e não deixou de acrescentar o tanto que essa ideia lhe agradava, o que possivelmente faria com que aquele projeto se tornasse real. Todavia, Sylvia ainda se sentia dividida entre viver um período maravilhoso ao lado daquela mulher e gozar da companhia de Jürgen, isso sem falar que ele era um ótimo macho que lhe satisfazia em todos os sentidos.
Mas havia também a forma como Jürgen vinha agindo ultimamente. Tinha algo de errado em seu jeito de ser. Ela tinha a experiência de conviver com homens que fazem de tudo quando se trata de atingir um objetivo. Pessoas assim foram presentes em sua vida desde o seu nascimento. Primeiro o pai, depois o marido. Bruna também não ficava muito longe disso, pois era uma mulher determinada que, quando decidida a fazer algo, derrubava todos os obstáculos que encontrava em sua frente. Isso deixava claro que o seu romance com o alemão poderia não ser duradouro, principalmente, ao se lembrar que, nos últimos dias, ele se esforçava para fazer com que ela tomasse algumas decisões que, fatalmente, lhe causariam grandes problemas no futuro.
Entretanto, gozar nos braços daquela maravilhosa mulher com seu corpo perfeito parecendo ter sido esculpido em ébano era algo que ela não costumava desprezar. Além disso, sendo também bissexual, ambas poderiam se divertir muito entre elas, ou com homens que seduzissem durante aquela viagem. Um pensamento engraçado passou pela cabeça de Sylvia que riu sozinha, deixando Cassandra curiosa. Então ela explicou à amiga:
–(Sylvia) Essa ideia da viagem é muito boa. Isso vai fazer com que minha xoxota se torne internacional.
A gargalhada das duas chamou a atenção dos que estavam próximos. Dois homens ainda jovens vieram em direção a elas, sendo ambos muito bem recebidos.
Continua...
Capítulo 10 – Uma Conversa Difícil
A orgia promovida por Jürgen para agradar a Sylvia não deu o resultado que ele esperava. Apesar de ainda muito ligada a ele e demonstrando muita felicidade quando em sua companhia, o relacionamento dela com Cassandra foi se intensificando ao ponto de, algumas vezes ela arrumar uma desculpa para desmarcar algum compromisso, apenas para se deleitar na companhia da bela mulher. Havia uma centelha que se acendia entre as duas todas as vezes que estavam juntas e, invariavelmente, seus encontros onde a intenção inicial era apenas um passeio terminar no quarto de uma das duas, onde se entregavam uma a outra sem limites.
As duas mulheres se conectavam tão bem que não havia entre elas uma que agisse de forma mais ativa que a outra, pois estavam sempre trocando os papéis, sendo que qualquer uma das duas poderia, a qualquer momento, se utilizar de um pinto de borracha para foder a outra, não necessitando nenhuma conversa ou pedido. Bastava uma se apossar do brinquedo que a outra passava a ser mais passiva e fazia tudo o que era exigido.
A única diferença entre elas era que Cassandra, sendo mais ativa, quando assumia o comando da transa, judiava mais de Sylvia, o que lhes proporcionava fodas homéricas, enquanto Sylvia, sendo mais passiva, ao assumir a posição de comandar as transas, era mais terna e carinhosa. Sobre isso, um dia a loira brincou com sua amante que, quando era ela a foder Cassandra, elas faziam amor e quando acontecia o contrário, era foda mesmo. Apesar dessas diferenças, não havia reclamações. As duas mulheres se sentiam satisfeitas com o desempenho da companheira.
E essa relação ia se tornando mais fácil e intensa quando Bruna, vendo naquele relacionamento uma solução para o seu problema, pois nutria a esperança de que sua mãe, envolvida com Cassandra da forma que estava, acabaria por se afastar de Jürgen, se deu conta que pouco sabia a respeito dela. De onde e como aquela mulher tinha aparecido na vida de sua mãe. Tudo o que ela sabia é que ambas se conheceram através de Jürgen, porém, uma aproximação assim era algo do qual ela deveria suspeitar. E se tivesse razão? E se aquela linda mulher não entrara na vida da Sylvia por nenhuma coincidência? Com essas dúvidas na cabeça, ela se arriscou em consultar os registros que tinha no cofre e se sentiu aliviada ao descobrir que lá havia um bom conjunto de informações a respeito daquela mulher, inclusive, não havendo nada ali que pudesse deixá-la preocupada.
Tudo o que Cassandra contara a sua mãe e que, quando Bruna lhe perguntou, ela lhe dissera, conferia com as anotações encontradas, porém, havia muito mais. Cassandra, apesar de sua pose de mulher que sempre circulou nas altas classes sociais não vinha de uma família abastada. Sua mãe era professora universitária na área de Administração e seu pai, um funcionário de carreira da área financeira de um grande banco. Eles a criaram com muitos cuidados e carinhos e, apesar de pertencerem ao que se denomina de classe média, conseguiram fazer com que ela estudasse e concluísse o curso superior em Educação Física e uma pós-graduação no exterior.
Muito inteligente, ela passou em vários concursos públicos e optou por trabalhar na Polícia Federal onde se destacou, principalmente por sua habilidade em artes marciais e sua argúcia, o que acabou por se transformar em um convite para trabalhar no Serviço Secreto. Ela atuou poucos anos, pois logo um milionário dono de fazendas em vários Estados da União e algumas indústrias em São Paulo a convidou para fazer parte de sua guarda pessoal. Diante do alto salário oferecido, Cassandra aceitou e se desligou do serviço público, indo trabalhar com aquele que não demorou a se declarar apaixonado por ela. Assim passou de uma simples guarda costas para esposa de um homem rico.
Com esse casamento, Cassandra passou a frequentar ambientes mais sofisticados, onde sua capacidade de assimilar novas situações a ajudou. Mas esse ambiente trouxe também outros aprendizados que Cassandra, mesmo sabendo que existiam, nunca imaginou participar deles. Seu marido era um homem liberal e com frequência promovia verdadeiros bacanais. E Cassandra descobriu que adorava aquele novo estilo de vida onde podia deixar transbordar toda a sua sensualidade.
E foi em uma dessas orgias que ela conheceu o senhor Antônio que ficou encantado com ela e não demorou em usar toda sua capacidade de sedução, aliado ao poder que sua posição de chefe da organização conferia e tornaram-se amantes. Contudo, este fato abalou muito seu casamento, pois, para seu marido, participar juntos de orgias e ver sua linda mulher gozar horrores nos braços de outros homens e mulheres era uma coisa, saber que ela estava se envolvendo com outro homem, também casado, e como um amante fixo, era diferente. Com isto, começou a reclamar e ela acabou por se afastar de Antônio. Porém, o relacionamento já havia se deteriorado diante de tantas brigas e o fim do casamento se tornou inevitável.
No divórcio, apesar da resistência de seu marido, Cassandra conseguiu que todos os bens adquiridos por ele depois do casamento fossem divididos entre os dois e, para sua sorte, seu marido era melhor negociante que empreendedor e vivia negociando seus bens, o que fez que o patrimônio adquirido depois do casamento fosse enorme. Depois de uma curta disputa judicial, vendo que ia perder, seu marido propôs em um acordo em que ela ficasse com algumas fazendas, alegando que ela teria dificuldade em administrar as indústrias.
Cassandra aceitou, não pelo motivo que seu marido alegou, mas sim por saber que as propriedades rurais estavam todas fora da esfera de influência da organização de Antônio que ela tão bem conhecia e aceitou esse acordo. Logo que tomou posse desse patrimônio, ela ainda procurou Antônio e conseguiu dele a garantia que suas propriedades e ela não estariam jamais sob a tutela daquela Organização.
Com a ajuda dos pais e administrando com inteligência e dedicação suas propriedades, Cassandra obteve grande sucesso, inclusive, já tendo participações em diversos frigoríficos que, ao se verem em dificuldades para saldar as dívidas contraídas com ela, ofereceram-lhe a participação na empresa. Ela aceitou, porém, impondo a condição de que teria voz ativa na administração desses frigoríficos e, com mão de ferro, melhorou as condições de todos eles, ganhando muito dinheiro e prestígio com isso.
Ao dedicar-se à essas atividades, ela sabia ser vital contar com uma boa estrutura logística e, depois de analisar as opções, fechou vários contratos com uma das transportadoras de Jürgen, o que fez com que se aproximasse do alemão, não só na parte comercial, mas também na cama, uma vez que ambos eram pessoas que adoravam praticar o sexo e, se houvesse mais gente, melhor ainda.
Mal sabia Cassandra que, toda essa trajetória a levaria a ficar próxima de Sylvia e, quando ela se deu conta, já estava se apaixonando por aquela mulher que se dedicava a viver a vida de maneira tal que, para ela, parecia que jamais haveria um amanhã. Mas havia, e esses amanhãs eram cada vez melhores.
Entretanto, o treinamento que recebera ao pertencer ao serviço secreto dera a ela uma capacidade de observar e ligar pontas que outros jamais conseguiriam e não demorou para descobrir que aquela Sylvia alegre, extrovertida e inconsequente era apenas um disfarce e que, por trás disso tudo, havia uma mulher que ninguém conhecia. Porém, isso não a assustou. Ao contrário, ao conseguir que Sylvia se abrisse para ela, as duas se tornaram ainda mais próximas. Sem nunca comentar a ninguém os segredos de sua amada, Cassandra se dedicou a ganhar a confiança da filha dela e assim se aproximou de Bruna.
Com seu jeito descolado, não foi difícil para Cassandra se abrir com Bruna e ambas passarem a ter um tratamento cordial. Se bem que elas não trocavam confidencias e também não programavam nada para estarem próximas, mas já era bem mais do que o alemão tinha conseguido.
Entretanto, Sylvia ainda se dedicava ao alemão mais do que Bruna desejava, embora muito menos do que era a intenção dele. Não que Jürgen demonstrasse um grande amor por Sylvia, deixando transparecer que apenas a usava, não apenas para saciar sua tara, como também para se aproveitar de seu parentesco com Bruna e se manter por perto, tentando encontrar uma brecha para se aproveitar e assim se apoderar de vez a Organização.
Jürgen sequer se lembrava de sua intenção de se vingar do que ele achou ser um ultraje no passado. Esse foi apenas o motivo que o levou a se transferir para São Paulo e forçar uma reaproximação com Sylvia, mas, depois que ele tomou conhecimento da extensão da Organização e do poder que ela conferia a quem estivesse no comando, resolveu que seria ele o detentor de todo esse poder.
Essa conduta de Jürgen contribuía para que Cassandra obtivesse vantagem, pois ela não se limitava a transar com Sylvia e fazia questão de estar em sua companhia, inclusive, com ambas comparecendo em muitos eventos sociais juntas e, o único senão, é que Cas desejava viajar pelo mundo o mais breve possível, levando com ela o seu novo amor. Mas Sylvia estava sempre postergando essa viagem com alguma desculpa, quando na verdade ela não se animava mesmo era em se afastar definitivamente de Jürgen.
A relação entre Sylvia e Cassandra começou a dar resultados mais positivos quando, cerca de sessenta dias depois da orgia que definitivamente as aproximou, em uma tarde chuvosa que ficaram na mansão depois de desistirem de ir ao teatro e depois de se esbaldarem na cama obtendo e proporcionando prazeres imensos uma para outra, estavam conversando e o nome de Jürgen, sem mais nem menos, surgiu no meio da conversa. Havia dias que Cassandra vinha adiando uma conversa séria com Sylvia a respeito dele, pois seu ex-marido fizera negócios com o alemão e ela sabia de algumas coisas a respeito das atividades dele e da forma inescrupulosa como ele dirigia os negócios.
-(Cassandra) Como assim estranho? O que ele tem feito que você está achando diferente? Ele não anda te fodendo do jeito que você gosta?
Sylvia riu um riso curto e depois, voltando a ficar séria, respondeu:
-(Sylvia) Bom, com relação ao sexo, continua divino. Também, com um pau daqueles, não tem como ser diferente. Mas o que está estranho é que ele anda meio distante quando está comigo, sem falar que ele fica me ...
Sylvia se tocou que estava falando demais e calou-se. Mas já era tarde e Cassandra começou a pressioná-la:
-(Cassandra) Ah não! Começou a falar, agora acaba. Sem falar no que ...
Sylvia disse que não era nada, porém, o mal, ou talvez o bem, já estava feito. Cas a pressionou por um longo tempo até que ela revelou que as mudanças de Jürgen eram mais no campo pessoal, inclusive, acabou por revelar que ele vinha fazendo pressão para que ela revelasse a senha de um cofre que ele descobrira em sua casa. Diante da honestidade de Cassandra de confessar que, durante algum tempo fora amante de seu marido, Sylvia começou a depositar uma confiança enorme nela e, com base nessa confiança, revelou a ela a pressão que vinha recebendo por parte do Jürgen para que ela conseguisse que Bruna lhe revelasse o segredo do cofre.
Cassandra ouviu tudo em silêncio e, mesmo depois que Sylvia acabou o seu relato, ela assim permaneceu por um longo tempo, até que a outra lhe arrancasse de seu devaneio dizendo:
-(Sylvia) Alôôôô! Planeta terra chamando Cas? – Depois, mais séria, comentou: - Nossa Cas, o que aconteceu agora para você ficar assim tão distante.
Dessa vez Cassandra, ainda séria, levantou seu dorso e ficou sentada com sua face virada para Sylvia e começou a falar fazendo uma pergunta:
-(Cassandra) Você não acha muito estranho esse interesse dele em coisa que não devia lhe dizer respeito?
Em meio à conversa, sem nenhum aviso prévio, Cassandra perguntou para Sylvia, mostrando em sua expressão séria que havia algum tipo de preocupação nela:
-(Cassandra) Fala uma coisa pra mim, Sylvia. Você confia mesmo nesse homem? Quero dizer, você tem certeza de que as intenções dele para contigo são sérias?
-(Sylvia) Sei lá Cas! Para mim o que conta é que ele me leva para lugares incríveis, fode muito gostoso e, quando nota que estou a fim de algo a mais, não vacila em convidar outras pessoas para se divertirem junto com a gente. Não estou nem aí se ele vai querer casar comigo ou não, afinal, a última coisa que eu preciso é de um marido.
-(Cassandra) Não é disso que estava falando, sua putinha. – Ambas riram da forma como Cassandra se expressou, mas ela logo continuou voltando a falar com seriedade: - O que eu perguntei mesmo é sobre negócios. Estou falando isso porque acho muito estranho a forma como ele faz questão de estar presente em sua vida e já notei, por diversas vezes, ele colocando em conversas, algumas questões envolvendo os negócios da sua família. É como se ele estivesse se aproveitando por você estar descontraída para tentar arrancar alguma informação de você.
-(Sylvia) Eu já reparei nisto também.
A forma sincera de Cassandra falar, desarmou qualquer reserva que Sylvia tinha em relação a ela que, depois de vacilar um pouco, acabou se encorajando e voltou a comentar com ela a respeito da pressão que Jürgen vinha fazendo ultimamente, tentando convencê-la a fazer Bruna a divulgar o código usado para abrir o cofre.
Embora Sylvia não desse a importância devida sobre o que acabara de contar, a informação alarmou Cassandra que, sendo menos cética e mais prática, logo percebeu que havia muito mais coisa nas intenções de Jürgen do que conseguia perceber aquela mulher.
-(Cassandra) Olha Sylvia, mesmo sendo amantes por um tempo, eu pouco conheci o seu marido e também pouco sei das atividades dele. Sei que era um homem que tinha uma reputação de ser implacável com seus inimigos e muito bom com os amigos e aliados. Se era assim, imagino que também era capaz de mover o céu e a terra para proteger sua família. Agora eu vejo você balançando entre duas forças sendo que uma delas é sua filha ... Sua família. – O intervalo mais longo que Cassandra deu ao dizer a última parte da frase foi proposital e atingiu o seu objetivo, pois, de repente, a atenção de Sylvia se voltou totalmente para ela, agora escutando com expressão também séria o que a amiga continuava a falar: - Eu estou falando isso porque também acho que a família deve vir sempre em primeiro lugar. Agora, acho muito estranho, você estar dividida entre a vontade de um homem que você mal conhece e a Bruna que é, nada mais, nada menos, que a sua filha.
Cassandra estava preparada para uma reação de Sylvia que fosse contrária ao que acabara de falar, porém, não foi o que aconteceu. O que ela viu foi sua amiga permanecer com a cabeça abaixada em uma postura que revelava estar analisando melhor o conselho que acabara de receber. Permaneceu calada até que, para sua surpresa, Sylvia levantou a cabeça, sorriu e puxou Cassandra com força, fazendo com que aquele maravilhoso corpo negro caísse sobre ela e, colando seus lábios aos dela, beijou-a com maior intensidade do que estava acostumada. Vencida com o doce sabor que emanava da boca de sua amante, Cassandra não resistiu e se rendeu ao desejo que se apossou dela.
Se com Sylvia as coisas estavam acontecendo de uma forma que a deixava feliz, tendo ao seu alcance tudo o que desejava, que era um amante vigoroso e uma amante espetacular que não vacilavam em criar oportunidades em que ela pudesse dar vazão aos seus instintos de putinha rica, com Renato e Bruna as coisas estavam se mostrando ainda melhores.
Agora como aliados, ambos passaram a agir de forma mais ativa e começaram a atacar Jürgen, combinando formas diferentes de atuar, fazendo com que outros pensassem que se tratava de dois grupos diferentes lutando pelo mesmo objetivo. Com isso, Renato ordenava os ataques aos homens de Jürgen, o que acontecia de forma sistemática. Algumas mortes foram inevitáveis e já começava a chegar ao seu conhecimento casos de capangas do alemão terem fugido da cidade ou até mesmo casos de tentativa de outros de entrarem para o grupo de homens que agiam sob as ordens de Renato, o que ele fez questão de não aceitar, por não saber até onde poderia confiar naqueles homens.
Enquanto Renato desenvolvia uma verdadeira guerrilha urbana elevando o índice de criminalidade da cidade, Bruna agia nos bastidores. Usando as informações encontradas nos arquivos de seu pai, ela pressionava qualquer um dos antigos colaboradores que não apoiavam Renato em sua luta ou que, abertamente, agiam sob o comando de Jürgen. Para ela, o princípio de que, quem não está comigo, está contra mim, era uma verdade insofismável e com isso, não bastava uma simples declaração de lealdade, mas sim um engajamento definitivo no esforço de guerra.
Entretanto, nem tudo era conquistado facilmente. Exemplo disso foi a de um político, de nome Leonardo, que vendia uma imagem de um homem íntegro e um político voltado a lutar pelo bem-estar do povo enquanto, nos bastidores, tratava-se de um mau caráter, que não se intimidava em agir com energia, principalmente quando as ações lhe trouxessem lucros econômicos e bons dividendos políticos. Esse político era de uma falsidade tão exagerada que, sendo também um pervertido sexual, fora um dos dois homens que agrediram Clara quando essa lhes foi oferecida como um presente do alemão, em um quarto de hotel.
Não se sabe direito que tipo de vantagem Jürgen ofereceu para Leonardo. Provavelmente, lhe fora prometido algo que o levaria a ocupar cargos políticos bem elevados, com financiamentos astronômicos para campanha política e isso já era possível ser notado nos meios de comunicação, sendo difícil um dia em que o mesmo não aparecesse nos noticiários fazendo alguma boa ação. A verdade é que, acreditando estar do lado que lhe daria a oportunidade de se tornar um dos grandes nomes da política nacional, ele recusou todas as propostas que Bruna lhe fez e fez pouco dela quando ameaçou deixar vazar algumas informações que o transformariam de benemérito em um canalha da pior espécie diante da opinião pública. Chegou até mesmo a rir dela alegando que, nenhum órgão de imprensa que tivesse grande visibilidade daria crédito às denuncias que ela deixasse vazar.
Irritada com a postura daquele homem que não conseguia ver os problemas que teria pela frente caso suas atitudes viessem a público, pois as informações que Bruna levantara sobre ele eram muitas e todas graves, indo desde casos de corrupção pura e simples até casos de atentado contra garotas novas que ele atraia para algum motel ou hotel e, não se contentando apenas com a prática do sexo, as machucava. Sempre que isso acontecia os casos eram acobertados por ordem de Antônio que, não só cuidava como recompensava com substanciais importâncias a vítima e às suas famílias para que não o denunciassem, como também subornava funcionários dos locais onde isso acontecia. Lógico que, essas recompensas em dinheiro eram sempre acompanhadas de uma ameaça velada para que mantivessem a boca fechada.
Decidida a desmascarar o homem, consultou um jornalista conhecido, para quem apresentou uma extensa lista de documentos e imagens que provavam a conduta sádica do homem, como também sua desonestidade ao lidar com negócios públicos. Depois de examinar, o jornalista, já experiente nesses assuntos, a alertou que o fato daqueles casos não terem sido denunciados na época poderia provocar uma investigação que, se acaso chegasse até ela, arrastaria o nome de seu pai para a lama em que o Leonardo estava atolado.
Sem poder usar o material que tinha nas mãos e, aconselhada pelo jornalista que deveria conseguir provas recentes e, aí sim, a denúncia teria êxito. Contudo, provas novas ela não tinha e sequer conseguiria, uma vez que o homem, caso se sentisse enrascado, não iria procurar por ela e sim por Jürgen. Neste canário, Bruna resolveu que deveria ela mesma dar um jeito de conseguir essas provas. Foi aí que ela cometeu um erro que quase a leva à ruína.
Examinando uma extensa lista de garotas de programa, ela selecionou cinco e mandou que seus informantes colhessem todas as informações sobre elas. No final, escolheu uma que trazia a vantagem de ser oriunda da Região Norte do Brasil, onde ainda residiam seus pais e uma quantidade enorme de irmãos, sendo ela o único membro da família a residir em São Paulo. Ainda usando intermediários, contatou a garota e lhe fez a proposta de servir como isca para Leonardo, deixando bem claro os riscos envolvidos e, tendo a garota uma tendência a ser masoquista, logo aceitou, declarando ainda que estaria fazendo uma coisa que adorava e ainda iria ser paga por isso.
A garota viera para São Paulo para estudar em uma universidade, portando tinha uma educação que permitia que ela passasse por alguém da sociedade, pois essas eram a que mais atraía ao Leonardo e isso tornou fácil deixá-la preparada para a tarefa. A garota começou a aparecer em eventos onde estava o político e logo o atraiu. Não demorou em transarem uma vez e ele acabou por fazer um convite para levá-la até uma propriedade rural de um amigo. Ela aceitou e foram tomadas providências para que fossem seguidos e os homens de Bruna, comandados por Djalma, ficassem nas proximidades para invadirem o local no momento exato em que se tornasse possível colher as provas que Bruna tanto queria.
Porém, nem tudo saiu como o previsto. A distância do local adicionada a dificuldade de comunicação atrasou os homens que chegaram ao local em tempo suficiente para salvar a vida da garota que fora cruelmente agredida e torturada. Tudo foi registrado, as provas entregues aos jornalistas e, como se tratava de um político importante, o interesse público e a ação dos órgãos de notícia foram massacrantes. Novas investigações a respeito das atividades de Leonardo tiveram início e, para cada uma delas, Bruna tinha uma prova que chegava ao conhecimento da polícia através do jornalista com quem ela se reunia para esse fim.
Mas ainda tinha um preço a ser pago. As condições da garota eram tão deploráveis que foram necessárias várias cirurgias para conseguirem restaurar parte da beleza da garota. Os ferimentos psicológicos pelos quais ela passou nãos seriam curados tão facilmente. O dinheiro nunca foi um problema para Bruna, porém, ao se dar conta que uma pessoa sofrera horrivelmente nas mãos de um sádico por culpa dela, ela não se perdoava e chegava a ter pesadelos com isso. Não bastasse isso, o caso era do conhecimento do Renato e um comentário feito em hora imprópria por um de seus homens fez com que Elisa desconfiasse e exigisse dele que lhe contasse a verdade.
Ao saber que Bruna, a mulher de quem ela se tornara amiga apesar de todas as probabilidades contra e por quem ela havia desenvolvido um sentimento mais profundo fora capaz de patrocinar aquele show de horrores, Elisa ficou furiosa, teve uma discussão feia com Bruna que, já se sentindo culpada, ficou se sentindo ainda pior. Ao notar que, depois da discussão que tiveram a garota começou a fazer de tudo para se manter longe dela, só permitindo alguma proximidade quando se tratava de algum assunto profissional do qual não poderiam fugir, ela se sentiu a pior das mortais.
Esse episódio se passara há mais de um mês e, apesar das tentativas de Bruna em se reaproximar de Elisa, nada conseguiu. Até mesmo Edna que, se antes estranhou a amizade que surgiu entre ambas e agora estranhava ainda mais o afastamento, tentou servir como o anjo da paz entre as duas, sem conseguir nenhum sucesso.
Enquanto isso, apesar de Elisa não se aproximar de Bruna, ela continuava a usar o nome dela para conseguir que Renato agisse com mais pegada quando transavam. Ela aprendera como e quando tocar no nome da ex de seu noivo e, sempre que fazia isso, notava que ele ficava mais viril, mais bruto, fodia ela com mais força e decisão e isso lhe dava muito mais prazer. O que ela não esperava era que, diante dessa sua insistência em agir daquela forma acabaria por provocar uma conversa entre ambos que ela jamais imaginou ser possível.
Ainda durante a transa, quando ela estava de quatro e Renato a fodia por trás, virou o rosto para ele e o olhando com a expressão mais safada que conseguia, falou entre um gemido e outro:
-(Elisa) Está gostando meu macho? Você gosta de foder sua noivinha assim de quatro? É assim que você gostava de foder a Bruna também?
-(Renato) Não faça isso Elisa. Pare de me provocar?
-(Elisa) Eu não estou te provocando. Só queria saber se é assim que você fodia aquela putinha.
Elisa nunca tinha se referido à Bruna como putinha, nem mesmo da forma carinhosa como fez, porém, o efeito que aquilo causou em Renato foi devastador. Afastando-se dela o suficiente para que o pau dele saísse de dentro de sua xoxotinha, ele disse com uma voz que mesclava raiva e tesão:
-(Renato) Então é isso sua vadiazinha? Você está querendo um macho pra te foder de verdade? Então agora aguenta.
Sem nenhum aviso prévio, ele posicionou a cabeça de seu pau na entrada do cuzinho dela e, sem se importar com os gritos que ela deu, começou a invadir aquele buraquinho quente, segurando em sua cintura e puxando ela para si, enquanto falava:
-(Renato) Agora você vai ver. Você queria ser vagabunda? Então aguente que vou foder seu cuzinho até você pedir para parar.
-(Elisa) Aiiiii ... seu puto ... Vo ... Vo ... cê está ... Aí, me fode vai. Me chama de puta, de vadia. Faz comigo o que você quiser.
-(Renato) Então aguenta Bruna. Aguenta meu pau nesse seu cu de puta. Sente ele arrebentar as pregas desse cu viciado em pau. Vai biscate. Geme e goza no meu pau, você não queria isso.
Falar o nome de Bruna teve um efeito acima de qualquer coisa que eles já tinham vivenciado. Elisa, ao ouvir seu noivo a chamar pelo nome da outra, entrou em erupção como um vulcão a muito adormecido e, rebolando sua bunda e mordendo o pau do noivo com o seu cuzinho apertado, gritava enquanto gozava:
-(Elisa) Isso meu macho. Come a sua Bruna, come. Fode essa vagabunda da Bruna que só sabe foder como uma puta. Rasga o cuzinho dessa vadia, seu corno.
Sem resistir, Renato gozou e encheu o cuzinho da noivinha de porra enquanto ela, tendo um orgasmo que parecia não acabar mais, continuava gritando e pedindo para ser fodida sem parar. O orgasmo simultâneo de ambos foi tão intenso que caíram deitados na cama, ele sobre ela, e assim permaneceram por um longo período, enquanto não conseguiam nem se falar diante do estado em que se encontravam. Somente depois de passado quinze minutos, com Renato já deitado ao seu lado, Elisa o encarou e comentou:
-(Elisa) Nossa! Renato do céu. Você quase me mata de tanto gozar. Nunca imaginei que dar o cuzinho pra você fosse tão bom.
-(Renato) A culpa é sua que fica me provocando. Falando...
-(Elisa) Falando o que? – Perguntou Elisa ao notar que seu noivo tinha interrompido a frase no meio.
-(Renato) Nada não. Só falei que você fica me provocando.
Elisa, agora séria, sentou-se na cama ao lado dele, segurou seu rosto virando para que ficassem se encarando nos olhos e disse:
-(Elisa) Para Renato. Você precisa se livrar disso de uma vez por todas. Vai, faça um esforço. Termine a frase que você começou. Coloque isso pra fora pelo menos uma vez na sua vida.
-(Renato) Não é que...
-(Elisa) Para Renato. Você não vai ficar a vida inteira se desviando desse assunto. Vamos lá, termine a frase. – Abaixou dando-lhe um beijinho na testa e depois continuou: - Olha, eu até te ajudo, vamos lá, você estava falando que a culpa é minha porque eu fico te provocando falando... Aí você interrompeu a frase. Agora termine, vamos lá. Fale senão eu vou falar.
-(Renato) Você fica me provocando falando o nome da Bruna. – Finalmente falou Renato, porém, sem poder esconder seu constrangimento.
-(Elisa) Ufa, aleluia. Até que enfim você assumiu que se lembrar da Bruna te dá mais tesão. Foi tão difícil assim?
-(Renato) Não é isso, amor. Eu não queria provocar uma briga com você.
-(Elisa) E por que você acha que eu ia brigar com você por causa disso?
Aquela pergunta realmente surpreendeu ao Renato que, sem disfarçar isso, comentou:
-(Renato) Isso é o que normalmente acontece com noivas e esposas. Aposto que, se fosse o contrário e eu falasse o seu nome na hora de uma transa com a Bruna, ela fatalmente me mataria.
-(Elisa) Em outra ocasião até que poderia ser. Mas atualmente eu acho que não.
-(Renato) Por que você pensa assim.
Elisa pensou um pouco. Ela queria muito falar sobre isso com seu noivo, confessar que, sentindo atração pelos dois, Bruna iria adorar ouvir seu nome. Só gostaria menos do que, em vez de ouvir seu nome, estivessem os três na cama. Mas, aquele também era um momento em que ela poderia aproveitar para tocar em outro assunto que, no seu modo de entender, desmancharia de vez as amarras que impediam seu noivo de ser mais ativo na hora do sexo. Renato estava precisando, antes de qualquer outra coisa, de umas aulinhas de autoconhecimento e autoconfiança. Então, ela mudou radicalmente de assunto, não sem antes avisá-lo que faria isso:
-(Elisa) Isso é um assunto sobre o qual precisamos conversar. Só que, antes disso, tem outra coisa que também precisamos conversar, mesmo sendo algo que você abomina. – Elisa fez uma pausa e aguardou, sem que Renato se manifestasse. Então, continuou: - Olha Renato, desde que a Bruna voltou, ou melhor, desde que eu fiquei sabendo do que aconteceu com ela e seu tio na praia, que eu fico imaginando algumas coisas que não fazem muito sentido. Espere, deixe-me acabar de falar. – Pediu Elisa ao ver que Renato ia rebater o que dizia: - Todas as vezes que eu tento conversar sobre isso você desconversa, foge do assunto e, se dependesse de você, eu estaria proibida de tocar nesse assunto. Só que não depende de você. Isso é uma coisa que você tem que enfrentar, pois enquanto não colocar para fora, enquanto não entender a forma como você se sentiu, não vai conseguir se livrar desse peso que você carrega todas as vezes que está na cama comigo e, provavelmente, deve ter sido pior ainda quando estava com a Bruna. Então eu te peço. Para o seu próprio bem, tente se abrir comigo. Fale tudo o que você sentiu. Conte-me e tente me explicar cada sensação que você sentiu naquele momento.
-(Renato) Não Elisa. Eu não quero fazer isso.
-(Elisa) Eu sei e até entendo que você não queira. Só que você é que tem que entender que, sem passar por isso, até mesmo a nossa relação pode estar em risco. É difícil conviver com uma pessoa que tranca um acontecimento tão importante, algo que praticamente mudou a sua vida. E vou te dizer por que é difícil. É difícil, porque eu estou sempre com a sensação de que tenho você pela metade e eu não quero meio Renato, não quero meio homem e não quero meio macho. Eu quero você por inteiro. E quero o Renato, o homem e o macho, inteiros
Renato permaneceu cabisbaixo por muito tempo e Elisa respeitou o tempo dele, deixando que ele falasse alguma coisa apenas quando se sentisse preparado para isso, pois, em seu íntimo, ela sabia que aquela era a hora. Ou ele se abriria para ela falando sobre seus sentimentos agora ou nunca mais. E sabia também que esse ‘nunca mais’ significava colocar uma data de validade no relacionamento entre eles.
Finalmente, Renato começou a falar. Só que começou com uma espécie de brincadeira:
-(Renato) Escuta Elisa. Você sempre foi a inteligente. Mas nos últimos tempos você está ficando sabida demais para o meu gosto. O que está acontecendo com você?
Elisa sabia que Renato estava certo. Ele não sabia que aquela abordagem, que ao que tudo indica daria resultado, fora uma sugestão da Carolina que sempre quando se via sozinha com ela, ficava a lhe dar conselhos de como agir, não só com Renato, mas também com relação à Bruna. Ela também sabia que não precisava responder àquela pergunta e permaneceu calada até que resolveu entrar no assunto de forma mais organizada com o objetivo de conseguir que Renato se abrisse.
-(Elisa) Renato, me diga uma coisa. Na sua forma de entender, qual o motivo que você acha ter sido o que levou ela a transar com o seu tio?
-(Renato) Para mim, ela queria emoções mais fortes. Ela queria ser fodida e não apenas fazer amor. Eu não dava isso para ela e então ela não resistiu à tentação quando surgiu a oportunidade.
-(Elisa) E depois disso você mudou de atitude. Quero dizer, depois do que aconteceu você passou a alternar dias em que deixava de fazer amor para foder com mais pegada?
-(Renato) Teve sim. A primeira vez foi quando a levei a um motel. Só que eu me descontrolei e acabei machucando a Bruna. Ela ficou quase sem poder andar e, durante muitos dias, usava óculos escuros até dentro da sala de aula e roupas que cobriam quase que totalmente seu corpo, mesmo sendo uma época de verão e fazendo muito calor.
-(Elisa) E isso continuou?
-(Renato) Sim. Por um bom tempo. Mas depois, quando fui cooptado pela organização do pai de Bruna, as coisas começaram a mudar e nosso relacionamento foi se tornando quase que uma rotina e eu fui parando com aquilo.
-(Elisa) Até que ela, novamente desejosa de ter uma relação mais intensa, se deixou seduzir por uma mulher e depois por outros homens?
-(Renato) Exato.
-(Elisa) Então me diga: se, por acaso, você e a Bruna reatassem o casamento, você se lembraria disso tudo e agiria diferente. Você a pegaria mais forte, nem que seja de vez em quando?
-(Renato) Acredito que sim. Eu tentaria ser o que ela realmente quer e precisa.
O fato de Renato demonstrar um certo entusiasmo com a simples menção de reatar o casamento com Bruna não passou despercebido por Elisa. Ela, entretanto, com um esforço sobre humano, disfarçou o mal-estar que sentiu e voltou a perguntar.
-(Elisa) E comigo, você também seria mais viril? Da mesma forma que a Bruna gostaria que você fosse?
-(Renato) Você só pode estar doida. Com você eu jamais permitiria que algo assim acontecesse.
-(Elisa) Então qual o motivo de você só agir com mais energia comigo depois que eu invoco a lembrança de Bruna?
-(Renato) Ah! Elisa! Nem sei direito. Isso é complicado. Eu acho que é por você ser assim tão delicada e fico com receio de te machucar como um dia machuquei à Bruna. Você é uma coisinha tão delicada.
-(Elisa) Isso não condiz com o seu comportamento depois que eu te provoco.
-(Renato) Vixi. Eu te machuquei? Você alguma vez ficou com raiva por eu agir assim?
Elisa pensou: “Nossa! Essa conversa pode até fazer com que o Renato se abra mais comigo na hora do sexo, só que ele, no geral, continua sendo de uma ingenuidade a toda prova”.
Depois de pensar, ela quis saber mais:
-(Elisa) Renato. Fale com sinceridade. O que você prefere. Me foder ou fazer amor comigo.
-(Renato) Olha Elisa. Para ser sincero, as duas coisas são boas. É claro que quando a foda é mais intensa, meu gozo vem mais forte e o prazer é maior, mas eu adoro quando transamos de forma carinhosa também. Você sabe que você é tudo o que eu quero. Do jeito que você se entregar para mim vai sempre estar ótimo.
-(Elisa) E com a Bruna? Com ela você prefere apenas a foda? Ou existe também um sentimento de carinho escondido dentro de você que te deixaria feliz em fazer amor com ela.
Apesar de a resposta ser afirmativa, Renato vacilou receando que sua resposta pudesse deixar sua noiva magoada. Porém, essa era a primeira vez em sua vida que falava sobre esse assunto sem nenhuma restrição. Tudo o que havia dito era o que realmente sentia e não fazia sentido mudar agora. Então confessou:
-(Renato) Eu sei que você não vai gostar da resposta, mas com ela eu também sinto vontade de fazer amor, principalmente quando noto que ela está vulnerável.
-(Elisa) Atualmente ela está muito vulnerável com a cagada que ela fez. Isso quer dizer que você tem passado muita vontade ultimamente.
Renato apenas sorriu timidamente, o que significava uma confirmação.
Elisa tinha conseguido as informações que queria sobre o assunto “Bruna”. Voltou então ao tema principal, ou seja, os sentimentos de Renato no ocorrido entre Bruna e o tio.
-(Elisa) Renato, a Bruna me disse que quando você rompeu o relacionamento com ela, ela te fez uma pergunta e não teve uma resposta.
-(Renato) Bom Elisa. Teve mesmo uma pergunta que a Bruna me fez no dia em que nós terminamos nosso namoro por causa da traição dela. A gente estava...
-(Elisa) Eu sei. Vocês estavam conversando a respeito da traição. O que ela te falou?
-(Renato) Ela me perguntou o motivo de eu não interromper a transa dela com meu tio.
Elisa sabia disso. Aquela é uma parte da história que apenas Bruna e Renato tinham conhecimento e essa informação viera da amiga, portanto, não havia como negar sua veracidade. Sabia da pergunta que ela fez e sabia também qual tinha sido a atitude do Renato ao ver a então namorada sendo fodida por seu tio.
-(Elisa) E você ficou realmente excitado, se masturbou e chegou a gozar?
-(Renato) Elisa, eu não sei de onde esta história de eu me masturbar apareceu. Eu não fiz nada disto. Posso até ter ficado excitado, mas o que eu senti... Eu só fiquei lá parado. Parado não, congelado. Mas, me diga de onde surgiu esta história de masturbação? O que a Edna te falou?
-(Elisa) Renato, entenda que eu só sei o que a Edna e a Bruna me contaram. O que a Edna sabe foi pela Bruna. Ou seja, a fonte principal das informações é a Bruna e como vocês nunca conversaram sobre o ocorrido, talvez tenham visões diferentes dos fatos.
-(Renato) Como assim? Não entendi o que você quis dizer com isto.
-(Elisa) Você se lembra da conversa que teve com a amiga dela. A que foi viajar com você? A ...
-(Renato) Você está se referindo à Aline? ... Claro que me lembro da conversa com ela.
-(Elisa) E você se lembra dela ter dito a você que a Bruna te viu escondido enquanto ela transava com o seu tio, certo?
-(Renato) Certo.
-(Elisa) Então, a Bruna pode ter pensado que o fato de você estar presenciando a transa e não intervir fosse uma fantasia sua. Que você queria ver ela transando com outro, como um cuckold, sabe? Ela pode até ter imaginado você batendo uma punheta e gozando assistindo a cena.
-(Renato) Elisa, isto é loucura!!! Como ela pode ter pensado isto?
-(Elisa) Renato, pense bem. Ela te viu lá. Você não fez nada e quando ela voltou para o quarto você estava dormindo. Ou melhor, fingiu que estava dormindo e ela percebeu. O que você queria que ela pensasse? E o pior foi depois.
-(Renato) O que foi pior?
-(Elisa) O que aconteceu no dia seguinte?
-(Renato) Nos voltamos para São Paulo e eu rompi com o relacionamento.
-(Elisa) Exatamente. Imagine como ficou a cabeça dela? Ela imaginou que era uma fantasia sua. Voltou para o quarto e sabia que você está fingindo dormir, e, no dia seguinte, o relacionamento acaba.
Eles passam alguns minutos em completo silêncio. Contudo, Elisa ainda queria uma resposta.
-(Elisa) Ok. Então você ficou lá. Parado, sem fazer nada. E qual resposta você deu à pergunta dela sobre não interromper a transa?
-(Renato) Nenhuma. Ela disse isso e saiu andando e eu coloquei o carro em movimento e saí de lá.
-(Elisa) Então fala agora.
-(Renato) Falar o que?
-(Elisa) A resposta Renato. Conta para mim qual é a resposta que você teria dado a ela caso respondesse.
Com a cabeça baixa, revelando a vergonha que sentia em admitir isso, ele afirmou:
-(Renato) Eu não sei Elisa. O sentimento que me invadiu, na hora que eu presenciei a mulher que eu amava se entregando a outro homem, e pior, de uma forma que nunca havia se entregue a mim, foi algo que eu nunca tinha sentido antes. Acho que, se ela estivesse mesmo a fim de uma resposta, mesmo assim eu ficaria calado e não falaria nada.
Depois disso, um silêncio caiu no recinto. Renato ainda mantinha sua cabeça baixa e seu rosto vermelho denunciava o quanto aquela conversa mexia com ele. De repente, os olhos de Renato começaram a lacrimejar e um único soluço foi ouvido. Elisa, toda compreensiva, começou a explicar:
-(Elisa) Olha Renato. Talvez eu seja a última pessoa que possa te dizer algo que ajude com relação a isso. Afinal de contas, você me conheceu eu era praticamente uma virgem. Mas, depois de tudo o que ouvi da Edna e depois da Bruna, resolvi fazer uma pesquisa a respeito disso e posso te falar as conclusões que tirei.
Renato levantou a cabeça, olhou nos olhos de Elisa e sacudiu a cabeça assentindo. Então ela começou:
-(Elisa) As pessoas são diferentes, todas elas. Você pode colocar mil pessoas diante de uma mesma situação e não será nada estranho se você observar mil reações diferentes. Em uma situação assim, a pessoa na sua posição poderia tomar uma atitude drástica e cometer uma bobagem, poderia começar a gritar com os dois, poderia sair de lá correndo e, não fique zangado, mas poderia até gostar de estar ali assistindo tudo...
Renato fez menção de interromper, mas Elisa pediu para ele esperar ela terminar de dizer o que estava pensando.
-(Elisa) Isso ocorre porque a pessoa é uma soma infinita de detalhes que formam seu caráter e determinam suas ações. Tem a herança genética, os exemplos dos pais, professores e amigos, o tipo de literatura, cinema e teatro que mais gosta e até mesmo a música pode somar algum detalhe que vai formando o caráter de cada um de nós. Eu nunca vou poder dizer com exatidão os motivos que te deixaram lá, sem ação. Mas isso não importa, porque, independente do que seja, serão sempre os seus motivos, nunca os meus, os da Bruna, ou de qualquer outra pessoa. A pessoa que age pelos motivos dos outros se mostra insegura e é muitas vezes covarde, pois usa isso como desculpas para sua ação.
Elisa continuou. Explicou que, o simples fato de uma pessoa gostar de assistir filmes pornográficos já pode transformá-lo em um voyeur, mas fez questão de deixar claro que esse não era o caso dele e citou a reação que ele teve na praia em Santa Catarina quando a Aline provocou uma situação assim, dizendo que, se ele tivesse o fetiche de ficar olhando, não teria reagido daquela forma e se afastado e, atendendo ao pedido de explicação dele que a interrompeu, explicou que essa informação tinha sido dada a ela por Bruna. Ela não estava mais se incomodando com o que o Renato iria pensar ao saber que elas conversaram sobre ele. E completou dizendo que Renato não se enquadrava em nenhum dos casos clássicos de corno manso, cuckold ou voyeur, e encerrou dizendo:
-(Elisa) Então, meu amor. É isso. Você, por sua formação e seu caráter, sofreu uma espécie de crise de catatonia e não conseguiu reagir. Também pode ser o fato de que o seu caráter não permitiu que você partisse para a briga ou simplesmente armasse o maior barraco. Talvez tenha preferido deixar para resolver depois.
-(Renato) Pode até ser. Só que eu, sinceramente não saberia dizer. Só posso te garantir que o sentimento que mais me dominou foi o de perda. Naquele momento eu tinha perdido a Bruna. Nada que eu fizesse na hora iria mudar isto. Para mim, a cena que se desenrolava na minha frente colocaria fim ao meu relacionamento com Bruna e a dor que isso causava era muito grande. Talvez seja essa dor que tenha me paralisado.
-(Elisa) Nunca te ocorreu, na época ou depois, durante o tempo que era casado, de conversar com a Bruna a respeito disso? De pôr tudo em pratos limpos, começando, logicamente, com você dizendo a ela como foi que se sentiu e perguntando os motivos dela?
-(Renato) Sim. Lógico que ocorreu, mas apenas antes do nosso casamento. E eu sempre que pensava em ter esta conversa, quando resolvia falar, acabava mudando de ideia. Quando nos casamos, eu decidi que, uma vez que estava tudo resolvido, nosso casamento deveria ser a pá de cal em cima daquele assunto que jamais deveria ser desenterrado.
-(Elisa) E já te ocorreu que a falta dessa conversa pode ter sido um dos motivos das coisas terem acontecido da forma como aconteceram? – Embora a expressão de Renato aparentasse calma, Elisa achou que estava sendo invasiva demais e por isso tentou fazer aquela pergunta de forma mais suave, dizendo: - O que eu quero dizer é, talvez, e somente talvez, porque ninguém sabe direito o que se passou na cabeça da Bruna quando ela agiu daquela forma, você pudesse, com uma conversa, ter detectado o que havia de errado com ela e até ajudá-la.
-(Renato) Não sei te responder a essa pergunta Elisa. Como você mesma disse, talvez eu pudesse ter ajudado, mas também não dá para saber se uma conversa assim não faria com que a gente se afastasse de vez.
-(Elisa) E é disso que você tinha medo. Tinha medo, mas hoje você sabe que a falta dessa conversa não resolveu nada. Tanto é que vocês acabaram por se separarem, embora ainda exista um sentimento muito forte de um pelo outro.
-(Renato) Onde você arrumou essa ideia de que ainda há sentimento entre nós dois? Acho que você está redondamente enganada. Não sinto nada por ela. E também tenho certeza de que ela não sente nada por mim.
Ao encerrar a frase, a voz de Renato abaixou uma oitava. Aquilo, para Elisa, soou como uma confirmação daquilo que ela já sabia. Era muito provável que Renato ainda amasse Bruna. Quanto ao sentimento de Bruna por Renato, ela não tinha nenhuma dúvida. Mas ela resolveu não forçar mais e encerrou a conversa por ali. Quer dizer, aquela conversa, pois em seu íntimo, ela sabia que aquele assunto voltaria à tona e que, quando isso acontecesse, seria uma conversa definitiva a respeito do futuro dos três envolvidos naquele emaranhado de sentimentos, alguns até bem contraditórios.
Entretanto, agora era Renato que não estava satisfeito. Ainda havia um assunto sobre o qual ele desejava conversar com Elisa e, sendo a respeito de Bruna, ele aproveitou que estavam falando dela e comentou, terminando com uma pergunta:
-(Renato) Por falar nisso, eu tenho notado que de uns tempos pra cá você e Bruna andam muito distantes uma da outra. Até acho que sei o motivo desse clima ruim entre vocês duas, mas queria confirmar. Você está brava com a Bruna por causa do que aconteceu com a Salma?
-(Elisa) Sim. Eu não consigo acreditar que ela tenha sido capaz de usar uma pessoa sem se importar com as consequências. Aquilo foi horrível. Aquela moça nunca mais será a mesma e nós todos sabemos de quem é a culpa.
-(Renato) Sabemos Elisa. Eu até concordo com essa sua revolta. Mas você tem que entender que ela precisava fazer alguma coisa. Isso faz parte do meio que nós vivemos.
-(Elisa) É esse meio que vocês vivem que me assusta. Quando nós sofremos aquele atentado, eu fiquei apavorada, mas depois, ao ver que você estava agindo para dar fim à vida de Bruna, o desespero mudou para um sentimento de urgência. Eu tinha que fazer alguma coisa para evitar esse absurdo. Então, fui atrás de informações e, graças à Edna e ao Álvaro, tive uma ligeira noção do que acontecia. Mas aquilo, para mim, não era suficiente e fui conversar com a Bruna. Graças a Deus ela não tentou me enganar e me deixou a par de tudo.
Elisa fez uma pausa esperando por algum comentário de Renato que não veio, então ela continuou:
-(Elisa) O jeito que essas informações chegaram para mim foram importantes. Primeiro que eu já estava bem no centro da confusão toda e, depois, porque, ao saber de tudo, eu pude assimilar tudo à minha maneira. Naquele momento, a única coisa que me ocorria era que eu tinha que dar um jeito de acabar com tudo isso. Tinha não, eu estou consciente que ainda tenho que encontrar uma forma de afastar você e a Bruna dessa vida. Isso é muito ruim Renato. Você sabe disso.
-(Renato) E você acha que é assim? Você acha que basta querer, estalar o dedo e toda uma organização que controla e arruína a vida de tanta gente desaparece como num passe de mágica? Acorda, querida. Aquela organização é um monstro que devora a todos que se aproximam dela e, pior ainda, um monstro que tem que ser alimentado todo santo dia. Não dá para respirar sem pensar em como as coisas devem acontecer. Você, apesar de tudo o que já foi lhe contado, não faz a menor ideia de como é isso.
-(Elisa) Eu sei que não é fácil. Mas, olha só querido. Você e a Bruna trabalhando juntos, poderão encontrar uma forma e acabar com tudo isso. A Bruna deve isso a você. Você deve isso a você mesmo. Eu ajudo no que for preciso. Somos três e eu acho que, assim como você, tenho um nível de inteligência acima da média. Não é possível que três cabeças pensando em busca de um único objetivo não consigam achar uma solução.
-(Renato) Não sei Elisa. Você até agora só tem visto e sentido a situação de fora. Quero dizer, por mais que você também esteja sendo atingida por isso, não dá para você ter a mínima ideia do poder da organização.
-(Elisa) Nem quero. O tanto que já sei me basta. Olha o que está acontecendo com a Bruna? Ela está sofrendo muito com a culpa pelo estado em que ficou a Salma. A Bruna não é uma pessoa má. Sei que ela não teria usado aquela garota se tivesse pensado melhor e feito uma análise dos riscos. Isso que me deixou louca da vida com ela. Poxa vida. Ela não é tão burra que não pudesse prever que o desfecho poderia ser esse. Mas é claro que, nesse momento, ela está precisando mais de ajuda do que de acusações.
-(Renato) Nossa! Que mudança hein! Para quem até se recusa a conversar com a Bruna, você não acha que a está defendendo demais. Já está até querendo ajudar.
Elisa ficou calada por um longo tempo, perdida em seus próprios pensamentos, enquanto Renato apena a observava. Então ela finalmente falou:
-(Elisa) Quer saber de uma coisa? Você está certo. Eu não posso ficar indefinidamente acusando a Bruna. Ela precisa de ajuda, nem que for para não fazer uma burrada como aquela de novo.
Renato apenas balançou a cabeça em aprovação, o que significava que concordava com o que Elisa estava pensando.
Apesar da conversa ter mudado de rumo de repente, ficou gravado em Elisa. Ela poderia até se regozijar de finalmente ter feito Renato se abrir, coisa que nunca ninguém conseguiu. Porém, aquele diálogo franco só deixava mais claro algo que ela estava cansada de saber. Bruna e Renato se amavam e foram feitos um para o outro, sendo ela a intrusa em meio àquele relacionamento. Ela tinha consciência do sentimento de Bruna por Renato e agora estava mais do que confirmado o amor que ele sentia por ela. Para piorar, ela própria, além de amar o seu noivo, também tinha deixado crescer um sentimento por Bruna que a princípio não entendia, mas que Carolina, em suas intermináveis conversas, mostrou para ela que aquilo também era amor.
Por amar aos dois, ela estava cada vez mais certa que seria ela a sobrar. Então se lembrou de outro conselho de sua amiga que disse a ela em uma conversa que, sabendo que Bruna e Renato acabariam por reatarem o casamento, que ela deveria se entregar a esses sentimentos e transar com Bruna. Mas ela sabia que jamais faria isso. Pelo menos não enquanto o Renato não aceitasse. E ela não tinha coragem de deixar isso transparecer para ele.
O que Elisa não sabia, apesar de sua inteligência, é que o interesse dela por Bruna não ficara sem ser notado por Renato. Mas ainda tinha uma dúvida que Elisa precisava esclarecer e, sem aviso prévio, ela perguntou:
-(Elisa) Só para encerrar. Quando é que você vai conversar a respeito disso tudo com a Bruna?
-(Renato) Com respeito ao futuro da organização?
-(Elisa) Não Renato. Sobre isso eu mesma posso falar com ela. Eu estou falando sobre o que conversamos, sobre o casamento de vocês. Poxa vida. Achei que, se abrindo da forma como você fez, haveria uma esperança de vocês colocarem finalmente os pingos nos ‘is’ de vocês.
-(Renato) Nunca. Jamais. Além do mais, a gente não tem mais nada um com o outro e conversar sobre isso com ela não faz nenhum sentido.
“Aí é que você se engana, meu amor!” – Pensou Elisa: “Vocês dois tem muito a ver um com o outro, já que se amam. E você vai sim conversar com ela a respeito disso e, se for preciso, eu vou estar junto de vocês para impedir que você evite se abrir para ela como fez comigo”.
Continua ...
