APENAS UMA REGRA (ROMANCE GAY/HOT) - CAP 7: REFORÇO PARA O TIME

Um conto erótico de Escrevo Amor
Categoria: Homossexual
Contém 1995 palavras
Data: 13/11/2021 11:43:05

Eu sou muito ator. Isso deveria ser uma qualidade. Marco um encontro com o tio de Miguel, o magnata Klaus Arnault. Estamos bolando um plano para tirar qualquer informação dele. Afinal, quanto mais rápido resolvermos a vida do Miguel, mais rápido ele vai sair das nossas. Eu não estou criando expectativa de nada, quero apenas ajudá-lo e ponto.

Tá bom, uma coisa eu confesso. Ele cozinha bem para um senhor caralho. Só nos últimos dias, eu comi uma lagosta, berinjela defumada, cocotte de ovo, atum branco com salada e Ceviche. Cara, o Miguel é realmente um chef de cozinha e consegue emocionar através da comida.

Por causa disso, eu ganhei um quilinhos, então, o Júnior, meu personal trainer, decidiu fazer um intensivo. Ele não pegou mole comigo. Às vezes, eu não entendo porque pago alguém para me ajudar nos exercícios. O lado positivo é que o Júnior é gostoso pra porra, além de ter um sorriso perfeito.

— Por hoje chega. — anunciou Júnior, após o meu 50º abdominal.

— Valeu. — soltei, praticamente, me jogando no chão e respirando fundo.

— Eu pensei que a resistência dos GP's fosse maior. — comentou o meu personal, enquanto guardava o material da aula.

— Nem sempre. — levantei em um único pulo e o Júnior aplaudiu.

— Quem era o bofinho no teu apartamento? Eu pensei que você tinha regras sobre se apaixonar. — quis saber o Júnior, colocando a mochila nas costas e esperando pela minha respeito.

Droga. Touché. O Júnior sempre quis ficar comigo, mas usei a minha profissão como uma barreira para evitar um possível relacionamento. Depois de um tempo, acho que ele finalmente aceitou e nunca mais tocou no assunto, quer dizer, até aquele momento.

— Ele é um primo do interior do Pará. — menti, uma vez que essa é uma das minhas armas secretas, a mentira. — Se meteu em uns problemas e está precisando de abrigo.

— Entendi. Pensei que tinha perdido a minha oportunidade. — brincou o Júnior, deixando claro que existia uma ponta de verdade em seu comentário. — Bem, nos vemos na próxima semana?

— Claro. Por favor, não seja malvado comigo. Tenha piedade. — pedi, fingindo um choro.

O Júnior é o mais perto que eu tenho de um amigo. A gente se conhece há quatro anos. A Izzy não conta, porque é família. No início da nossa relação, ela gostava de ser chamada de mãe, nunca entendi o motivo, mas a respeitei por um tempo. Depois percebi que era estranho chamar a Izzy de mãe.

Pego as minhas coisas e sigo para casa. Alguns programas estão marcados para a noite, então, não é necessário enfrentar o frio de São Paulo. Passo em uma banca de revista e compro alguns jornais impressos. O Miguel quer saber se existe notícias sobre o império de sua família.

— Quem ainda lê jornal impresso? — questionei a mim mesmo, no momento em que paguei por eles.

Ao entrar no apartamento um aroma delicioso me abraça. Puta que pariu, o Miguel quer me deixar um ursão, só pode. Ele está na cozinha, o seu canto favorito da casa. O Miguel comprou um avental com o desenho de um homem musculoso. Como alguém pode ser tão brega e fofo, tipo, ao mesmo tempo?

— Entrega especial. — anunciei segurando os jornais.

— Oba. Será que tem alguma coisa sobre o titio? — ele questionou, voltando a sua atenção para as minhas mãos.

— Cara, quem ainda lê jornal impresso? — a pergunta foi genuína, mas o Miguel fez uma careta engraçada.

— Cara. — Miguel fez uma péssima imitação minha. — No jornal impresso, existem jornalistas que são dinossauros no jornalismo, os grandes empresários sempre dão entrevistas para eles.

— O que tem para o jantar? — perguntei.

— É surpresa. — respondeu Miguel se aproximando para pegar os jornais.

Com a minha habilidade gatuna, desvio e levanto a mão. Eu sou mais alto que o Miguel. Tenho 1,85 metro, ele deve ter uns 1,70 metro, no máximo. Por causa da brincadeira, os nossos corpos entraram em atrito. A respiração de Miguel faz cócegas no meu pescoço, mas eu não desisto e continuo com a mão levantada.

— Qual é Stef. Você é mais alto. — choramingou Miguel, quase na ponta dos pés, apoiando o corpo contra o meu.

— O que eu vou jantar? — questionei mais uma vez, tentando não me importar com o corpo dele tão próximo ao meu.

— Quero que seja surpresa. — protestou Miguel, parecendo estar chateado e dando pequenos pulos para alcançar os jornais.

— O que eu vou jantar?

— Noodle frio. — revelou Miguel, se afastando e parecendo chateado. — Estraga prazeres.

De repente, a minha garganta fica seca. A chateação de Miguel me atingiu real, acho que fui um escroto do inferno. Eu não queria deixá-lo triste. Suspiro e entrego o jornal para ele. Eu não consegui pensar em nada para reparar a burrada que eu fiz.

— O que diabos é Noodle frio? — indaguei, sendo o babaca usual e irreversível.

— É um macarrão popular na Coréia. Queria fazer uma surpresa. — explicou Miguel, separando os jornais e colocando-os em cima da mesa.

— Ei, qual é. Não fica assim. Foi uma brincadeira. — falei me sentindo culpado, sem entender o verdadeiro motivo dessa preocupação.

— Esquece. Vai tomar um banho. Eu vou colocar os pratos. A Izzy já está chegando. — avisou Miguel, sem olhar para mim, porque sua atenção agora está nas páginas dos jornais.

Cuzão. No caso eu. Não dou uma bola dentro com o Miguel, mas porquê diabos estou tão preocupado com a opinião dele? O Miguel não tem nada demais. Nem mesmo uma personalidade forte. Ele é magricelo. Sem nenhum atrativo. Isso. O Miguel não é uma pessoa interessante. Eu não posso criar expectativa de nada.

No chuveiro, deixo todas as minhas frustrações. É como se a água levasse todas as preocupações, principalmente, aquelas que não eram bem vindas. Com a cabeça mais relaxada, aproveito um momento para responder alguns clientes.

Em casa, gosto de usar roupas leves, então, escolho uma camiseta velha com o brasão da coragem do Tai, personagem de Digimon, e claro, uma bermuda de flanela azul. Ao voltar para a cozinha, encontro o Miguel concentrado na missão de achar artigos sobre o tio nos jornais. As páginas estão todas espalhadas. Aquilo não deve ser um bom sinal.

— Sucesso? — perguntei.

— Não. Só matérias inúteis. Você tem razão. Foi perda de tempo. — Miguel soltou, me fazendo não gostar daquela versão dele.

— Qual é, garoto zumbi. Não vai desistir. Marquei um encontro com o teu tio. Vamos bolar um plano. Eu tenho a pessoa ideal para nos ajudar. — falei, pegando no ombro de Miguel e apertando.

— Valeu, Stef. — ele agradeceu, repousando a mão sob a minha, que continuou em seu ombro.

— Boa tarde, vadias! — gritou Izzy nos assustando. — O que vocês estão aprontando?

— Nada. — dizemos juntos.

Ok. Nós não conseguiríamos vencer o tio de Miguel sozinhos. Os contatos dele ainda não haviam encontrado nada para incriminar Klaus. Se existe um tipo de pessoa que consegue se sobressair quando se trata de armações são aquelas que estão invisíveis à sociedade.

Só havia uma mulher ideal para o trabalho: Nicky. Uma deusa de 1,90 metro, nem leve em conta quando ela usa salto número 15. Conheci a Nicky numa noite de verão. Estávamos trabalhando na mesma esquina, quando um tiroteio aconteceu. Nos abrigamos dentro de uma lixeira para fugir das balas. Nada melhor para criar laços.

A Nicky possui o dobro da minha idade, mas ela aparenta ter 20 anos. A desgraçada se cuida. Assim como a maioria das mulheres trans, Nicky foi expulsa de casa e precisou cuidar de si mesma e, aparentemente, conseguiu.

Decidimos contar parte da história para Nicky. No primeiro momento, escondemos a identidade de Miguel. Afinal, a vida dele corria risco e, por tabela, a nossa também.

— Os homens héteros são uns retardados. — garantiu Nicky, tirando um cigarro da bolsa e acendendo com um isqueiro em formato de esqueleto, a chama saiu pela boca da caveira. — Devemos procurar no celular dele. Como você acha que a maioria das mulheres descobrem que os homens de suas vidas dão o cú para uma trans?

— Celular? — Miguel, Izzy e eu, questionamos juntos, quase um coral perfeito de idiotas. Estávamos espremidos no sofá, enquanto a Nicky estava na poltrona de frente para nós.

— Claro. Eu tenho uma conhecida que faz um remédio babadeiro...

— Dona Nicky. — Miguel a interrompeu. — Não queremos matá-lo, apenas descobrir as informações necessárias e acionar as autoridades.

— Querido, eu não sou amadora. Não vamos matar o teu tio. Vamos ganhar tempo para que o Stefano consiga achar alguma informação no celular dele. — a voz forte e feminina de Nicky tomou conta do ambiente. Deus como eu amo essa mulher.

— Beleza, caralho! — exclamei, mais animado do que deveria. — É isso. — olhei para Izzy e Miguel. — Compramos o remédio, dopamos o tio do mal e livramos a pele do Miguel.

— E vocês nem devem agradecer a mamãe aqui. — soltou Nicky, dando uma tragada no cigarro e liberando a fumaça.

Criar um plano do mal dá fome. Convidamos a Nicky para o jantar e decidimos comer na varanda. Graças aos céus, que a porra do frio deu uma tregua e uma brisa gostosa nos fez companhia.

Eu nunca ri tanto na vida. A Nicky é uma comediante nata. Ela tem o timing perfeito da comédia. Suas piadas são ácidas e inteligentes. Durante o jantar, ela contou que estava tentando entrar para um grupo de improviso.

Quem gostou de conhecê-la foi o Miguel. Eles se tornaram bons amigos logo de cara. É normal sentir ciúmes? Eu posso sentir ciúmes de quem não é meu? Na verdade, eu nem sei se o Miguel é gay. Virgem com certeza, mas nunca conversamos sobre a sexualidade dele.

Inferno! A sexualidade do Miguel não é do meu interesse. Nada vai rolar entre a gente. Nada!

Levanto em um movimento bruto. A única que percebe é a Izzy. Acho que anos de irmandade nos deixa mais sensíveis para perceber quando o outro está com problemas. Pego uma garrafa de Vodka e coloco em um copo pequeno.

— O ciúme é um sentimento complicado, né? — Izzy chega de surpresa e me assusta, quase derrubo a Vodka.

— Bateu a cabeça, peste?

— Anjo caído? Eu não nasci ontem. A tensão entre vocês é enorme.

— Não existe cacete de tensão, Izzy. O Miguel é mais um trabalho. Ele não pertence a porra deste mundo. Aos olhos de pessoas como o Miguel, nós somos descartáveis. Quantos caras já te procuraram para romance? Nenhum. Nós somos fodidos.

— Stefano? Eu não acredito. — Izzy pegou no meu ombro, que estava trêmulo. — Você não pode usar a sua profissão para mascarar as tuas inseguranças. O Miguel é o cara mais legal que eu tive a chance de conhecer.

— Qual insegurança? — tomei a Vodka e nem senti.

— Amor. Você sabe que é como um filho para mim, né? Você precisa deixar ir. O filho da puta morreu. Ele não pode ser o medo que te faz desistir das coisas. Sabe, Stef, às vezes, eu me preocupo tanto contigo. Você é um garoto bonito e cheio de energia boa, mas o passado te segura. — Izzy tentava controlar o tom da voz para não chamar a atenção do Miguel e Nicky.

— Quando você diz o passado, quer dizer, o meu pai que me estuprou durante anos? — questionei, bebendo a Vodka da garrafa. — Eu vou trabalhar, Isidoro. — avisei chegando perto do ouvido de Izzy. — E da próxima vez que eu quiser a porra de um conselho tenha certeza que não vou te procurar. — deixei o copo sob a mesa e fui para o quarto.

Filho da puta! Eu sou um filho da puta. Eu consigo magoar todas as pessoas que me amam. Infelizmente, a raiva consegue me cegar. Eu viro uma metralhadora de merdas e ofensas no primeiro sinal de alerta.

— Droga! — gritei, socando a parede e machucando a mão. — Porra! Puta que pariu. — caí de joelhos no chão e comecei a chorar.

***

Oi, galera. Sei que é chato pedir, mas gostaria que vocês curtissem a história. Se desse, também, comentasse e compartilhasse. Tenham todos um ótimo fim de semana!!!


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Não vejo a hora do Miguel e Stefano ficarem juntos

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