League of Daniela - Capítulo 20 - Minha Outra Família

Capítulo 20 – Minha Outra Família

Depois daquele dia eu fiquei muito desconfiado.

Mas muito desconfiado mesmo.

Eu só iria aceitar propostas pra Daniela que não fossem dos punheteiros do LOD.

Minha promessa inicial com a Dani finalmente seria cumprida.

De ser cuidadoso e escolher os clientes com cautela e cuidado.

Nada disso teria acontecido se eu tivesse feito isso desde o início.

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E o cliente aparece.

500 reais um final de semana. Uma pessoa só. E o endereço era diferente daquele dos garotos do League of Daniela. A conta também não estava no clube DanPet.

Perfeito.

É esse mesmo.

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Já depois de conversar e ter o aval da Daniela eu passo pra ela os detalhes.

- Não se preocupa. Não vai ser nada como os garotos daquela festa lá que você foi.

Eu lembro que ela não sabia sequer do site. Era melhor eu disfarçar a minha preocupação então.

- Tudo bem. Eu também não iria mais aceitar grupal assim. Quem é então?

- Alguém mais velho. Vai te buscar de carro aqui na frente da minha casa. Não precisa se preocupar.

- Tudo bem. Confio em você agora.

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Já no dia eu estava esperando do lado da minha namorada.

Finalmente o carro chega.

Eu abraço a minha namorada e me despeço.

Ela entra no carro e eu vejo um homem de uns 35 anos.

Ótimo.

Nada dos nerds do Lol.

A Dani está em boas mãos agora.

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Eu entro no carro.

Então é esse o cliente?

- Prazer.

- Opa. Prazer.

Ele sai com o carro e segue.

Eu acho estranho. Porque ele fica quieto durante um bom tempo. Talvez ele fizesse isso bastante.

Eu então reparo que ele seguia um mapa no celular.

Santa Maria.

Era um Uber.

Aquele não era o cliente.

Pedro achou que era ele. Mas seja lá quem for, passou a perna completamente nele.

Controlando o meu nervosismo, eu pergunto sobre o endereço.

- Estamos indo pra onde?

- Olha, aqui.

O endereço batia com o que o Pedro me passou.

Talvez o cliente só seja tímido.

Mais calma eu sigo.

- Tudo bem. Sem problemas.

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O uber chega ao endereço.

E eu desço.

O motorista segue embora e eu fico em uma rua residencial deserta. Era por volta das 11:00 da manhã. Mas não tinha ninguém ali. Eu fico embaixo de uma árvore e espero.

Depois de tempo alguém vindo do final da rua se aproxima. Era alguém jovem, vindo sozinho. Devia ter uns 15 ou 16 anos.

- Oi, nosso Petzinho. Tudo bem?

Pela voz eu finalmente reconheço.

Era um dos garotos do LOD.

Eu nem respondo mas ele emenda e continua falando.

- Vem. O endereço não é aqui. Eu usei ele como disfarce. Pro seu namorado burro não perceber que era alguém do clan. Agora venha comigo.

Ele começa a andar.

Mas eu fico parada.

- Ok. Fica parada aí e volte pra casa. E eu mando o link do League of Daniela pro seu orientador na faculdade. Aliás, o site já foi atualizado com as suas aventuras no banheiro do Barra Shopping. Tenho certeza que ele vai adorar ver aquilo.

Eu desisto e começo a seguir ele.

- Boa menina. Era mais fácil você obedecer a gente direto. Pouparia tempo.

Ele tinha razão.

Enquanto ele tinha essa carta na manga eu iria sempre perder essa luta e ceder pra eles.

Eu tinha que tirar esse trunfo deles.

Mas isso teria que ser outro dia.

Eu acompanho ele pela rua.

Ele vai até o final da rua e vira a esquerda. E direita. E segue ziguezagueando pelas ruas.

O garoto finalmente acha uma casa e para na frente.

Mas antes de entrar ele fala.

- Essa é a minha casa. Eu moro com os meus pais. Eu disse que você era a minha namorada. Eles até acharam que era bobeira. Então esse final de semana eu vou te apresentar pra eles. Você agora é a minha namorada. Entendeu?

- Sim, entendi.

- Perfeito, Danizinha. Agora entra.

Eu entro na casa do garoto. Era uma casa de classe média alta. Doi carros na garagem. Quintal gramado, piscina e churrasqueira.

Ele me segura pela cintura e me guia pela sala.

Lá eu encontro a mãe dele.

- Nossa, então era verdade mesmo? Sua namorada é linda, meu filho. É um prazer!

Eu a cumprimento. Era uma mulher branca e loura oxigenada. Como alguém com dinheiro que não sai de casa e é uma governanta sustentada pelo patriarca.

E vindo do corredor eu vejo o pai. Ele fala quase a mesma coisa da mãe dele. Aparentemente ele nunca tinha namorado. Quanto mais uma menina universitária 6 anos mais velha que ele.

- Venha. O almoço está pronto.

Sento na mesa pra comer. Nunca tinha visto algo assim. Eu era de uma família mais desconstruída e moderna. Eu estava acostumada a pegar a comida na panela e almoçar na sala. Já a família dele não. Era uma mesa de madeira. Renda. Pratos, porcelanas e jarras de suco. Até talheres de sobremesa tinha.

Parecia uma família fake de uma novela da Globo.

Eu sento do lado do menino do LOD e almoço segue.

- Nossa filho. Mas então como vocês se conheceram?

Eu não falo nada.

Seja lá que história o lolzeiro tinha inventado era melhor ele começar a falar. E eu iria concordar com tudo.

- Então. Conheci ela em um perfil do Tinder. Ela era garota de programa. Família pobre e tals. 8 irmãos. E sequer o ensino médio ela tem. Me aproximei e a gente se apaixonou. E tirei ela dessa vida. De se vender. Mesmo que por bons motivos. Não é?

Eu era filha única e estava terminando a minha graduação.

A única verdade era que eu me prostituía.

Filho da puta.

- Claro. Eu precisava ajudar meus irmãos. Mas o amor venceu.

Com um brilho estranho nos olhos, o pai do garoto fala.

- Nossa. Vida sofrida. Eu entendo que devia ser complicado. Mas agora pense em nós como a sua futura família. Qualquer coisa pode contar conosco, tudo bem?

Eu engulo em seco e respondo.

- Sim. Claro. Agradeço essa hospitalidade.

- Seremos a sua outra família. – Brinca o pai do nerd.

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O almoço segue sem mais acontecimentos. E depois todos então vão para a sala ver filmes.

Eu sento no sofá e o garoto me abraça com o braço. Eu fiquei um pouco inclinada e no colo dele de lado. A cabeça dele fica no meu pescoço. Afundado no meu cabelo.

E sem ninguém escutar ele começa a falar baixinho no meu ouvido.

- Seu namorado ficou bolado no jogo quando a gente mandou umas indiretas sobre o cinema. Acho que ele não acreditou. Pra ele o clan só te pegou na festa. Ele deve achar que as precauções dele vão impedir a gente de te ter.

Ele começa a morder a minha orelha.

- Mas desde então o site continua. A gente te bulinou e te comeu no banheiro do shopping. E agora você é oficialmente a namorada de outro homem. Não parece que aquele noob tem pulso pra te manter longe do nosso clan. Você ainda vai ser nosso mascote.

O menino enfia a língua no meu ouvido. E depois volta a provocar com palavras.

- Eu paguei pelo final de semana. Vou pedir pros meus pais e você vai dormir aqui. No meu quarto. E vai trabalhar bastante. Minha putinha burra e com oito irmãos pra sustentar kkkkkk.

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- Mãe. A Dani pediu se pode dormir aqui. Ela mora em uma favela perigosa e é ruim voltar de tarde ou de noite. Pode?

- Claro, meu filho. – A mãe dele responde.

- Dani. Posso te chamar também assim? Você é nossa filha também. Não precisa de permissão. A casa está sempre aberta pra você.

E novamente eu vejo um brilho estranho nos olhos do pai dele.

- Muito obrigada por todo esse carinho.

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A tarde passou e a noite com conversas vazias de pessoas ricas.

Em algum momento o nerd do LOD levanta e diz.

- Vamos dormir que estamos cansados. Não é, Dani?

- Sim. Estou bem cansada também. – Eu minto, sendo solicita e acatando as ordens do garoto.

Ele me pega pela mão e me leva para o quarto dele.

E agora oficialmente.

Eu tinha outra família.