O Brutamonte do apê 210. IV

-Rafa, eu vou dar uma saidinha e mais tarde eu volto, ok?

Ele nem ao menos me apresentou a menina que estava na porta e ela também nem fez cara de quem queria. “Qual o problemas das garotas que ele pega? Todas tem que ser mal educadas?”. Apenas assenti com a cabeça e logo ele foi em seu quarto por uma camisa e um sapato, eu queria ser tão rápido ao me arrumar como ele era.

A porta da frente se fechou e eu pela primeira eu vez estava sozinho naquele apartamento.

-É, somos só nos dois agora... O que eu faço?

Dizia olhando para as paredes, sentia falta de ter amigos próximos, sentia tanta saudades dos meus na Bahia. Decidi ligar para cada um deles e passei algumas horas matando um pouco a saudades, eles me perguntavam sobre a cidade e eu dizia que ainda não conhecia quase nada, mas que iria. Por fim liguei para o meu pai e minha mãe acabou me atendendo.

-Filho? Que surpresa.

-Oi mãe. Nossa, como é bom ouvir sua voz.

-Ah, nem me fale. To com tanta saudade. Mas me conta, já se matriculou? Quando começa as aulas?

-Já sim. A faculdade é linda mãe e as aulas começam semana que vem. To mega ansioso.

-Aim que bom filho. Você vai se dar muito bem.

-Obrigado. Cadê meu pai?

-Ele tá ocupado agora, tendo reunião com um dos funcionários, sabe como é né? Mais tarde tu liga de novo.

-Eu imagino.

-E a cidade, como é? Ta se cuidando né? Eu via as fotos do apartamento que você mandou pelo WhatsApp, achei bem bonito.

-Mãe aqui é ótimo. E nossa, ar condicionado aqui não é requisito como aí em Salvador.

Ouvi o riso dela do outro lado da linha e foi impossível não sorrir também.

-Eu te amo filho.

-Também te amo, mãe.

Encerrei a chamada e o relógio marcava 19h30. Fui pra cozinha e fiz um lanche rápido e fiquei vendo alguns filmes mas meu sono tinha chegado. Fiquei sem jeito de ir pro quarto do Hugo e dormir lá sem que ele estivesse ali, então arrumei o sofá e adormeci ali mesmo.

Ouvi o barulho da porta se abrindo e tentando voltar a dormir me ajeitei no sofá, não sabia nem que horas eram mas devia ser tarde. Ouvi algumas risadas descontroladas e ouvia Hugo dizer sorrindo também : -Silêncio, ele tá dormindo-.

Hugo provavelmente tinha voltado pra casa com aquela menina de mais cedo e os dois pareciam estar bem bêbados, foram literalmente cambaleando para o quarto dele e fecharam a porta. Um alívio passou por minha mente por não ter ido dormir lá, imagine a vergonha que seria.

Dei um longo suspiro e tentei dormir novamente, óbvio que eu não imaginava que ele traria uma mulher pra nosso apartamento, e aquela história de avisar sempre que for trazer alguém? Mas quer saber? Tudo bem!

Assim que parecia que eu voltaria a dormir comecei a ouvir alguns gemidos, e eles foram aumentando gradativamente. Em certo momento a mulher lá dentro gritava e gemia sem parar. “Que porra é essa? Eles tão transando ou ele tá matando ela?”. Era só o que me faltava, eu iria perder o sono por conta de uma foda barulhenta do Hugo.

Preciso logo que meu quarto fique pronto. Por mais que eu ouvisse do meu quarto, pelo menos eu estaria em um conforto maior. Assim que eles acabaram e foram tomar banho eu sabia finalmente que eu conseguiria dormir.

Acordei aquela manhã e me levantei meio dolorido, desejei como nunca ter o meu quarto pronto logo. Fui preparar o café me lembrando da noite passada, eles provavelmente deviam estar dormindo ainda, afastei aqueles pensamentos e terminei de preparar o café. Pus a mesa e liguei a tevê da cozinha enquanto comia.

Ouvi a porta do quarto dele abrir e a menina saiu correndo pro banheiro, ela estava vomitando horrores. Senti pena dela e mais ainda de Hugo que iria ter que lavar o banheiro. Ela logo saiu com as mãos na cabeça e com dificuldade veio até a cozinha.

-Bom dia. Disse ela com uma voz baixa.

-Bom dia.

-Posso tomar um pouco desse café?

-Claro.

Peguei uma xícara e a servi.

-Obrigado. A propósito, me chamo Larissa.

-Rafael. Disse rápido.

Ela tomou o café e voltou ao quarto do Hugo e saiu de lá vestida.

-Avisa ao Hugo quando ele acordar que eu tive que ir embora. Obrigado pelo café.

-Aviso sim. Sorri em resposta.

Assim que ela saiu e fechou a porta do nosso apê eu fui em direção ao quarto dele. Ele estava jogado na cama só de cueca e respirando profundamente. Quando constatei que ele estava vivo eu sai dali revirando os olhos.

Era quase 13h quando ele acordou, eu já tinha arrumado toda a casa e até limpado o banheiro por que eu tive que usá-lo e não iria fazer isso com ele sujo, mas com certeza iria falar sobre isso com Hugo.

Ele saiu do quarto com os olhos quase fechados e ainda de cueca foi pro banheiro, depois de alguns minutos saiu dela e se sentou ao meu lado no sofá.

-Bom dia. Disse ele baixinho.

-Boa tarde. Respondi. -Ah, a tal de Larissa/garota vômito mandou avisar que precisou sair e por isso não está aqui.

Ele me olhou tentando me analisar e eu não tinha feição nenhuma, apenas olhava o filme que passava.

Aquela tarde correu sem nos falarmos muito, ele fingia que nada tinha acontecido e eu fingia não me importar.

A semana voou literalmente, finalmente meu quarto estava pronto e nada de muito importante tinha acontecido, eu me reservei e me dediquei a ajeitar todas a minhas coisas no meu novo quarto e me preparar pra semana de facul que iria começar. Minha convivência com Hugo estava normal e eu já estava até me sentindo mais desapegado dele.

Era sábado à noite e eu estava dentro do meu quarto mexendo em meu notebook e vendo alguns vídeos de comédia.

-Posso entrar? Disse ele já dentro.

-Já entrou né. Respondi. -Senta aí.

Ele se sentou na minha cama e olhava com mais atenção todos os cantos do meu quarto.

-Ficou muito bonito o seu quarto, quero até me mudar.

-Besta. Disse rindo pra ele.

-Eu tava pensando em sair hoje à noite, quer vir comigo? Conhecer um pouco a cidade?

Eu o olhei como criança quando recebe um doce.

-Eu vou amar. Disse sorrindo. -Vamos para onde?

-Não sei, talvez uma baladinha mesmo. Meus amigos vão estar lá aí tu aproveita e conhece eles.

-Então vamos logo. Eu sai da cama e fui em direção ao guarda roupas escolhendo qual roupa vestiria. -Balada né? Disse pensando. -Acho que vou de calça, o que você acha?

Ele me olhou rindo e fez uma cara de desentendido.

-Veste qualquer coisa oras.

Eu revirei os olhos com aquela resposta e logo tirei ele do meu quarto, ele não tava me ajudando em nada.

Sai do banheiro e corri para me arrumar e logo Hugo entrou, ele tomou banho e se arrumou em segundos. Aquilo era impossível gente. Logo ele já estava batendo na porta do meu quarto. Ouvi sua voz do lado de fora:

-Vamos logo Rafa, que demora. E olha que você começou a se arrumar primeiro que eu.

Não respondi nada, e terminando de passar o perfume abri a porta.

-Pronto apressadinho. O quê achou?

-Tá pinta! Disse ele me analisando.

-Pinta? Que raio de elogio é esse?

Saímos do nosso apartamento trancando tudo e fomos em direção a balada.

São Paulo nunca parava e a noite Paulista era tão iluminada, estava mega ansioso. Quem sabe hoje eu me daria bem né, afinal, desde que cheguei não sei o que é beijar alguém. E eu queria muito beijar um Paulista.

Os amigos de Hugo se resumia basicamente a quase todos do Trabalho, apenas uns três que ele me disse ser da Faculdade. Conheci e cumprimentei à todos, eram algumas mulheres lindas e uns 4 homens que nossa, me deixaram um pouco nervoso de tão lindos.

Eu estava ali para curtir e me permiti a isso, a conversa rolava fácil entre todos e eu já parecia conhecê-los a tempos. Aquela já era a minha segunda tequila e quando ela desceu quente na minha garganta e se misturou com as outras bebidas lá dentro eu me senti leve, leve demais. “Epâ, vai com calma Rafa” meu cérebro advertiu. Decidi que por hora iria dar um stop na bebida, o som estava entrando tão harmonicamente dentro dos meus ouvidos que eu logo disse que iria pra pista de dança e depois voltaria. Kelly, uma amiga dele do escritório disse que viria comigo, ela assim como eu estava visivelmente eufórica demais pelo álcool. Nós dançávamos sem nos importar com nada, a vibe estava incrível. Logo um remix de funk inundou a pista e nós apenas nos olhamos surpresos e rindo, como se soubéssemos o quê devíamos fazer.

Descíamos até o chão e subíamos rebolando ao som do funk, ela estava com um vestido prata e um salto lindo, impossível não olhar para ela, e isso era nítido pelos homens que nos olhavam.

Ela pegou em meu quadril e me colou ao lado dela e guiava a dança agora, eu estava com uma calça preta bem apertada contornando todo o meu quadril e perna, vestia uma camisa mais solta e alguns acessórios. Eu estava soltinho conforme a música e estava tão feliz que nada me tiraria dali.

Depois de alguns minutos voltamos pro grupo e eles logo fizeram uma algazarra quando chegamos.

-Olha eles voltando, arrasaram!

Disse Luna.

-Amei esse lugar. Disse me ajeitando no bar para pedir mais um drink.

-Vai com calma Rafa. Disse Hugo aparecendo ao meu lado.

-Eu tô ótimo querido! Disse rindo. -Mais uma tequila por favor. Disse olhando agora para o barman.

-Cadê o meu parceiro de dança? Disse Kelly se aproximando de mim.

-Tô aqui recarregando as pilhas. Tomei metade da bebida e ofereci a outra metade a ela que a tomou sem pestanejar.

-Tu dança muito heim. Disse Fernando me olhando. Fernando era um homem de no máximo 30 anos, forte, alto e com certeza muito cheiroso.

-Obrigado. Disse meio tímido.

-Cuidado que esse daí não da ponto sem nó. Me alertou Kelly rindo.

Nós rimos e Fernando me olhou com mais firmeza. Por um segundo até gostei de receber aquelas olhadelas, quem sabe hoje Fernando não se daria bem. Kelly me puxou de novo para a pista de dança e dessa vez todos resolveram vir com a gente, começamos a nos mexer e logo senti alguém atrás de mim. A música era alta e ele falou em meu ouvido:

-Posso dançar com você?

Me virei para descobrir quem era e sorri vendo que era o Fernando.

Me aproximei mais dele e logo Kelly entendeu e dançava com as outras meninas.

-Eu achei você lindo. Disse ele novamente perto do meu ouvido.

-Eu também te achei um gato. Disse meio timidamente.

Colamos nossos corpos mais uma vez e deixamos o ritmo nos levar, estava em um transe muito bom quando despertei sentindo a mão firme de Fernando em meu corpo, ele passava suas mãos descobrindo cada pedacinho dele e ia descendo sempre querendo mais. Num certo momento suas mãos curiosas pararam em minha bunda e ali deram uma leve apertada. Sorri em resposta a aquela ação e ele sorriu maliciosamente para mim também.

Do nada, senti alguém puxar a minha mão e me desequilibrei por segundo quase caindo no chão. Olhei furioso e vi que era Hugo quem tinha feito aquilo.

-Você tá doido? Gritei por conta da música alta.

Ele me fitou com um olhar meio sombrio, ele nitidamente estava incomodado e furioso com alguma coisa.

-Eu to indo embora, vim te avisar. To meio mal e quero ir pra casa.

-Mas já? Disse desapontado.

Ele não me respondeu e apenas ficou parado em minha frente. Suspirei um pouco irritado e fui procurando as pessoas para me despedir, foi quase impossível eles me deixarem sair dali e eu quase fiquei, não acreditava que Hugo estava cortando minha vibe. “Que saco” eu pensei.

Passamos a viagem toda calados e quando chegamos em casa eu fui direto pro meu quarto e ele para o banheiro, ele saiu e eu entrei, assim que terminei o banho passei de cara fechada por ele que estava sentado na sala e entrei no meu quarto.

-Por que você está assim? Perguntou ele abrindo com força a porta do meu quarto.

Eu fiquei um pouco pasmo, quem ele pensa que é para entrar assim?

-Você podia ter batido né? Que falta de educação. E se eu estivesse em um momento íntimo que você não pudesse ver?

Disse o olhando irritado.

-Você é que está indiferente comigo. O que eu te fiz?

-Nada, você não fez nada. Apenas não entendi a sua súbita vontade de voltar pra casa.

Ele me olhava sem ter o que responder e eu continuei agora com a voz um pouco mais alta. -E ainda me puxou daquele jeito na balada. Você está estranho sabia!

Ele me olhou procurando dizer alguma coisa mas parecia que nada se formava na mente dele.

-Você já estava muito bêbado. Ele resolveu dizer.

-E daí? Qual o problema disso? Perguntei ainda com mais raiva.

-Tava lá se esfregando no Fernando, tu mal conhece ele. Ele disse cuspindo aquelas palavras.

Eu o olhei atingindo o total de fúria que tinha, eu podia estar me esfregando em quem eu quisesse, na hora que eu quisesse. O que isso tinha haver? Pensando nisso eu descarreguei tudo em cima dele:

-Eu não reclamei quando você trouxe aquela mulher aqui em casa e passou a madrugada toda transando com ela como se eu não existisse, quebrando até as regras que você mesmo me disse pra seguir. Que regras são essas que não valem para você? ... Eu estava feliz Hugo, finalmente conhecendo pessoas novas e a um passo de ficar com um cara bacana e o que você faz? Estraga tudo!

Eu terminei de falar aquilo e buscava respirar, eu acabei falando tudo tão rápido que tinha ficado sem fôlego.

E Ele me olhava incrédulo a tudo que ouviu.

-Esse então é o seu problema? Ficar com alguém? Não seja por isso então.

Ele se aproximou com pressa e passou um de seus braços em minha cintura me colando com força no seu corpo e o outro ele pos em meu pescoço e juntou nossas bocas. Logo senti seus lábios macios nos meus e sua língua procurando espaço dentro da minha boca. Eu tomei um susto com a atitude e por reflexo tentei me livrar dele, mais a sua força era maior e o meu estado alcoólico não ajudava.

Eu então fechei os olhos e me entreguei a aquele beijo.

Continua...

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Queridos leitores, obrigado pelos números em leitura, fico muito contente que estejam acompanhando. Espero que estejam gostando e fiquem a vontade para votarem e comentarem. Como disse, eu adoro essa interação.

Sharon Martins: Ama cenas de ciúmes é? Então se prepara para muitas. Kkkkk. Agradeço que esteja acompanhando.

Nayarah: Rafael é um canceriano todo confuso, jovem e safado Nay. Coitado do nosso Rafa. Vamos ver o que acontece nos próximos eps. Obrigado por acompanhar.

Oldack: Fique tranquilo querido, é que eu gosto de dar base nos textos sabe, pra que não fique tudo corrido e com pontas soltas. Obrigado por acompanhar.

Ze carlos: Me esforçarei para cumprir com isso. Obrigado por acompanhar.

Edu19>Edu15: Obrigado por acompanhar.

VALTERSÓ: Olha, eu não acho o Rafael indeciso, eu acho ele sexualmente livre, mas nem tanto né? Dado que ele ainda é virgem coitado. Vamos ver o que aguarda os próximos eps. Obrigado por acompanhar querido.

Arrow: Obrigado por acompanhar querido.

Beijos,

Little Boy.