O Príncipe das Nuvens

Na primeira vez em que o vi, estava com a Luíza ao meu lado e estávamos comemorando 6 meses de namoro na casa de veraneio do tio dela. O passeio não era dos meus favoritos, talvez por isso estivesse completamente disperso na presença dos parentes e também não dando muito ouvido às conversas bobas da família. A praia não tava tão cheia, por causa das ondas fortes e também pela ressaca do mar, mas para um típico surfista, é o momento ideal pra pegar boas ondas e não passar o dia a toa, sem dúvidas. Apertei a mão dela de nervoso assim que pisei na areia úmida da praia. Tempo nublado e sem sol, pra fechar ainda mais meu humor não-aquático.

- Caraca, olhem o PL lá em cima!

Todos viraram pra ver. Da crista da onda, o molecote despencou com prancha e tudo de uma altura de mais ou menos 3 metros de altura, cruzando um corpo d'água sem fim. Meu coração disparou de aflição, o suor veio à tona na pele e o corpo entrou numa adrenalina parecida com a dele lá em cima. Em minha visão, seus músculos estavam meio trincados por conta dos exercícios e do esforço repentino, além de um sorriso desafiador no rosto, enquanto executou a famosa virada em câmera lenta. Toda a corpulência bronzeada se dobrou gloriosamente diante do céu coberto de nuvens, em pleno ar, como num maravilhoso eclipse que me tirou a razão e, por alguns curtos segundos, não senti qualquer medo.

- EU VOU DESCER! - anunciou.

Nesse momento, pude jurar três coisas: primeiro tive certeza que, lá de cima, o barbudo mirou os olhos em mim pela primeira vez na vida; segundo, talvez eu não fosse tão hétero quanto pensei; e por último, se dissessem que aquele era um anjo caindo dos céus, quem sabe eu acreditaria. Porque foi muito inacreditável o que senti ao ser invadido por aquela encarada turbulenta. Não sei dizer se foi consequência de estar diante de um mar revolto - e isso vocês vão compreender mais adiante -, ou se de repente fora efeito dos meus medos bobos.

- UOHOOOOO!!

Mas ele não caiu. Pedro Paulo Leão, um mero aprendiz de surfista e também primo da minha namorada Luíza, tornou a equilibrar-se na própria prancha e montou na onda com imensa maestria, descendo numa velocidade arrasadora e sem o menor sinal de amadorismo. Mesmo de longe, todos viram o rosto de excitação pela arriscada manobra realizada. Mas não tinha como não ficar feliz pelo filho da mãe, porque o surfe era seu passatempo predileto, embora todos ali testemunhassem os perigos e riscos.

- Tô chegando, ein porra!

E veio sentado na prancha, sem nem precisar remar ou nadar pra tomar impulso, apenas sendo carregado pela quantidade colossal de água que acabara de riscar no céu e quebrar ao meio. Numa metáfora, a onda era sua e o serviria como uma lacaia. Aos 18 anos de idade, ele não era como a maioria que preferiria estar domando o lombo de morenas peitudas e riquinhas, filhinhas de papai, não mesmo. Ele precisava de mais, isso era evidente no olhar desafiador de homem moleque que procura adrenalina, desafio na vida pra poder ter graça. O "Leão", como era conhecido entre fãs, era a grande promessa do surfe na região, por isso facilmente chamava a atenção, e comigo não foi diferente. Positiva e negativamente.

- Paulinho!!

- Ih, qual foi prima? Quanto tempo!

Saiu da água com a espuma do mar ainda acariciando seu corpo e perdendo-se por entre as pernas peludas e também na enorme barba, que vinha descendo pelo queixo e se misturando com água escorrendo. O primeiro surfista que conheci que não se raspava, e veio arrastando a prancha bem na nossa direção. Em 6 meses de relacionamento, era a primeira vez que conhecia aquela parte da família, uma vez que, por conta da distância, a gente nunca os visitou. Exceto que agora estava de férias, então estaríamos por ali por pelo menos mais alguns dias.

- Esse que é teu namorado?

Nem pra me cumprimentar o moleque desceu da prancha, pareceu até algum tipo de figura pública famosa num pedestal, não pisando no mesmo chão que eu. Antes de estender a mão firme e grossa, meteu os olhos nos meus e só então percebi o azul claro e penetrante do qual eram feitos. Deu uma boa de uma manjada pesada no meu corpo de baixo à cima, e, assim que nos tocamos, o puto ainda apertou a mão firme na minha antes de sorrir um riso sincero e aberto.

- Prazer, Leão!

- Luís!

Mal terminei de falar e, por qualquer razão que fosse, o tal Leão fez uma brincadeira ridícula comigo. Ainda segurando minha mão, ele pôs o pé atrás do meu calcanhar e me empurrou pra trás, literalmente me derrubando na areia molhada, onde a água quase chegava a bater.

- Paulinho! Tadinho!

No mesmo pé que caí, levantei apressado e aos poucos senti o estrago psicológico tomando conta do corpo. As mãos tremendo, a pele suando e a cabeça esquentando. Uma raiva sem igual por ter chamado atenção desnecessariamente.

- Você tem problema, seu moleque!?

- Calma, amor! É só brincadeira, o Paulinho é assim, né primo?

Luíza tentou apaziguar a todo custo, mas desde o começo eu sabia que aquela viagem seria um fracasso. Não tinha como um ambiente praiano ser bom pra mim, ainda mais com a família dela e aquela mania de tratar os outros como se fossem íntimos.

- Relaxa aí, estressadinho!

- Estressadinho!? Tu ainda acha que tá certo?

Tirei a parte de cima da roupa e segurei na mão, só pra não ter a sensação de que estava úmido. Alguns parentes próximos ficaram me olhando e isso deixou ainda mais puto e sem graça. Comecei a sair e Luíza veio em minha direção, a ponto deu escutar a última frase dela pro primo.

- "Desculpa por ele, tá?"

A minha namorada pedindo desculpa ao primo escroto dela, sendo que foi o babaca quem começou isso tudo. Pronto, eu tava com todos os motivos pra ir embora dali.

Voltei direto pra casa onde ficaríamos hospedados, já na intenção de nem desarrumar as malas, mas ela me alcançou a tempo de discutir.

- Luís, por favor! Dá uma chance pro Paulinho, vai! Ele cresceu na praia, você viu como ele surfa bem.. não fez por mal, poxa!

- Tudo bem, eu só quero ir embora. Você vai ficar?

- Mas você vai embora por isso? Desculpa o cara, vai! Não custa nada! Além do mais, você sabe que a gente veio pra ficar o fim de semana todo. Para de graça!

Ela tinha razão, não poderia fazer desfeita, por pior que fosse e por mais certo eu estivesse. Aqueles parentes eram os mais afastados, deixar má impressão não seria bom pro futuro do nosso relacionamento, até porque ela era bem ligada à família e ligada aos primos e tios.

- Tá. Mas eu só quero ficar dentro desse quarto. Me deixa aqui sozinho.

Luíza atendeu meu pedido, deu um beijo e saiu. Passei praticamente todo o dia ali, meio acanhado de voltar a aparecer diante da família dela depois daquela situação, mas ainda assim na minha razão. Lembrei dos olhos claros do primo dela e de como o puto me olhou antes de cumprimentar, com certeza tava querendo alguma ideia. Não poupava nem o namorado da prima, o surfistinha. No fim da noite, depois que ela voltou pro quarto pra dormir, eu fiquei tão cheio de passar o tempo todo dentro de casa, que resolvi dar uma volta rápida pela orla, mas bem distante da praia. Como o espaço de veraneio não era tão grande, de onde estava, vi de longe a luzinha acesa no topo de um pequeno monte ao final do trecho de areia, um pouco distante de mim, mas ainda dentro do meu alcance e bem na direção pra onde estava caminhando.

Muitos passos e minutos depois, lá estava eu, na subida daquele montinho de pedras tomado por umas poucas árvores na parte de cima, que nem um pequeno penhasco proveniente de um morro, só que dando diretamente pra costa marítima. Alguma luz acesa, um cheiro de maconha queimando e uma fumaça densa no ar, fora a lua enorme acima de tudo, com sua luz deleitosa. Não precisei de chegar ao topo pra concluir que era o ambiente propício pra um surfista que nem o tal Leão.

- Olha ele aí! O primo estressadinho da praia!

O cabelo quase raspado nas laterais, mas ainda assim preso num coque estilo samurai na parte de cima. A costeleta cheia, dando na enorme barba que, mais cedo, se misturou com as nuvens do céu enquanto ele despencou da crista da onda. Mesclou-se às espumas das ondas do mar após a queda e, agora, se mixara por entre as cortinas de fumaça pesada de maconha entrando e saindo dos pulmões enormes de jovem surfista. Pedro Paulo Leão, um maconheiro.

- Tão atleta e tão drogado já, como pode?

Ele gargalhou.

- Ah, tu é daqueles moralistazinho, é?

Nesse momento, tive a impressão de que estava realmente diante de um leão, tão à vontade que se deu ao luxo de rir na minha cara frente à uma ofensa. Seus dentes caninos pareceram presas expostas de um grande felino quando cara a cara com a caça. Um riso tão cheio, farto e gostoso que me deixou também menos irritado. Ou talvez fosse a marola do baseado queimando e já me afetando como fumante passivo.

- Vamo fazer assim..

Começou a falar.

- Tu não conta pra ninguém esse meu segredinho. E eu também não explano o teu.

E riu bem sincero, a barba parecendo uma juba, presa por alguns poucos elásticos. Não entendi ao que ele se referiu, então soou como uma espécie de brincadeira.

- O meu?

- Sim, "primo"!

Um ar de deboche ao me chamar assim. Os olhos azuis riscaram meu corpo da mesma maneira que fizeram mais cedo, lembrando-me do que aquele puto estava falando. Sendo que foi ele quem me manjou, então ainda assim era outra brincadeira desnecessária.

- Você que me manjou, seu viado!

- Ih, se liga! Num tô nem falando disso, primo!

Levantou a mão e ofereceu o baseado.

- Dá um dois aí pra desencanar, vai! Tu tá muito caretão!

- Se enxerga, seu moleque! Não sou viciado que nem tu, não!

Dei um tapa no cigarro de maconha pra mostrar que tava era puto, não dando confiança pra um adolescente marginal como ele, que se achava amigo de todo mundo pra fazer qualquer brincadeira. Virei as costas preparado pra sair dali e voltar pra casa, pensando que fora péssima ideia tê-lo encontrado. Com certeza comentaria com a Luíza sobre os vícios do primo. Até que ele abriu outra vez a boca.

- Lembra do nosso trato, ein primo!

Nem respondi. Não tinha trato com surfista nenhum, muito menos maconheiro. Tava puto e voltei todo invocado, mas minha namorada já estava dormindo, então decidi não acordá-la. Custei a pegar no sono, fiquei um bom tempo me balançando na cama, mas lá pra madrugada acabei dormindo e fui que nem pedra até a hora do almoço.

Quando acordei, já tava sozinho no quarto. Passei no banheiro, lavei a cara, dei aquela mijada pra aliviar o tesão matinal, escovei os dentes e fui pra cozinha. Pra minha surpresa, ninguém havia almoçado ainda, mas a mesa do café ainda estava posta. Sentei completamente sozinho e comecei a partir um pão. Escutei passos, mas não virei pra ver. O cheiro de erva fresca passou por trás de mim, assim como a velocidade do movimento entregou que só poderia se tratar de um felino à espreita..

- Bom dia, primo!

Logo cedo, a mente lembrou do dia anterior e do estresse desnecessário causado pela falta de noção do PL, primo da minha namorada. O mesmo surfista troncudo, de coque amarrado e a barba fazendo caracóis de tão enorme no queixo. O par de pequenos olhos azuis fitou diretamente os meus, mas não permitiria que o puto me tirasse do sério, mesmo que tivesse demonstrado uma habilidade nata para tal.

- Bom dia, Paulo! - fui educado.

- Olha, ele acordou animado!

Sentou bem na minha frente e despreguiçou-se, lançando os brações malhados pelo surfe no ar, o peitoral aberto se abrindo gloriosamente junto com o bocão. Um bocejo que mais pareceu um rugido leonino, seguido por rápidas abocanhadas de uns pedaços de frutas frescas, inegavelmente um leão. Um felino que não sabia manter a boca fechada.

- Tô aqui pensando.. como você faz nos dias de chuva?

Ele podia ficar simplesmente quieto, mas não, tinha que tentar me tirar do sério. O pior tipo de pessoa, com a pior maneira de tentar fazer amizade com alguém.

- Porque pensa só, se é como dizem, quem tá na chuva é pra se molhar, né verdade?

Engoli a seco o pedaço de pão, mantendo a cara fechada pro puto perceber que em nada me agradava as palavras escolhidas pra manter um diálogo matinal comigo. Primeiro que, pelas manhãs, eu nem gostava de interagir, principalmente pra responder perguntas. Tudo bem que não era exatamente manhã, mas foi o horário em que acordei, então ainda tava valendo.

- Se tu pensa que ficar calado vai me fazer parar, pode tirando o cavalinho da chuva. Só vou parar quando tu abrir a boca.

Mas nada derrubaria minha paciência.

- .. até porque, água mole em pedra dura tanto bate até que fura! Né não, primo!?

Bati com a mão fechada na mesa. Pronto, o surfistinha me tirou do sério. E só então começou a gargalhar, saciado pela vontade de me ver fora de mim outra vez, como se tivesse dado uma ordem direta pra que eu me estressasse e ali estava eu obedecendo meu rei.

- Fala logo qual é o teu problema comigo, seu moleque! O que eu te fiz, seu merdinha!?

- Você me manjou e depois virou as costas pra mim!

As palavras se desfizeram no meu cérebro. Pareceu até piada.

- Manjei? Cê tá maluco, moleque!? Eu namoro a SUA prima! Eu nunca faria isso com ela, ainda mais com outro homem! Que nojo!

Todas as respostas continuaram por fazê-lo rir ainda mais, como se nada que eu dissesse pudesse tirá-lo de si. Um principezinho praiano e bronzeado de sol, rodeado por aquela juba ornamental de leão.

- Olha lá, ein primo! Nunca diga "dessa água não beberei"!

Voltou a rir. Dei outra batida firme na mesa e derrubei um copo com alguma coisa dentro, que escorreu pela minha mão, mas nem me importei. Puto, levantei pra sair, mas aí chegaram Luíza e algumas primas e tias, que pegaram só o finalzinho dessa cena. Encarei o puto só pra mostrar que foi salvo pelo gongo. Ele olhou pra bagunça que fiz na mesa e não perdeu mais uma piada.

- Agora não adianta chorar pelo leite derramado, né?

Virei as costas e saí em direção ao quarto, mas escutei os sussurrinhos.

- O que aconteceu, Paulinho?

- Nada, é brincadeira! Deixa ele comigo!

A tia dela completou.

- Esses dois se acertam, minha filha. Esquenta não! São homens!

Bati a porta com certa força, mas logo em seguida ela tornou a abrir. O puto do surfista me seguiu até lá em cima, insatisfeito com aquela atitude. Seu comportamento vexatório e taxativo não poderia me irritar mais. Não consegui entender tamanha perseguição.

- Eu já saquei qual é a tua, cara!

- Ah, já? - empeitei.

- Já! Por isso que tô zoando contigo e tu tá caindo, sinal que tá dando certo!

Não respondi e o moleque continuou.

- Tudo tem uma solução. Tu tá numa casa de praia, não tem como um surfista como eu não querer ajudar, tá entendendo?

- Eu não vou surfar contigo, moleque. Pode esquecer.

- Não precisa. Só não mete o pé e vê se dá uma chance pro Leão aqui!

Só de imaginar as ideias que o Paulo tinha de mim e dos meus medos, me senti ainda mais aflito, como se estivesse exposto a algum perigo. Ali, naquele momento, precisava de pensar em várias coisas ao mesmo tempo, mas mais que isso, precisava de tempo. Tempo pra tudo, principalmente pra entender como ele conseguia ser tão detalhista e certeiro, independendo dos julgamentos que fizera dele.

- Rala, Paulo!

- Mas pensa nisso, viu primo!?

- Rala, porra! - insisti.

Passei o restante da tarde sem ser incomodado pelo PL. Ele até ficou dentro de casa, mas prometeu que não me tiraria mais do sério e nem me incomodaria mais, só pra que o restante da estadia fosse tranquila. Por conta dele ter dito que eu o manjei, achei melhor não comentar com Luíza sobre as discussões bobas e provocações que estavam rolando entre nós, mas pensando que não tinha como tudo aquilo ir além. Ainda naquele fim de tarde, debaixo de um céu cor de cereja, eu e ela fomos dar um role pela orla pra aproveitar o clima abafado e fazer uma pegação rápida. Sentei num murinho que mais parecia banco, ela sentou no meu colo e começamos a nos beijar. A mão no peito veio em seguida, muita sarrada na bocetinha da safada, até que escutamos um barulho e nos recompomos imediatamente. Era só um cachorro perdido.

- Acho melhor eu voltar, amor!

- Que isso, mas já? Agora que tá ficando bom!?

- Por isso mesmo! Vou te esperar lá!

De pau durão, deixei que ela fosse na frente e permaneci sentado, pra dar tempo do tesão diminuir e eu conseguir andar sem chamar atenção com o caralho marcado. Já tava há uns dias sem gozar, praticamente desde quando chegamos ali, então nada mais natural do que tesão latente, doido pra ser consumado. Antes de finalmente levantar pra voltar, observei Paulo vindo pela beira da praia, um pouco ao fundo, debaixo do céu já escurecido. Seu olhar azul pareceu fixo em mim desde longe. O corpo todo exposto, com pelos no meio do tórax e abaixo do umbigo. Barbão e cabelo formando uma juba, a água se misturando com um pouco da fumaça do baseado e todo aquele jeito largado de moleque atrevido, abusado, que saiu do mar cansado de surfar. Ele me viu e continuou com as pisadas firmes, deixando marcas de felino na areia. Um leão tomando banho de lua à beira da praia.

- Quero te mostrar uma coisa, primo!

- Eu tô indo pra casa. - respondi.

- Eu também tô.

Continuou andando pela faixa de areia até a parte da vegetação, onde tinha algumas palmeiras. Veio caminhando por entre elas feito um animal mesmo, sem tirar os olhos do meu caminho pela calçada. Num determinado momento, subiu o parapeito num impulso animalesco e caminhou do meu lado até chegar em casa, em total silêncio, tal qual um guardião fazendo guarda.

- Chega aí!

Assim que passamos pelo portão, Paulo foi direto à parte dos fundos, que eu ainda não conhecia, através de um corredor lateral. Segui devagar, já imaginando no que o maluco do primo da minha namorada tava pensando. Quando cheguei lá, me deparei com uma piscina feita de azulejos no chão, só que o começo dela era um rampa, ou seja, dava pra ir descendo devagar até ficar realmente fundo. Sentado na beirada, o próprio tava enrolando um baseado. A única iluminação próxima era uma espécie de luz negra dando um efeito fosforescente a todos os detalhes, tal como a água oscilante na piscina, os pelos da barba do Leão e sua juba. Até o par de sobrancelhas grossas pareceu iluminado, assim como cada pelinho das panturrilhas torneadas de surfe.

- Todo mundo ama esse lugar quando vem aqui, primo. Se a pessoa faz um show daquele que nem tu fez, é porque tem algo errado. - começou a falar.

Por mais irracional fosse sua escolha na hora de me abordar e chamar atenção, só agora o Paulo parecia realmente um indivíduo pensante, que decide abrir a boca pra falar algo útil em vez de provocação.

- Ou tu não gostava de mim, ou tu não gostava do mar. E não tem como não gostar do Leão aqui, né verdade?

Abriu um sorrisão sincero, exibindo as presas. Ajeitou o cabelo e deu a primeira baforada firme no cigarro de maconha, sentado na borda rasa da piscina só com os pés pra dentro d'água. Aí jogou a fumaça pra cima, bem densa e pesada, iluminada tanto pela luz negra quanto pelo clarão do luar que se abriu sobre nós. Na hierarquia dos céus, dei meu primeiro passo em direção à realeza.

- Senta aqui, primo! Não precisa de medo! Eu tô aqui pra te salvar! HAHAHA

- Prefiro ficar aqui.

- Não tem problema, o que te deixar mais à vontade.

Sentei na grama bem onde estava, há poucos passos dele na beira da piscina. Outra baforada e me passou o baseado.

- Tá me oferecendo isso de novo, é?

- Claro! Vai que você mudou de ideia!

Àquela hora, todos já dormiam dentro de casa, por isso ele podia fumar sem se preocupar em ser visto. Lembrando disso, hesitei por um tempo, mas acabei recusando outra vez, só que educadamente.

- Nah, eu não fumo isso, não. Meu negócio é só beber mesmo!

- Mas isso aqui é ainda melhor que a bebida, primo. E olha que também gosto!

A mão coçou pra experimentar, mesmo que sem muita vontade ou curiosidade. Minha atração mesmo estava no momento, na apreciação da presença real do Leão diante dos meus olhos, sem coleira, sem proteção, sem nada. Só eu, ele e a lua. E a água molhando seus pés. Ou patas?

- Eu sei que tu quer. Mas vou respeitar teu tempo e tuas decisões.

Foi bem sincero. Aí não me contive.

- Passa logo isso pra cá, seu moleque!

Dei um puxão totalmente inexperiente, o resultado foi muita tosse e uma rápida confusão mental, como se o ar fosse todo sentido por todo o corpo. Senti uma quentura diferente, que nunca senti com bebida alguma, algo completamente novo e delicioso, que me relaxou e deixou o corpo todo solto. O mais marcante dessa hora foi que olhei pro Paulo e o vi virado pra mim, ainda com o pé balançando dentro daquele corpo d'água. Quando vi, já tava levantando e indo resistivamente em sua direção, tal qual um instinto de atração, mesmo que fosse ele o Leão.

- Primo, cê tá bem? - perguntou.

Até o puto se assustou. Mas não fiz muita coisa, só suspendi as pernas da calça jeans e descansei os pés na bordinha da água. Deitei o corpo pra trás e senti o cérebro entregar todos os medos e sensações somente àquela pequena porçãozinha de líquido gelado e noturno. Eram gotas refrescantes de noite misturada com felinidade gatuna.

- Eu acho que tô ótimo! - respondi.

- Num falei que tu ia ficar de boa? HAHAHA

Até pra rir alto ele não se incomodou. E, do meu lado, também deitou pra trás e ficamos encarando o céu repleto de estrelas. Acima de nós, poucas nuvens que, lentamente, serviriam de tijolo para o castelo que estávamos prestes a construir. Eu e o Rei Leão.

- Posso te perguntar uma coisa?

Eu ri.

- Quando eu cheguei aqui, você me tirou do sério sem pedir. Agora tá perguntando se pode fazer pergunta? Francamente, ein!

Nós dois rimos e aí ele continuou.

- Tudo bem se não quiser falar sobre isso.

Fez uma pausa. Respirei e me preparei.

- Eu tenho que aprender a falar sobre isso. Tem que ser parte do meu controle, Paulo.

- Imagino, primo. Quando foi que começou o seu medo da água?

"Medo da água". Essa sentença refletiu fundo na minha mente, desde o passado até o presente. Não era hidrofóbico, o correto pra mim era Aquafobia, pra ser mais específico. Total aversão à situações de imersão, sejam física ou mentalmente. Água em excesso me causa sensação de afogamento iminente.

- Foi depois que meu pai morreu. Ele era pescador, passou a vida no mar.

- Meus sentimentos!

- Tudo bem. Eu fiquei um pouco traumatizado com a água, mas nunca contei pra ninguém, só minha mãe sabe. Fiz tratamento durante um tempo, pensei que tava mais tranquilo, mas vir pra um ambiente praiano mexeu muito comigo.

- Eu imaginei que fosse isso..

Todo seguro e certo de si, como se tivesse mesmo imaginado tudo aquilo simplesmente por ter me visto uma única vez.

- Imaginou?

- Claro! Eu avisei que não tinha como não gostar do Leão aqui!

Deu o sorriso único, tão animador que algum medo poderia ser minimizado. O primo da minha namorada era mesmo um leão selvagem e belo, mais atraente do que eu realmente gostaria de admitir àquela altura do jogo, principalmente por conta dos vários graus de parentesco envolvidos.

- Fora que, naquele dia..

E levantou devagar, descendo o próprio corpo ainda mais na piscina. Lentamente, senti as mãos segurando meu tórax e me trazendo pra si, num impulso que só foi suavizado por conta da onda suave e lenta em que eu estava.

- O que você tá fazendo?

- Calma, relaxa! Vem comigo, não vou te soltar!

De um segundo pro outro, a sensação da água cercou minha pele por completa, deixando de fora somente a cabeça. Não tinha como afundar mais, mas o coração não entendeu isso e acelerou. Mesmo chapadinho, não foi todo o medo que conseguiu desaparecer, apenas parte dele, como um amortecimento.

- Confia em mim! Pode ficar tranquilo!

Ele tava praticamente abraçado comigo, eu com os braços pra cima como se fosse me afogar a qualquer instante, mas sem muito espanto ou reação agitada. Devagar, usou as mãos pra molhá-los e descê-los calmamente, olhando pra mim com o par de olhos azuis claros e calmos como a água. Que ironia!

- Viu, não há o que temer!

- Sim!

Respondi rápido pra mostrar que não estava tão amedrontado. Aos poucos, fui me acostumando com a sensação de empuxo promovida pela pressão da água contra o corpo, fazendo curtos movimentos ou quase nenhum. Ele soltou uma mão de mim e molhou, passando pelo meu cabelo devagar. Acima de nós, somente a luz da lua. Cara a cara, olho no olho. Eu lembrei de quando o vi caindo da onda monstruosa e de como aquilo me chocou no momento, sendo que agora estava diante de mim, me olhando com a cara de animal cuidadoso.

A mão cheia d'água desceu pelo meu rosto e tocou a boca, passando contra os curtos pelos da minha barba. O beijo foi tão inevitável quanto terno. O primo de Luíza podia ser um surfistinha marrentinho e brincalhão, mas beijava tão bem quanto ela, ou ainda melhor, talvez por também ser homem e saber do que a gente gosta. A língua não foi apressada e nem muito paciente, na medida certa, roçando contra a minha e dobrando dentro da boca no momento ideal em que viramos de um lado pro outro, no maior engatilhamento de sensações. Pra completar, os caracóis da barba roçando contra meu peitoral e queixo. As mãos segurando meu pescoço e ombros com força, como se quisesse fazer aquilo há um bom tempo, mas se segurou o máximo que pôde. O tórax peludinho começando a encostar no meu. Um pouco abaixo, uma ereção deliciosa e protuberante contra a minha. Até que os lábios gelados do surfista começaram a esquentar, assim como a situação e clima ao nosso redor. A velocidade também cresceu, as cabeças se colidiram mais vezes e as línguas continuaram duelando. A cintura dele mexeu contra a minha e as duras varas se cumprimentaram pela primeira vez, uma roçando firme e forte contra a outra. A minha subiu e forçou a subida da dele, numa sincronia maravilhosa que se desenrolou enquanto o beijo seguiu. As varas dançaram submersas num suingue tão safado quanto fluído. Até que ele tomou coragem e parou primeiro, segurando meu rosto entre as mãos e me olhando diretamente com os olhos azuis. Quando estava prestes a dizer algo, a luz do quintal acendeu e a realidade se iluminou drasticamente, nos trazendo do nosso castelo acima das nuvens até o chão da piscina nos fundos da casa do Paulo.

- E agora?

- Disfarça! - sussurrou.

Ele mergulhou pra um canto e eu permaneci imóvel, sem saber o que fazer ou pra onde ir. Em questão de poucos segundos, Luíza apareceu de pé na porta. O Leão então emergiu de baixo d'água e só então falei alguma coisa.

- Oi, amor! Já vou entrar!

Ele também disfarçou e a cumprimentou.

- Oi, prima! Noite abafada, né?

- Nem fala, Paulinho!

Esperou um pouco me analisando e voltou a falar.

- Entra logo, Luís!

E voltou pra dentro. O surfista sentou na borda e riu ao se deparar ainda com a própria ereção, visivelmente marcada e sinuosa entre as pernas, protuberante na bermuda molhada. Eu também ri pra ele, mas não pude mais demorar. Saí, me enrolei numa toalha também bastante excitado e me preparei pra entrar. Joguei uma água no corpo antes de ir pro quarto deitar, mas nada desceu o tesão latente que senti por conta do Paulo e de seu corpo de surfista diante do meu, me beijando e roçando ereto. Assim que cheguei ao quarto, Luíza começou.

- Eu preciso saber de alguma coisa, Luís?

Tremi na base. Que lembrasse, ela não tinha visto absolutamente nada, a menos que tivesse nos espiado antes de aparecer. Mas aí continuou falando.

- Você tava fumando, não tava?

Por mais louco que soe, fiquei mais aliviado que essa tinha sido sua única dúvida sobre o que viu.

- Quero dizer, fumando maconha.. eu senti o cheiro, não precisa mentir pra mim.

- Eu só experimentei, não foi nada demais.

Fui sincero sobre o que fiz, afinal de contas era menos pior do que ela pensar que eu estava traindo justamente com o próprio primo. Sendo que estava.

- Ran! - resmungou. - E o que aconteceu?

- O que aconteceu?

Olhei pra baixo e mostrei pra ela o caralhão grosso apontando pra cima, envergado na direção do umbigo. A cabeça latejante, doida pelo cuzinho do primo dela, mas não pude perder a linha. Pra matar dois coelhos com uma única cajadada, descontaria na minha namorada o tesão acumulado pelo Paulo. Ou melhor, pra matar um coelho e um Leão. Ela não perdeu tempo, sorriu diante do meu falso desejo e caiu de boca no meu pau com gosto, mostrando o que sabia fazer, mas ainda dentro daquele alcance desgastado por conta do curto tempo de relacionamento. Pensei tanto no corpo peludo e delicioso daquele macho gostoso que era o surfista, todo bronzeado de praia e na perfeita intersecção entre a corpulência da juventude e os traços e atitude de homem adulto, macho predador e caçador, tanto de presas quanto de adrenalina. Nem precisei foder, só na mamada enchi e boca dela de leite e ela levantou pra cuspir. Primeira vez que fiz isso, talvez por descontrole total.

- Podia ter avisado, né Luís? Porra!

Ficou um pouco revoltada e preferiu dormir, nem fez questão que eu a ajudasse a gozar. Como fiquei bem leve e relaxado e o cacete desceu depois disso, também deitei e peguei no sono, um pouco cansado pelo quão duradouro fora o dia.

O último dia de nossas curtas férias na região praiana foi o mais divertido. Pela manhã, eu e Luíza acompanhamos PL numa competição de surfe na praia. Eu, como sempre, fiquei da orla pra nem ter que pisar na areia, por mais amigável e próximo que já estivesse do moleque. Acompanhei, não menos atento que qualquer um ali presente, cada curva e jogada de corpo que ele deu em cima da prancha, enquanto domou inúmeras cristas diferentes de ondas que continuaram a rebater insistentemente contra a costa.

- ISSO, PRIMO! ARRASA!

Luíza não parou de gritar e eu a incentivei. Até que, no auge de sua manobra mais famosa, a virada em câmera lenta, o Leão rugiu lá de cima, quebrando a crista num movimento ascendente, o corpo todo em riste e firme sobre o material resistente.

- EU VOU DESCER!!

Emendou um último giro no ar e caiu exatamente sobre o corpo d'água. Eu fiquei tão nervoso e aflito que quase apertei demais a mão da minha namorada, ela até reclamou. Paulo finalizou do jeito preferido, vindo boiando como se não tivesse feito nada demais, navegando sem fazer esforço sobre a quantidade enorme de água salgada que agora o servia, uma vez dominada. Deitado, a barba se misturou à espuma das ondas e a juba também desceu pelo peso da umidade. O moleque com certeza era o vencedor.

- É ele, minha gente! Pode pegar, pode abraçar! - anunciou o locutor.

Toda a galera ao redor correu pra pegar o surfista no colo, levantando ele no ar e jogando pra cima em comemoração. Meio assustado, mas empolgado como ninguém, ele só levantou os brações e exibiu as axilas deliciosas e marcadas pelos muques dos bíceps delineados.

- Parabéns, Pedro Paulo Leão! Agora você é novo Príncipe das Nuvens da região praiana!

Todo mundo vibrou junto, até eu e Luíza de longe. Logo que puseram o Paulo no chão, ele correu pra nós todo feliz pra exibir a medalha, bem posudo com ela reluzente sobre o peitoral estufado pelo esforço físico.

- Podem falar, combina né? Nada melhor pra um leão do que uma medalha de ouro!

Mordeu o metal pra provar o quão duro era.

- Parabéns, Paulinho! Merecido!

Ela se jogou nele e o abraçou, algo parecido com o que eu também quis fazer. Mas me contive ao aperto de mão, seguido da típica batida de ombros que os homens dão quando se respeitam. Dessa vez, quem fez piada fui eu.

- Um leãozinho, né? Um Leão de verdade mereceria uma coroa, você não acha?

Baixinho, na direção do meu ouvido enquanto tocamos um ombro no outro, o safado respondeu, fazendo questão de roçar a barba em mim.

- Um leãozão que nem eu mereceria outra coisa, né?

Felizmente só nós dois ouvimos aquilo, que eu respondi apenas sorrindo. Foi nesse momento que uma morena aleatória chegou e o cumprimentou.

- Oi, meu leãozinho! Parabéns!!

E se jogou em seus braços, enchendo a boca na dele. Os dois quase caíram, mas se equilibraram sem cessar o beijo, deixando eu e Luíza um pouco constrangidos pela situação de estar segurando vela. Eu posso até não admitir também, mas fiquei ligeiramente enciumado, embora completamente ciente de que não poderia reclamar, até porque eu tinha namorada também. Ainda assim, ver o cara por quem tava interessado se pegar com uma mina na minha frente não foi tão comum. Mas não me matou, obviamente.

Pra comemorar a vitória, planejamos dar uma volta num shopping novo que inaugurou na área central da região praiana, a poucos metros de onde estávamos. Por infelicidade do destino, a morena veio junto e ainda fez questão de mostrar serviço, andando de mão dada com o Paulo pra cima e pra baixo pela praça de alimentação. A gente almoçou e ela foi além, dando comida na boca dele. Até o cara ficou sem graça pelo comportamento infantil e forçado da peguete, mas não fez nada, só aproveitou o momento como se fosse mais uma das regalias da vitória. Afinal de contas, esse era o Leão, O Príncipe das Nuvens. Dali, alguém teve a ideia de cair pro cinema e assistir algum filme que sequer dei atenção, já que não consegui parar de manjar o casalzinho. Por felicidade do destino, eu e PL sentamos um do lado do outro, cada um com sua respectiva namorada do lado oposto, ou seja, pudemos finalmente falar uma coisa ou outra.

- Quem é essa mina?

- É uma fã, Luís! Um porre, né?

- Se livra logo dela!

Só sussurros.

- Quem me dera! Primeiro vou passar a rola mais tarde!

E riu sem vergonha. Era mesmo um predador. Antes do filme começar, ele levantou destemido e anunciou pra que as duas escutassem.

- A gente vai mijar rapidão, vê se não vão sumir!

Entendi o recado e fui levantando também. Dali a três minutos, eu e Paulo estávamos imprensados contra a parede do banheiro, corpo colado com corpo, mão esfregando corpo e boca colada com boca. Fiz questão de beijá-lo forte, pra mostrar o quanto preferia estar o tempo todo só o fazendo, longe da mina chata que ele trouxe e também distante da minha própria namorada, prima dele. Paramos só pra falar o que era necessário.

- Não tirei essa boca da mente!

- Olha como eu fico quando lembro de tu!

Forçou meu corpo contra si, impulsionando a vara na minha e mexendo com ela em mim. Não se aguentou e botou um caralhão pra fora, tão moreno quanto sua pele, mas ainda assim dentro daquela marca deliciosa de sunga de praia. Era tão veiudo quanto o meu, mas um pouco mais curto e também mais grosso, além de pentelhudo e com um sacão pesado, que deu gosto de ver. Um puta caralho de responsa, o que o Leão tinha entre as pernas peludas.

- Não sabia que surfista podia ser peludo! - admiti.

- Eu não sou nadador, sou surfista!

E voltou a me beijar, mordendo minha boca e lábios, puxando pra si e lambendo tudo junto, voraz, necessitado. O tempo era curto, por isso a pressa. Senti as mãos forçando meus ombros na intenção de me descer, mas chupar piroca não foi algo que planejei fazer ali, por mais seduzido estivesse pelo primo da minha namorada. Isso só podia significa uma coisa.

- Você tá doido por uma mamada, né?

- Se tô, primo!

- Pois é.. eu também!

Liberei meu pau e botei do lado do dele, exibindo toda a maestria e maior cumprimento, porém menor largura. A cabeça de fora já babando, a mesma quantidade de veias e envergadinho pra esquerda. Ele pôs a mão na minha nuca e eu fiz a mesma coisa. Aproximamos nossos corpos diferentes tanto por fisionomia quanto por tom de pele, as cinturas se encontraram e entraram num ritmo gostoso, que friccionou uma glande na outra e proporcionou um atrito delicioso, me excitando os pelos posteriores das pernas.

- É melhor a gente voltar, Paulão!

- Calma, Luís! Fica mais um pouco, agora que a gente tá começando a se divertir!

Na minha mente, se ele não liberaria o cuzinho, eu também não iria. Então não teria foda entre nós, como então poderíamos nos divertir? Pensamento de novato, o meu, admito. Mas tudo é questão de experiência, Leão me mostrou isso. Espremeu a pica grossa e desceram os primeiros filetes de baba quentinha de macho, tanto tesão acumulado que acabou virando prazer líquido.

- Ssssss!

A pré-porra lubrificou o contato entre nossos caralhos, promovendo o deslizar ideal pra me tirar do controle.

- Hmmmm!

O quadril mexeu involuntário, numa intenção frenética de continuar aquela sensação deliciosa na cabeça da caceta. As mãos ainda se apoiando no corpo do surfista, da mesma forma que ele retribuía e também se escorava contra mim.

- Safado! É disso que eu tô falando!

Num momento de descuido, o caralho dele escorregou de leve e foi pra baixo do meu, entrando exatamente na área entre minhas coxas. Sem querer, ele manteve o movimento e foi atolando a vara naquele aperto quente, ganhando tamanho e área de exploração.

- Caralho, Luís! Que tesão da porra! Ffff

Ficou ainda mais intenso e piranho quanto mais baba saiu, deixando tudo bem lubrificado como se fosse uma cucetinha. Eu também fiz a mesma coisa com ele e senti o que o safado sentiu, me contendo ao máximo pra não tentar comê-lo em pleno banheiro de cinema.

- A gente tem que voltar!

- É melhor, né?

Demos mais uns beijos e retornamos com pipoca e refrigerante, só pra disfarçar a demora e não deixar as namoradinhas putas conosco. Num determinado momento do filme, começou uma cena de tsunami que me deixou um pouco nervoso, uma vez que retratou a destruição completa de uma cidade. O PL parece ter sentido isso e, sentado ao meu lado, apertou minha mão contra a sua, disfarçando e conectando ainda alguns dedos nos meus.

- Eu não sei como é, então só imagino. Relaxa! Eu sou o Leão, lembra?

Sussurrou e sorriu sem precisar de me olhar. Eu respondi também, abrindo o risão, feliz por tê-lo ali do lado me confortando, não somente como casinho ou qualquer coisa do tipo, mas também como um novo amigo que entendeu meu medo e o abraçou junto comigo, ajudando um pouco no processo de lidar.

Depois do cinema, voltamos pra casa apenas eu e Luíza, não sei onde o surfista se meteu com a morena, mas com certeza estavam consumando o que ele disse que consumaria. Lembrei que aquele era o último dia de nossa estadia e já fiquei um pouco saudosista por não saber quando estaria ali novamente. Ainda assim, não deixei ninguém perceber minha introspecção. Jantei normalmente com a família à mesa, esperei que Luíza fosse dormir e fui pra orla dar um role, lembrando de como não suportei Paulo assim que o conheci e comparando isso com o presente, no qual não queria sair por muito tempo de sua presença real e majestosa. Andando pela noite solitária e quente do calçadão, observei as pegadas felinas saindo de dentro da vegetação sobre a areia da praia e se transformando em passos humanos, bem típico de um verdadeiro rei das selvas. Ou do mar? Sem dúvidas eram do Leão.

A saudade antecipada me chapou de um jeito parecido com a maconha do Príncipe das Nuvens. Entre outras palavras, o medo foi um pouco reduzido frente ao novo sentimento que estava nutrindo pelo primo da minha namorada. A prova disso foi que eu precisei de mais. Saí do calçadão e, sozinho, desci pra areia da praia, pisando em cada passo marcado seu, seguindo o rastro que me conduziu até a parte baixa do mesmo monte no qual o surfista estava sempre fumando. Regado pelas ondas tranquilas do mar noturno e de uma maré nem tão alta pro horário, entrei por uma espécie de grutinha que parecia até abandonada. Da entrada, olhei próximo à água e o vi deitado numas pedras, completamente nu e banhado pela luz da lua, sua única testemunha suspensa no céu de poucas nuvens. As espumas do mar ainda alcançando-lhe os pés, o par de olhos azuis deslizou na minha direção.

- Tu não se assusta de estar aqui? - perguntou.

- Não na presença do meu rei Leão!

Sorriu e, por instantes, eu quis fazer um quadro daquele momento único que foi o encontro entre as mais diversas forças da natureza, dentre elas a força antropológica, ou seja, do homem. A força humana, animal. Fez pose, sendo lambido pelo luar. Um verdadeiro rei da selva e do mar.

- É só até hoje, né Luís? Eu sei..

- Chega de perder tempo.

Completamente nu, abriu as pernas e me chamou.

- Vem!

Eu sequer hesitei, mesmo com as ondas chegando até onde estavam seus pezões fincados nas pedras. Demos um beijo necessitado e duradouro, ao mesmo tempo em que já fui removendo a roupa e ficando pelado que nem ele.

- Hoje é um dia especial, então convém atitudes especiais. Já aviso que não sou bom nisso.

Abaixou e colocou minha vara na boca. Pensei que sentiria timidez, mas até pra mamar o surfista foi predador, com força de vontade e aparentando maestria pra um iniciante. Eu virei os olhos pra cima e fiquei na pontinha do pé, socando cintura pra frente na intenção de dá-lo ainda mais ao caralho.

- SSSSS!

Até que, não aguentando, segurei o crânio do Paulo e o travei na piroca, usando apenas o quadril solto pra ir e vir com o membro por inteiro dentro dele. Os olhinhos de fera me olharam, tão claros e penetrantes que deixaram a mamada ainda mais simbólica, tanto por ser a primeira quanto provavelmente a última. Lembrei disso e não pude ficar pra trás, bombei até chegar pertinho de gozar e freiei, sentindo as mãos alisando a parte traseira das coxas.

- Com sua permissão, Vossa Alteza! - esbravejei com elegância.

- Permissão concedida!

Ele estendeu a mão e eu a beijei, ajoelhando-me como um súdito aos pés de seu rei logo em seguida. Recostou-se pra trás numa pedra e, com uma perna no chão e a outra sobre meu ombro, brincou com a cabeça da caceta grossa nos meus lábios, me permitindo sentir o começo do gosto salgadinho de maresia. Devagar, abri e deixei que entrasse como bem entendesse, mas ele foi complacente com minha inexperiência e não exigiu muito. No início, né? Assim que fiz a primeira graça e dei sinal de que já tava acostumado, o puto do surfista começou a regular a mamada com o peso da coxa peluda no meu ombro, forçando pra baixo e pra cima e me cobrindo com aquela corpulência quase animalesca. O cheiro de macho e de pentelhos tomou conta de mim, ao mesmo tempo que a vara revelou ser babona outra vez, deixando a pré-porra doce se espalhar por minha língua.

- Vem aqui, caralho! Ssssss!

Ele não resistiu, me puxou pra si e voltamos a nos beijar safadamente, com direito a tapinha na cara e chupada no pescoço. Tão safado que quis sentir o gosto da própria pré-porra diretamente da minha boca. Até nos pelos da barba eu me entranhei, numa tentativa de impregnar-me com seu cheiro forte e delicioso de macho. Compartilhamos fluídos entre as línguas e, devagar, fui deitando do lado dele. O puto virou pra cima de mim e, com nossos caralhos juntos e apertados na mesma mão, iniciou uma punheta em conjunto, colando vara com vara na intenção de dar prazer mútuo.

- Hmmmm!

Abaixou-se aflito pra beijar e, a partir daí, parou de usar as mãos, apenas com o corpo curvado sobre o meu e na posição ideal pra sarrar nossas pirocas juntas. Segurei suas coxas de maneira firme e ele apertou meus ombros, empurrando e recuando com o quadril pra fazer a fricção necessária ao prazer, um apertando o outro à cada estímulo em conjunto.

- SSSSSSS! Isso, Leão!

A imprensada entre nossos físicos dava todo o tesão à sensação, fora os pelos dele sobre minha pele clara. A força e imposição do quadril foram nítidas no desejo, mesmo sem ter um cuzinho agasalhando a gente. Os beijos aumentaram de duração e, num determinado momento, senti o sacão dele repousando sobre o meu, ovo sobre ovo, meu esperma maturado provavelmente se comunicando com o dele. Eram dois homens deitados juntos e compartilhando a sensação única do sarro e da roçada, piroca com piroca, numa deliciosa esgrima de espadas que não tinha mais fim.

- Hrrmmm!

Apertei as coxas no mesmo instante em que as mãos fincaram minhas clavículas, de tão presos e fixos ao prazer estávamos. O surfista safado juntou as cabeças dos caralhos e foi esfregando uma uretra na outra, deixando tudo bem babado de tanta pré-porra expelíamos.

- Isso, moleque! Ssss!

Não sei se a mão dele ficou apertada ou se a caceta que engrossou mais. A explosão do piranho em cima de mim não teve anúncio, quase me deixando sufocado pelo cheiro gostoso dos sovacões que eram mantidos em minhas narinas naquele instante.

- Arhh! Delícia!!

Meu pau encheu com o leite dele e o atrito aumentou ainda mais, sendo lubrificado pelas inúmeras jatadas de porra quente que tomei, total adepto do famoso fogo amigo. Ele deve ter entendido isso e apertou-se ainda mais contra mim, proporcionando mais aperto e tesão ao orgasmo, que veio de lá do saco e jatou em nossos corpos, sujando peitoral, pentelhos, caralhos e tudo que tinha que sujar. Em nossos pés, as espumas das ondas acariciando como se fosse parte do nosso sexo adaptado. Dois ativos juntos e se curtindo, dizem que quando isso acontece, uma fada morre no mundo das fadas. Mas, de qualquer forma, éramos dois felizes e finalmente rumo à saciedade no que dizia a respeito do prazer em conjunto. Pra não falar que o nosso era totalmente democrático, além de nem parecer recente tamanho nosso entendimento.

Sendo aquela nossa última noite juntos, eu e o Leão ainda experimentamos e compartilhamos mais putarias e intimidades. Nenhum de nós deu o rabo, mas deixei ele brincar de sarrar na minha bunda e vice-versa, cada um tendo seu momento de prazer e usando o corpo do outro pra saciar os próprios desejos, próprias vontades. Eu realmente não senti que poderia simplesmente dar de uma hora pra outra, mas confesso que fiquei aflito com a sensação do caralho grosso dele roçando contra a portinha do meu cu virgem. As bolas e os pentelhos ainda repousando em cima do meu lombo, ele com as coxas dobradas e armado feito um bicho sobre meu corpo, pronto pra cruzar.

- SSSSSS!

Pincelou tanto na portinha e pulsou tanto nas pregas que não se aguentou e esporrou grosso pelas minhas costas, uma quantidade absurda de leite, como se há tempos não gozasse. Eu galei por cima da bunda dele e deitamos lado a lado, sob a mesma lua que já era companheira e amiga, além de voyeur daquelas intimidades.

- Vê se tu aparece pra me visitar mais vezes, Luís! Eu sinto saudade dos meus primos, ainda mais de tu!

- Pode apostar que sim, Paulão! Eu não vou sumir tão facilmente assim!

Ficamos entre beijos, um com a cabeça no peito do outro, uma coxa por cima da outra, porra ainda lambuzada nos pelos e suor secando na pele morna. O frio da noite aumentou só um pouco e, entre um carinho e outro, acabei pegando no sono no colo do primo da minha namorada, que também dormiu desatento, ambos com os pés molhados pelas ondas do mar.

Por ironia do destino, acordei de manhã com o maior de todos os sóis bem no meio da minha fuça. Um céu azul e livre de nuvens. Sem nuvens, sem castelos. A praia ainda estava aparentemente vazia, mas aquilo não era pra ter acontecido. Do lado, o Leão despertou e exibiu as presas ao fazê-lo. Paralelo a isso, a vara em riste pulsou e ele riu, mostrando que disposição era seu sobrenome, afinal de contas, só um leão poderia liderar a alcatéia.

- Bom dia, gostoso!

- Oi, Paulo!

- O que foi?

- A gente dormiu aqui! - respondi.

A voz que escutei em seguida, foi a da minha namorada. Estremeci.

- Luís? Paulinho!?

- PRIMA!?

Da entrada da gruta, ela olhou pra gente e fechou a cara. Num só movimento de corpo, virou pra trás e saiu com passos fundos na areia da praia, aumentando o ritmo pra não ser alcançada. Eu me vesti rápido e corri na direção dela, mas não cheguei a tempo. Atrás de mim, o surfista ficou sem saber o que fazer, mas completamente na dele. Olhou pra mim com cara de preocupado e mandou que fosse atrás dela. Pensei um pouco e, mesmo não querendo, era o ideal a ser feito. Acelerei o passo sem voltar a olhar pra trás.

Existem homens que andam e existem homens que voam. E talvez eles não toquem o mesmo chão. Eu conheci um surfista que me mudou e me marcou em muito pouco tempo. Juntos, construímos um castelo que parecíamos saber que logo ruiria. Ele era enorme, passava das nuvens, e, talvez por isso, pudéssemos vê-las passando sob nossos pés. Ou seriam as espumas das ondas do mar? Um oceano que avançou e derrubou nosso imponente castelo de areia, me fazendo cair lá do alto e tão perto da água que as ondas quase me cobriram de vez. Era o meu medo. Precisava de lutar contra meus medos. Começando pelo de ser descoberto, que foi o que aconteceu naquele momento preciso em que fui flagrado pela Luíza, após passar a noite e despertar completamente nu e gozado ao lado dele.

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Foto de capa: />

Título alternativo: Maré Baixa.

Sim, eu disse que não postaria mais nada sobre CEREJA aqui, eu sei disso.

Só que esse conto ficou menor do que pensei, então também tô postando ele por aqui.

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Comentários

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29/02/2020 05:24:15
Que conto gostoso de ler, a forma que o Leão ajudou o Luiz foi tão sutil, ele simplesmente percebeu que algo nele não estava bem. Mesmo de uma forma arrogante ele acabou derrubando murros que foram criados durante os anos que o Luiz teve que pagar com o seu medo de água. E, ai, aconteceu! Um novo Luiz nasceu com novos olhos para o "novo" se permitindo absorver novas experiências. Mas nem tudo são flores e como vc mesmo disse o castelo de areia caiu. Ainda bem que existe uma continuação. Hehe nota 10
07/01/2018 03:50:12
Eu tento, Malévola! Valeu, sssul. Soley Soley <3
03/12/2017 01:17:30
/ novo site galera! Visitem! contos e muita putaria
21/11/2017 23:29:39
Muito bom, muito mesmo.
21/11/2017 09:22:42
Vc se supera a cada conto
20/11/2017 14:52:03
Muito obrigado, VictorNerd. Pra ser sincero, eu estou sempre fazendo testes nos meus textos, tanto no sentido escrito quanto no sentido representativo e significativo dos assuntos em si. Talvez você se surpreenda no final da CEREJA, quando eu postar a sessão de Comentários e Curiosidades sobre cada um desses últimos contos. Obrigado mesmo, lindo! Continue comigo!
20/11/2017 09:36:46
Cara esse conto pra mim esta no nível da galera da época de ouro da cada. Logo quer dizer q é excelente. Meus parabéns, um conto desse da gosto de ler. Espero que você continue postando.
19/11/2017 19:48:50
Obrigado, tiopassivo! Minha marca está nos detalhes. ;) / Atheno, não entendi. Se sua duvida era se ele queria ser descoberto, então você mesmo respondeu.
17/11/2017 21:26:48
Delicioso! É super legal o desenho psicológico dos protagonistas. Dá uma consistência fudida ao conto. Você escreve de uma forma que me coloca dentro da cena, dá um tesão enorme. Sem contar os aspectos técnicos de boa escrita, vocabulário, enredo. Sempre um prazer te ler.
17/11/2017 14:44:06
Faz putaria em uma praia, ninguém vai ver. Tava querendo ser descoberto e ponto


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