O Internato – XLVI
Capitulo quarenta e seis
Formatura
Daniel
Não iria contar para Bernardo, pois sabia exatamente o que ele diria e para mim aquilo tudo já havia sido decidido no momento em que o recrutador veio falar comigo. Eu estava tendo uma das melhores noites da minha vida ao lado de Bernardo e tinha percebido que ele estava ficando alegre demais, porém não me importei. Meu copo estava vazio e o de Bernardo iria acabar com apenas um gole. Foi quando anunciei que iria buscar mais para nós. Meu namorado me abraçou e me deu um beijo cheio de paixão e desejo que fez com que eu ficasse de pau duro instantaneamente. Pedi nossos drinks ao Barmen subornado para nos servir álcool quando senti uma mão firme em meu ombro.
– Estava lhe procurando, minha estrela – era o Treinador Orlando. Ele sorria entusiasmado e segurava um copo de bebida que provavelmente também tinha sido batizado, porém conhecendo meu treinador, ele manteria aquilo em segredo desde que não causasse problemas para ele – Tenho um assunto para tratar com você e acho que você vai gostar.
– Do que se trata? – indaguei curioso.
– Vem comigo até o gramado, pois tem alguém que quero que conheça.
Ele me arrastou para fora do ginásio sem adiantar nenhuma parte do assunto. Eu estava tão ansioso que até mesmo esqueci as bebidas que o barman preparava. Chegamos ao gramado havia um homem alto de aparência amistosa trajando um blazer cinza de grife e com um sorriso lindo naqueles dentes incrivelmente brancos. Ele estava com as mãos dentro dos bolsos da calça jeans e aparentava ter entre trinta e cinco e quarenta anos.
– Daniel, este é Drew Bassett, recrutador para a equipe de natação americana. Drew este é Daniel – esta última parte ele disse em inglês.
– Prazer lhe conhecer, Daniel – Drew estendeu a mão para que eu a apertasse e eu fiz.
– O prazer é todo meu – respondi no idioma daquele homem que abriu ainda mais um sorriso.
– Bom... Acho que não precisarei traduzir – O treinador Orlando disse em um inglês carregado de sotaque, porém Drew parecia estar acostumado a isso.
– Uma barreira a menos entre nós – Drew concordou animado – Bom Daniel, eu te vi nadando ontem e confesso que fiquei muito impressionado com o seu desempenho. Você nada a muito tempo?
– Eu fiz natação quando criança, mas parei durante a adolescência e estou voltando agora – respondi tentando soar o mais claro possível, porém meu sotaque era quase tão carregado quanto o do professor Orlando.
– Então esse ano voltou a ativa e mesmo assim conquistou o ouro contra alunos que estão nadando a anos ininterruptos? – Ele parecia realmente impressionado agora – É a primeira medalha que ganha?
– Na verdade não – disse me lembrando de todas as competições que participei durante a infância – Ganhei várias competições e outras cheguei em segundo e terceiro. Acho que só não subi ao pódio em duas ou três ocasiões.
Drew aplaudiu empolgado.
– Estamos diante de um talento então! – ele disse.
– Eu disse que ele é quem você está procurando – Orlando falou.
– Vejo que está certo – Drew falou – Bom, Daniel. Eu costumo vir a todas as competições estaduais aqui no Rio de Janeiro e raramente encontro algum talento que valha a pena como o seu. Sou recrutador do time de natação de Whashington e vendo seu desempenho durante a prova de natação de hoje acho que vale a pena investir em você. Fiquei muito impressionado com a forma com que você nada. Você parecia tão livre e inspirado de uma forma que nunca vi antes e isso me chamou a atenção. Quando estava nadando parecia que nasceu para isso e que esquecia do resto do mundo.
– Eu me sinto assim mesmo – disse me sentindo um pouco constrangido com aquela descrição que ele fazia de mim – Quando nado eu sinto que posso ser eu mesmo sem amarras e sem medo. Como você disse, eu me sinto livre.
– E é isso que eu busco, Daniel! Talentos como você são raros de se encontrar, mas quando os encontramos são os que mais nos surpreendem positivamente. O que acha de se profissionalizar?
Olhei para Orlando que me fitava de forma orgulhosa. Provavelmente era a primeira vez que um de seus alunos era chamado para se profissionalizar e isso deveria ser realizador para um treinador.
– É meu sonho – admiti em voz alta pela primeira vez desde que era criança e sonhava em competir nas olimpíadas – Sempre foi meu sonho.
– E é isso que eu te ofereço agora, Daniel – Drew falou sorridente – Temos uma proposta para que venha se juntar a nossa equipe em Whashington. Não precisa se preocupar com a acomodação, pois nós a disponibilizamos para nossos integrantes além de toda a documentação necessária para a estadia nos Estados Unidos. Oferecemos um quarto individual em nosso centro de treinamento, porém esse quarto se parece mais com um pequeno apartamento, pois tem uma sala de estar, uma cozinha, um quarto e um banheiro. E oferecemos um salário inicial de quinze mil dólares por mês que você pode usar para subsidiar uma moradia do seu agrado caso não goste do nosso apartamento. Isso é uma escolha sua. Oferecemos também toda uma equipe médica a sua disposição a qualquer hora do dia ou da noite. E também não precisa se preocupar com os custos da passagem, pois assim como toda a documentação, nós nos responsabilizamos por tudo. O que queremos é apenas seu total comprometimento com a equipe. O que me diz?
Eu estava simplesmente em choque. O Daniel que dez anos dentro de mim queria abraçar aquele homem e dizer que sim que que era o sonho da minha vida e que eu iria com ele agora mesmo. Eu podia senti-lo gritando dentro de mim enlouquecido com a oportunidade única que me era oferecida. Quantos dos garotos naquela competição sonham com isso durante toda a vida e essa oportunidade era oferecida a mim? Quantos não matariam por essa chance? Eu já podia me ver competindo nos Estados Unidos e ganhando reconhecimento internacional e quem sabe um dia competir pelo Brasil em uma olimpíada daqui a quatro ou cinco anos. Podia me ver realizado e feliz vivendo daquilo que me liberta e me faz ser quem eu realmente sou.
Estava prestes a dizer que sim quando vi Théo se aproximar de mim. Atrás dele estavam Marcelo com Bernardo em seu colo. Meu namorado ria e sacodia a cabeça de um lado para o outro completamente embriagado. Meu irmão comprimento Drew e Orlando com um aceno e ambos retribuíram.
– Danny, eu estou levando o Bernardo para o dormitório, pois ele não está se sentindo bem – Théo disse curioso para saber do que falávamos – E vou ficar por lá mesmo, pois estou muito cansado.
– Tudo bem, Théo – respondi – Já estou indo também.
Meu irmão assentiu e se despediu de todos. Olhei-o se afastar por um momento e vi que não era tão simples assim dizer que iria. Para ir embora teria que abrir mão da minha vida aqui. Uma vida que conquistei com muita luta e com uma arma apontada na minha cabeça. Sofri muito, mas esse sofrimento foi recompensado com um irmão que me ama sem ressentimento, um melhor amigo maravilhoso que também é meu cunhado e um namorado que eu amava incondicionalmente. Não iria conseguir deixar tudo isso para trás mesmo que fosse para seguir o sonho da minha vida.
– Eu sinto muito Sr. Bassett, mas não posso abandonar todos e ir com o senhor – disse fintando o chão.
– Com licença um instante, Drew – o Treinador Orlando disse dando uma risadinha sem jeito. Ele me pegou pelo braço e me arrastou para longe de Drew – Você surtou? – ele indagou em português – Essa é a chance da sua vida, Daniel! Não desperdice por causa de uma paixão!
Ele sabia o quanto eu amava Bernardo assim como todos ele viu o que meu namorado fez ao ver que eu ganhei medalha de ouro. Viu também que foi Bernardo quem me fez sair daquele vestiário e ter coragem de saltar naquela piscina e ganhar. Viu todas as vezes que eu saia do vestiário e olhava para arquibancada em busca do meu namorado durante os treinos. Viu todas as vezes que trocamos caricias depois do treino e viu quando sai chorando no meu primeiro dia no time da escola e viu como corri para os braços de meu namorado.
– Não posso e não vou deixa-lo – disse ligeiramente choroso – Eu o amo!
– Pelo amor de Deus, Daniel! – ele parecia realmente irritado comigo – Você só tem dezoito anos! Tenha bom senso! Ele não é o único garoto no mundo! Hoje você o ama, mas daqui a um ano pode não amar mais e vai ter desperdiçado as chance da sua vida por um amor que não deu certo!
– Você não entende! – falei.
– Entendo sim, pois eu já estive na mesma situação que você quando tinha sua idade! – ele desabafou – Eu tive a chance de me profissionalizar, mas não quis sair do país por que estava apaixonado. Casei com essa garota e nós tivemos um filho, mas nosso amor não deu certo e eu me culpo até hoje por não ter ido para os Estados Unidos. Poderia estar bem melhor do que agora e não teria arrependimentos! Não a culpo, pois ela quis que eu fosse, mas culpo a mim por não ter ido.
– Sinto muito pelo senhor – disse sentindo um pouco de raiva por ele jogar sujo daquela forma para me convencer – Mas não vou conseguir abandonar tudo e ir embora.
– Desculpe interromper – disse Drew provavelmente sem entender nada de nossa conversa em português. Nós nos viramos para ele e Drew viu meu olhar triste e choroso – Sei que é uma decisão difícil para você, Daniel e não quero te forçar a nada – ele tirou um cartão e uma caneta do bolso do Blazer e anotou algo no verso do cartão que percebi ser de um hotel em Copacabana – Estou no Brasil até terça que vem, mas gostaria que me desse a resposta até a próxima segunda além de amanhã. Estou nesse hotel e o número do meu Quarto e o meu celular estão anotados no verso. Me ligue com a resposta tanto positiva quanto negativa.
Peguei o cartão e o guardei no bolso da calça se prestar muita atenção nele, pois já estava decidido quanto aquilo.
– Pode deixar que ele vai ligar – Orlando disse – Muito obrigado pela proposta.
– Eu é que agradeço – Drew parecia um pouco preocupado, mas não quis perder sua postura entusiasmada – Pense bem, meu jovem. É uma oportunidade de ouro e gostaria que não desperdiçasse. Você seria uma grande adição a nossa equipe.
– Vou pensar – disse certo que minha resposta fosse ser não.
Drew se despediu de nós e eu fui para o dormitório antes que Orlando pudesse me puxar para uma outra conversa. Durante o caminho eu pensei no que meu treinador disse sobre arrependimentos e odiava admitir que ele estava mais do que certo. Amava o Bernardo com todo o meu coração, mas e se um dia nosso amor acabasse e eu me arrependesse de não ter ido? Não o culparia, pois eu o conhecia bem demais para saber que ele iria querer que eu fosse seguir meu sonho e que se eu ficasse seria contra sua vontade. E ele me amava demais para querer me ver frustrado um dia. Orlando tomou a mesma decisão que eu e hoje se arrepende amargamente. Trabalha em uma escola de elite e ganha bem para isso, mas sua vida poderia ter sido muito diferente e muito mais feliz se ele tivesse seguido seu sonho.
– Dormiu bem? – Bernardo me perguntou quando acordou no fim daquela tarde de domingo.
– Não consegui – disse com sinceridade – Muita coisa na minha cabeça.
Meu namorado sentou-se na cama e colocou sua mão sobre a cabeça e franziu o cenho e eu soube que sua ressaca ainda não havia passado, mas sua expressão de dor não era tão agoniante quanto da primeira vez em que eu a vi essa manhã.
– E tomou alguma decisão? – era evidente que ele sentiria minha falta, mas queria que eu realizasse meu sonho.
– E se você fosse comigo? – indaguei mesmo sabendo que os pais de Bernardo jamais deixariam – Poderia alugar uma casa para nós e você poderia conseguir o visto de estudante para terminar o ensino médio lá!
Bernardo sorriu de forma acolhedora e tomou meu rosto entre suas mãos.
– Eu realmente quero muito ir com você – ele respondeu com pesar – Mas sabe que não é assim tão simples. Existem as questões legais além do que meus pais jamais deixariam.
– Vamos falar com eles! – eu disse sentindo o desespero tomar conta de mim – Vamos convence-los!
– Podemos falar com eles sim, mas já sabemos a resposta, Daniel – ele disse começando a chorar também e eu sabia que isso doía tanto fisicamente quanto em seu emocional – Você quer ir e deve!
– Não quero ir sem você! – disse apoiando minha cabeça no peito do meu namorado.
Bernardo me abraçou e começou a me ninar em uma tentativa de acalmar meu desespero, mas era quase impossível. Eu queria muito ir e isso não podia negar a ninguém e com certeza um dia olharia para trás e pensaria em como minha vida poderia ter sido se eu não tivesse desistido dessa chance. Jamais culparia Bernardo por minha decisão, mas não poderia garantir que não culparia a mim por não ter ido.
– Você merece isso, Daniel – Bernardo disse chorando.
– Mas e quanto a nós? – indaguei sem conseguir mais negar o quanto eu queria ir – Como nós vamos ficar?
– Não sei – ele disse com honestidade – Pode ser que nosso relacionamento resista a distância ou pode ser que nós nos distanciemos tanto que nosso amor não resista, mas não pode se prender aqui por isso. Sua vida não está aqui! Está lá fora! Siga seus sonhos!
– Eu te amo – disse chorando como nunca chorei em toda a minha vida. Sentia a dor de uma lança atravessar meu peito e dilacerar meu coração.
– Eu também te amo – ele beijou minha cabeça – Te amo como nunca amei ninguém na minha vida. Você merece tudo de bom!
Ficamos assim abraçados por um tempo aproveitando a companhia um do outro. Sentindo o cheiro doce do meu namorado e sentindo sua pele macia e quente. Deus sabe o quanto eu sentiria falta disso. Do quanto sentiria falta de abrir os olhos de manhã e olha-lo dormindo sereno ao meu lado com aquela carinha de anjo. Como sentiria falta dos seus beijos ardentes e apaixonados. Do seu sorriso e do seu hálito com cheiro de menta. Eu amava Bernardo tanto que eu me jogaria na frente de uma bala por ele.
Bernardo
Estava decidido. Daniel iria embora no dia seguinte a festa de formatura que seria no dia 19 de dezembro. Um sábado que para mim ficaria conhecido como o dia em que meu namorado se foi. Claro que havia aquele plano de eu terminar o ensino médio nos Estados Unidos, mas como foi previsto por mim meus pais negaram.
– Não vamos deixar você ir estudar fora! – disse meu Pai – Você está estudando na melhor escola de todo o Brasil e sem falar que é tradição da nossa família que todos se formem lá!
– Mas eu quero estudar fora com Daniel! – argumentei quase chorando, pois sabia que seria em vão.
– Sinto muito, Bernardo, mas seu pai tem razão – minha mãe se prontificou – Não vamos deixar você estudar fora.
– Mas... – estava prestes a dizer que aquilo era injusto e que eu tinta direito de não querer estudar naquele país, mas Daniel repousou as mãos em minha coxa e eu soube que estava tudo perdido.
Foi quando larguei todos na sala e subi as escadas correndo dando de cara com Ian sentado no corredor ao lado de Pedrinho. Ambos haviam escutado tudo. Fui em direção ao meu quarto e bati a porta. Me joguei na cama e ali fiquei chorando por horas com o coração destroçado. Mesmo sabendo da resposta de meus pais, ainda assim havia aquele fio de esperança que eu nutria inutilmente em uma tentativa desesperada de dizer a mim mesmo que tudo ficaria bem e que nós iriamos viver em uma casa linda em Whashington e que Daniel conseguiria o visto permanente e nós iriamos nos casar e viver e adotar dois filhos mais para a frente. Era um sonho lindo e típico de adolescente, mas a vida veio e destruiu essa linda fantasia que criei em minha cabeça. Não podia culpar meus pais, pois eles só queriam o meu bem independente do quanto aquilo fosse me machucar, mas nem sempre os pais fazem o certo por medo e isso magoa ainda mais. Eles tinham medo de me perder se eu fosse para lá. Estaria distante demais deles e isso os corroeria por dentro.
Não tenho certeza de quando dormi, mas acordei com o som de alguém batendo na porta. Peguei meu celular para ver que horas eram e percebi que haviam se passado cinco horas desde que me tranquei ali e haviam várias mensagens de Daniel: “Fui para casa, depois a gente se fala”. “Cheguei, como você está?”. “Be?”. “Deve estar dormindo, boa noite”. “Te amo independente da distancia”. Também amava, mas não quer dizer que aquela distancia não me mataria aos poucos.
– Bernardo? – aquela voz veio acompanhada das novas batidas na porta do quarto – Sou eu, Ian.
Sabia que era ale antes que dissesse, pois eu conhecia muito bem a voz do meu irmão. Me levantei e destranquei a porta e voltei para a cama. Ian a abriu deixando entrar a luz do corredor e fechou a porta logo em seguida mergulhando o quarto em escuridão novamente. Ele sentou-se na beira da minha cama e permaneceu em silencio provavelmente procurando as palavras certas para dizer.
– Você ouviu tudo? – indaguei tentando ajudá-lo a iniciar o assunto.
– Daniel vai embora – ele disse confirmando que tinha ouvido – Você deve estar arrasado.
– Estou destruído, Ian – disse recomeçando a chorar – Quero que ele vá, pois é o sonho dele, mas ao mesmo tempo não sei como vou viver sem ele.
Ian se aproximou de mim e passou a mão em meu cabelo castanho. Seus olhos verdes me fitaram cheios de compreensão. Lembrei da primeira conversa que tive com aquele garoto e lembro de seu olhar triste e assustado e a forma com que ele apertava o braço esquerdo com tanta força que parecia que iria quebra-lo ao meio. E aqui estava aquele menino diante de mim, muito mais confiante e sem aquele desespero no olhar. Ian nunca mais machucou seu braço em busca de conforto psicológico. Agora ele era apenas um garoto comum.
– Posse te dizer uma coisa como irmão mais velho? – indagou – Isso se você me considerar como seu irmão mais velho é claro.
– Claro que te considero como um irmão mais velho – disse a ele com um sorriso – Você é meu irmão! Pode dizer o que você quiser.
Ian deu um sorriso satisfeito.
– Ok, então – ele suspirou – Sei que você ama muito o Daniel e que vai sentir muitas saudades dele, mas quero que saiba que a vida continua depois dele.
– Eu o amo tanto, Ian – disse choroso – Quero que ele seja feliz, mas e se ele for e conhecer outro garoto? Se ele se apaixonar e me esquecer? Como vou viver sem ele?
– Se isso acontecer você vai seguir em frente – ele disse – Perdi três pessoas que eu amava muito durante a minha vida, Bernardo. Perdi meu pai, depois o Izac que conheci morreu quando abusou de mim. E perdi minha mãe. Por isso eu digo que você vai seguir em frente e recomeçar. Vai viver novamente. Encontrará um novo amor que te faça tão bem ou melhor do que Daniel te faz. E vai ser feliz, pois você merece. Você e Daniel passaram por tantas coisas juntos e se for para continuarem juntos não vão ser esses dois anos de distância que vão impedir isso.
– Dois anos? – sorri – Então sabe que depois da formatura eu vou atrás dele.
– Imaginei que sim – Admitiu com um sorriso – Mas se não for para ser, não será. Você é muito jovem ainda e Daniel é seu primeiro namorado. Pode ser que seja o homem da sua vida e pode ser que não, mas isso você só vai saber quando for mais velho. Agora seja lá o que acontecer, você vai ficar bem.
– Eu quero acreditar em você, Ian, mas sinto que vou perde-lo – confessei sentindo meu coração se apertar.
– Dê tempo ao tempo, Be – meu irmão segurou minha mão – Você vai sofrer muito no início, mas a dor vai diminuir e você vai ser feliz. Te garanto isso.
– Fala por experiência própria não é? – indaguei e ele assentiu – E hoje você é feliz?
– Bom... – ele sorriu – Perdi tudo e perdi minha vida. Meu irmão iria para um abrigo e cresceria longe de mim, pois eu jamais conseguiria a guarda dele. Só Deus sabe que tipo de pessoa ele se transformaria. E eu seria largado na rua aos dezoito sem nenhuma perspectiva de vida. Sem um emprego e sem um lar. Sozinho no mundo. Pelo meu passado acabaria recorrendo a prostituição para viver, pois já passei anos sendo usado como objeto sexual então o que seriam mais alguns anos? – ele olhava para mim sem realmente me ver e isso me assustava, pois era uma visão horrível e completamente possível de seu futuro longe de minha família – Pedro perderia o que sobrou de sua inocência naquele abrigo e eu não poderia fazer nada para impedir. Viveria uma vida triste e vazia. Sem propósito e solitária. Nossos pais não permitiram. Acolheram a mim e ao meu irmão. Nos deram um lar e amor. Nos deram uma chance de recomeçar. Então hoje eu posso dizer que sou feliz.
– E eu sou feliz que esteja aqui conosco – disse enxugando as lágrimas com as mãos – E você é um ótimo irmão mais velho. Eu te amo, Ian.
– Eu também te amo, maninho e desta vez do jeito certo – ele disse lembrando do beijo que me deu quando estava confuso confundindo nossa amizade com paixão – Agora vamos jantar. Você precisa comer alguma coisa.
– Estou se fome – falei – Só quero ficar sozinho um pouco. Pensando no que me disse.
– Tudo bem, Bernardo – ele se levantou e foi até a porta – Mas saiba que seja lá o que aconteça entre você e Daniel, você vai ser feliz. Com ou sem ele.
– Espero que esteja certo – disse a ele.
– Eu sei que estou – disse saindo do quarto me deixando sozinho.
Daniel
Liguei para Drew na segunda e disse que aceitava a proposta. Ele pareceu todo animado e disse que eu tinha feito a escolha certa, mas então por que eu sentia em meu coração que estava escolhendo errado? Fui acompanhado de Bernardo e minha mãe para assinar o contrato e entregar a documentação necessária. Ambos estavam orgulhosos de mim e minha mãe parecia muito feliz que eu tivesse conquistado aquilo embora estivesse visivelmente triste, mas era Bernardo quem me punha para baixo. Sempre que eu olhava para ele eu via a dor em seu peito. Via a saudade e como isso o destruía a cada dia que se passava. Os dias passavam rápido demais e isso não confortava meu coração e nem mesmo o de Bernardo. Aproveitamos os momentos juntos na escola. Dormíamos juntos todas as noites e fazíamos amor, mas sempre terminávamos os dias em lágrimas. Bernardo me ajudava a arrumar minhas malas e eu lhe dava um abraço apertado todas as vezes que ele parava para encarar o vazio. Ele nunca me disse o que pensava nesses momentos, mas eu sabia que ele estava pensando que aqueles eram os nossos últimos dias juntos e depois disso nosso relacionamento afundaria. Respeitei sua decisão de não me contar e nunca perguntei nada.
– Você está uma pilha de nervos – Marcelo disse depois da última prova no dia quatro de dezembro – Posso ver que está soando e não é por causa do calor.
Olhei para meu melhor amigo que desde que soube que eu iria embora para seguir meu sonho me abraçou e disse que sentiria muito minha falta, mas que entendia o porquê de eu ir embora. Ele disse que eu era um ótimo amigo e que merecia essa oportunidade.
– Estou apreensivo – respondi saindo do prédio da escola para o pátio – minha viajem está chegando.
– E você não quer deixar o Bernardo – ele disse parando por um momento – Sei que todo mundo já te disse que não pode deixar essa oportunidade escapar e inclusive eu já te disse isso também, mas sinceramente acho que você deve fazer o que o seu coração diz.
– O problema é que ele me diz para ir – respondi honestamente – É o meu sonho, Marcelo. Sempre foi!
– Mas ama demais o Bernardo a ponto de desistir de tudo por ele – ele concluiu por mim.
– Amo – respondi sem que precisasse – Não quero ficar sem ele e nem deixa-lo triste – voltamos a caminhar de volta para o pátio – E se nesse tempo ele arrumar outra pessoa? E se ele me esquecer?
Marcelo sorriu e sacudiu a cabeça.
– Daniel deixa de ser inseguro garoto! – Marcelo debochou – Bernardo te ama demais para te esquecer assim! Ele vai te esperar.
– Você acha? – indaguei incerto.
– Tenho certeza absoluta! – falou com convicção – Vocês foram feitos um para o outro! Vai ficar tudo bem no final das contas.
E com isso fiquei mais tranquilo, pois ele tinha razão. Berardo me amava tanto quanto eu o amava e isso significava que ele me esperaria não importasse quanto tempo ficássemos afastados. Seriamos um do outro para sempre.
Então a noite de formatura chegou. Eu estava em meu quarto em casa vestindo meu smoking quando ela entrou em meu quarto trajando seu vestido de gala vermelho e o cabelo loiro jogado por cima dos ombros em largos cachos. Os olhos azuis brilhavam intensamente ressaltado pelos cílios negros e longos. Fernanda estava linda.
– Você está lindo! – ela disse me abraçando – Nem acredito que vai se formar! Parece que foi ontem que mamãe chegou do hospital com você no colo. Era um bebê tão lindo! E agora é esse homem grande e honesto que eu tanto amo.
– Vai começar com a crise da meia idade agora, Fê? – disse sorrindo olhando nós dois no espelho do meu guarda-roupa. Era pelo menos dez centímetros mais alto que minha irmã e isso era estranho, pois quando criança ela costumava ser mais alta do que eu – Lembre-se de ainda falta o Théo se formar para você se sentir velha oficialmente.
– Eu nem quero pensar nisso! – ela disse se afastando de mim e sentando-se na cama. Ela me olhou no espelho por um momento e como era seu dom, ela adivinhou o que eu estava sentindo – É assustador, não é? – fiquei em absoluto silencio – Se formar e perceber que não é mais uma criança. Que agora sua vida vai começar de verdade e no seu caso começar em outro país.
– Estou em pânico – confessei dando um sorriso amarelo – Não sei o que pensar e tenho a impressão de que vou surtar a qualquer momento.
Fernanda deu tapinhas gentis no espaço ao seu lado na cama indicando que eu me sentasse e foi o que eu fiz.
– Você não vai surtar – ela disse com convicção – Você passou por tanta coisa e não surtou, Daniel. Viu seu irmão ser espancado até quase a morte, levou uma surra e teve uma arma apontada na cabeça, foi atropelado só para se encontrar. Você vai vestir aquela beca azul e vai subir naquele palco para pegar seu diploma. Vai curtir a festa se despedir do seu namorado e embarcar no avião amanhã de manhã.
– Eu não vou conseguir – disse com os olhos se enchendo de lágrimas – É demais para mim!
–Você vai conseguir, Daniel! – ela disse segurando minha mão – Você é mais forte do que pensa e vai conseguir! Já conseguiu tanto nessa vida! É hora de seguir seus sonhos e brilhar!
– Eu te amo, Fernanda – disse abraçando apertado minha irmã mais velha. Podemos ter ficado um pouco afastados desde que ela se mudou, mas isso jamais mudou o fato dela sempre ter sido uma das minhas melhores amigas e um dos meus suportes nessa vida. Foi ela quem sempre ficou do meu lado e me deu inúmeros conselhos sobre a vida. Ela foi responsável pela pessoa que sou hoje e eu devo muito a ela – Sou sentir muito a sua falta.
– Eu também vou, maninho – ela disse com a voz chorosa – Eu te amo muito!
Ambos estávamos prestes a ceder as lágrimas quando Theo bateu na porta do meu quarto e a abriu logo em seguida Ele trajava um smoking preto e o cabelo loiro estava penteado para o lado dando a ela uma aparência incrivelmente juvenil que me lembrou de quando ele era criança e nós três nos apoiávamos.
– Ora de brilhar, Danny – Théo disse com um sorriso no rosto.
A formatura foi no pátio da escola onde formam dispostas inúmeras cadeiras dobráveis em fileiras. Um palco havia sido montado em frente à entrada da escola que servia de plano de fundo para o cenário da formatura. A cor dos balões e dos adereços haviam sido decididos a meses e eram prata e branco que decoravam todo o pátio com balões e flores. Havia um enorme tapete branco dividindo os dois blocos de cadeira e foi por aquele lugar que passamos trajando nossas becas e nossa turma se sentou em uma fileira de cadeiras dispostas em cima do palco. Éramos ao total vinte e três alunos do nos formando com honras segundo o Diretor Olavo. Foi ele quem começou fazendo um discurso sobre o Colégio Imperial e como seus alunos estavam sempre em primeiro lugar no Enem e em concursos públicos e como nossa turma tinha entrado para seu coração e feito história com inúmeras conquistas. Alguns passaram para universidades públicas em posições de destaque enquanto um aluno (Thiago) foi aprovado para estudar em Harvard no curso de física e a mim que havia conquistado a incrível oportunidade de me profissionalizar como atleta. Houveram aplausos para todos, mas os aplausos para mim formam mais intensos e houve até mesmo assovios. Sorri e segurei a mão dos meus melhores amigos durante o ensino médio. Leonardo estava sentado a minha esquerda e Marcelo a minha direita e ambos estavam incrivelmente emocionados. O Diretor Olavo chamou Rafael para discursar. O presidente do corpo estudantil se levantou e apertou a mão do diretor com um sorriso realmente feliz. Subiu no palco e foi até o atril de madeira onde o microfone estava e leu um discurso clichê sobre como o ensino médio é uma das partes mais importantes de nossa vida e que as amizades que fizemos nós levaremos para a vida inteira. Disse que é nessa idade que temos que tomar as decisões mais importantes de nossas vidas e que apesar de parecer muito impossíveis nós nunca devemos deixar de seguir nossos sonhos, pois são eles que nos dão um propósito na vida. Nesse momento olhei para Bernardo sentado na plateia com Théo ao seu lado direito e Ian ao esquerdo. Ele estava destruído e eu sabia que era por nossa despedida estar mais próxima do que nunca. Meu coração ficou apertado e pensei ligeiramente em desistir, mas Bernardo jamais me perdoaria por isso além de eu mesmo nunca me perdoar. Respirei fundo e desviei meu olhar de volta para Rafael que terminava seu discurso piegas. Ele cedeu lugar ao Diretor que tomou a palavra e começou a nos chamar um por um e nos estregou o diploma. Fui o quarto a ser chamado e peguei o diploma do ensino médio enrolado como um canudo e amarrado com um laço azul. Apertei a mão do Diretor Olavo e agradeci a ele que me desejou boa sorte na viajem antes de tirarmos uma foto. Me postei ao lado direito do palco onde os outros três alunos que haviam recebido o diploma antes de mim. Quando estávamos todos com os diplomas na mão nós posamos para uma foto da turma com o diretor e depois gritamos e jogamos nossos chapéus de formatura para cima em comemoração e houve uma foto desse momento também. Fomos aplaudidos de pé pelos professores, nossos familiares e amigos. Depois Fernanda viria a me dizer que era raro os professores aplaudirem uma turma de pé como a nossa e isso só me fez sentir mais orgulho.
Então teve a festa. Foi no ginásio do colégio assim como todas a outras, mas desta vez estava tudo impecavelmente decorado em branco e prateado. Havia um buffet maravilhoso servindo as mesas assim com um barman que preparava inúmeros drinks exóticos para os maiores de idade. Desta vez não foi possível subornar nem o Diretor e nem o barman para servir álcool a todos, pois nossos pais estavam ali, mas estavam todos tão empolgados na pista de dança que nem se importaram com isso. Houve uma homenagem para os professores onde exibimos inúmeras fotos do nosso ano letivo, mas desta vez foi Júlia quem fez o discurso emocionado para eles ao som de The Climb da Miley Cyrus e isso emocionou a todos. Presenteamos a todos com uma foto de nossa turma em um porta-retratos de vidro. Todas as fotos haviam sido assinadas por todos os alunos assim como o quadro com que presenteamos a escola. O diretor Olavo o colocaria no corredor que levava a sua sala junto com os troféus que a escola ganhou durante todos os seus cento e sete anos de existência. Depois veio a hora das lembranças do ano que se passou e exibimos um Slide com fotos nossas na escola. Havia uma em que Bernardo e eu estávamos abraçados sentados no gramado da escola ao pôr do sol. Lembro que foi Leonardo quem tirou aquela foto logo assim que eu e Bernardo começamos a namorar. As fotos terminaram e foi então que a parte engraçada começou. Um clipe de cinco minutos que foi cuidadosamente editado por Rafael e Vinicius onde mostrava a caçada aos calouros no início do ano onde eles corriam desesperados enquanto nós do terceiro ano e alguns alunos do segundo corríamos para captura-los para amarra-los a fonte do pátio de entrada e os lambuzamos de ovos podres e tinta azul. Era engraçado lembrar desse dia e ver o cabelo de meu irmão completamente pintado de azul ao invés das mechas que ele costumava usar. Havia também Bernardo lindo e assustado no meio de tudo aquilo. Depois a cena muda e agora os víamos totalmente pintados de azul rolando em frente ao dormitório e grunhindo como porcos para que nós os deixássemos entrar. Todos riram inclusive os alunos do primeiro ano que se encontravam presente. Tudo estava perfeito!
– Para onde você está me levando? – Bernardo disse enquanto eu o arrastava pelo gramado da escola.
– A um lugar onde possamos ficar sozinhos por um tempo – respondi a meu namorado.
Ele sorriu e me acompanhou até a casa do zelador que estava totalmente escura as três da manhã. Nós estramos e peguei meu celular para usar como lanterna. Fui até um canto onde havia um candelabro para cinco velas e acendei as velas que iluminaram o ambiente com sua luz que tremeluzia conforme a brisa quente do verão soprava nas chamas.
– Tem tanto tempo que a gente não vem aqui – Bernardo disse olhando tudo em volta para se certificar de que estava tudo em seu devido lugar.
– Eu não venho desde que os góticos nos expulsaram – respondi me aproximando do meu namorado que estava lindo e elegante com seu smoking cinza – Lembra que foi aqui que fizemos amor pela primeira vez?
– E então você correu – ele me lembrou com um sorriso que demonstrava que ele não sentia mais mágoa por aquilo, mas eu jamais me perdoaria por tê-lo abandonado daquela forma.
– E ainda me odeio por isso – respondi tirando sua franja castanha de cima dos olhos – Deveria ter ficado com você e assumido que estava apaixonado. Mas mesmo com essa parte ruim, foi aqui que pude apreciar de verdade a companhia de alguém. O lugar onde comecei a me libertar.
– Aqui é o lugar onde nosso amor nasceu – ele respondeu – Vou sentir falta dessa cabana.
– Eu também vou – falei afagando a pele macia de seu rosto – Eu te amo, Bernardo. Sempre vou te amar.
– Também te amo, Daniel – ele respondeu passando a mão pelas maçãs do meu rosto – Te amo desde que te vi pela primeira vez na fila para pegar a chave do quarto. E vou te amar até depois da minha morte.
E com essas palavras eu o beijei. Um beijo intenso e apaixonado que fez subir um calor que deixou nossa pele ruborizada. As mãos de Bernardo abriram o meu paletó e eu o tirei. Ele fez o mesmo enquanto eu afrouxava a minha gravata. Voltamos a nos beijar intensamente. As mãos de Bernardo desciam pelas minhas costas até apertar minha bunda me fazendo gemer. Minhas mãos se emaranharam em seu cabelo enquanto meus lábios se enterraram em seu pescoço o beijando com tesão. Podia sentir meu pau ficando duro dentro da calça e pelos gemidos e a força que ele apertava minha bunda sabia que ele estava do mesmo jeito.
Desabotoei sua camisa e a despi de seu corpo magro e macio. O peguei no pressionando seus lábios contra os meus e o sentei em cima da mesa onde o zelador trabalhava. Abri minha camisa e atirei depois desabotoei o cinto de couro e a calça de Bernardo. O despi por completo e depois fiz o mesmo comigo. Nos beijamos ardentemente e desci meus lábios por seu corpo demorando um período maior em seu mamilo o fazendo delirar. Beijei seu abdômen liso e cheguei ao seu pau duro como rocha. O segurei e comecei a beijar a cabecinha lhe causando espasmos de tesão. O olhei com malicia e comecei a chupa-lo lentamente e fui aumentando a intensidade gradativamente o fazendo jogar a cabeça para trás e gemer de prazer. O chupava com vontade sentindo o gosto maravilhoso e o cheiro forte e inebriante de seu pau. Chupava suas bolas e batia com seu pau na minha cara como se eu fosse uma puta enquanto Bernardo me xingava deliciosamente. Parei de chupar seu pau e me inclinei sobre seu corpo para beijar sua boca. Foi um beijo cheio de tesão que fez com que ele cravasse as unhas em minhas costas e me arranhasse de uma forma dolorosamente excitante. Puxei Bernardo para mim e o coloquei de pé no chão em seguida o virei de costas e o puto se inclinou sobre a mesa sabendo exatamente qual era a minha intenção. Abaixei e comecei a lamber seu cu o invadindo com minha língua voraz e deixando tudo úmido. Bernardo gemia e pedia para eu o comer e foi o que fiz. Coloquei meu pau em seu cu sem alarga-lo com o dedo primeiro e pude ver em sua cara que isso lhe causou dor, mas ele adorava se sentir rasgado por mim. Comecei com movimentos lentos, mas ele estava tão louco de tesão que implorava por mais enquanto me xingava. Aumentei a velocidade e dava tapas em sua bunda o chamando de puta e de piranha. Bernardo rebolava em minha pica e gemia alto sem se importar com quem ouviria. Não demorou muito para que eu gozasse em eu cu e ele gozasse logo em seguida completamente extasiado. Nós nos deitamos em cima da mesa e ficamos nu nos olhando até que meu celular tocou. Era minha mãe me procurando para irmos embora para o aeroporto.
Desliguei o telefone e olhei para Bernardo. Não lindo e perfeito sobre a luz das velas que mais uma vez tive de resistir a tentação de abandonar tudo e ficar. Era como se ele fosse uma sereia e eu um marujo desavisado que era seduzido por seu canto.
– Eu tenho que ir – disse a ele com lágrimas em meus olhos.
– Eu sei – ele respondeu começando a chorar.
Comecei a me vestir e ele me acompanhou. Trajamos nossas roupas com exceção do paletó e da gravata. Fui até o candelabro e apaguei as cinco velas com um sopro mergulhando a casa do zelador em sombras novamente. Um lugar mágico que eu me lembraria para sempre como sendo o berço do nosso amor.
Bernardo me acompanhou até o estacionamento onde o carro de minha mãe e Fernanda aguardavam, mas não era somente ela que estava ali e sim todo o grupo de amigos que eu tinha feito durante esse ano. Todos haviam vindo se despedir. O primeiro foi Fábio que me deu um abraço e desejou boa sorte, depois Alice que fez o mesmo. Então foi a vez de Giovana.
– Cuida bem do meu bebê – pedi a ela.
– Pode deixar que cuido – ela respondeu retribuindo meu abraço apertado.
Patrick apertou minha mão e disse que eu faria falta ao grupo. Roberta me abraçou e desejou toda a felicidade do mundo e Lorenzo fez o mesmo. Iam me abraçou apertado e disse que sentiria minha falta. Então veio Dylan fitando o chão.
– Tudo de bom para você, pois merece – disse sem jeito – Sem ressentimentos?
Ele estendeu a mão para mim.
– Sem ressentimentos – a apertei dizendo aquelas palavras com sinceridade. Por mais babaca que ele possa ter sido no início, Dylan me provou que era capaz de se tornar alguém melhor.
– Não acredito que vai embora, cara! – Léo veio até mim e me abraçou apertado. Meu amigo chorava como uma criança – Promete não esquecer de seu amigo chato?
– Jamais te esqueceria, Léo – respondi dando tapinhas gentis em suas costas – Eu te amo cara!
– Também te amo, Danny! – ele chorava convulsivamente – Prometo te visitar nas férias de meio de ano – apesar de um drogado, Leonardo era um aluno aplicado e cursaria direito assim como seu pai.
Me afastei dele e olhei para meu melhor amigo em todo o mundo. Marcelo lutava para não chorar, mas sabia que as lágrimas eram inevitáveis então apenas as deixou rolar. Ele me abraçou apertado.
– Já estou com saudades das nossas conversas tarde da noite – ele murmurou – Vou sentir sua falta, Daniel! Mais do que imagina.
– Também vou sentir muito a sua falta, cunhado – disse dando um beijo em sua bochecha – Se cuida e cuida do meu irmão.
– Eu vou – ele disse chorando.
E me voltei para o meu irmão mais novo que chorava intensamente.
– Théo...
– Nem pense em fazer isso comigo, pois não vou aguentar me despedir, Daniel – ele disse completamente abalado – Não vou consegui.
Apesar do que ele disse eu o puxei para um abraço apertado. Théo tentou me empurrar de início, mas logo cedeu e começou a chorar convulsivamente.
– Não quero que você vá, Daniel – ele disse com a voz embargada – Vou sentir muito a sua falta.
– Eu também, Théo – falei me lembrando de tudo o que vivemos juntos – Eu te amo tanto!
– Eu também – Théo me apertou com mais força e só conseguiu me soltar amparado por Marcelo a quem se agarrou chorando mais que antes.
Então segui até o amor da minha vida. Bernardo não chorava mais, apenas fitava-me com um olhar triste e desconsolado.
– Não queria te deixar – falei.
– Mas você precisa – ele respondeu com a voz cheia de dor – É o seu sonho!
– Tenho medo de te perder – confessei.
– Você jamais vai me perder, Daniel – ele falou – Estarei esperando por você bem aqui. Não irei a lugar nenhum.
– Eu te amo – sussurrei.
– Eu também te amo – ele murmurou em resposta.
Nós nos abraçamos cheio de pesar no coração. Era a última vez em muito tempo que sentiria o calor e a macieis de sua pele. A última vez em muito tempo que sentiria seu cheiro delicado e doce. A última vez em muito tempo que o teria em meus braços. Não queria sair dali e larga-lo nunca mais enquanto vivesse, mas a buzina do carro da minha mão dizia que estava na hora de ir. Dei um beijo de despedida em Bernardo e fui até o carro onde minhas malas já estavam desde que saios de minha casa no Leblon. Entrei no carro e olhei para trás enquanto minha mãe arrancava com o carro. Estava seguindo meu sonho de me tornar um atleta profissional, mas à medida que Bernardo se afastava eu sentia que estava deixando um pedaço de mim para trás.
...
Bom galera espero que tenham gostado de mais esse capítulo.
Até o próximo que será o ultimo capitulo deste conto que marcou minha vida.