Eu e... Meu irmão! Parte 17
TA ACORDADO?
Foi a mensagem que acendeu a tela do meu celular quando o peguei meio grogue na madrugada. Eu não conhecia o número e não fazia parte dos meus contatos.
NÃO. QUEM É? Respondi irritado.
UM AMIGO.
NÃO TENHO AMIGOS A ESSA HORA DA MADRUGADA. Eu mandei.
LOGO NÃO VAI TER EM HORA NENHUMA.
Me sentei assim que li a mensagem. Isso era zoeira ne? Tinha que ser. Havia uma brincadeira dessa rodando a faculdade ultimamente, não que eu tivesse com tempo para ficar por dentro, mas Lisa havia mencionado as mensagens estranhas que vem recebendo.
Todo ano, antes de entrarmos oficialmente de férias, havia a grande festa da colheita, organizada pelos veteranos mas todo trabalho feito pelos calouros. Eu nunca consegui descobri o porque desse nome, talvez pelos barris de cerveja? Ano passado não havia conseguido ir, Lucas me arrastou com sua família para Orlando, mas esse ano eu não perderia. As histórias loucas da festa rondam os corredores o ano todo. Enfim, o foco da festa é a garrafa dourada. Uma garrafa roubada de um estúdio de filmagem profissional há anos atrás, que continha a bebida mais forte e deliciosa da festa (um dos veteranos fazia um drinck ótimo) e ela estava escondida em algum lugar do Campos, a pessoa sortuda que a encontrasse ganhava alguns privilégios pelo resto do semestre. Grande coisa... Então, para dar pequenas pistas, os veteranos mandavam mensagens de aparelhos confidenciais para todos os interessados (definitivamente não é o meu caso).
ACHO QUE VC NÃO SABE BRINCAR. Digitei e mandei de volta. Mas não houve resposta desta vez. Por ver das dúvidas, desliguei o celular, evitando olhar para as mil mensagens de me desculpe de Christopher. Podíamos guardar o drama pra amanhã... Quando eu estiver realmente acordado.
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Carlos
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Eu seguia correndo normalmente o caminho de volta para a minha casa. Correr todas as manhãs passando pelo parque e depois comprar os pãezinhos frescos da minha mãe na padaria perto de casa era o que eu fazia todo dia por anos.
Um cara de capuz corria atrás de mim, um pouco perto demais. Comecei a desacelerar de propósito, queria ver quem era.
Desde que eu soube que também curtia homens, e da decepção com Gabriel, eu comecei a correr nesta rodovia. Vi na internet que o point gay discreto era aqui, e já havia conseguido umas boas fodas com estranhos. O corredor ainda estava me alcançando, e eu querendo ver seu rosto, obviamente, quem não era eu já sabia. Então, o rosto ofegante de Lucas olhou para mim.
- Opa, beleza? Cumprimentou ele entrando no meu ritmo de corrida.
- Beleza e tu? Respondi, nos dois ainda correndo.
Ele deu de ombros e deu um meio sorriso. Toda vez que eu o via, lembrava de Gabriel, não tinha como, parecia automático, porém, desta vez eu não lembrei dele de cara. Tipo, Lucas tava usando um daqueles shorts justos de academia e Puts... O cara tinha umas coxas gostosas.
- O que tem feito? Perguntou ele atraindo minha atenção de volta para seu rosto. Ele parecia meio sem graça com a situação, quer dizer, é quase a mesma coisa que você encontrar seu melhor amigo no Tinder e você nem sabia que ele tava usando.
- Hum, nada demais, você?
- Nada também, só indo pra casa... Bora la? Ele olhava para o chão, talvez esperando a resposta mas com vergonha demais para encarar. Tentei pensar no assunto... Mas o tesão matinal estava sempre em alta. Por outro lado, Gabriel nunca ia me desculpar se soubesse que eu e Lucas... Ah quer saber? Que se dane o que ele pensa. Ele que se foda com seu namoro incestuoso.
- Só se for agora. Falei e então começamos a correr mais rápido.
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Gabriel
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- Oh, sério mesmo? Perguntei a Lisa enquanto ela me empurrava para dentro do que parecia uma espécie de cápsula do tempo. Um trabalho feito pelos veteranos obviamente.
Outros alunos da faculdade se empurravam para dentro e logo eu estava parado na clareira do lugar. Havia fotos de todos ali em festas, reconheci alguns rostos de pessoas desmaiadas ou vomitando. Hum, bêbados são tão divertidos.
O celular dela vibrou e acendeu em sua mão. Lisa soltou um gritinho vendo a tela.
- O que foi? Perguntei.
- Acho que algum veterano afim de mim quer me dar a garrafa dourada.
- Aonde está?
Sem dizer nada, ela me puxou pra dentro de um mundo de panos de tnt preto e eu já nem sabia aonde estava de verdade. O som já não estava mais tão alto, e uma Lisa meio bêbada cambaleava apertando minha mão. Entramos então no corredor sombrio do prédio, pelo a parte dele que estava fechada para o evento dos alunos.
- Seu admirador mando a gente para cá? Serio? Falei.
Mas Lisa nem ligou, acedeu o flash do seu celular e seguimos até a metade do corredor.
- Lisa? Aonde estamos...
Tudo aconteceu muito rápido. Uma porta de uma sala se abriu, e um vulto veio para cima de nós. Lisa gritou, caindo em cima de mim, seja quem ou o que for, segurou ombros me arrastou. Aquilo ia deixar marca.
Me debatendo no escuro, consegui me soltar e então senti o chute forte nas Minhas costelas. Berrei como um louco de dor. Lisa se levantou e se atirou na silhueta escura. Fechei os olhos tentando me focar na dor, tentando fazê-la parar ou diminuir. A pessoa assombrosamente grande girou minha amiga para longe. Peguei meu celular do bolso e disquei o número do Christopher, o sombra retornou e chutou MEU rosto, atirando meu celular para longe. Gritei novamente e Lisa gritou mais alto ainda.
- Ei! O que tá rolando aí?! Gritou a voz longe de um garoto. Tentei focar no escuro para ver aonde meu agressor estava, mas logo tudo ficou escuro demais.