Uma coisa engraçada sobre relações com pessoas: você não percebe o quanto gosta e precisa da pessoa ate a chance de perdê-la aparecer. Isso já havia acontecido uma vez comigo quando meu vô ficou doente, a mera possibilidade de perdê-lo me apavorava, mas graças a Deus ele se recuperou e esta bem ate hoje, na verdade acho que há mais possibilidade de eu partir dessa pra uma melhor (ou pior) antes dela. Porque eu estou falando isso? Bom, pode parecer nesse momento somente palavras que escolhi para começar o texto, mas não meus caros amigos, infelizmente eu iria experimentar essa sensação muito antes do que imaginava.
Quem dera eu saber o que estava por vir enquanto Carlos me olhava sentado na minha cama, os olhos verdes brilhando de felicidade por ter falar de Arthur, parecia uma criança prestes a ganhar uma recompensa por bom comportamento.
— Alias, ele ta la na sala me esperando – continuou Carlos, como se eu não já estivesse mal o suficiente – vamos tomar sorvete depois.
— Carlos – comecei eu, as mãos suando frio devido a um misto de raiva, tristeza e ciúmes – você sabe se ele curte?
Carlos arregalou os olhos, pensou um momento e me respondeu:
— Bem, não sei, mas ele tem sido tão legal e carinhoso comigo.
— Você ta parecendo uma garotinha de quinze anos suspirando pelo ídolo – respondi.
— Poxa Otavio, tu bem que podia ficar feliz por mim em vez de enxergar defeitos.
— Estou feliz por ti, mas...
Nesse momento Arthur entrou no meu quarto. Poxa, era incrível como ele conseguia ser sensual de um jeito todo inocente, o cabelo cacheado estava escondido sob um gorro de tricô, vestia uma regata branca e por cima uma jaqueta quadriculada vermelha, uma calça jeans e um all stars branco fechava o pacote.
— Eu já estava indo – disse Carlos com medo de estar fazendo Arthur esperar demais
—Ok, mas vim conversar um pouco com o Otavio, me da licença Carlinhos? – Perguntou o moreno ao ruivo com uma intimidade que fez meu rosto queimar de raiva.
— Claro – disse Carlos que ficou tão bobo que nem perguntou o motivo de Arthur querer conversar comigo a sos.
— Bem – começou o moreno depois que Carlos havia saído – me desculpe por aquele dia na academia, acabei descontando anos de raiva reprimida em você.
— Não tem o que de desculpar, você estava certo – disse em resposta
— Você não tem culpa dos trigêmeos terem sido tão maus comigo.
Se tu soubesse que fui que te empurrou da escada – pensei comigo mesmo.
Ele tomou fôlego por alguns segundos como se estivesse formulando as palavras para me dizer
—Depois que... – ele continuou, mas vacilou ao dizer a frase – depois que eu sai da escola, fiquei muito mal, não queria que eles tivessem aquele poder pra me atingir, abandonei a casa dos meus pais e mudei de cidade e fui morar com meus tios. La como não tinha que trabalhar tive mais tempo de cuidar de mim. Coloquei um aparelho nos dentes, passei a usar lentes, e dei um jeito no cabelo, que só era tão ruim porque não tinha tempo de penteá-lo de manha se não perderia o ônibus pra escola, ah, e também comecei a malhar.
Nunca havia percebido como a aparência rege esse mundo, antes de eu começar a me cuidar, as pessoas nem me notavam, quando entrava em uma lanchonete ninguém vinha me atender, ou ate mesmo em lojas de roupas, talvez tenha sido por isso que me vestia tão mal. Depois de mudar as vendedoras e ate vendedores brigam pra me atender – nessa hora dei um risinho – não to mentindo cara, teve uma vez que fui comprar um tênis e as vendedoras começaram a discutir pra me atender, e o pior era que elas já estavam atendendo outras pessoas e não deixaram as vendedoras que estavam livres me atenderem, sai de la morto de vergonha. No fundo eu gosto de ser notado, só queria que as pessoas me notassem pelo que eu sou, não pela minha aparência ou pelo que visto.
<<PASSADO>>
— Me soltem – gritava pardal enquanto Gabriel o segurava por trás para que os irmãos o batessem
Todo dia era assim. No final da aula os trigêmeos pegavam Arthur e o espancavam, e eu ficava de vigia caso algum adulto aparecesse, sei que era covarde, mas andar com eles me trazia respeito e como Arthur nunca nos dedurou já havia me conformado com a situação. Assisti quando Arthur teve o rosto chutado varias e varias vezes, os óculos quebrados e as costas pisoteadas por aqueles selvagens em corpo de anjo.
Agora pensando bem acho que os três nutriam sentimentos pelo Arthur, já os peguei varias vezes olhando-o com um olhar triste e distante, como se pedissem desculpa. Na verdade como nunca pensei nisso? Eles nunca haviam ficado com menina alguma apesar de serem extremamente lindos, ate mesmo eu já havia ficado com mais garotas na escola do que eles e era porque todos os três eram apaixonados por ele, e para não deixar que nenhum dos outros descobrissem a verdade, maltratavam o pobre coitado.
— Gente acho que ele desmaiou – eu disse notando que ele havia parado de se debater
— Fraquinho demais – disse Andre rindo e os outros dois acompanharam-no nas gargalhadas – deixa ele ai e vamos embora antes que alguém chegue.
Começamos a correr, mas batemos de frente com o diretor, que ao ver Arthur caído no chão inconsciente quase teve um treco, ele nos fez ficar la enquanto socorria o moreno caído no chão e logo em seguida ligava para nossas mães.
<<\PASSADO>>
Uma raiva subiu pelo meu peito, como eles podiam feri-lo em vez de cuidá-lo? Cada soco desferido em Arthur era a resposta de um amor reprimido, amanha mesmo iria procurá-los para esclarecer toda essa historia.
— Ei, Otavio – disse Arthur estalando os dedos para chamar minha atenção.
— Oi, desculpa, viajei aqui – ele era tão lindo, os olhos azuis penetrantes davam um contraste magnífico com a pele morena.
— Bem depois de eu te contar uma coisa dessas? – Ele perguntou começando a ficar irritado
— Foi mal, tava lembrando da nossa época de escola
— Gostaria de esquecer essa época – ele disse – bem, já vou indo tomar sorvete com o ruivinho, ate mais, vê se aparece nas aulas, senti sua falta.
Ele disse caminhando em direção a porta, mas antes de alcançá-la caiu de cara no chão, como uma boneca deixada em pe sozinha.
— Arthur, Arthur, Arthur – comecei a gritá-lo enquanto o sacudia – Arthur, Arthur, Arthur – continuava gritando, e me disseram que eu ainda estava gritando seu nome quando os paramédicos chegaram e o levaram para o hospital, e enquanto minha mãe levava a mim e Carlos para la, pois para mim tudo isso ate hoje não passa de um borrão.
Eae galera, vlw pelos comentarios, e quanto ao tamanho do texto so tenho a dizer que escrevo ate ficar satisfatorio,e as vezes preciso de tempo pra lembrar certas coisas e não presto muita atenção ao tamanho, mas vou tentar postar mais frequentemente, quem quiser falar comigo pode me mandar um email , amo responder voces, flws galera