Ei medo! Eu não te escuto mais... (Capítulo 3)
É engraçado como a vida nos molda, não acredito em nada preparado, que já nascemos assim ou assado, acredito que somos moldados, seja por nossos gostos, seja pelo meio que nos cerca, seja pelas surras da vida, podem até criticar o meu pensamento, mas essa pra mim é assim que é.
Ele o observava enquanto dirigia, engraçado se afeiçoou ao garoto de forma tão grande e tão forte, que não sabia explicar o que estava acontecendo com ele. Leonardo normalmente era frio, gélido para ser mais exato, não gostava muito de se afeiçoar a alguém e muito menos se permitia apaixonar, eu diria que era um mal de família, depois que viu o sofrimento do pai e o mesmo dizer que não existe amor no mundo, ele tomou aquilo para si e passou a acreditar e vivenciar isso.
Leonardo, estava no auge da sua vida, como diria o filme de repente 30, na idade do sucesso, 30 anos, lindo, solteiro, rico, o que mais ele poderia querer? Todo final de semana estava com uma mulher diferente, amava as mulheres, mas também sentia atração por homens, especificamente garotos, achava eles lindos, a esperança, o brilho no olhar, mas mesmo assim nunca chegou a ficar com um, ele achava aquele desejo um tanto quanto maluco e não deixava o consumir, pode-se assim dizer.
Olhou para o lado novamente e encontrou o olhar de Felipe, sorrio consigo mesmo, e Felipe continuou a o olhar sério, fazendo com o que o mais velho ficasse sem graça e retomasse a olhar a pista a sua frente.
- Engraçado, você não se apresentou, qual o seu nome?
- Leonardo e o seu?
- Felipe, acho que devo estar maluco, ou não penei direito, você poderia parar o carro?
- Por qual motivo eu iria parar?
- Você não vê, não percebe que não nos conhecemos e eu louco acabei aceitando vir com você, mesmo com seu olhar seguro o mundo não esta confiável hoje em dia, ou vai me dizer que não assiste jornais?
- Você fala disso, não sei bem sobre muitas coisas que acontecem ao meu redor, só se de certa forma me atingirem, por exemplo algo que aconteça da bolsa de valores, o aumento ou a queda de valor de algo que vá me afetar financeiramente, fora isso não ligo muito par o que os jornais dizem.
- Bem frio você não é?
- Eu não diria frio, diria focado.
- Focado em que? No seu umbigo?
- Língua ferina a sua em?
- Chegamos, moro nessa rua.
O garoto então perdeu o ar, seus olhos ficaram encantado com tamanha beleza e luxo de uma rua, ficou sem entender como não sabia da existência daquele lugar, aquilo era mesmo sua cidade? Como não sabia da existência daquela coisa tão grandiosa, seus olhos brilhavam de encanto e espanto. O mais velho rio da cara engraçada do menor e tratou de tirar o mesmo de seu devaneio.
- Vai ficar sentado ai? Já estamos em minha casa.
- Casa? Não era a rua?
- A rua era lá atrás, aqui já é minha casa.
- E eu achando que já tinha visto de tudo, muita desigualdade mesmo, acho que minha rua cabe dentro da sua casa.
- Não seja exagerado, não cabe não, ela nem é tão grande, se acostuma normalmente.
Vamos entrar logo, você precisa de um banho e trocar essas roupas suja. Disse enquanto abria a porta de sua casa e seu universo para aquele garoto que entrara em sua vida.
Espero que gostem. Até mais ver pessoal.