Amor de Oficina - Parte XXI

- Não vou atender – Falei, depois de um bom tempo tocando.

- É seu pai. Não sei o que aconteceu, mas você ainda sim deveria falar com ele... – Raciocinei um momento. Meu pai não havia me dito nada ainda. Uma pontada de esperança surgiu dentro de mim. Atendi o telefone.

- Fernando querido, onde você está filho?

- Em Itajubá – Falei seco.

- Filho... Por que você foi pra ai hoje?

- Sua mulher não te contou nada, pai?

- Ela me contou tudo. Você devia ter falado comigo na hora!

- Pra que? Para você falar que eu também sou um aborto da natureza e que não deveria ter nascido?

- NÃO! Pra te falar que você é meu filho e eu te amo do jeito que você é... – Ele falou calmo.

Fiquei sem silencio. Aquilo me pegou de surpresa. Eu esperava que dos dois, o que teria a pior reação era o meu pai. Mas não. Eu estava enganado.

- C-como assim? – Perguntei, ainda sem entender.

- É simples, filho. Para mim não importa quem você namore, quem você ame, com que você se case. Com quem você more. Eu quero você feliz. E... Nesse final de semana em que o Nick esteve aqui... Você nunca esteve tão feliz antes. Isso para mim é... reconfortante.

- Eu te amo pai – Eu chorava. Nat me abraçava.

- Eu estou indo para Itajubá, filho!

- Não precisa pai. Eu estou bem. Estou bem!

- Filho...

- Sério pai... Eu estou bem. Eu tenho amigos aqui. Eu tenho Nick.

- Tudo bem, filho. Qualquer coisa me ligue filho. Eu te amo, meu querido. E há, avisa o Nick que o Vasco joga, viu! – Eu ri, limpando o choro.

- Tudo bem, pai! Eu aviso.

- Te amo.

- Te amo.

Desliguei o cel com meu pai e ri para o telefone.

- Ele me ama – falei chorando no ombro da Nat.

- Agora me explica tudo o que aconteceu esse final de semana. Só me conta. To curiosa com os babados. Pelo visto foram fortes.

- Nossa Nat. Você não existe... Olha o estado que eu chego e você só quer saber de fofoca... – Falei em um tom brincalhão. Eu gostava da Nat.

- Fofoca não. Babado. Fofoca é quando acontece com os outros... Mas pelo visto aconteceu foi com você! – Eu ri.

Contei tudo para ela. Ela fazia uns comentários que me matavam de rir no meio da história. Ela conseguiu tornar uma história trágica e triste em algo divertido. Eu gostava disso nela, ela sempre via as coisas pela melhor perspectiva possível.

Nesse dia quem cozinhou foi a Nat. Ela fez um sanduiche para eu e ela comermos juntos. Tinha muito tempo que eu não conversava com ela.

Ela havia tido uma recaída e ficado com Matheus de novo.

Por falar em Matheus, ele tá sumido da história né? Pois é. Achei estranho também esse sumiço dele, mas de fato ele sumiu. Vez ou outra a gente via ele no DA, cumprimentava muito rápido e morria ai.

E o Baja? Indo. A gente estava quase terminando um projeto extremamente complexo de suspensão. Eu já conseguia discutir por igual suspensão com ele. Eu estudava isso em todos os meus tempos livres.

Nessa brincadeira de estudar suspensão eu já tinha até visto algumas coisas de EDO, calculo 2 e 3... Eu era mais inteligente do que eu achava que era... Nick e o restante da equipe ficaram assombrados com a rapidez que eu aprendi tudo.

No outro dia que eu cheguei em Itajubá, Nick foi lá em casa. Eu não esperava essa visita dele, tendo em vista que ele sempre me avisava quando ia.

- Nando, eu tomei uma decisão – Ele me falou depois de entrar na minha humilde kitnet.

- Qual é essa decisão, meu bem?

- Eu não quero mais esconder nossa relação... Eu já vi um lugar para morar, já que na minha rep eles não vao aceitar

- Nick... Você não precisa...

- Realmente não preciso. Mas eu quero. – Ele me abraçou, fitando meus olhos. Ficamos um tempo ali, parados. Ele respirava forte.

- Nick...

- Nando... Você é meu namorado. Eu não quero que as pessoas nos vejam de outra maneira.

- Eu te amo.

- Eu te amo muito mais, meu chuchuzinho – EU ri.

- Se você me chamar de chuchuzinho de novo eu termino esse namoro – Nick gargalhou alto.

- Tudo bem, meu docinho de abobora – Eu dei um soco fraco no peito dele.

- Bobo – Nick mexia com a minha cabeça. Mexia facil com a minha cabeça.

Depois disso, fomos para a minha cama. Vocês já sabem o que rolou né? Acho que eu não preciso nem ficar falando muito nisso.

Nick dormiu comigo nesse dia, dividimos minha cama de solteiro confortavelmente numa conchinha deliciosa. Eu me sentia protegido de todo o mal do mundo abraçado com Nick.

A semana que se seguiu e eu Nick ficamos quase todos os dias até as 3 da manhã na oficina. Nós estavamos vendo alguns paremetros do carro e regulamento, junto com os outros membros de suspensão.

Lembram do segredo? Então... Havia chegado a hora de revelar. No dia que nós marcamos a reunião, Nick me falou, depois de uma foda gostosa:

- Deixa que eu falo tudo. Eles vão ficar putos, mas eu vou contornar toda a situação, ok? Só... deixa eu falar – Concordei com ele.

Chegamos na oficina, sentamos em volta de uma mesa e o Nick começou um discursinho.

- Pessoal, nosso projeto ta muito promissor. O projeto está excelente, vocês estão de parabens.

- Você chamou a gente aqui só para dar parabens? – Alex (membro de suspensão) perguntou.

- Na verdade não. Há algum tempo eu e Nando estamos vendo outras configurações de suspensão. Lembra aquele projeto simples de sistema massa-mola-amortecedor que eu pedi para vocês? Numa pesquisa, Nando descobriu um jeito não convencional de fazer. Na hora eu achei que ele falava merda. Mas quando eu vi o que ele tinha achado, eu comecei, em segredo, a pesquisar, desenvolver.

- Sérião?

- É. Olha isso – Nick pegou o notebook dele e simulou vários parametros da suspensão que nós haviamos projetado. Os outros dois membros ficaram meio com o pé atras e até putos, mas em comparação com a atual, era muito melhor.

- O que vocês acham?

- Realmente é muito superior a nossa atual, mas por que vocês não falaram nada?

- Surgiu como apenas uma ideia. Mas Nando foi pesquisando e aprimorando. Quando eu dei por mim, o projeto já estava muito avançado. A gente não pode disperdiçar isso.

- Realmente não. Mas... Foi Nando que fez?

- Quase 80%... Eu só conferia o que ele fazia.

- Cara, você um gênio! – Alex me falou. Ri. Era mentira, claro. Nick me ajudou muito, mas ele disse que era para ele falar e eu ficar quieto. Foi o que fiz.

- Pessoal, até a apresentação geral semana que vem, faltam alguns detalhes para terminar. Vocês estão dispostos a ajudar?

- Sim. Mas Nando vai precisar passar para a gente o que ele fez para a gente se integrar...

- Ok! Podemos começar hoje?

- Sim!

Nesse dia ficamos até as 7 da manhã na oficina. Eu repassei tudo o que eu tinha estudado. É claro, Nick me ajudou nas partes que eu me perdia. No fim da noite, ou melhor, do periodo que nós ficamos, Nós terminamos tudo.

Nick passou coisa para todos fazermos. Ele me levou em casa e eu dormi nos seus braços, mais uma vez. Isso foi numa quinta.

Na sexta, ele me acordou com um beijo.

- Nando, hoje nós vamos para Poços de Caldas.

- Oi? – Ele me pegou de surpresa.

- É. Hoje eu quero te apresentar para os meus pais. Como meu namorado.

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Pessoal, peço desculpas pela demora em postar essa nova parte. Tive milhões de problemas esse periodo... Um deles é o Calculo 3. Quem faz engenharia ou algum curso de exatas sabe do que eu to falando...

Anyway, agora eu vou ser mais regular nas postagens.

Um forte e carinhoso abraço!