O tempo passou e eu me encontrava de 8 meses, estressada, chata, inchada. Raphaela tinha a maior paciência do mundo comigo gente, me amava com carinho, brigava comigo com carinho. Sabia que eu estava mais sensível que nunca, eu cheguei a chorar pelo fato que ela ralou uma cenoura na minha frente para fazer bolo, eu estava com desejo e ela ia fazer bolo de cenoura, quando eu vi ela ralando a coitada chorei horrores, argumentos: ela deve ta sofrendo. Mas de jeito algum deixei ela parar de fazer o bolo, oras, estava com desejo. Estava na última semana de trabalho, ia pegar minha licença, Beatriz não parava de correr atrás da Rapha, isso me irritava muito, discutiamos quase todos os dias, estávamos como duas estranhas na última semana, e o fato de Beatriz incomodar nossas vidas estava contribuindo bastante. Era sexta feira, combinamos de ir jantar, minha despedida. Rapha veio imediatamente a mim dizendo que nós nos encontraríamos lá, achei estranho e no fundo chateada. Combinamos tal horário com o pessoal e Raphaela demorou uma hora e meia a chegar, eu ligava e ela não atendia, pior, desligava na minha cara. Chegou na mesa, não me cumprimentou e ficou a noite inteira mexendo no celular. Eu tava com um embolo na garganta enorme, chamei ela pra ir ao banheiro e ela me acompanhou, chegando lá não consegui segurar e dei vazão ao choro, o que irritou Raphaela.
Rapha: Para, pelo amor de deus. PARA
Eu: O que ta acontecendo amor?
Rapha: Chega de chorar Letícia, só faz isso da vida, cala um pouco essa boca.
Cada palavra me magoava mais ainda, eu sabia que eu tava sendo chata, claro que sabia, só não conseguia me controlar. Me recompus.
Eu: Ok, se deu conta que o fardo é demais pra ti, não é mesmo?
Rapha: Para, por favor, vamos nos magoar
Eu: Você já fez isso, não se preocupe com os danos, é a Beatriz não é? Você tava com ela, eu sei que tava, isso perfume não é meu
Raphaela me olhou surpresa, eu eu sabia que eu própria tinha respondido as minhas perguntas. Tava destroçada, mas tudo bem, com o pouco de dignidade que me restava, levantei a cabeça.
Eu: Obrigada por esses meses, obrigada por fazer acreditar que eu me sentia amada, obrigada por cuidar de mim e da minha menina. Mas eu não preciso passar por isso, não mesmo. Obrigada Raphaela.
Sai do banheiro, pedi milhares de desculpas ao pessoal, paguei a conta e fui pra casa, destruída, é claro. Passou duas semanas desde o ocorrido, Raphaela veio ate a mim todos os dias, eu só pedia pra ela não forçar mais nada entre a gente, pedi distancia pra me curar, eu me torturava todos os dias por não saber o certo se fui ou não traída, fiquei essas duas semanas na cama sem vontade de nada. Me sentia triste. No sábado recebi uma visita de Beatriz, não me faltava mais nada.
Eu: O que você quer?
Beatriz: Saber como você ta
Eu: Conta outra
Beatriz: Mentira mesmo, queria ver o estrago de perto, que cara a sua, chorando por alguem que não ta nem ai pra você
Eu: Sai da minha casa, por favor
Beatriz começou a berrar: Você não ia ter ela por muito tempo, achas mesmo que ela ia perder tempo cuidando de uma criança, para né, iludida
Saiu batendo porta, eu estava tonta, pesada, com a minha bolsa estourada e com muita dor, resolvi ligar pra Rapha, a única pessoa que eu poderia talvez contar.
|Ligação on|
Rapha: Le?
Eu: Eu preciso de ajuda, vem pra cá
Rapha: Que voz é essa? Ta tudo bem?
Eu: Vai nascer Raphaela, vem logo
Minha respiração tava forte, eu sangrava e eu sabia que isso não era bom.
•Raphaela on•
Cheguei rápido na casa da Letícia, tinha as chaves, ela se encontrava no sofá sangrando, me desesperei. Corri com ela pro hospital, as notícias não era das melhores, Ana Júlia nasceu prematura, um parto super complicado que quase custou a mae dela, Letícia entrou em coma induzido, ficando assim quatro semanas. As semanas mais difíceis pra mim, eu cuidava de Ana, e vivia no hospital, a mae da Le veio me ajudar. Eu me encontrava num caos total, não tinha mais vontade de nada, só de ficar com a Ana o dia inteiro. Uma vez por semana eu levava nosso bebê pra ver a Lê. A única alegria no meio do caos. Era uma hora da tarde quando o hospital me ligou dizendo que a Letícia tinha acordado na noite anterior, que fez uma bateria de exame pra ver se estava bem e que se encontrava em fisioterapia, tinha coordenação motora quase que 100% mas que era um procedimento porque ela ficou um mes parada. Corri pro hospital, esperei a hora da visita e chorei demais quando vi ela.
Rapha: Graças a deus, eu ... Medo, eu juro que entre eu e a Beatriz não rolou nada naquele dia, ela tentou, mais de três vezes, eu me sentia imunda por ter ido ver o que ela queria sem antes ter te contado, só não aguentava mais as nossas brigas, por favor, volta pra mim, esse tempo todo foi uma agonia, perdão ..
Letícia chorava e me olhava
Letícia: Calma, eu acredito, eu sei que foi mentira, ela foi atrás de mim, eu pude ver a mentira no rosto dela
Abracei ela ela forte e ela reclamou
Letícia: Calma, ainda sinto dores musculares por ficar tanto tempo sem se mexer .. E o meu bebê?
Eu: Ta enorme, cresceu saudável, três quilos e quinhentos, 42 centímetros, no dia 6 de novembro de 2011, sim ficasse quase um mes em coma
Letícia: Quero ver ela, tem foto? Me mostra
Mostrei as fotos dela, minha menina chorava, eu me sentia a mulher mais completa do mundo.
Galera, me desculpem não ter postado ontem, estava muito ocupada, mesmo! Boa noite 😘😘😍