Amarga Mentira - Epílogo

Um conto erótico de May Lee
Categoria: Homossexual
Data: 13/01/2015 22:24:19
Assuntos: Homossexual, Gay, Final

4 ANOS DEPOIS

Depois de tanto tempo, eu não sentia mais a dor de ter perdido alguém que eu amava. Eu sentia saudades. Nos primeiros anos foi muito difícil aceitar a sua partida.

Eu estava de frente de seu túmulo colocando as flores que todos os meses eu trazia. Olhando para os lados eu via tantas outras lápides como a que eu vinha visitar. Só que elas não tinham significados para mim. Só uma ali importava. E eu nunca mais ia vê-lo.

Todos nós que íamos visitar alguém ali tínhamos uma história. Todos tinham. Mas a minha havia sido difícil desde o começo. Eu perdi o homem por quem eu fui apaixonado por vingança. Por pura maldade. E que fim havia levado tudo? Qual o verdadeiro sentindo? Dor.

Naquele dia fazia exatamente quatro anos da pior noite da minha vida. Não por causa da dor, mas sim por causa da perda.

O Oliver, que na verdade não era esse o seu nome verdadeiro. Ele se chamava Xavier. E ele era um detetive disfarçado. Foi ele quem nos salvou. Se não fosse pelo Xavier, talvez, agora, estivéssemos todos mortos. Ele chegou bem a tempo de matar o Hugo e o Pedro antes que ocorresse algo maior, mas, infelizmente, não a tempo de salvar o meu amor. Mas ele me salvou, salvou ao Cristian e o Marc. Antes de ele ir até à casa do Pedro ver o que realmente estava acontecendo, ele pôde salvar o Marc e a sua alma. A principio pensaram que o Eduardo não fosse aguentar, mas ele resistiu. Ele foi forte o suficiente para voltar pro seu amor. Depois de um mês de luta o Eduardo saiu do hospital novinho. E eu compartilhava disso, pois eu passei ainda dois meses para ficar realmente curado.

O Eduardo havia me contato que tinha pedido para o Marc ir morar com ele. No começo fiquei um pouco receoso, mas eu sabia que eles se amavam. O Marc não queria me deixar até que eu ficasse bem. Mas eu disse pra ele não se preocupar, eu podia me cuidar. Mandei-o ir ser feliz com o Eduardo. E eles estão juntos até hoje. O Marc havia se tornado um grande homem e eu estava muito feliz por ele.

O Cristian que presenciou todo esse horror me ajudou bastante a atravessar a dor. Ele havia ficado bem. Ficou assustado com toda a situação, mas bem. E sobre os amores dele? Bem, ele tinha muita coisa pra contar, mas isso era algo dele.

Eu olhei para o céu fazendo uma oração silenciosa por ter comigo essas pessoas que não me permitiram cair.

- Oi, você vem sempre por aqui?

Me virei já sabendo quem era. Ele vinha todos os meses e também no mesmo dia que eu visitar o túmulo do seu pai que ficava ao lado do meu amado.

- Já faz três anos que a gente se conhece e você nunca cansa dessa brincadeira, John? – eu perguntei com um sorriso no rosto.

- Na verdade? – ele me deu aquele sorriso torto. - Não, eu não me canso. Vale a pena fazer a mesma piada só pra ver esse seu sorriso.

Quando eu vi o John vindo aqui pela primeira vez, eu estava chorando. E ele gentilmente me entregou um lenço e disse que a dor ia demorar a passar, mas ia embora quando a agente aprendia a aceitar. Desde esse dia pra cá nós criamos um certo tipo de amizade. Nós nunca saímos juntos, nunca trocamos o numero de telefone ou até mesmo uma carona. O nosso único contato era no cemitério quando víamos visitar nossos entes queridos.

Durante esses três anos a gente já sabia muito da vida um do outro. Era como se fossemos confidentes. Alguém na qual entenderia a dor, alguém pra compartilhar as lágrimas... No começou eu havia ficado com medo porque ele estava se tornando mais importante do que o necessário, então pesquisei sobre ele pra saber se eu realmente poderia confiar. Eu nunca contei isso pra ele, claro.

Quando completamos dois anos que nos conhecíamos, ele começou a ser mais aberto sobre os sentimentos dele por mim. Um dia ele me abraçou antes de ir embora e sussurrou no meu ouvido que achava que estava gostando de mim. Eu fiquei assustado, pois a ideia de me relacionar com outra pessoa me arrepiava. E mesmo assim o meu amado ainda era uma figura forte em minhas emoções. Ainda não estava pronto pra sair com ninguém. Mesmo que esse alguém fosse o John; o cara lindo que tinha um grande coração e era uma das pessoas mais gentis que já havia conhecido.

Mas ele não havia desistido. Todos os meses ele vinha, nós conversávamos e quando ia embora me abraçava e sussurrava que gostava de mim. E isso foi mexendo comigo. Só que eu tinha medo. Medo de me entregar e acabar sendo machucado. Ou até mesmo de manchar a memoria do meu amado.

Ao decorrer dos anos os meus sentimentos por ele foram só crescendo e eu não sabia o que fazer, pois o medo ainda me dominava. Então preferi ficar calado. A amizade já era algo importante pra mim. Só que seis meses atrás ele me surpreendeu. Estávamos cada um indo pro seu carro e de repente o John havia me parado e me beijado. Foi um beijo calmo, sem pressa e foi o lacre perfeito para tirar todas as minhas duvidas. Eu havia correspondido o beijo de A a Z, mas mesmo depois que ele me soltou eu não disse nada. Ainda me segurando, ele me disse:” Eu só queria ter a certeza que não era o único sentindo isso. Irei ter paciência e respeitar o seu tempo. Quando você estiver pronto, me deixe saber.” E desde esse dia ele realmente havia cumprido com o que ele disse.

E hoje estávamos aqui. Depois de um mês sem nos vermos, eu realmente estava com saudades dele. E hoje eu vim com uma decisão tomada. Eu precisava seguir.

- E como você está? Como foi o seu mês? – perguntei me aproximando dele.

- Foi cansativo e normal. Nada de interessante aconteceu, exceto que eu senti sua falta. – o John disse indo colocar as novas flores na lápide do seu pai. – E o seu?

- Cansativo e normal. – repeti suas palavras - E eu também senti falta de você. – eu disse o olhando.

O John se endireitou e olhou para o túmulo do meu amado e depois de volta pra mim.

- Você realmente quis dizer isso? – ele perguntou surpreso.

Era a primeira vez que eu o dizia que havia sentindo sua falta. Isso era um grande passo pra mim. Mas estava na hora de seguir em frente.

- Sim, e eu também quero te convidar para jantar hoje comigo. Será que você estaria interessado? – eu perguntei um pouco nervoso.

- Oh, bom senhor! Você não está brincando comigo? – o John estava com uma expressão divertida no rosto. – Como em um encontro?

- Sim, como em um encontro. – eu sorri pra ele.

- Você tem certeza? Total certeza? – ele perguntou pegando a minha mão.

- Sim, John! Eu quero tentar com você.

O John me puxou em seus braços e me apertou forte.

-Vamos escrever uma linda história juntos. Eu prometo.

- Será que você poderia me deixar a sós com ele antes da gente ir? – eu perguntei me afastando do John e apontando para o túmulo.

- Claro. – disse se afastando.

Eu olhei para o túmulo dele com total emoção. A decisão de seguir em frente veio dele. Ontem à noite eu havia sonhado com o meu amado e ele me disse pra seguir e que não tivesse medo. Sempre mandão, não? Quando eu soube que o meu amado não havia resistido ao tiro certeiro que o Hugo deu, o meu mundo havia caído. Mas ao longo desses anos eu fui aprendendo a lidar com isso. E hoje eu só tinha as boas lembranças dos nossos momentos como amigos e dos poucos meses como amantes. Poderíamos até não ter ficado juntos no final, mas o meu amor por ele ainda existia. Sempre existiria.

Nós lutamos, mas, infelizmente, no final os nossos carrascos fizeram os seus pontos sobre nós. Hugo, Violeta, Pedro e Thiago, tiveram o final que eles próprios escreveram pra si. Todos estão mortos. E eles tentaram levar a gente com eles, mas foi falha, exceto pelo homem que eu amei desde o principio. O homem que segurou a minha mão quando os meus pais morreram, o homem que me beijou pela primeira vez, o homem no qual eu amei e pelo qual fui amado.

- Obrigada por tudo, Fernando. – eu sussurrei enxugando as lágrimas que caiam pelo meu rosto. – Obrigada pelos momentos. Você sempre estará em meu coração.

Quando o Oliver me contou que o Hugo com apenas um único tiro disparado na cabeça do Fernando havia o matado, eu sabia que o meu coração tinha sido arrancado. Mas eu não poderia estar mais enganado. Ele ainda batia e podia viver novamente, eu só tinha que me permitir. Não iria deixar o Hugo, mesmo depois de morto, levar a melhor sobre nós. Afinal de contas, eu ainda estava vivido.

- Adeus, Fernando. – eu olhei mais uma vez pra a sua lápide antes de ir em direção do John.

Eu não tinha certeza do que viria a seguir, mas eu iria tentar viver novamente.

- Você está pronto, Stefan? – perguntou o John pegando a minha mão.

- Sim, eu estou pronto, John.

Apertei sua mão precisando do apoio para escrever um novo começo sobre o meu amanhã.

*************************************************************

Oi, meus amigos! Acabou, né? Eu estou em pedaços aqui. Escrever esse epílogo foi o mais difícil pra mim, pois eu realmente matei um dos meus personagens que mais amava. Apesar de o Fernando ter sido isso ou aquilo, ele cuidou do Stefan e o amou também. Do jeito dele, mas amou. Eu não queria ter o matado, mas eu precisava fazer. Afinal, era a vingança do Hugo; fazer o Fernando sofrer e depois o matar. Felizmente o nosso querido Stefan sobreviveu e depois de tantas anos decidiu se dar uma chance de novo começo. Marc e Eduardo(amo esse casal) estão felizes. E o Cristian só Deus sabe como ele se resolveu, mas tá bem. Quando eu comecei a escrever Amarga Mentira eu havia planejado matar o Marc pelas mãos do Thiago. Mas ao decorrer da estória eu vi que esse personagem havia sofrido demais, e eu seria muito cruel em matá-lo. E nem que eu quisesse eu seria tão injusta com ele. Não mesmo! Então eu resolvi matar o Fernando, pois tudo começou com ele e não por culpa dele. Nada do que aconteceu foi culpa do Fernando. O Hugo iria matar o Fernando mesmo que ele tivesse ido por outros caminhos na estória. Mas como o Fernando voltou para o Stefan, o Hugo acabou envolvendo todos que eram importantes pro Fernando, pois ele queria o ver sofrer. E eu espero que vocês tenham gostado desse finalzinho. Foi bem simples, mas foi muito significativo pra mim. Matar o Fernando foi difícil pra mim, mas necessário. Eu tinha que fazer isso. Pois entre ele e o Marc, eu mataria o Fernando por uma questão de lógica. Enfim, esse foi um louco passeio em minhas loucuras. Espero que da próxima vez que eu for escrever não seja algo tão tenso e triste como esse conto. Então esse foi o fim de Amarga Mentira. É com muito orgulho e emoção que o termino. Quero agradecer imensamente a todos vocês que me acompanharam até aqui. Agradeço pelo apoio e paciência que tiveram. Eu sei que demorei e foi um longo tempo que passei até chegar hoje aqui. E por uma grande coincidência, hoje faz exatamente 4 meses que levei pra terminar de publicar o meu conto. Esses 4 meses eu vivi muita coisa. Aconteceram grandes coisas nesse meio tempo, mas com o apoio, amizade e carinho de todos eu sobrevivi. E eu fico muito feliz também que ao longo desses 4 meses eu fiz grandes amigos. Amigos esses que eu quero levar pra sempre. Amigos que me aceitaram sem julgamentos; amigos que torceram por mim e amigos que ao longo desse caminho me apoiaram. Eu gostaria muito de agradecer um por um, mas acho melhor não senão vai ficar maior que a bíblia. srsrsrsrsrsr Mas obrigada sempre pela companhia e por todas as palavras. Eu só tenho a agradecer por tudo. Eu não teria conseguido chegar até aqui sem o apoio de cada um. Vocês são especiais pra mim e eu fico mais que agradecida por vocês terem me aceitado tão bem. Me desculpem se eu os decepcionei ou até mesmo se chateei alguém, nunca foi minha intenção. Me desculpem! Obrigada a cada um que se aventurou junto comigo nessa trama. Quem sabe eu não volte com mais?! Enfim, obrigada por tudo meus queridos. Vocês sempre serão mais que bem vindos. Todos! Obrigada aos anônimos por terem seguido junto comigo também. Obrigada por lerem e vocês são igualmente importante pra mim. Muito obrigada por tudo. Fiquem com o meu eterno abraço, gratidão e carinho. Um grande beijo no coração de cada um de vocês. Fiquem com Deus!


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Comentários

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19/07/2016 04:23:53
Muito bom
24/02/2016 22:53:51
Todos os contos foram muito bons.
11/02/2016 02:11:20
li seu conto hj, mto lindo me emocionei mto no final fiquei triste com a morte do Fernando, no começo do ultimo cap eu cheguei ateh achar que era o Eduardo, depois que era o Stefan que tinha morrido, vc meio que fez um suspense ali, soh descobri que era o Fernando qdo vc narrou: "O homem que segurou a minha mão quando os meus pais morreram", parabéns e que venha o próximo conto, prometo acompanhar...
01/01/2016 12:57:30
Oi Amiga feliz ano novo te desejo todas as bençaos do senhor e que seus sonhos se realizem. bjos
05/09/2015 14:29:55
li seu conto hoje, nossa, sem palavras, chorei ate mas enfim nem tudo termina como gostariamos, a propria vida nos ensina e nos mostra que apesar da dor a vida segue ne, quiser as perdas fossem apenas em historias e estorias . Belissimo conto nota mil pra vc!
29/07/2015 15:35:31
Achei maravilhosa tua historia amei ...Apesar que um dos personagens mais amado por mim tu mataste... Quero que escreva outra historia, pois tu tem talento ,por favor não nos abandone ok! Beijos
19/01/2015 23:53:52
Triste pela morte do Fernando, mas a sua trama é excelente. Parabéns!
19/01/2015 16:17:40
Deve ter sido difícil pra vc essa escolha final... Infelizmente na vida minha querida May, há perdas e saudades... Uma palavra define seu conto: RECOMEÇO... Va que tanto me admira, passou a ser admirada também... Grande beijo e até a próxima curva dessa longa estrada chamada vida...
19/01/2015 16:10:02
Oi Nando respondi seu email estou aguardando a sua resposta, meus pesames. Bjos Pri
18/01/2015 21:51:38
Esse final foi lindo ^-^ Fiquei feliz pois o Marc ficou feliz! E o Stefan encontrou alguém. As cenas no cemitério foram lindas, foi tudo lindo <3 Beijos \0/ :**
18/01/2015 11:30:45
Que tenso!. Eu estou....sem palavras, você faz um mistério e um trocar de visões excelentes. Eu lhe conheci em outubro (não tenho certeza), me interessei pela sua estória logo de cara, pois é bem escrita, bem argumentada. Desde o estopim fiquei receoso pelo final, afinal alguém tinha que morrer (dramas são tão tristes), e pensei ser o Stefan. Como em todo final, há tristezas e alegrias...eu diria que sua estória daria um ótimo filme, que me fizera ficar uma semana extasiado, ou seja você me conquistou!. P.s espero que venham mais personagens, mais situações, mais desenrolardes e quem venha mais!
16/01/2015 20:24:33
Entendi tua lógica entre Marc e Fernando, mas, como sou um romântico incurável, adoraria que ele tivesse sobrevivido. Ele também merecia ser feliz por mais tempo. Enfim, o fim está aí, não nos cabe opinar. Que bom que toda a camarilha morreu. Um abraço afetuoso, Plutão
14/01/2015 09:17:27
Kelly, estou desidratada de tanto chorar, aguentei firme até vc desvendar que pela lógica o sacrificado foi o Fernando. Sabe Kelly, adorei embarcar nesta "sua loucura", já disse e repito vc com este mistério e suspense me laçou do começo ao fim e torço para que vc continue a escrever e nos presentear cada vez mais com a sua loucura. Parabéns, um beijo da sua Mãezona Rose Vital.
14/01/2015 05:41:54
Apesar de triste, May, foi um final lindo e real. Gostei bastante, querida. Vai escrever outro?rs Tem potencial para isso, voce sabe. Beijos imensos minha amiga queridissima! Te adoro muitão!
14/01/2015 05:13:22
...não aguentei... carinhosa...mas que aceitou a...
14/01/2015 05:08:31
Oi May minha querida amiga, amei o final e sabe porque meus três personagens favoritos stefan marc e edu sobreviveram a essa triste vingança. Comecei o cap com o coração na mão achando que era o Stefan que tinha morrido então aguentei e avancei um pouco quando vi que era Fernando voltei li com cuidado e com calma. Estar excelente não sei pq vc estava apreensiva, fiquei triste pela morte do fernando mas fazer o que e fiquei muito feliz do Stefan encontrar o amor novamente. May eu que agradeço a deus o diaem que resolvi embarcar no que vc chama de sua loucura. Pq conheci uma pessoa meiga de coração de ouro, doce, carinhoso que a tão pouco tempo nos conhecemos mas que aceito minha amizade sem pedir nada em troca. Por isso que digo, obrigada por ser minha amiga, obrigada por compartilhar e obrigada pelo carinho, respeito e apoio sempre. Torço pra que vc continue a escrever. Bjos Maria :)
14/01/2015 00:53:49
Ai nao creio q foi o fernando q morreu, mas o meu Edu nao morreu, entao numa boa. Beijos e abraços do Imperador haha :)


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