Elementary - P.9

CAPÍTULO 9: SÓ SEU.

Ian e os quatro subiram em seus cavalos, e quando íamos saindo Arya segurou minha mão direita, me fazendo parar.

- Hizel... Eu quero que saiba que sempre que precisar conversar, de uma amiga ou simplesmente desabafar, é só pensar em mim e eu lhe ouvirei, eu vou estar sempre aqui.- Ela apontou para o meu coração.- Com você. Não importa a situação, eu sempre lhe oivirei...- Ela sorriu e eu apertei sua mão lhe retribuindo o sorriso.

- Obrigado...- Então sai galopando atrás dos outros.

[...]

- Então, qual é o plano?- Perguntou Enzo se aproximando de Ian. Os dois iam na frente, enquanto Erin e Christopher os seguiam ao meio e Bloondie ia ao meu lado, um pouco mais atrás. Já estávamos na estrada à pelo mesmo uma três horas. Eu ignorava qualquer contato, mesmo com Bloondie. Quando ela falava comigo, apenas assentia e forçava um sorriso, logo ela entendeu que eu precisava de espaço e calou boca.

- Iremos até as montanhas de gelo. Precisamos recolher o máximo de informações possíveis para então, tentar encontra-la.- Disse Ian com a voz rouca.

- Quanto tempo até lá?

- Um mês à cavalo, sem contar com a escalada, que demora mais uns dois dias.

- Tudo isso? Nossa...- Enzo olhou para trás e como se fosse um imã, minha cabeça levantou, me forçando a encara-lo. Ele parecia preocupado. Mordia o lábio inferior de um jeito fofo e juntava as sobrancelhas. Logo depois ele voltou a olhar para a frente e eu novamente afundei na cela do cavalo.

Estava começando a escurecer e o frio logo pairou sobre nossa pequena caravana dos guerreiros indomáveis. Peguei um casaco de pele em minha mochila e vesti, sentindo um grande alívio por estar quentinho.

- E melhor pararmos para acampar.- Sugeriu Bloondie a Ian.

- Não, se continuarmos chegaremos mais rápido.- Protestou rígido.

- Eu concordo com a Bloondie.- Disse Enzo.

- Não. Eu sou o guia e digo para continuarmos em frente.- Os dois se encararam por alguns segundos.

- Más eu sou o líder, e eu digo para acamparmos!

- E se eu...

- Ah, calem a boca!!!- Gritei me aproximando.- Eu já estou de saco cheio disso! Ou comecem a se entender ou eu dou um soco em cada um, e os dois levam o farelo de vez!!! Vamos acampar aqui e ponto.- Disse descendo do cavalo.

- Más e se...- Ian começou a falar já sendo interrompido por Enzo.

- Não, ele disse que...- Antes que ele terminasse de falar, ergui o braço direito e simplesmente o estiquei reto, acertando em uma árvore e a mesma arrancou do chão com raiz e tudo.

Os dois areegalaram os olhos e ficaram paralisados acima dos cavalos.

- Vamos acampar, eu disse...- Ian desceu rápido.

- Eu concordo com você...- Enzo repetiu o ato.

Confesso que segurei o riso, más Erin, Bloondie e Christopher por outro lado... Gargalharam até não poder mais.

Nos posicionamos entre quatro grandes árvores e estendemos vários cobertores sobre o chão.

- Bom, eu trouxe algumas coisas para comermos. Não é muito, más o jantar e o café dá manhã estão garantidos...- Disse Bloondie entregando um saco à Ian.

- Obrigado, Bloondie.

- Eu vou fazer uma fogueira.- Enzo pegou algumas pedras, formou um círculo com elas e colocou alguns gravetos dentro.- Agora eu preciso que alguém procure lenha.- Christopher se ofereceu e entrou alguns passos na floresta.

Eu estava sentado junto ao tronco de uma das árvores. Nas raízes formava um pequeno vão, más que era grande o suficiente para me aconchegar perfeitamente.

- Ei...- Olhei para cima e era Erin.- Chega mais para lá.- Disse a loira se sentando ao meu lado.- Bom... Aquilo que você disse mais cedo... Foi muito legal.- Eu apenas sorri e assenti com a cabeça.- Era sério aquilo de morrer por qualquer um de nós?

- Com toda certeza.- Respondi fraco.

- Até, por mim?- Senti sua voz embargar.

- Sim.- Respondi convicto.

- Más, por que? A gente se odeia, eu não fiz nada além de infernizar a sua vida desde que nos conhecemos!- Ela pareceu abismada.

- Más veja por outro lado: eu e você passaremos praticamente o resto de nossas vidas grudados um no outro. Acho que uma hora ou outra iremos virar amigos.- Disse sorrindo.

- Você acha mesmo?

- Sim.- Ficamos calados por alguns segundos e nos olhamos sérios.

- Acho que não.- Disse ela.

- É, eu também acho.- Rimos e ela se levantou, indo até o irmão.

Christopher voltou com alguns pedaços de madeira nos braços e entregou a Enzo.

Ele colocou-as acima dos gravetos e deu um tapa com as mãos, como se estivesse amolando algo e uma chama caiu sobre a madeira, fazendo a mesma incendiar.

- Enzo!- Gritei fazendo-o me olhar. Então fiz sinal para que ele se aproximasse e logo ele estava à minha frente.

- Sim?- Ele se abaixou, olhando em meus olhos.

- Como você fez aquilo?

- Aquilo, o quê?- Perguntou confuso.

- Você fez fogo do nada; achei que fosse impossível fazer isso.- Ele sorriu lindamente e se sentou junto a mim.

- Você esqueceu do ar.

- Ar?- Agora eu estava confuso.

- Sim. Árquio me ensinou que no ar à vários tipos de gases misturados. Alguns deles são responsáveis pela combustão; por tanto, eu só preciso criar a temperatura certa ao redor das minhas mãos e os gases fazem o resto. Ai eu só aumento e controlo as chamas da maneira que quiser.- Ele sorriu novamente.

- Entendi...

- Arya não lhe ensinou isso?

- Não. Ultimamente estávamos mais focados no meu treinamento corporal, ela estava me ajudando a controlar a minha força. Quase não treinamos com água.

- Hum... Acho melhor começar a treinar você mesmo, afinal, vai precisar usar mais do que apenas força física no que ainda está por vir; quer dizer, se alguém realmente raptou a princesa, é porquê quer os poderes dela, e para boa coisa não deve ser.- Fiquei pensando por alguns segundos e realmente ele tinha razão.

- É possível também fazer água do nada?

- Creio que sim. O ar também é repleto de umidade, e umidade é água em forma de vapor. Vem comigo...- Ele me pegou pelo braço e fomos até um canto mais aberto da floresta, más sem nos afastar muito.- Aqui.- Paramos e ele soltou meu pulso.- Está sentindo?

- O quê? A única coisa que eu sinto é frio.- Disse fazendo uma cara engraçada e me abraçando.

- Pois então, é isso. Se está frio significa que há muita umidade no ar. Durante a noite a umidade é maior que de dia, por isso é mais frio.

- Hum...- Eu queria ser inteligente assim.

- Vamos lá. Tente sentir as gotículas de água no ar.- Ele estendeu as mãos abertas no ar e fez sinal para que eu repetisse o ato. Assim fiz.

Me concentrei o máximo possível e depois de alguns segundos, finalmente pude sentir. Era como se todo o local fosse parte de mim, tinha água por todo canto.

- Conseguiu?- Perguntou baixo tentando não tirar minha concentração. Apenas assenti e sorri.- Muito bem, agora tente juntar o máximo possível de vapor até virar uma bolha...- Puxei as minúsculas gotas de uma só vez e quando abri os olhos, havia uma bolha quase do meu tamanho à minha frente.- Nossa...- Olhei para seu rosto e ele parecia pasmo. A temperatura no local não era mais tão fria quanto antes. O orvalho que cobria as folhas havia sumido e os gravetos no chão estavam totalmente secos.- Isso foi incrível.- Disse ele sorrindo.

Sem pensar, soltei a bolha a fazendo cair no chão molhado tudo, e o abracei forte. Ele retribuiu o abraço e ficamos assim por algum tempo.

Me afastei e olhei dentro de seus olhos.

- Hizel...

- Sim?- Respondi ofegante.

- Me dá um beijo?- Minhas pernas tremeram. Ele queria um beijo... E eu queria dar esse beijo, só que eu não sabia o que estava sentindo, e não poderia arriscar mágoar Enzo.

- Enzo, eu...

- Por favor, não diz que não. Eu preciso de um beijo seu... Eu não aguento mais, te ver todos os dias, te ter perto todos os dias, e não poder fazer nada... Não poder te abraçar... Te beijar...- Me soltei de seus braços, ficando de costas para ele.- Eu sei que você está confuso por causa do Ian; más, Hizel, se você me der uma chance, eu prometo, eu vou fazer de você a pessoa mais feliz desse mundo...

- Enzo, eu não sei... Eu gosto muito de você, más, se eu lhe desse uma chance ainda teria ele. Com ele sempre perto as coisas não são tão simples... Eu vou estar sempre dividido, eu...- Antes que terminasse ele me puxou rápido pela cintura e me enrolou em seus braços, colando seus lábios aos meus.

Eu não sabia direito o que estava fazendo, parecia que meu corpo se movia sozinho, e só me restara sentir e ver onde aquilo ia dar.

Ele imediatamente começou a invadir ferozmente minha boca com sua língua quente. Eu havia gostado do beijo de Ian, más o de Enzo, sem dúvidas era totalmente superior.

Ele passava as mãos em minha cultura e subia até minhas costas por baixo da camisa, me fazendo arrepiar. Puxei seus lábio inferior com os dentes e me afastei lentamente encostando minha testa na dele.

- Nossa...- Disse ele em um sussurro. Seu hálito tinha um cheiro de hortelã fresco que me fazia querer beija-lo novamente e nunca mais soltar.

- Me desculpe...- Falei em um estado de êxtase.

- Eu te beijo e você que pede desculpas?- Ele sorriu e apertou minha cintura.

- Que bom que eu te divirto...- Sorri também e lhe dei um selinho calmo.

- Isso foi a coisa mais incrível que já aconteceu em toda a minha vida...- Passei as mãos pelo seu cabelo atrás da cabeça e fechei os olhos.- Hizel, eu quero que você saiba de uma coisa.- Ele levou os lábios até meu ouvido esquerdo e sussurou:- Eu acho que estou apaixonado por você...- Me deu um aperto no coração ao ouvir tais palavras.

- Enzo... Eu...

- Eu sei, eu sei... Você está confuso.- Me interrompeu antes que eu acabasse a frase.- Não tem problema. Você não precisa me dizer agora, eu espero até você ter certeza do que sente... Até lá, saiba que eu não vou desistir de você, isso é uma promessa.- Ele me olhou nos olhos novamente, sorriu e me deu outro beijo. Um beijo mais intenso e verdadeiro que eu poderia receber de alguém.

É dele... É dele que eu gosto de verdade.- Disse em minha mente, logo após abrir os olhos e ele parou o beijo, me fitando com um sorriso largo no rosto.

- Viu só? A gente pega fogo quando estamos juntos... Tenho certeza que não sente isso quando está com ele.

- Não.- O olhei pensativo.- Você está mesmo disposto a tentar, mesmo eu não tendo certeza de quem gosto?- Disse pensando alto más ele sorriu e continuou:

- Eu faria de tudo para estar com você... Até mesmo... Dividir você com outro...- Senti que dessa vez seu sorriso foi totalmente forçado e logo desapareceu de seu rosto.

- Você não vai precisar me dividir com ninguém, porquê, à partir de hoje eu sou só seu.

- Sério?!- Ele arregalou os olhos e eu apenas assenti com a cabeça. Ele me abraçou forte e me girou no ar sorrindo como uma criança.- Você é meu namorado agora?- Ele ainda parecia não acreditar.

- Sim.- E o beijei novamente.

- O jantar já está pronto.- Senti um frio passar por toda a minha espinha e rapidamente me larguei de seus braços. Ian estava parado bem à nossa frente. Seus olhos estavam vermelhos e o rosto rígido.

- Ham... Obrigado.- Respondi sem graça. Quando foi que eu voltei a falar com ele?- Vem, Enzo...- Disse segurando em sua mão e o puxando em direção ao acampamento.

- Acho que ele não gostou.- Enzo falou soltando minha mão ao entrarmos na área de visão dos outros.

- Por mim...- Dei de ombros e me sentei perto de Christopher enquanto ele foi verificar a fogueira.

[...]

Abri os olhos com os raios do sol em meu rosto. Olhei em torno e todos ainda dormiam. Me levantei devagar e engoli seco, seco mesmo, porquê minha garganta estava um total deserto, sem um pingo de umidade. Fui até minha mochila e peguei uma garrafa que usava como estoque para água, e ao abri-la, me deparei com nada.

- Deve haver algum rio aqui por perto...- Disse a mim mesmo ficando de pé.

Estendi as mãos e procurei sentir se havia alguma grande quantidade de água por perto, e para minha velocidade, encontrei. Andei durante alguns segundos, e bem próximo tinha um enorme lago. A água parecia limpa, então me abaixei na borda e afundei a o recipiente, o enchendo.

De repente, senti uma agitação dentro do rio, e algo segurou em minha mão e me puxou para dentro.

Continua...