Alexandre - Ele...
Alexandre – Não, não...
Alexandre já começou a chorar, nem dando chance da mãe responder.
De mãos dadas com Taís, saiu correndo daquela capela...
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Capítulo 73
Inês – Espere Alexandre!!! Volte aqui!!!
Alexandre não escutou mais nada, sentiu o porto apertar de tal forma que estava prestes a perder o ar.
Inês tentou em vão acalmar o filho, mas nem teve tempo de agir, ele e Taís já haviam virado o corredor e sumido de suas vistas.
Com sua mão sendo segurada forte por Taís, saiu em disparada por aqueles corredores, sentindo apenas as lágrimas descerem sem parar de seus olhos.
Apesar de ser miudinha, Taís acompanhou sem reclamar, os passos largos que Alexandre dava, ficando o tempo todo ao seu lado.
A cada passo dado era como se seu fôlego fosse acabar, o medo do que iria encontrar quando chegasse ao quarto de Daniel era algo indescritível.
Entrando na ala onde Daniel estava internado, passou voando pela sala de espera, nem notando que Ângela, Lucia e Malu também estavam muito agitadas.
Carmem – Doutor, eu...
Carmem também foi ignorada e parando em frente à porta do quarto, sem ter tempo de pensar em seus medos, meteu a mão na maçaneta entrando com Taís.
Alexandre ficou paralisado, em pé na porta, totalmente sem ação. Taís que estava segurando forte em sua mão, soltou no mesmo instante, correndo até a cama de Daniel, subindo em uma cadeira até alcançar sua altura.
Alexandre levou as mãos até o rosto, sentindo as pernas bambas, com os olhos encharcados, enquanto olhava para seu amor.
Taís abraçou Daniel, enrolando os braços em seu pescoço, ficando com a cabeça em seu peito, o apertando bem forte.
Daniel estava com o corpo levemente encurvado e ficou encarando Alexandre, com o olhar um pouco assustado, depois de ter passado 05 dias desacordado.
O silêncio predominou no quarto, sendo quebrado por Alexandre, que muito emocionado, foi andando até o seu amor.
Alexandre – Meu amor.
Alexandre – Você não me deixou.
Alexandre – Você voltou pra mim.
Não agüentando mais, Alexandre abraçou Daniel, colando seu rosto ao dele, dividindo espaço com Taís.
Alexandre – Meu amor.
Alexandre desfez o abraço, agora olhando para Daniel, segurando carinhosamente seu rosto.
Alexandre – Eu sabia que você voltaria pra mim.
Alexandre – Nosso amor é mais forte que tudo.
Daniel – Alexandre!!!!
Alexandre abriu seu enorme sorriso, ao ouvir a voz do seu amor. Aqueles dias de agonia pareciam ter durado séculos e ouvir a voz de Daniel novamente o fez sentir uma alegria absurda.
Alexandre – Meu amor.
Daniel – O que houve? Sinto tanta dor, na cabeça, na perna.
Daniel parecia confuso, a sua frente estava Alexandre emocionado e em seu peito sua sobrinha, abraçada a ele, como se tivesse sido colada a seu peito.
Com uma mão, Daniel abraçou Taís e com a outra passou no rosto de Alexandre, sentindo sua barba áspera em seus dedos. Alexandre a segurou, dando um beijo e juntando com as suas.
Daniel – Não chore.
Alexandre – É choro de felicidade.
Daniel parecia confuso, pensativo, mas aos poucos foi recobrando a consciência.
Daniel – Porque estou aqui?
Daniel – O carro!!! O carro....
Daniel – Você esta bem?
Alexandre – Calma meu amor, eu estou bem.
Daniel – Estava indo pra cima de você...
Daniel ficou agitado, quando se lembrou que Julio tentou atropelar Alexandre.
Daniel – O Julio queria te matar.
Alexandre – Esta tudo bem, acabou.
Alexandre – Você salvou minha vida, mas agora eu que vou cuidar de você tio.
Taís que até então estava calada, levantou-se, olhando para o tio, dando um beijo em seu rosto.
Taís – Eu te amo tio.
Daniel – Eu também te amo meu amor.
Daniel – Eu amo vocês dois, meus dois amores.
Taís – Eu sonhei com você e com o moço bonito.
Daniel – É?
Daniel – Eu também acho que sonhei com isso.
Taís voltou a deitar sua cabecinha no peito de Daniel. Alexandre ainda segurava sua mão e agora o encarando, deu um beijo em seus lábios, seguido de outro na testa.
Daniel voltou a acariciar seu rosto, ficando os dois em silencio, mas sorrindo um para o outro.
Aquele momento foi interrompido por Carmem, que também parecia muito feliz.
Carmem – Como se sente Daniel?
Daniel – Sinto muita dor.
Alexandre – É normal, mas vou lhe dar um remédio.
Alexandre – Sua cirurgia foi muito complexa.
Daniel – Eu tive uma cirurgia?
Novamente ficou agitado, mas Alexandre tratou de acalmá-lo, voltando a segurar suas mãos.
Alexandre – Já acabou, o que importa é que você esta bem e logo logo voltara para a casa.
Carmem – O doutor salvou sua vida.
Carmem – EU não quis dizer nada na hora, mas confesso que achei que você não iria resistir.
Daniel olhou para Alexandre, sentindo orgulho do seu amor.
Alexandre – Não Carmem, quem salvou minha vida foi ele.
Carmem – Sim, mas graças a você a cirurgia foi um sucesso.
Taís – Tio, o tio Xande é um anjo, ele te salvou.
Daniel – Eu sei meu amor, você e ele são meus dois anjos, vocês dois me salvaram.
Carmem – Vim aqui acabar com essa festa, você precisa descansar. Mais tarde fará novos exames a pedido do Dr. Marcos.
Carmem – Sem contar que tem uma fila lá fora de pessoas querendo vê-lo.
Daniel – Quero ir pra casa.
Carmem – Bom, daí você tem que ver com o Dr. Alexandre.
Alexandre – Pode ficar bem calminho ai, você só irá pra casa quando tiver bom.
Alexandre deu um calmante para Daniel, para controlar sua ansiedade e fazer com que ele descanse um pouco.
Alexandre saiu do quarto, com Taís no colo, sendo bombardeado de perguntas ao ver a família.
Ângela – Como ele esta?
Malu – Podemos vê-lo?
Pablo – Ele esta bem mesmo?
Alexandre – Calma gente.
Alexandre sorriu, dizendo o que todos esperavam ouvir a dias.
Alexandre – Ele esta bem sim, muito bem. Ele foi forte.
Todos comemoraram, sentindo-se aliviados depois de toda tensão sofrida nos últimos dias.
Alexandre – Mãe, eu pensei que...
Inês - Não fala nada.
Inês – Eu só queria lhe dar essa boa noticia, mas você saiu correndo, com aquele desespero.
Inês – Mas agora passou, vamos continuar rezando pra que ele se recupere por completo.
Alexandre – Ele vai se recuperar sim, vou fazer de tudo pra isso.
Lucia levou Taís embora, mas o restante permaneceu ali, esperando a oportunidade para visitá-lo.
Alexandre voltou para o quarto e sentou-se ao lado da cama, igual fez nos últimos dias, mas com a diferença que agora seu amor apenas dormia, descansava e não travava uma batalha para sobreviver.
Alexandre ficou acariciando seu rosto, beijando carinhosamente sua mão, enquanto Daniel suspirava de maneira calma.
Ficou ali por horas, olhando o tempo todo em seu rosto, até que seu amor, acordou, sorrindo pra ele.
Alexandre – Dormiu bem?
Daniel – Sim.
Alexandre – Esta melhor?
Daniel – Sim.
Daniel – O que aconteceu Alexandre?
Alexandre – Também não sei, foi tudo tão rápido.
Alexandre – Eu nem vi o carro do Julio vindo pra cima de mim.
Alexandre – Quando dei por mim, vi você me empurrando e o outro carro lhe atingindo.
Alexandre – Foi horrível.
Alexandre – Senti tanto medo de lhe perder Daniel.
Alexandre se emocionou e Daniel lhe abraçou, alisando seu rosto.
Alexandre – Porque você fez isso? Porque se jogou na minha frente?
Daniel – Pra lhe salvar.
Daniel – Eu não ia deixar meu grande amor se machucar diante dos meus olhos e não fazer nada.
Alexandre – Não Daniel, esta errado.
Alexandre – Você viu o que aconteceu com você?
Daniel – Não me importo, será que não entendeu que eu seria capaz de dar a minha vida por você?
Alexandre – E eu como fico? De que adianta me salvar se vou não vou poder lhe ter?
Alexandre – Minha vida sem você não tem sentido, é incompleta.
Daniel – Eu já senti a dor da perda uma vez, não iria senti-la novamente. Pra lhe defender eu faria isso de novo, mim vezes se fosse preciso.
Alexandre começou a brigar com Daniel, não aceitando seus argumentos.
Alexandre – Estou com uma raiva de você Daniel, uma vontade de lhe bater.
Daniel – Amor, não briga com eu não.
Alexandre já estava nervoso, mas ficou todo mole quando olhou para seu amor.
Alexandre – Nunca mais faça isso.
Daniel – Eu nunca vou ficar empatado com você.
Daniel – Eu te salvei uma vez e você me salvou 3.
Alexandre – Três? Que me lembro foi só quando você bateu o carro e agora na cirurgia.
Daniel – Você me salvou, quando se apaixonou por mim.
Alexandre – Bobo. Acho que me apaixonei por você desde o dia que nasci, só ficou faltando mesmo lhe conhecer.
Daniel – Mas ainda assim, continuo em desvantagem.
Alexandre – Pode parar com isso, nunca mais irá precisar me salvar, pois a partir de agora vou cuidar de você pra valer.
Daniel – Sem exageros doutor.
Alexandre – Você não viu nada, você não tem idéia do medo que senti.
Alexandre – Só de pensar, já me sinto mal.
Daniel – Então não pense, me beije.
Alexandre deu um beijo carinhoso em Daniel, sugando seus lábios, cessando com vários selinhos.
Daniel – Eu nunca iria lhe deixar doutor.
Daniel – Só vou morrer quando eu tiver muito, mas muito velhinho.
Daniel – Daí se eu for embora na sua frente, você só irá esperar pouco tempo, pra me reencontrar do outro lado.
Alexandre – Pensando bem, acho que nunca vou querer morrer.
Alexandre – Ainda tem muita coisa que quero fazer com você.
Alexandre – Acho que uma vida só, será pouco pra tudo que eu tenho em mente.
Daniel – Xande, Vamos recomeçar? Quero longe de mim todas as pessoas que me faz mal.
Daniel – Não vamos deixar mais nada atrapalhar nosso amor.
Alexandre – Nada mais irá atrapalhar nosso amor, eu lhe prometo.
Alexandre contou tudo o que aconteceu nos dias que Daniel ficou apagado, contou sobre o desespero de todos que rezaram por sua recuperação, contou sobre a prisão de Julio, Gabriela.
Daniel – Bom, então só nos resta sermos felizes né doutor?
Alexandre – Sim, mas se me chamar de doutor mais uma vez...
Alexandre – Sou seu namorado, seu marido, seu macho, seu homem, seu...
Daniel – Meu doutor sim, estou doente. Quem vai cuidar de mim?
Alexandre - O que eu não faço por você hein!!!!
Alexandre – Não é porque é meu namorado, que vai ter moleza não. Paciente meu tem que andar na linha.
Alexandre já ia sair do quarto, mas parou ao lembrar-se de algo. Colocando as mão por dentro da camisa, puxou o colar que pertence a Daniel, tirando do seu peito.
Alexandre – Isso lhe pertence.
Alexandre se aproximou de Daniel, colocando o colar em seu pescoço, dando lhe um beijo em seguida.
Alexandre - Nossos corações sempre ficarão juntos, mas no os dois no meu peito. Ficarão juntos, pois não pretendo mais sair do seu lado Dan.
Daniel – Eu te amor.
Os dois voltaram a se beijar, mas pararam quando a porta bateu e o quarto foi invadido.
Malu correu até o amigo, o abraçando, sendo seguida por Pablo e Inês.
Pablo – Que susto nos deu Hein Dan
Ines – Eu rezei tanto, mas o importa é que tudo acabou bem.
Daniel – E meu afilhado, ou afilhada, como esta?
Malu – Estou enjoando muito, mas agora estou até aliviada.
Malu e Pablo não paravam de falar enquanto Alexandre ficou num canto só observando.
Malu – Quando terá alta?
Daniel – Pergunte ao doutor ali.
Alexandre – Nem vem Dan, alta só quando estiver totalmente recuperado.
Malu – Mas doutor, você será o médico particular dele 24 horas por dia, então que diferença faz sair hoje ou amanhã?
Pablo – Malu, não de idéia não.
Alexandre – Isso ai Pablo.
Já era noite, todos já tinham ido embora e Alexandre aproveitou que Daniel já estava bem melhor e foi para a casa, buscar algumas roupas.
Daniel estava descansando, meio que cochilando e despertando o tempo todo. Em um momento quando virou-se, deu de cara com Ângela que estava sentada numa cadeira ao lado dele.
Daniel – Mãe?
Daniel se recompôs, ficando sério ao vê-la.
Ângela – Daniel, que bom que esta bem, você...
Daniel – Veio jogar outra praga?
Ângela – Daniel, não fale assim.
Daniel – E como quer que eu fale? Estraguei seus planos novamente né? Não morri.
Daniel – Você ainda continua tento um filho viado, não é isso que me disse?
Ângela – Isso não é verdade, eu rezei tanto por você, eu...
Daniel – Você rezou por mim ou por você? Pois se eu morresse, você iria carregar essa culpa não é?
Mesmo tendo passado por um momento muito delicado, Daniel ainda guardava uma grande magoa da mãe, não poupando críticas a ela.
Daniel – Por favor, vai embora daqui.
Ângela – Eu sou sua mãe, eu...
Daniel – Você nunca agiu como uma mãe.
Daniel – Você tem idéia do que é ser o que eu sou?
Daniel – Você sempre me fez sentir inferior, culpado por ser gay.
Daniel – Mãe, minha vira teria sido tão mais fácil se você tivesse ao meu lado.
Daniel não segurou a emoção e começou a chorar, acertando todas as pendências com a mãe.
Ângela – Pra mim também não foi fácil.
Ângela – Eu só quis dar o melhor pra você e a sua irmã.
Ângela – Eu carreguei aquela casa nas costas depois que seu pai morreu, não pense que pra mim as coisas foram fáceis.
Daniel – Eu nunca lhe pedi nada, não queria nada de dinheiro.
Daniel – Eu só queria que você fosse minha mãe.
Daniel – Mas a cada dia que passava eu só sentia vontade de me afastar de você.
Daniel – Mas graças a Deus hoje eu que não preciso mais de você.
Daniel – Tenho uma pessoa que me ama, que cuida de mim, que quer o meu melhor e você é que esta ai sozinha e esta assim, porque plantou isso.
Ângela também começou a chorar, não conseguindo mais falar com o filho.
Daniel – Vai embora daqui, eu te libero de me visitar.
Ângela – Você esta errado, quando tiver os seus filhos você vera que não é tão simples assim educar.
Daniel – Quando eu tiver os meus filhos eu vou amá-los, não serei pai deles, serei amigo deles.
Alexandre – O que esta acontecendo aqui?
Alexandre – O que você fez com ele? Vai embora daqui.
Inês – Não fale assim Alexandre.
Ângela estava chorando muito, mas antes de sair, se aproximou do filho, beijando sua cabeça.
Ângela – Fique bem.
Alexandre se aproximou de Daniel, que tentou segurar, mas acabou chorando. Ele abriu seu coração, mas no fundo preferia que nada daquilo tivesse acontecido. Na verdade queria é ter uma família unida, feliz.
Alexandre – Calma amor, se acalme.
Daniel – Vamos embora daqui. Vamos pra outra cidade, só eu e você, longe de tudo.
Alexandre – Ei, não vamos a lugar nenhum, nós temos nossa casa e como já lhe disse, seremos muito felizes juntos.
Alexandre – Nada e nem ninguém irá nos atrapalhar.
Ângela – O que eu fiz? Meu filho me odeia, todos me acham um monstro.
Inês – Se acalme, foi bom tudo isso.
Inês – Ele disse tudo que estava o deixando amargurado.
Inês – Agora vocês podem recomeçar novamente. Não será fácil, mas também não será impossível.
Inês ficou consolando Ângela enquanto Alexandre tratava de acalmar Daniel.
Alexandre deitou sua cabeça ao lado da de Daniel e ficou o consolando até que se acalmasse por completo.
Roberto – Sai da loja na mesma hora.
Roberto – Ele acordou?
Suzana – Sim, ele acordou, esta ótimo.
Suzana – O Alexandre esta tão feliz, tão radiante.
Suzana – Ele salvou a vida do nosso filho e conseguiu se salvar.
Roberto – Pelo menos uma ótima notícia.
Suzana – E na loja?
Roberto – Falei com o André. A policia conseguiu rastrear as contas do Julio.
Roberto – Ele nos roubou uma fortuna.
Suzana – Meu Deus.
Roberto – Vamos conseguir recuperar esse dinheiro, mas teremos que usa-lo todo para pagar os impostos que o Julio sonegou.
Roberto – Talvez precisemos nos desfazer de alguns bens.
Suzana – Faça o que tiver que ser feito, vamos dar a volta por cima.
Roberto – Obrigado. Se eu não tivesse seu apoio, não sei o que faria.
Suzana – Nós vamos superar mais essa, juntos.
Suzana – Amanha vou visitar o Daniel, você vem comigo?
Roberto – Outra hora passo lá e falo com o Alexandre.
Suzana – Você não entendeu, eu disse que vou visitar o Daniel.
Roberto – Não acho uma boa idéia.
Suzana – Roberto, o que aconteceu no passado, já ficou lá atrás.
Suzana – Ele salvou a vida do Alexandre, se arriscou por ele.
Suzana – Eu acho que se fosse com o Thiago ele teria feito o mesmo pelo nosso filho.
Roberto – Bom, vamos jantar.
Daniel dormiu abraçado a Alexandre que ficou o resto da noite fazendo carinho nele. De manha acordou todo torto por ter dormido metade na cadeira e metade na cama, mas isso nem tinah importância pra ele.
Daniel acordou logo depois, tomou sua medicação e seu café da manhã.
Daniel – Xande, não quero mais ficar aqui, essa comida é horrível.
Carmem – Você terá trabalho doutor, esse paciente não será fácil.
Alexandre – Sei como cuidar dele.
Alexandre – Vamos tomar banho?
Alexandre deu um banho em Daniel, passando sabão em seu corpo.
Daniel – Não vai lavar minha cabeça?
Alexandre – Vou sim, mas com cuidado pra não molhar muito seus pontos.
Daniel pos a mão na cabeça e só então percebeu que estava careca, tendo um ataque em seguida.
Daniel – Meu cabelo? O que aconteceu? Perguntou, passando a mão na cabeça, não sentindo um único fio.
Alexandre – Calma amor, para a cirurgia, teve que ser raspada.
Daniel – Devo estar feio, me deixa olhar no espelho.
Alexandre – Você esta lindão, esta com cara de pitboy.
Daniel ficou emburrado, mas Alexandre ficou dando beijos em seu rosto, rindo o tempo todo.
Quando voltaram para o quarto Taís estava sentada no sofá, junto com os pais.
Taís – Tioooooo.
Lucia – Devagar Taís, seu tio ainda esta fraco.
Taís – Pra você tio.
Daniel – Flor pra mim? Obrigado.
Taís sentou no colo do tio, passando a mão na cabeça dele, sentindo espetar.
Daniel – O tio esta feio. Esta sem cabelo.
Alexandre – Rapidinho cresce e ainda via tampar a cicatriz da cirurgia.
André – Se já era feio, agora esta o cão chupando manga.
Taís – Papai, o tio é bonito.
Alexandre – É lindão.
Lucia – Eu vou ter que ir, a loja esta um caos.
André – Nos vemos a noite?
Lucia – Claro.
Taís – Vocês vão namorar?
André – Você é muito enxerida, sabia?
André ficou ao lado de Daniel, também estava feliz em vê-lo bem, mas para não perder o costume, começou a implicar com ele.
André – Seu tio esta parecendo suas bonecas Taís.
André – Careca, com essa cabeça de ovo.
Daniel – Hahaha, você não trabalha não?
André – Sim, mas vou passar a manha com você, para o meu irmão resolver umas coisas.
Alexandre – Nem tente reclamar.
Taís – Vai ser legal tio.
André – Eu, você e a macaquinha.
Taís – Pai, não sou macaquinha, ai tio Xande.
Os três passaram a manha juntos e aproveitando da situação, Daniel usava seu estado para conseguir mais privilégios, ganhando mais carinhos da sobrinha.
A tarde recebeu a visita de Suzana, Larissa, Henrique e quando Alexandre voltou o quarto estava parecendo um mercado de peixe. Aos poucos todos foram embora, ficando só os dois.
Alexandre – Seu dia foi agitado hein.
Daniel – Sim, mas Xande, posso ter alta?
Alexandre – Só mais um pouco amor.
Daniel começou a falar, falar, reclamar, xingar, tentou apelar para o lado emotivo e Alexandre já nervoso, resolveu mudar sua tática, dando lhe um beijão.
Alexandre – Você fala demais sabia?
Daniel – Mas Xande, eu já estou bem.
Alexandre – Bota uma coisa na sua cabeça, você só vai sair quando o seu médico lhe der alta.
Daniel – Você é meu medico.
Alexandre – Pois é, e ainda não esta na hora.
Daniel – Chato.
Alexandre – Lindo!!! Eu te amo.
Daniel não resistiu muito com o mau humor e se rendeu ao seu médico, aceitando aqueles carinhos.
Daniel – Amor, pode ir pra casa. Sei que esta cansado.
Alexandre – Já não lhe disse, que daqui não saio? Só vou embora quando você tiver alta.
Os dias foram passando e mesmo Daniel reclamando, Alexandre só lhe deu alta quando acho que ele esta bem o suficiente.
Ines – Que ótima noticia.
Ângela – Já arrumei o quarto dele.
Alexandre – Como?
Ângela – Ele vai pra minha casa.
Alexandre – A senhora ficou louca né? Ele vai pra minha casa, quer dizer, pra nossa casa.
Os dois começaram a discutir mas Ines encontrou uma solução mais diplomática.
Ines – Ele vai pra sua casa filho, mas a Ângela irá la quando puder, quiser.
Alexandre não ficou muito contente, mas acatou o pedido da mãe.
Taís foi outra que deu seu showzinho particular.
Lucia – Não filha, você não pode ficar la, seu tio esta fraco e o Alexandre vai ter que cuidar dele.
Taís – Eu também sei cuidar dele, eu quero ir.
Lucia – Já disse que não, quem irá cuidar de você.
Como uma criança birrenta, Taís começou a chorar, fazendo birra, até Daniel resolver esse impasse.
Daniel – Você vai sim meu amor, não é Xande?
Alexandre – Sim, vai ajudar o tio a cuidar dele.
Lucia – Mas Dan...
Alexandre – Fique tranqüila, eu cuido dela. E vai fazer bem para os dois, ficando juntos.
Daniel chegou em casa e teve uma pequena festa lhe esperando, todo comemorando sua volta.
Daniel – Vocês não tem jeito hein!!!
Malu – Você achou mesmo que iria passar em branco?
Alexandre – Mas sem exageros.
Pablo – Calma doutor, a noite é uma criança.
Alexandre – É uma criança na casa de vocês dois, as 10 ele já estará na cama, dormindo.
Malu – Estou com dó de você meu amigo, isso é um carrasco.
Alexandre – Não é enfermeira?
Taís – É sim, eu sou a ajudante do tio Xande.
Aos poucos todos foram indo embora, Daniel já havia se recolhido e Alexandre ficou fazendo salas para os amigos.
Malu – Posso entrar?
Daniel – Claro, o Xande acha que vai me fazer dormir cedo.
Malu – Estou feliz demais por você esta conosco novamente. Não seria justo com nenhum de nós se a história se repetisse.
Daniel – Malu, se eu pudesse, eu também teria salvo o Thiago.
Malu – Eu sei disso. E por falar nele, eu queria te dar isso.
Malu retirou da bolsa vários cadernos, com algumas folhas soltas, entregando a Daniel.
Malu – Isso estava com o canalha do Julio, que eu encontrei no asilo, onde o pai dele mora.
Malu – Eu ia entregar a você no dia do acidente, mas nem deu tempo, aconteceu aquela fatalidade.
Malu – Num primeiro momento achei que deveria entregar ao Seu Roberto, mas acho isso pertence a você.
Daniel – O que tem escrito aqui?
Malu – Nada demais, mas para quem conviveu com o Thiago, tem muita coisa importante.
Daniel – Obrigado.
Malu deu um beijo em Daniel e foi embora, o deixando sozinho. Daniel ficou olhando os cadernos, sem coragem de abri-los.
Alexandre – Pronto, despachei todo mundo. Mas minha ajudante esta muito mole, já esta la na sala, dormindo no sofá.
Alexandre – Ei, o que foi? Que carinha é essa?
Daniel – A Malu me entregou isso.
Alexandre olhou sobre a cama e rapidamente já deduziu o que era.
Alexandre – É o que estou pensando?
Daniel – Sim, são os cadernos.
Daniel – Se você quiser, eu não leio. Sei lá, eu guardo, jogo fora.
Alexandre – Ei, para para. Eu estou seguro do amor que você sente por mim, jamais iria lhe impedir de ler isso.
Alexandre – Vou por a Tais na cama.
Alexandre saiu do quarto e sentindo uma nostalgia, uma grande saudade, Daniel começou a folhear aquelas folhas, reconhecendo no mesmo instante a letra de Thiago, alguns desenhos. Não sabia se tinha uma ordem por data e pegou o primeiro que viu.
Abrindo uma página qualquer, a primeira coisa que viu foi uma poesia e folheando mais algumas folhas, viu a letra de uma musica.
/>
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Thiago – Acho que esta ficando boa, preciso mostrar para o Pablo, tu esta ficando bom nisso em Thiago!!!
Algumas folhas depois...
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Thiago – Larissa, você tem razão, escrever sobre meus sentimentos me faz ficar mais leve. Que saudade de você garota, não vejo a hora de você voltar para o Brasil.
===
Thiago – O Daniel esta desconfiado, mas não vou contar a ele, quero fazer uma surpresa. Acho que vai ser o melhor final de semana da minha vida, praia, sol e tudo isso ao lado do meu morzinho.
===
Em outro caderno....
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Thiago - Hoje esta fazendo mais um mês que eu e o Dan estamos juntos. Obrigado meu Deus por me dar essa felicidade, por ter colocado esse cara fantástico em minha vida.
Thiago – Pra mim era só uma festa, mas quem diria que ali estava um pedaço meu, o sentindo da minha vida.
Thiago – Ah Dan, e você me achou um playbozinho esnobe? Você que era metido, fazendo-se de difícil, mas sua cara de irritadinho o deixava ainda mais irresistível.
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Algumas folhas depois...
Thiago – Não aguento mais essa pressão, porque nossas famílias fazem isso? Poxa, será que não entendem que só quero ser feliz?
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Daniel lia tudo aquilo, sentindo o coração apertar seu peito, muito emocionado. Pegando outro caderno, continuou folheando, lendo o que achava importante.
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Thiago – Hoje é o dia, essa festa na casa do Pablo vai bombar, tomara que a Malu aceite ir, apesar da sua voz no telefone. Acho que deve ter acontecido alguma coisa com aquele namorado misterioso dela.
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Thiago – Ufa, finalmente terminei, espero que o Daniel goste da musica que compus a ele.
Thiago – Ele não perde por esperar, vou pedi-lo em casamento.
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Thiago – Estou muito feliz, apesar de tudo que descobri do Julio, isso não tem a menor importância agora.
Thiago – Hoje é o dia mais importante da minha vida, estou dando um grande passo.
Thiago – Eu e o Daniel estamos indo embora juntos, vamos começar uma vida nova, longe de tudo, de todos, será só nós dois.
Thiago – Amo tanto você Daniel, com certeza nada dará errado, nosso amor é mais forte que tudo, ultrapassa qualquer barreira, qualquer obstáculo.
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Thiago – Foi muito difícil se despedir da minha mãe, ela não sabe de nada, mas é melhor assim.
Thiago – Apesar de tudo que enfrentamos juntos, só tenho a dizer “Obrigado Meu Deus”.
Thiago - Mesmo com tantas brigas, desentendimentos, hoje eu posso dizer que fui e sou o cara mais feliz desse mundo e mesmo que algo me prive de ficar ao seu lado, eu dou um jeito, mas nunca lhe deixarei sozinho meu amor, vou estar sempre contigo.
Thiago – Com toda certeza desse mundo, posso afirmar, a vida valeu muito a pena.
Thiago – Eu te amo Daniel!!!!
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Daniel terminou de ler aquele trecho, aos prantos, com o rosto inchado de tanto chorar. Na verdade ele soluçava, tamanho a sua emoção ao lembrar-se de momentos importantes de sua vida.
Alexandre que estava em pé, na porta a um bom tempo, foi até ele e não disse nada, apenas o abraçou forte, demonstrando todo seu afeto. Daniel levou sua mão até o peito do seu amor, sentindo seu coração pulsar e tendo seu corpo envolvido pelos braços de Alexandre, acomodou sua cabeça em seu tórax, molhando seu peito com suas lágrimas, até cair no sono.
Daniel só acordou no dia seguinte, ainda emocionado pelo que leu, mas visivelmente mais calmo por fora.
Taís – Tio, dormiu bem?
Daniel – Sim, cadê o tio Xande?
Inês – Ele saiu, mas não demora, eu só vim mesmo ver se vocês precisam de algo.
Daniel – Vou aproveitar que a senhora esta aqui e vou pedir um favor.
Sabendo que Alexandre seria contra, Daniel aproveitou sua ausência e mesmo com os apelos de Inês, não recuou. Trocou de roupa rapidamente e pegou o primeiro táxi na rua.
Roberto – O que? Quem? Sim, peça pra entrar.
Roberto se levantou ficando cara a cara com Daniel.
Roberto – Que surpresa, fico feliz por saber que se recuperou.
Daniel – Obrigado.
Daniel – Olhando pra essa sala, lembro do dia que vim trabalhar aqui, quando o Thiago me arranjou aquele estagio.
Roberto – Faz tanto tempo isso.
Daniel – Sim. Lembro também do dia que vim aqui e joguei sua mesa no chão.
Roberto não sabia onde o genro queria chegar, mas preferiu não criar caso.
Roberto – Algumas coisas fazemos, mas... Acho que nossos erros servem para aprendermos e não repetirmos no futuro.
Daniel – Concordo com o senhor.
Roberto – Obrigado por salvar a vida do Alexandre.
Daniel – Se eu pudesse, também teria salvo a do Thiago.
Daniel – Não sinto a menor obrigação de qualquer coisa com o senhor.
Daniel – Mas acho que seu filho gostaria que eu tomasse esse gesto.
Roberto – Não estou entendendo.
Roberto não entenderia mesmo, mas Daniel estava prestes a lhe dar um grande presente, a carta de alforria de sua culpa.
Daniel – Estou fazendo pelo Thiago, acho que é o que ele queria que eu fizesse.
Daniel estendeu a mão entregando um dos cadernos a Roberto.
Roberto – O que é isso?
Daniel – Isso lhe pertence.
Daniel virou as costas e saiu da sala, deixando o empresário sem entender nada.
Roberto ficou olhando aquele caderno e sem entender começou a folheá-lo, reconhecendo a letra de Thiago. Leu algumas coisas sem nexo, músicas, poesias, até que algo lhe chamou a atenção.
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Thiago – Hoje contei a ele sobre mim e o Daniel, ele agiu da pior maneira possível, mas acredito que com o tempo ele acabe nos aceitando.
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Thiago – Esta cada dia mais difícil em minha casa. Meu pai sempre foi meu ídolo mas hoje é a pessoa que mais me faz sofrer.
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Thiago – Minha vontade hoje é de morrer, tive um final de semana maravilhoso com o Daniel, mas meu pai estragou tudo.
Thiago – Pela primeira vez ele me bateu. Ainda sinto o calor de sua mão em meu rosto. Dói tanto, mas no coração.
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Thiago – O que já estava ruim, ainda pode piorar. Meu pai não vai pagar mais minha faculdade, ao menos que eu deixe o Daniel.
Thiago – Novamente ele destrói meus sonhos. Adoro a musica, mas sempre sonhei em ser médico.
Thiago – Lembro da felicidade dele quando eu passei no vestibular e hoje ele me faz sentir essa tristeza, mas não tem problema, isso foi só um obstáculo. Nada irá me separar do Daniel, nunca irei abrir mão dele, só estou adiando esse sonho.
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Thiago – Hoje no café da manha meu pai me humilhou mais uma vez, na frente do Julio, me comparou com ele, me fazendo se sentir inferior.
Thiago – Se ele soubesse o que descobri sobre meu primo...
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Thiago – Confrontei o Julio nessa tarde e o safado confirmou tudo o que eu já desconfiava e ainda disse que conta tudo sobre mim a meu pai. Por isso meu pai esta sempre alerta, é por causa desse sem vergonha.
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Thiago – Porque meu pai age assim? Queria tanto odiá-lo.
Thiago – Toda vez que brigamos eu sinto tanta raiva dele, tanto ódio, mas depois quando passa a raiva me da uma culpa.
Thiago – Eu juro que queria odiá-lo mas não consigo, eu amo muito meu pai.
Thiago – Queria que ele me entendesse e que um dia olhasse o Daniel com outros olhos e ver que ele só me faz feliz.
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Thiago – Estou indo embora amanha com o Daniel, mas queria tanto um abraço dele, dizer pai “Eu te amo” e receber de volta “Eu também te amo Thiago”.
Thiago – Vou embora, mas minha mãe e meu pai estarão sempre em meu coração.
Thiago - A vida nos levou para caminhos diferentes, mas vocês sempre serão meu ídolos e você pai ainda terá muito orgulho do seu filho, pois eu tenho muito orgulho em tê-lo como pai.
Thiago - Nunca deixarei de amar vocês.
Thiago – Mãe, pai, eu amo vocês.
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Assim como Daniel, Roberto terminou de ler aquelas frases aos prantos.
Roberto – Eu também te amo filhinho, te amo muito.
Roberto - Sinto muito orgulho de você.
Roberto – O pai sempre te amou, eu errei mas sempre te amei.
Roberto – Obrigado meu filho, você também me amava meu filho querido.
Como num passe de mágica, Roberto sentiu aquela tonelada que estava sobre suas costas a 10 anos, sumir.
Inês aproveitou que Alexandre voltou e saiu com Taís. Alexandre estava impaciente com o sumiço de Daniel, que pra variar havia esquecido o celular em casa.
Daniel saiu da loja e antes de voltar para a casa, passou no cemitério, deixando uma rosa sobre o túmulo de Thiago.
Alexandre – Bonito hein, posso saber onde estava?
Alexandre – Será que não vou poder lhe deixar sozinho nem por um minuto?
Daniel – Desculpa, precisava fazer algo importante.
Daniel – Me da um abraço?
Alexandre ainda estava nervoso, mas vendo seu amor ali na sua frente, foi se rendendo, o abraçando.
Alexandre – Só fiquei preocupado amor.
Daniel – Eu sei, você esta certo.
Alexandre – Mas me conte o que houve.
Daniel nem teve tempo de começar a falar. A campainha começou a tocar insistentemente.
Alexandre – Já vai.
Alexandre – Pai!!! Alexandre olhou surpreso para Roberto.
Roberto estava com os olhos vermelhos e segurando o caderno nas mãos, foi entrando no apartamento, vendo Daniel em pé mais ao fundo. Roberto parou em sua frente, deixando Alexandre sem entender nada.
Roberto – Obrigado!!!
Sem cerimônias, ajoelhou diante de Daniel e olhando para cima, no fundo dos seus olhos, pediu...
Roberto – Por favor, me perdoa!!!
Continua...