Coração Controlado 3
Coração Controlado 3 – ou seria descontrolado?O quê?! – perguntei muito chocado.
Nós já estávamos no quarto. E começou uma discussão.
- É só até terminar a cosntrução! Vai bater com meu último ano de faculdade! Jo, eu sei que é muito complicado pra você, pra nós! Mas não temos para onde ir! E em Londres tem a vovó.
- Eu odeio ela! – enfureci – Ela matou meu amigo de lá só por que ele era gay! Esqueceu?!
Ele se sentou exausto na cama e lamentou tudo aquilo que passávamos. Chorou descontrolavelmente, eu percebia o desespero que ele tinha. Mas morávamos em uma cidade muito grande, muito populosa. Apesar de toda nossa grana, não encontrávamos uma casa à venda. Quando encontrávamos, já estava ocupada.
- Sinto muito, Jo. Falhei em cuidar de você – chorou mais.
- Não! – abracei-o muito forte e não o soltei. – Não falhou! Você me fez feliz esse tempo todo. Ficou sempre do meu lado e sempre foi muito paciente com minha cabeça dura. Você é a melhor pessoa que eu conheci. Sei que vamos achar um lugar só nosso. E vamos poder ficar despreocupados pra sempre.
Ele apertou seus braços grandes em mim e não consegui nem respirar direito mas retribui o abraço com todo o carinho.
- Eu te amo, guri. – e riu um pouquinho comigo.
- Também te amo, boboa semana se passou e eu não falava muito com Marta e nem olhava pra Henrique. Na verdade isso era da parte deles. Eu tentava falar com ela e ela não dava muita bola. Só confirmava com “ahan”, “uhun”. Foi uma semana terrível, encontramos nove casas pra alugar e três para vender, mas todas já estavam confirmadas com outras pessoas. Tive uma queda no progresso de meu trabalho na livraria. A sorte é que eu e meu chefe nos dávamos muito bem.
O final de semana havia chegado, e antes que eu pudesse imaginar, muitos dos moradores da pensão já tinham sumido. Inclusive Valente. Nossa viagem pela Europa já estava confirmada, mas nada de Marta no meio. Ainda estávamos naquele clima ruim. Dormi muito preocupado com o que poderia ser de nosso futuro.
Segunda-Feira, 6h35mim.
- Joseph! Encontrei! – disse meu tio ao telefone quando meu irmão o atendeu.
- O que tio Carl, o que? – respondeu animado.
- Tem um corretor de imóveis com alguns apartamentos disponíveis. Ele disse que vai reservar um ótimo pra vocês dois até amanhã. Mas se não aparecerem vai esgotar tudo.
Tinham que ver a cara do meu irmão. Ele tinha um sorriso tão grande e as lágrimas fugiram consequentemente. Ele abraçou-me forte e senti toda sua felicidade. Nossa felicidade.
- Não sei como agradecê-lo. Ficarei devendo muito ao senhor!
- Oh, não se preocupe, Guto, apenas ajudei. Não quero nada em troca. Nas convido você para um jantar que darei para os associados da empresa no fim das férias. Mandarei os convites e quero muito que você vá. – nosso tio disse querendo a promessa de Joseph.
- Prometo, tio. – se despediram e desligaram. – Arruma todas as nossas coisas, tudo, tudo. Vou procurar alguém pra levar nossa mudança. E vamos encontrar com o Fernando que vai nos vender um apê.
Era indescritível nossa cara de felicidade, e fui arrumando as coisas, quando ele saiu. Havia um pequeno baú no canto do quarto, com umas lembranças de bons tempos. Sentei-me de frente com o objeto e abri-o. Logo em cima, havia um retrato virado para baixo. Peguei-o e ao virar era uma foto de eu e Henrique numa festa com os braços pra cima e olhos fechados sorrindo. De repente lembrei de toda a festa.
- Flashback –
- Jo! – Marta gritou. – O Henrique tá pirado.
Ela saiu me puxando rindo, e ao encontrá-lo ele dançava Domino da Jessie J como um profissional. Éramos novos, meros pré-adolescentes. Ficamos dançando quando Martinha tirou nossa foto.
- Voltando –
Lágrimas, saudade, Lágrimas, dor, Lágrimas e um toque quente nas costas. Virei-me.
- Henrique? – afastei de encontro à parede surpreso.
- Bons tempos. – ele pegou o quadro de minha mão.
Ele sorria serenamente, olhava-me às vezes.
- Você mudou pra cacete. – disse – Opa. Desculpe o palavrão. Sei que você não gosta.
- Nã-não ta... tu-tudo bem – ele ainda tinha seus efeitos sobre mim. Eu estava à deriva. Ele era meu ponto fraco. Ou o meu forte?
- Er... queria que me desculpasse pela cena semana passada. – completei.
- Desculpo sim, mas quero que me dê uma chance.
- Riq, é complicado – o que? Eu disse seu apelido.
Ele deu um sorrisinho bem pequeno mas que pude perceber pelo seu brilho no olhar. Ele se aproximou de mim e tocou meus ombros deixando-os encostados na parede.
- Jo, eu faço tudo pra ter você de volta. Eu fui um idiota, só pensei em mim. Quero excluir de vez esse egoísta, e quero pensar em você. Eu... – ele parou. Ele se aproximou para beijar-me. Mas ao quase tocar, eu quebrei.
- Você o que?
Ele ficou vermelho, mas quieto em silêncio, sem expressão.
- Nada.
Eu chorei na frente dele. Eu perdi minha amiga, perdi-o e agora ele nega tudo o que sente.
- Vai embora. – falei nervoso.
- Você não quer isso.
- Vai! Por favor – eu escorreguei pra baixo aos prantos mas ele me segurou.
Puxou-me para cima e colocou-me junto a seu peito. Era tão aconchegante. Tão grande e acolhedor. Apenas apoiei o rosto e chorei junto a ele. Até que ele levantou minha cabeça pelo queixou e sua mão escorregou por meu pescoço e depois limparam as lágrimas. Ficou olhando em meus olhos que brilhavam molhados. Sua presença quente e protetora fazia-me desejá-lo. E a cama estava a poucos metros. E todo nosso desejo nos fez ter um impulso e encontramos com os labios grudados, encaixados e cheios de sentimento. Depois de um bom tempo que paramos com muitos selinhos, intermináveis, ele disse:
- Eu não brinquei com seus sentimentos, Jo. Eu sempre tive medo, de me abrir com vc. Eu não queria me entregar a esse mundo tão diferente. Por isso me afastei.
- E agora resolveu o que quer? – nós sentamos na cama.
- Eu... Eu quero você, Joan! Quero você!
Fiquei estático, porém muito feliz por dentro. Ele ainda gostava de mim. Era bem perceptivel.
-Jo... Eu te amo. Fica comigo – ele pediu.
- Mas eu já estou? – fiquei com medo dessa pergunta.
- Meu... Seja meu... – ele travou de repente.
- Você realmente quer isso, Henrique? – eu cético.
- Quero. – ele ficou sério.
- Não parece. – falei me virando e afastando.
Então ele me puxou de uma vez virando-me para seus olhos e ele falou com sua voz grossa e máscula:
- Eu quero que você seja meu namorado.