Um adolescente aos 15 anos (part.1)

A adolescência é simplesmente a época mais desafiadora pra mente de qualquer um, já é simples reclamar dessa fase da nossa vida quando se é rico e se tem a família ao lado oferecendo o apoio necessário pra qualquer tipo de problema. Agora imagine quando se é homossexual, e quando sua família insiste em pensar do mesmo jeito que nossos avós pensavam?

Pois é, complicado, não? Me chamo Jonathan, tenho apenas 15 anos de idade, e sou obrigado a lidar com situações que me forçam a ter uma mente de 20 para que eu não tenha um colapso nervoso, vivo com meus pais, e com minha irmã, sou um menino de vida pacata, caseira, e aos olhos de muitos, anti-social, acreditem não é porque escolhi ser assim, e sim porque sou obrigado a viver dessa forma, diante do fanatismo dos meus pais evangélicos e da mente deles que não acompanhou a evolução do tempo sou obrigado a viver isolado de muitas coisas comuns da minha idade, minha mãe super protetora e meu pai com uma mente presa ao século passado, me privam de coisas comuns como sair com os amigos a noite, ou até receber visitas de algum colega de escola, não vou a passeios, e não posso exprimir uma opinião que contrarie a forma de pensar deles, vivo numa casa onde o preconceito fala mais alto, onde meus próprios pais falam de negros como uma raça inferior, onde homossexuais são demônios, onde as pessoas que lutam contra o preconceito são loucas, cresci e eduquei a mim mesmo, no meu canto isolado do resto da família por ver o mundo de uma forma diferente e respeitar a todos independente de cor ou raça ou qualquer que seja a diferença, já cheguei a ouvir minha mãe me chamar de demônio, meu pai me considerar uma vergonha, e minha própria irmã ter nojo de mim, e por isso me esforço ao Maximo no que possa me garantir um futuro melhor longe deles: Os meus estudos, nesse conto vou escrever um pouquinho do que aprendo todos os dias, e de como um adolescente que ama outro do mesmo gênero pode sofrer, não é uma clássica história de amor da CDC onde no final tudo acaba bem e onde todos passam a amar uns aos outros, é uma história de um menino real, que passa por coisas reais, e como qualquer homossexual é obrigado a viver recolhido para poupar a si mesmo, vou começar a partir do mês de setembro do ano passado.

17 de setembro de 2012

A janela do quarto estava aberta e corria um ventinho frio dentro do quarto eu não havia dormido sequer uma hora naquela noite e já eram 6:00 da manhã de uma segunda- feira, me levantei e olhei pra minha irmã que dormia feito um anjo na parte superior da beliche que divido com ela em uma caixa de fósforos que chamamos de quarto, calcei minhas sandálias , peguei minha toalha e fui ao banheiro tomar um banho, estavam todos dormindo, e a casa estava um completo silêncio, tomei meu banho, fiz minha higiene pessoal, e voltei ao quarto, minha irmã já andava de um lado pro outro enquanto se arrumava pra ir trabalhar

Dani: Arruma minha cama, por favor, to um pouco atrasada, não vai dar tempo...

Jonathan: arrumo, pode deixar

Dani: obrigado, beijos até mais tarde

Jonathan: até, beijos..

Ela saiu do quarto e foi trabalhar, coloquei uma musica baixa no celular e comecei a arrumar o quarto, terminei, me arrumei e fui trocar de roupa pra ir pra escola, fiquei pronto em alguns minutos e logo sai em direção a escola, a escola era o lugar onde eu sentia paz, eu via colegas, conversava, ria, estudava, ou seja só naquele ambiente eu tinha uma vida social, contava apenas com 3 amigos, Beatriz, Felipe e Marcelo, nunca foram os melhores mais era o que me restava se eu não quisesse ficar completamente sozinho; cheguei no portão e logo vi Marcelo ( moreno, 1,70, magro, olhos pretos e cabelos curtos)

Marcelo: Bom dia!! E ai como foi o fim de semana?

Jonathan: bom dia! Meu fim de semana foi como sempre..”animador”, e o seu?

Marcelo: viajamos, fomos pra Ilha Bela, simplesmente perfeita!

Eu já iria perguntar com quem ele foi quanto simplesmente esbarrei em algo e cai no chão, levantei meus olhos e lá estava um armário gigante me fuzilando com os olhos como se quisesse me espancar.

?????: e ai? Você é cego ou se faz?

Jonathan: desculpe, não foi de propósito.

????: garanto que não, você não seria louco...- aquele garoto branco de olhos azuis com cabelos loiros e curtos com 1,70 de alguma forma me chamou atenção, o olhar dele por mais intimidador que fosse me despertou interesse e eu simplesmente fiquei ali parado igual um pamonha olhando feito um bobo retardado pra aquele rosto lindo quando finalmente despertei com ele me repreendendo

????: pelo o que eu vi essa gente dessa escola de pobre gosta de arrumar confusão de primeira né? E ai vai ficar me encarando mesmo? Ou prefere tirar uma foto? Isso se você tiver um celular - todos que já se aglomeravam em volta riram

Jonathan: já te disse, não foi de propósito, tava conversando e me distrai, com licença

Abri caminho e fui em direção a sala de aula, me sentei, arrumei meu material, e esperei o professor entrar, mas pra minha alegria ou desgraça total aquele bruta montes entra na minha sala e senta ao meu lado em uma cadeira no fundo da sala, não sem antes de fuzilar com aqueles olhos azuis