Um amor diferente III

Naquele mesmo dia, respondi o SMS da Maíla dizendo que também tinha gostado de ter a conhecido e que esperava podermos sair mais vezes. Depois desses dois dias de completa loucura de sentimentos, tudo tinha aparentemente voltado ao normal. Passei o domingo em casa lendo ou expulsando meu pai do meu quarto quando ele entrava de surpresa gritando e querendo brincar (ele era um meninão).

Como tudo que é bom dura pouco, a segunda chegou rápido, e o inferno das aulas também. Nunca fui boa aluna, sempre preferi estudar em casa, sozinha e com isso mantinha minhas notas altas mais pelo fato da minha mãe ser dona aquilo lá. Maíla e eu não trocamos mais SMS, e como sempre dizem que cabeça vazia é oficina do diabo. Pois é... quem inventou isso está completamente certo. Todos os momentos que ficava sem pensar ou fazer alguma coisa na sala, a imagem das sardinhas me apareciam, o sorriso lindo, o jeito vergonho, e ao mesmo tempo em que pensava, me assustava logo em seguida por estar pensando. Adolescente é tudo igual! Sempre um turbilhão de sentimentos para digerir em pouco tempo.

Para a minha sorte, a aula acabou rápido e o sinal bateu as 14h20 em ponto. Na época, o terceiro ano tinha preparatório para o vestibular, e as aulas sempre terminavam um pouco mais tarde. Eu já não estava com a menor paciência de ficar naquela sala nem mais um minuto. Sai rápido e esperei os meninos no lado de fora. Não demorou muito e eles saíram também. Daniela chegou soltando as gracinhas cotidianas, dessa vez, repetindo o nome “Maíla” varias vezes e Túlio como sempre, só fazia rir das piadinhas dela. Estávamos morrendo de fome, eu claro, insisti para irmos na lanchonete do pai da Maíla, e como lá era um dos melhores lugares para fazer um lanche, fomos.

A lanchonete ficava muito perto do colégio e para o meu desespero, já de longe pude vê- lá na frente. Camisa branca, calça jeans e all star. Tão simples, mas ao mesmo tempo tão bonita. Maíla mexia no cabelo e sorria conversando com um grupinho que estava sentado do lado de fora. Quando a vi, tremi toda, sabe aquela sensação de que o coração saiu do lugar e começa a bater quase na garganta? Isso é a forma mais próxima de descrever como fiquei. Daniela olhou para mim e deu aquele sorrisinho que eu tanto odiava. Nos aproximamos e assim que Maíla nos viu abriu um sorriso de canto a outro, sorri sem garça e ela disparou olhando para mim:

- Estava esperando por você. – ela notou que eu não estava sozinha e corrigiu mais vermelha que um tomate – por vocês, claro.

- claro que estava. – falou Daniela ainda com aquele sorriso idiota no rosto.

Maíla nos chamou para sentar em uma mesa no lado de fora, e sinceramente até hoje eu tento lembrar como consegui andar até a mesa. rsrsrs

As meninas ficaram conversando um pouco, enquanto Túlio comia e eu não conseguia falar uma palavra, só balançava a cabeça que sim para qualquer coisa. Foi quando Daniela decidiu me deixar mais sem graça ainda falando que teria que ir para casa mais cedo, porque tinha que fazer algumas atividades e que Túlio também iria para ajuda- lá. Agora me digam, quando Daniela fazia atividade? Melhor, quando Túlio ajudava?

Túlio se assustou, mas preferiu não falar nada e saíram.

Ai, ficamos Maíla e eu na mesa, nos olhando... quase sai correndo de tão nervosa que eu estava. Ela olhava direto nos meus olhos, e acho que deve ter percebido que se dependesse de mim, iriamos ficar caladas por muito tempo, foi quando decidiu falar, e qual foi primeira coisa que ela falou?

- estava torcendo para você vir hoje aqui. Queria te ver. – só consegui sorrir de tão nervosa que estava – estava com saudades. – ela completou.

- também estava com saudades – falei gaguejando tentando entender o que estava acontecendo (obvio que eu sabia. rs)

- está tudo bem?

- está sim e você?

- to bem. Você vai fazer alguma coisa sexta à noite?

- não sei, por quê? – como as palavras estavam saindo era um mistério

- se você quiser, queria te chamar para ir a uma festa que vai ter da faculdade. – ela também estava sem graça, mas tentava ser firme. – pode chamar os seus amigos, a Andressa também vai. Acho que ela vai adorar ver sua amiga.

- vou falar com eles e te ligo para confirmar.

- vou esperar ansiosa a sua ligação. – aquele sorriso me matava.

- bom, vou ter que ir agora, porque também tenho que fazer uma atividade.

Peguei corona na mentira de Daniela, porque se eu ficasse mais um minuto ali iria ter uma ataque ou pularia em cima dela. Entrei para pagar a conta depois de muito insistir. Quando sai, nos despedimos com dois beijinhos, no ultimo propositalmente ou não, foi no canto da boca. Sai de lá mais confusa do que tinha chegado.

No dia seguinte falei para Daniela e Túlio sobre a tal festa, e depois de MUITO falar que NÃO era um encontro, eles aceitaram ir. Eu estava tentando me convencer que não era um encontro, mas queria que fosse. Vai entender...

Na quinta, mandei um SMS para Maíla perguntando se eu poderia ligar para ela, não demorou nem um minuto ela me respondeu dizendo que sim. Liguei e perguntei se a festa ainda estava de pé, ela confirmou e perguntou se eu iria. Falei bem explicito que meus amigos e eu IRIAMOS, ela sorriu e perguntou que horas poderia passar para me pegar. Estava morrendo de vergonha, achei melhor pedir o endereço do lugar que Túlio e Daniela me acompanhariam. Ela entendeu e me disse onde iria ser, nos falamos mais um pouco e depois desliguei. Ouvir a voz dela me deixava nervosa.

Antes de dormir, fiquei olhando para o celular, quando o coloquei em baixo do travesseiro, chegou um SMS. Era da Maíla.

“Estou muito ansiosa para amanhã. Quero muito te ver. Boa noite, se cuida”

Sorri, mas não respondi, porque não sabia o que mandar. Dormi com o celular na mão, depois de tanto ler aquele pequeno SMS da sardenta (<3)

Enfim, era SEXTA...

Obrigado pelos comentários nos contos anteriores :D